quarta-feira, 29 de julho de 2009

Companheiros, a luta continua... pelo Sarney


A tropa de choque do presidente Lula está fazendo o que pode, mas será difícil salvar José Sarney. O cargo de presidente do Senado já é praticamente certo que ele perde. A renúncia já está sendo cogitada pelo próprio senador maranhense eleito pelo Amapá como forma de fugir da saraivada de denúncias que acabou de vez com sua biografia. Sair da presidência também é uma tática para preservar seu periclitante mandato.

Hoje saiu a notícia de que o Ministério Público Estadual do Maranhão reprovou as contas apresentadas pela Fundação José Sarney entre 2004 e 2008. Sarney andou dizendo que ele nada tem a ver com a fundação que leva seu nome. O que ele escondia é que é presidente vitalício da instituição.

O Ministério Público decidiu intervir na fundação. As irregularidades permitiam até o pedido de extinção, mas a promotora Sandra Mendes Alves Elouf, titular da Promotoria Especializada em Fundações e Entidades de Interesse Social de São Luís optou pela intervenção, pois, segundo ela, “a entidade ainda tem condições de sobrevida”.

Ela disse ao jornal O Estado de S. Paulo que para isso basta remover os administradores. Bem, mas remove-se também o nome do dono da coisa? Porque as irregularidades estão ligadas diretamente a pessoa que dá nome à fundação.

Apesar de que se levarmos pela simbologia, a preservação da fundação não deixa de ter sentido. E com um significado do maior valor histórico. Sendo uma instituição de preservação da memória de Sarney, esses acontecimentos estarão perenizados na instituição. Teremos no Maranhão praticamente um museu vivo da corrupção, o que, em se tratando de Brasil, é de altíssimo nível educativo.

O Ministério Público descobriu estranhas triangulações de dinheiro entre a fundação e a Associação do Bom Menino das Mercês (Abom), também ligada à família Sarney. Dinheiro recebido para a realização de projetos culturais girava entre as duas.

Parte substancial da verba recebida da Petrobras para este fim também era usada com investimento em aplicações bancárias. Do patrocínio de R$ 1,3 milhão repassado pela Petrobras à fundação de José Sarney, R$ 500 mil foram parar em contas de firmas fantasmas e em empresas do clã Sarney.

A tropa de choque lulista trabalha com intensidade para ao menos amenizar o que vem por aí a partir da próxima segunda-feira, quando termina o recesso no Senado. A retirada estratégica de Sarney por meio da renúncia ao cargo pode ser uma das saídas para a crise.

Mas os asseclas de Lula ainda terão pela frente os processos internos contra Sarney. E como figuras tão poderosas quanto ele perderam o mandato por questões até bem menores, é difícil acreditar que Lula consiga impor muito empenho de seus aliados para a salvação de alguém tão encalacrado em irregularidades tão escandalosas e de tamanha quantidade.

A base política governista está numa situação bem complicada. E o pior é que o problema aconteceu às portas de uma eleição decisiva como a do ano que vem.

Mas como Lula e sua laboriosa equipe levou o aliciamento político para níveis nunca antes vistos neste país, pode até acontecer alguma surpresa. Tudo depende também do grau de dependência mútua entre Sarney e o presidente da república. O senador, é bom frisar, é bem mais que um arquivo vivo: é um arquivo muito vivo.

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POR José Pires

terça-feira, 28 de julho de 2009

O número do acerto

O PT já está aceitando fechar com a candidatura de Ciro Gomes a governador de São Paulo, mas estão preocupadíssimos com o efeito que isso pode ter nos votos para outros cargos. Os petistas buscam uma fórmula de unir o 40 de Ciro Gomes ao 13 do partido para evitar prejuízo.

Bem, para não dizerem que só critico, vou ajudar. É de graça. Assim até evita-se usar o caixa dois tão cedo.

40 mais 13 dá 53, que é o número do gato no jogo do bicho. Sugiro que usem a figura de um gato para simbolizar a aliança. Na terra de Adhemar de Barros e dos chefes da quadrilha do mensalão, o eleitor vai pegar o recado fácil, fácil.
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POR José Pires

Sem medo de ser sem-vergonha

Autofagia vermelha

É coisa rara de ver o espetáculo que o PT ora apresenta: o de um partido suicidando-se em praça pública. E é uma boa apresentação. O que eles estão fazendo no momento é um seguimento do mensalão e dificilmente não dará em um esfarelamento nacional do partido, a começar por São Paulo.

