O PSDB não se acerta mesmo. Hoje, como muita gente já sabe, foi transmitido na televisão o programa político do partido. E a direção dos tucanos, na mão do ex-senador e agora deputado Sérgio Guerra, conseguiu a façanha de produzir uma peça que aparenta fraqueza e divisão interna do partido. Nem o marqueteiro da Dilma Rousseff produziria mais danos aos tucanos. Mas, de qualquer forma, talvez cobrasse menos por isso ou até faria o serviço na faixa, não?
Eu falava ontem num texto aqui no blog sobre a manipulação que as direções partidárias fazem do poder político e financeiro de um partido, servindo-se da máquina para favorecimentos pessoais e o bloqueio de talentos emergentes ou de qualquer outro tipo que não esteja de acordo com o interesse dos caciques. Pois a máquina serve também para o ataque a adversários internos. É o que parece que o deputado Guerra tentou fazer com Serra, mas acertou o próprio pé.
O programa do PSDB parece um Esperando Godot, pois os minutos passam como se fosse uma espera interminável pelo personagem principal que afinal não aparece. Não é o Godot, é claro: é o Serra.
Estranhei a falta de destaque para Serra, que aparece apenas em três cenas rápidas e não tem fala nenhuma. Mas parece que a coisa é ainda pior. Vi o programa na internet, mas o programa que foi ao ar na TV tem até menos cenas com Serra. É o que já se informa em alguns blogs.
Metade do programa é tomado por Fernando Henrique Cardoso. Esconderam o ex-presidente da República durante a eleição passada. Aliás, escondem o pobre em todas. Mas, se for para expor FHC da forma que fizeram nesse programa, creio que é melhor para ele permanecer escondido. O programa de perguntas e respostas com jovens não foi bem dirigido. Soou falso. O ex-presidente, que é bom de televisão e sempre se apresenta bem quando é entrevistado, estava pouco à vontade, parecendo repetir frases decoradas.
Outra estrela do programa foi Guerra, como sempre sem nenhuma intimidade com o vídeo, pura carranca. Certa vez o falecido senador Antonio Carlos Magalhães, que era uma víbora escolada, naquele ninho de cobras que é o Senado, acertou na mosca quando deu um apelido para o então deputado Michel temer: mordomo de filme de terror. É isso.
É claro que com isso não faço nenhum juízo de valor, é claro, mas aponto apenas uma questão técnica. Vejam lá em cima a performance do presidente do PSDB numa cena que tirei do programa. Cá pra nós, você compraria um partido usado desse homem? Mas política também não é só uma questão de vídeo. Tem ainda os bastidores, onde se dão as rasteiras e facadas pelas costas. Guerra suja mesmo, se é que me entendem.
Os jornais já começam a explicar que o imenso bloco em que FHC aparece é para aproximar os tucanos dos jovens, o que evidentemente foi assoprado para os jornalistas por algum marqueteiro ou dirigente do partido. Mas aí fica ainda maior o erro técnico da presença de Guerra logo depois: ele decerto espantou a moçada.
Bem, mas é menos mal que FHC não tenha feito uma palestra pela descriminação da maconha, o tema com o qual ele está encafifado no momento.
Mas agora falando sério: ao tomar metade do primeiro programa do partido depois da eleição presidencial em que não deram fala ao candidato Serra, um candidato que foi para o segundo turno depois de uma luta braba e teve 44 milhões de votos, Fernando Henrique Cardoso se coloca ou na posição de tolo ou de parceiro de Guerra e Aécio Neves na rasteira pública em Serra.
Talvez FHC não tenha sido avisado da treta, mas então ele foi usado de forma vergonhosa. Vergonhosa para ele também, é claro. Não fica bem para ninguém ser feito de laranja depois de velho, ainda mais para quem já foi presidente da República e por duas vezes. Logo mais saberemos o que aconteceu de fato.
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POR José Pires
Eu falava ontem num texto aqui no blog sobre a manipulação que as direções partidárias fazem do poder político e financeiro de um partido, servindo-se da máquina para favorecimentos pessoais e o bloqueio de talentos emergentes ou de qualquer outro tipo que não esteja de acordo com o interesse dos caciques. Pois a máquina serve também para o ataque a adversários internos. É o que parece que o deputado Guerra tentou fazer com Serra, mas acertou o próprio pé.
O programa do PSDB parece um Esperando Godot, pois os minutos passam como se fosse uma espera interminável pelo personagem principal que afinal não aparece. Não é o Godot, é claro: é o Serra.
Estranhei a falta de destaque para Serra, que aparece apenas em três cenas rápidas e não tem fala nenhuma. Mas parece que a coisa é ainda pior. Vi o programa na internet, mas o programa que foi ao ar na TV tem até menos cenas com Serra. É o que já se informa em alguns blogs.
Metade do programa é tomado por Fernando Henrique Cardoso. Esconderam o ex-presidente da República durante a eleição passada. Aliás, escondem o pobre em todas. Mas, se for para expor FHC da forma que fizeram nesse programa, creio que é melhor para ele permanecer escondido. O programa de perguntas e respostas com jovens não foi bem dirigido. Soou falso. O ex-presidente, que é bom de televisão e sempre se apresenta bem quando é entrevistado, estava pouco à vontade, parecendo repetir frases decoradas.
Outra estrela do programa foi Guerra, como sempre sem nenhuma intimidade com o vídeo, pura carranca. Certa vez o falecido senador Antonio Carlos Magalhães, que era uma víbora escolada, naquele ninho de cobras que é o Senado, acertou na mosca quando deu um apelido para o então deputado Michel temer: mordomo de filme de terror. É isso.
É claro que com isso não faço nenhum juízo de valor, é claro, mas aponto apenas uma questão técnica. Vejam lá em cima a performance do presidente do PSDB numa cena que tirei do programa. Cá pra nós, você compraria um partido usado desse homem? Mas política também não é só uma questão de vídeo. Tem ainda os bastidores, onde se dão as rasteiras e facadas pelas costas. Guerra suja mesmo, se é que me entendem.
Os jornais já começam a explicar que o imenso bloco em que FHC aparece é para aproximar os tucanos dos jovens, o que evidentemente foi assoprado para os jornalistas por algum marqueteiro ou dirigente do partido. Mas aí fica ainda maior o erro técnico da presença de Guerra logo depois: ele decerto espantou a moçada.
Bem, mas é menos mal que FHC não tenha feito uma palestra pela descriminação da maconha, o tema com o qual ele está encafifado no momento.
Mas agora falando sério: ao tomar metade do primeiro programa do partido depois da eleição presidencial em que não deram fala ao candidato Serra, um candidato que foi para o segundo turno depois de uma luta braba e teve 44 milhões de votos, Fernando Henrique Cardoso se coloca ou na posição de tolo ou de parceiro de Guerra e Aécio Neves na rasteira pública em Serra.
Talvez FHC não tenha sido avisado da treta, mas então ele foi usado de forma vergonhosa. Vergonhosa para ele também, é claro. Não fica bem para ninguém ser feito de laranja depois de velho, ainda mais para quem já foi presidente da República e por duas vezes. Logo mais saberemos o que aconteceu de fato.
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Um comentário:
Guerra suja mesmo!
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