Jair Bolsonaro fez um acordo com a Vale pelos danos causados em Brumadinho. O Ibama havia aplicado uma multa de R$ 250 milhões à empresa mineradora e agora, um ano e meio depois, Bolsonaro acertou que o valor das multas será revertido para ações ambientais em Minas Gerais. Ele fez o acordo junto com Ricardo Salles, o ministro que disse na famosa reunião ministerial de 22 de abril para o governo aproveitar a concentração da população no Covid-19 “para ir passando a boiada”, desregulamentando tudo que for possível.
Ora, este acordo vai livrar a Vale de uma penalização inclusive no aspecto conceitual, em um desastre que não foi um mero acidente. Ao contrário, a Vale tem um longo histórico de desastres ambientais, os maiores que já ocorreram no país. Claro que a empresa vai explorar o acordo com farta publicidade, podendo se colocar no papel de protetora do meio ambiente em Minas Gerais, quando quem tem que exercer este papel é o governo.
A empresa errou, paga a multa e a administração pública decide como será a utilização do dinheiro em favor da população. Caso a Vale queira beneficiar os mineiros cuidando melhor do meio ambiente, deveria fazer isso com o próprio orçamento da empresa, que não é o caso do valor de multas. Deveria ser assim, mas não será com o ex-capitão que infelizmente é o presidente do Brasil e que amolece fácil nos acertos com os poderosos.
Temos no comando da nação esta figura, que ameaça, esbraveja, xinga, mas que no fundo é um banana. Este defeito de caráter de Bolsonaro não é uma surpresa para mim, que sempre desconfiei de quem fala de forma muito agressiva e vive fazendo ameaças, mas cabe apontar esse traço da sua personalidade, afinal uma motivação importante do seu eleitorado foi a de que com ele no governo o rigor seria devidamente aplicado na administração pública brasileira.
Claro que não vai acontecer nada disso. Bolsonaro é contraditório até neste caso, pois temos uma figura que chegou ao posto de capitão, mas tem a visão contrária ao cumprimento de regras, buscando anular o respeito às leis até onde isso já está estabelecido coletivamente. É o ex-milico que faz tudo para favorecer maus motoristas, em detrimento de quem dirige com responsabilidade, de modo que faz sentido que amacie as coisas para uma grande mineradora causadora de desastres ambientais continuados.
Já faz muito tempo que o próprio Ernesto Geisel disse que Bolsonaro é um mau militar, mas é uma surpresa que o Exército Brasileiro dê ao país tipos de formação tão precária, moralmente tão fracos, afinal esta figura que está o tempo todo quebrando regras chegou ao posto de capitão. A Vale ganhou dele um presentão. Uma empresa responsável pelo desastre colossal de Brumadinho, depois de ter causado uma outra grande tragédia anterior em Mariana, poderá posar de protetora do meio ambiente.
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POR José Pires
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