No abraço a José Sarney só Lula é que salva seus anéis. O PT perde tudo, inclusive os dedos. E sem o poder federal, o que é possível com a candidata que arrumaram, que depois de mentir sobre sua história pessoal foi flagrada apresentando um currículo falso, pode não sobrar nem os cargos aos quais se apegaram de um modo tal que os fez jogar fora o currículo do partido. Ou era falso também?

A doutora Dilma Rousseff perdeu o título do qual se gaba há anos. Pode perder a disputa pela presidência. E aí o PT perde tudo.

E o cacique cearense Ciro Gomes para governador de São Paulo apoiado pelo PT? Ah, isso é sobremesa. O partido teve José Sarney como prato principal e ainda pode engolir o deputado cearense feito doce. E ainda por cima no estado em que o PT nasceu.

Vai ser interessante assistir aos petistas saindo à luta na cata de votos depois disso tudo. O senador Aloizio Mercadante, que precisa renovar o próprio mandato, andando abraçado com Ciro Gomes em São Paulo será um espetáculo à parte. De qualquer modo, mesmo se o deputado boca-suja não se apresentar de fato para a disputa do Palácio dos Bandeirantes, a cogitação de seu nome já revela o destino dos petistas.
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POR José Pires

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A casa do Sarney

Depois dos áudios de grampos feitos pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica o senador José Sarney deveria voltar ao Senado apenas para renunciar. Os áudios estão na internet e logo mais saem no Jornal Nacional. Após a divulgação das conversas ele já mandou pela imprensa recados dizendo que não tem a intenção de se licenciar. É mesmo? Então vai ser engraçado depois disso vê-lo naquela cadeira presidindo as sessões.

Sabemos que o senador maranhense eleito pelo Amapá transformou o Senado há muito tempo em propriedade sua, onde ele faz o que bem quer. É a casa do Sarney, um pejorativo bem pior que a "casa da sogra". Mas é espantoso ouvir os diálogos, onde a família Sarney trata o Senado como sua casa, com inicial minúscula, claro, pois é uma casa deles e não uma instituição republicana.

As conversas são do início do ano passado. Numa delas, a neta de Sarney liga para o pai, Fernando Sarney, pedindo uma vaga para o namorado e ele simplesmente diz que dá e que só tem que falar com Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado.

E é claro que a vaga saiu. São diálogos exemplares do estado a que chegamos. Em dado momento a neta de Sarney conta para o pai que o presidente do Senado até ralhou com ela por não ter sido avisado antes de seu pedido, para que o vovô pudesse “agilizar” a nomeação do namorado.

“Aí ele falou assim” — diz a neta de Sarney, Maria Beatriz Sarney, em diálogo com o pai — "Ah, você tinha que ter falado antes para eu já agilizar, não sei o quê..."

É ainda mas impressionante a desfaçatez, considerando que o acerto para colocar o rapaz na folha de pagamento do Senado é feito por uma das famílias mais ricas do Brasil, proprietária de várias empresas e fazendas.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo hoje à tarde depois de ouvir os áudios, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o Senado está se ‘desfazendo”. Quase acertou. O Senado já está desfeito, esboroando-se pela sarjeta.

E é triste constatar que tudo isso aconteceu debaixo do nariz de todos os 81 senadores, que aceitaram tudo. A maioria por cumplicidade, uns por conivência e outros por fazerem parte de uma ala que pratica uma honestidade omissa diante da avidez dos corruptos.

A transcrição dos diálogos pode ser lida aqui e os áudios estão aqui.
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POR José Pires

terça-feira, 21 de julho de 2009

Salve-se quem puder... dos salvadores

Segundo a BBC Brasil, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, teve uma conversa "dura" com o líder interino de Honduras, Roberto Micheletti. Observem aqui o tratamento usado pela BBC para Micheletti. Ele é o "líder interino", bem mais correto que o que vem acontecendo com jornais brasileiros, que tratam como "golpistas" o governo que derrubou Manuel Zelaya depois de ele tentar burlar a Constituição de Honduras.

Os jornais brasileiros não se apercebem ou fazem de conta que não estão vendo que o ocorrido em Honduras não se enquadra no modelo usual do “golpismo” sul-americano. Basta recorrer aos mais diferentes meios de informação para, numa análise isenta, chegar à conclusão de que quem tentava um golpe naquele país na verdade era Zelaya, com a manjada justificativa de que seria movido pela vontade popular.

Nem é preciso recorrer a nenhuma erudição histórica para saber onde isso vai dar. A Venezuela do histriônico Hugo Chávez, ali do lado, é o exemplo recente à vista de todos, sendo também, pelo que parece, forte indutora da vontade de Zelaya de se perpetuar no poder.

A Folha de S. Paulo publicou no domingo uma entrevista de página inteira com Zelaya. É o manjado populista pretendente a caudilho. Quer vestir a camisa do salvador da pátria. Não parece um líder disposto a discutir abertamente a crise criada por ele em seu país. Foge das questões colocadas pelo jornal. Responde a perguntas objetivas com chavões populistas.

Zelaya não foi eleito para convocar uma Constituinte. E ele queria impor este projeto. Quando o jornalista da Folha diz que a convocação de uma Constituinte não estava em sua proposta de campanha, ele solta um palavrório populista, fugindo da questão objetiva e tentanto justificar seus atos como vindos da vontade popular.

Bem, além dos fatos comprovarem o contrário do que ele diz, nem sempre a vontade popular é referência de democracia e justiça. No Brasil, por exemplo, se for feito um plebiscito sobre a pena de morte, tudo indica que haveria uma porcentagem esmagadora a favor. E nem por isso é de se achar correto que um governante venha tentar impor um absurdo desses.

Descendo um pouco mais, nas trevas do passado, na década de 30 na Alemanha não consta que os nazistas praticassem suas barbaridades contra a vontade popular. Se mundo se mexesse antes da definitiva ascensão do horror, aplastrando os nazistas, muita coisa ruím poderia ter sido evitada para a humanidade.

Com já falei, isso é papo de “salvador da pátria”. Democracia exige projeto político e debate sério em campanhas eleitorais e não de visionários que, no poder, comecem a acreditar que são os eleitos para determinar o destino de seus países. É claro que o exercício do poder pode trazer idéias novas para a condução de uma nação. mas para isso existem os partidos e as eleições periódicas. País nenhum precisa de salvador.

E o que os números sobre Honduras mostram que o que Zelaya pretendia não é o caminho correto. Os EUA fornecem ao país U$ 180 milhões de ajuda econômica e é disso que aquele país deveria cuidar de se livrar. A pressão de Hillary Clinton se deve exatamente à esta dependência. Por isso ela fala grosso neste momento.

Até aí, tudo normal. Só um idiota político poderia acreditar ser possível haver ajuda econômica desinteressada. Zelaya depende desses idiotas, pois é evidente que pretendia apenas mudar de tutor, trocando os EUA por Chávez. Se ele gosta mais do caudilho venezuelano falando grosso em seu ouvido, é problema dele. Mas pelo jeito uma parcela substancial dos hondurenhos não pensa o mesmo.

Quanto à Hillary Clinton, seria melhor para o mundo se depois de ligar para Honduras, pelo mesmo telefone a secretária de estado norte-americana também dirigisse algumas palavras duras para outros países. Como ao Irã, Venezuela, por aí.
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POR José Pires

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Abraço entre iguais

Um leitor, que também é meu amigo, me telefona e pergunta indignado o que achei de ver o Collor e o Lula abraçados. Fui rápido na resposta: o Collor nunca desceu tanto.

Rimos bastante e acho que ele concorda que desarmei rápido uma conversa que poderia se encaminhar para lamentos sobre a queda moral da nossa política. Bem, em questões morais Lula já bateu o traseiro no fundo do poço há muito tempo.

Pode parecer uma ironia, mas a verdade é que o agora senador Collor de Mello realmente reuniu nos últimos tempos bem menos falcatruas que o presidente Lula. Foi até por falta de oportunidade, mas não deixa de ser um fato que desde sua queda da presidência da República Collor aprontou pouco, bem pouco, comparando com Lula que tomou a vanguarda no assalto aos cofres públicos e lidera uma base política que só não está na cadeia por formação de quadrilha porque estamos no Brasil.

PC Farias era um amador perto dos parceiros de Lula, os homens dos mensalões, de negócios pra lá de suspeitos, negociatas, melhor, inclusive d'além mares, e do aparelhamento partidário do Estado.

Além dos mais, foi de forma espontânea que Lula elogiou Collor, sem que o alagoano forçasse uma situação de proximidade. E não consta que Collor tenha tanta importância assim na base de apoio do governo. Bem, Lula pode dever a Collor mais do que sabemos pelos meios usuais. Se for isso, logo aparece.

Mas uma certeza que podemos ter é que Lula já está bem além da linha que divide o que é a ação política que pode exigir certas alianças para a governabilidade daquilo que é o convívio fraterno com a desonestidade. Como se diz, ele já é um deles, e por isso nem se apercebe mais de certas impropriedades éticas. Além do mais, Lula já está numa situação na qual só encontra conforto pessoal com figuras como Collor. Quem é que ele iria abraçar? Seus parceiros dos tempos éticos, gente como Francisco de Oliveira, o professor Aziz Ab'Sáber, bem, pessoas assim devem dar sentimento de culpa em Lula só de ouvir falar seus nomes. Daí o abraço.

Collor, é claro, quer apenas colar sua imagem à popularidade de Lula, ação ainda mais garantida em um estado como sua Alagoas, onde grande parte da população vive desesperadamente necessitada do assistencialismo do governo petista.

Os dois abraçados na foto se merecem, é claro. Mas no cômputo histórico Collor ficou bem abaixo de Lula nas — como dizia na época o petista — maracutaias.
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POR José Pires

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Falando difícil

O deputado Ciro Gomes falou hoje sobre a possibilidade de desistir da candidatura a presidente em favor de Aécio Neves. E o que significa isso? Nada, é claro. Ele só está fazendo seu papel de sempre, que é conturbar o cenário político para favorecer o presidente Lula. No caso, tenta atrapalhar os tucanos, especialmente o governador José Serra.

Só estou tocando no assunto por causa da frase que o deputado cearense usou para declarar sua paixão pela candidatura do governador mineiro. Ele disse o seguinte: "O governador Aécio sendo candidato à Presidência da Republica, descomprime gravemente a necessidade estratégica de eu apresentar uma candidatura”.

Esse negócio de “descomprime gravemente a necessidade estratégica” é coisa de quem quer falar bonito, mas não sabe o que está falando. E também é muita coisa para quem só quer dizer que pula fora da disputa pela presidência da República se Aécio Neves for candidato.

Se eu fosse marqueteiro do Ciro Gomes aconselharia o deputado a largar essa mania de falar de forma pseudo-sofisticada e se manter na área da linguagem que ele domina muito bem: a do palavrão.
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POR José Pires

Contra Sarney, mesmo sem o S

Um grupo fez hoje no meio da tarde um protesto no Senado hoje contra o presidente da Casa, senador José Sarney. Vestindo camisetas, cada uma com uma letra, eles tentaram formar a frase "Fora, Sarney", que acabou ficando incompleta pois o "S" foi barrado pela segurança.

Ficou “F-O-R-A, ...-A-R-N-E-Y”, mas mesmo assim o recado foi bem dado. Mesmo porque não é por falta de “S” que os brasileiros não vão entender um protesto contra um político ...afado, ...alafrário, ...em vergonha, ...acana e ...ujo.
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POR José Pires

Mais um trem bobo na internet


Da série "Cada bobagem que aparece na internet", uma brincadeira criada por dois usuários do site Facebook virou um fenômeno mundial. Chama-se "Jogo dos Deitados" e, como toda bobagem, é bem simples: são fotos de pessoas deitadas em situações estranhas. Nesta imagem você pode ver um praticante deitado à espera do trem. O nome da palhaçada em inglês é mais bacana, parece até coisa séria: "The Lying Down Game".

A brincadeira evidentemente já pegou, senão dificilmente teria chegado a mim. A página já tem quase 30 mil membros. O endereço é aqui, mas, coisa chata, tem que se cadastrar para ver as fotos que até agora são 6.312. Haja tempo para perder.

As fotos seguem uma regra. As pessoas deitadas precisam estar com as palmas das mãos grudadas nas laterais do corpo e com os dedos dos pés apontando para o chão. Ou seja, tem que ficar de bruços. Ou em decúbito ventral, como diziam os repórteres policiais antigamente. Quanto mais esquisito, melhor. Pessoas deitas na rua, em frente a monumentos, parques, e outras situações. Ninguém ainda tirou foto deitado na frente do Congresso Nacional ou em cima duma cuia daquelas suja de lama, mas é só uma questão de tempo para a foto aparecer.

Falando nisso, é uma boa idéia para o senador José Sarney experimentar. É um jeito divertido de sentir como é ir pro chão. E como o Lula anda numa fase de correr qualquer risco de queda de popularidade, ele pode sair junto na foto, deitadinho ao lado dessa pessoa nada comum que é o Sarney.
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POR José Pires

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sarney, o realizador

O Senado está cada vez mais autêntico. Seu Conselho de Ética tem na presidência um senador sem voto, so suplente que virou senador Paulo Duque (PMDB-RJ). Para ficara mais genuíno ainda, é um presidente colocado pelo senador Renan Calheiro (PMDB-AL).

A presidência de José Sarney, que é atacada por todos os lados e menos por cima, lá do Palácio do Planalto, realizou a façanha de mostrar o Senado como realmente ele é. E notem que este é apenas o fecho de um trabalho que ele vem realizando desde a época da ditadura militar. Foi uma trabalheira de décadas para desmoralizar a política brasileira, mas o esforço foi recompensado. 

Pra ficar perfeito, agora o Conselho de Ética do senador sem voto só precisa inocentar Sarney de todas as acusações. Talvez com um voto de louvor ao senador maranhense eleito pelo Amapá. O homem é um realizador.

Vejam bem, se não fosse o Sarney era capaz até de estarmos ainda pensando que políticos como o senador Pedro Simon, o Cristovam Buarque, o falecido senador Jefferson Péres, que gente assim é representativa do que é o Senado brasileiro.
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POR José Pires

terça-feira, 14 de julho de 2009

Novo logotipo para a Petrobras



A CPI da Petrobrás vem aí. Apesar de Lula já ter montado para a defesa de seu governo uma tropa de choque da pesada, contando inclusive com o neolulista Fernando Collor de Mello, deve aparecer muita sujeira sobre a estatal.

O petróleo era nosso. Hoje a Petrobrás serve como fornecedora de moeda de troca para Lula, fortalecendo o projeto dele e de seu partido de permanecerem para sempre no poder.

E como daqui pra frente é provável que tenhamos mais notícias de arrepiar sobre a estatal petroleira, proponho a mudança de seu logotipo. A sugestão aí está e é de graça. Nem precisa me tratar como “empresa amiga”, como fizeram com a fundação que leva o nome do senador José Sarney mesmo ele não tendo nenhuma responsabilidade sobre ela.
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POR José Pires

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Presente atrasado

Tenho bastante interesse em simbologia política, por isso gostaria de saber o que o presidente Lula quer dizer presenteando Barack Obama com uma camiseta velha — um modelo que foi usado só até 2007 — da seleção brasileira e assinada até por jogadores que não foram mais convocados nos últimos dois anos.

Deve ser alguma sacada política de seus marqueteiros, coisa tão genial que está fora do alcance de pessoas normais.
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POR José Pires

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tirando o corpo fora

O senador José Sarney divulgou no início desta tarde uma nota oficial sobre o escândalo que envolve a Fundação José Sarney, acusada de desviar dinheiro recebido da Petrobrás para o uso em projeto cultural.

Leia na íntegra: "O senador José Sarney é presidente de honra da Fundação que leva seu nome, tendo sido seu fundador. Não participa de sua administração, nem tem responsabilidade sobre ela. Os esclarecimentos das acusações publicadas na imprensa deverão ser prestados pelos administradores legalmente constituídos".

Vá entender essa. José Sarney criou uma fundação que leva seu nome e que tem a função de preservar sua memória política. E não tem nenhuma responsabilidade sobre ela. Só faltou o José Sarney dizer que está se lixando para a Fundação José Sarney.
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POR José Pires

Atos secretos vêm de longe com Sarney


Com as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney, até em baús revirados surgem provas de que vem de longe a sem-vergonhice hoje exposta. E o interessante é que em alguns recortes da imprensa dá para ver que os atos secretos do Senado já foram denunciados há mais de 20 anos. As falcatruas, como sempre, envolviam o sobrenome Sarney.

Vejam o recorte da revista Veja de 14 de maio de 1986. Encontrei este papel amarelado pelo tempo enquanto sapeava pela internet. Para aumentá-lo é só clicar na imagem ao lado. Nele você poderá ler na íntegra uma reportagem sobre a filha do senador, Roseana Sarney, que, de contratada temporária do Senado na época, virou “assessora técnica” e foi efetivada como funcionária com um ato secreto. Isso sem passar pelo obrigatório concurso público.

A denúncia foi feita naquele ano pela Folha de S. Paulo, com esta repercussão dada depois pela Veja. O “trem da alegria” é de 14 de dezembro de 1985. O Senado então criou 60 vagas para apadrinhados e parentes dos senadores, entre eles Roseana Sarney. No mesmo ano do decreto, Sarney se elegia vice-presidente na chapa de Tancredo Neves. Até então esteve ao lado dos militares e com o poder ditatorial fez fortuna e amealhou um poder político enorme, principalmente no Maranhão.

E também no legislativo, é claro, onde enquanto muitos eram cassados pela ditadura ele ia ocupando espaço e ditando as regras. Daí a facilidade da nomeação da filha. E os procedimentos para sua efetivação como funcionária foram secretos. A Folha só descobriu que a filha de Sarney havia sido efetivada com a publicação do almanaque de funcionários da Casa, onde constava seu nome.

Leia o que na época foi publicado na Veja: “O mais interessante da história é que o ato de nomeação desses funcionários, ao contrário do que determina a legislação, não foi divulgada na época em nenhuma publicação oficial do Senado”.

O recorte é uma prova de que a falcatrua das nomeações secretas é coisa antiga. E os beneficiados também são os de sempre.
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POR José Pires

Os fantasmas da Fundação José Sarney

Estou quase concordando com o presidente Lula sobre a sua afirmação de que o senador José Sarney não é uma “pessoa comum”. Isso é raro, mas não seria a primeira vez que eu estaria de acordo com Lula. Eu o apoiei imediatamente quando, usando a lógica de um modo admirável, ele disse que sua mãe nasceu analfabeta.

Sarney mostra-se incomum até em comparação com a classe política. Alguém se lembra de um político com tanta falcatrua como o presidente do Senado? Pode-se dizer que é cada dia uma. Pois é, já apareceu outra.

Agora o enrosco é na fundação que leva seu nome, a Fundação José Sarney, uma entidade criada com a justificativa de manter um museu com o acervo do período em que ele foi presidente da República, mas que nada mais é que pura promoção pessoal. É uma instituição para preservar a memória do senador e já começa bem. O homem nem morreu e sua fundação já tem fantasma. E é para lembrar o período em que ele afundou o Brasil? Então deveria se chamar Afundação José Sarney, não? Ui, nem o Sarney merece.

Mas até na vaidade o senador também não é uma pessoa comum. Se pudesse, ele mudava o nome do Maranhão (ou do Amapá) para José Sarney.

Pois a Afundação, isto é, Fundação José Sarney pegou dinheiro da Petrobrás em forma de patrocínio cultural e desviou para empresas fantasmas e da família do senador.

As empresas têm endereços fictícios em São Luís, capital do Maranhão. Pelo menos R$ 500 mil, de um total de R$ 1,3 milhão recebidos da Petrobrás, foram para essas empresas fantasmas e para contas paralelas para lá de suspeitas.

O dinheiro serviu até para uma espécie de metalinguagem da corrupção. Trinta mil reais foram usadas para pagar a veiculação de comerciais sobre o projeto que nunca foi executado. E é claro que a veiculação foi feita nas empresas de comunicação da família Sarney.

O caso é cercado de irregularidades graves e de privilégios. Sarney recebeu a verba em 2005 em ato solene com a participação de José Sérgio Gabrielli, o presidente da Petrobrás que já andou ameaçando a imprensa e a oposição. Foi grana facilitada pela Lei Rouanet. Antes disso, o presidente do Senado já havia até passado bilhete ao então secretário e hoje ministro da Cultura, Juca Ferreira, para apressar a tramitação do projeto da sua Fundação. Bem, se o Juca Ferreira facilita para o Caetano Veloso e a Bethânia, então por que não para o Sarney?

O projeto foi aprovado num dia e no outro a Petrobrás liberou o dinheiro. Além da agilidade na entrega da verba, que raramente beneficia pessoas comuns, Sarney mostrou que é mesmo uma figura especial já que apenas 20% dos projetos da Roaunet conseguem captar recursos.

Mas para Sarney não teve problema. Ele não teve nem que participar de concorrência pública, que a estatal faz para selecionar projetos. Ao jornal O Estado de S. Paulo a estatal explicou que a fundação não teve que passar pelo processo de seleção porque foi incluída como “convidada”. Ah, bom.

É lamentável tanto desvio de dinheiro público. Mais grave ainda por acontecer em um país com tantos problemas como é o nosso e ainda mais terrível por ser no Maranhão, estado que só não é o mais pobre do Brasil porque o Piauí não deixa. Mas não deixa de ser muito interessante, pelo peso simbólico e referencial de um futuro grandioso, que a Fundação José Sarney já comece envolvida em corrupção. Uma fundação que leva Sarney no nome não podia nascer de um jeito melhor.
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POR José Pires

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Curriculum fajuto

É óbvio que a mentirada da ministra Dilma Roussef sobre seus títulos acadêmicos não vai afetar sua posição de poder no governo Lula. Mas a revelação sobre o currículo falso que ela exibe há vários anos valeu pelo menos para mostrar com quem estamos lidando.

As mentiras da ministra sobre seu passado na luta armada — definido por ela como “luta pela democracia”, quando na verdade o que ela e seus comparsas de então pretendiam era impor ao Brasil uma ditadura comunista — até podem ser colocadas no plano do debate ideológico. Mas os dois títulos que ela ostentava até há poucos dias nada mais são que mentira pura.

Sua biografia oficial dizia que ela é "mestre em teoria econômica" e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. Nunca foi nem uma coisa nem outra. Pior que isso, na Plataforma Lattes, página do CNPQ que registra currículos acadêmicos, estava escrito que ele obteve o mestrado com uma dissertação sobre "Modelo energético do Rio Grande do Sul". Outra mentira.

Foi a revista Piauí deste mês que trouxe a informação sobre os dados falsos no currículo. Com a notícia, aconteceu a costumeira movimentação da imprensa e — também como de costume no governo Lula — foram surgindo outras patranhadas da chefe do Gabinete Civil.

Acabou sendo descoberto que na Unicamp não há registro da matrícula de Dilma Roussef no curso de mestrado. O diretor de registro acadêmico da Unicamp, Antônio Faggiani, disse ao jornal O Globo que a ministra "nunca se matriculou em nenhum curso de mestrado na Unicamp". E como no Lattes o responsável pelas anotações no currículo é a própria pessoa que é dona da página, só pode ter sido ela que escreveu as mentiras.

Sempre que alguém em seu governo é pego em maracutaias, Lula tem a resposta-padrão de que outros já fizeram o mesmo. Porém, para o caso do currículo maquiado de sua ministra a justificativa não cola. Não há registro de alguém com currículo falso no governo de Fernando Henrique Cardoso, para lembrar alguém que os petistas gostam de malhar.

Na página do Lattes e no ministério da Casa Civil já foi consertado o que Dilma Roussef chama de erro, mas que evidentemente foram mentiras concebidas com a intenção de engrandecer a biografia da candidata do Lula. No Lattes dá para ver que o currículo foi alterado anteontem.

Agora Dilma Rousseff só é doutora para seu chofer, os garçons, guardadores de carro, essas pessoas que usam o título "doutor" apenas para facilitar a comunicação. Lula é que não deve estar entendendo nada. É o terceiro doutor que seu governo perde em menos de trinta dias. Primeiro foi Mangabeira Unger, exonerado há poucos dias, este um doutor de fato. Depois foi o chanceler Celso Amorim, que também foi desmascarado pela imprensa. Ele jamais teve titulo de doutor em Ciências Políticas e Econômicas pela London School of Economics, como informava em seu currículo no Itamaraty. E agora Lula já não pode contar em seu governo com Dilma Rousseff posando de doutora.
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POR José Pires

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Casa do espanto

O Congresso Nacional é mesmo um espanto. Ali se fala muito em esqueletos saindo do armário, funcionários fantasmas e outras coisas que parecem do outro mundo, mas que infelizmente são bem reais.

Tem também as figuras da Casa, notórias ou não, que trazem sempre à lembrança os filmes de Boris Karloff, Cristopher Lee. Ali temos também famílias que nada ficam a dever a Família Adamms, ou melhor, são até mais aperfeiçoadas pois até hoje não existe sequer suspeitas de que os Adamms tenham feito horrores com o dinheiro publico e as famílias do nosso Congresso são bem horripilantes neste aspecto.

De tão lúgubre, o clima chega a afetar a linguagem dos parlamentares. Me lembro, por exemplo, que o finado (epa!) senador Antonio Carlos Magalhães só se referia ao atual presidente da Câmara, Michel Temer, como “mordomo de filme de terror”. Bem, como Temer nunca saiu do Congresso, o filme de terror deve ser ali.

Mas o que já era incrível está mesmo tomando ares de ficção. Agora no Senado descobriram até morto fazendo parte de comissões. Foi na comissão interna formada por um senador e dez servidores. O grupo foi criado ha anos para gerir as contas bancarias paralelas descobertas recentemente pela imprensa.

As contas tem um saldo de R$ 160 milhões e nem o presidente do Senado, José Sarney sabia delas. Bem, mas ai não tem nada de especial. O senador maranhense eleito pelo Amapá é um distraído que esquece até que tem uma mansão de R$ 4 milhões em Brasília. Nem dos próprios netos empregados na Casa ele se recorda.

Mas, como eu dizia, a imprensa acabou descobrindo até uma pessoa da comissão que morreu em 2005. Não deixa de ser uma novidade política de arrepiar. Temos aí um funcionário fantasma no sentido literal.
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POR José Pires

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Falando no lugar certo

Certas simbologias determinadas por circunstâncias casuais podem ser mais eficientes do que qualquer elaboração de linguagem ou plano de marketing discutido e realizado por equipe experiente.

O ataque à mídia que o presidente Lula fez ontem na Líbia é uma jóia do simbolismo político. O presidente inzoneiro foi um convidado de honra da Cúpula da União Africana, realizada em Trípoli, capital da Líbia.

Lula sentou a lenha na mídia e fez agrados a Muamar Kadafi, além de elogiar “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, se referindo inclusive à democracia. Entre os líderes africanos presentes estava o ditador do Sudão, Omar al Bashir, que teve ordem de prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

No discurso, Lula também chamou o ditador Kadafi de “amigo e irmão”. O ditador está no poder há 40 anos.

Os ataques de Lula à mídia encontraram enfim um cenário perfeito. Nenhum marqueteiro faria melhor.
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POR José Pires

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O que será do nosso futuro?

Esta foi uma semana triste. Pois não é que o homem que Lula arrumou para cuidar do nosso futuro acabou nos deixando? Mangabeira Unger saiu do governo. O grande pensador justificou a retirada rápida dizendo que teria que voltar para Harvard, sob pena até de perder o cargo por lá, o que faz a gente pensar que o nosso ex-ministro e futurólogo é um daqueles ferreiros que usam espeto de pau.

Ora, pois pelo visto o homem escalado para estruturar o futuro da Nação não tinha sequer um planejamento da própria situação pessoal. Então teve que sair correndo, pois o prazo de sua licença se extinguia? Hmmm... quem não conhece a falta de humor do ex-ministro até pode pensar que foi uma piada.

Mangabeira sequer teve tempo para apagar as velinhas do bolo do aniversário de seu ministério, que completa dois anos neste mês de junho e que começou como Secretaria de Assuntos de Longo Prazo, nome que permitia a saborosa sigla Sealopra.

Logo depois dos aloprados de Lula serem flagrados com uma fortuna nas mãos para comprar um dossiê falso, isso não pegava bem. O Sealopra não durou dois meses, logo mudando o nome para Núcleo de Assuntos Estratégicos.

Um núcleo de um homem só, sem estrutura e também pouca verba. Mas um homem como Mangabeira ocupava todos os espaços. Era uma equipe inteira no mesmo deselegante paletó preto.

Agora só resta saber quem vai tocar o nosso futuro. É uma tarefa das mais grandiosas e de alta responsabilidade desentocar das gavetas do Sealopra, ou melhor, do Núcleo de Assuntos Estratégicos, as criações de Mangabeira Unger. O homem foi de muita serventia para Lula. Foram dois anos de muita atividade. Entre outras coisas, ele teve uma colaboração muito especial em um projeto antigo de Lula, o de tirar a ministra Marina Silva do governo.

Vai ser difícil substituir um homem desses. Mas isso tem que ser pra já. O aqueduto que ele projetou para levar água da Amazônia até o Nordeste, por exemplo, está esperando alguém para botar os primeiros tijolos.
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POR José Pires