sábado, 28 de maio de 2016

Lula, o poderoso chefão que virou piada


Nas conversas que vem sendo divulgadas vai caindo cada vez mais a respeitabilidade de Lula. E olha que ainda tem chão para furar neste poço da decadência. Mas nem é preciso cavoucar mais. Como diz o ex-presidente José Sarney em um dos áudios divulgados nos últimos dias, "o Lula acabou, o Lula, coitado, deve estar numa depressão". Quando ouço essas coisas, dá ainda mais vontade de rir do que Lula ainda consegue plantar na imprensa sobre seu retorno em 2018, que ele ainda parece pensar que mete medo. Nesse mesmo papo com o delator Sérgio Machado, Sarney comenta que soube que Lula tem chorado muito. Ele está com os olhos inchados", ele diz. E não faltam motivos para que Lula chore bastante. Sua imagem na história brasileira foi destruída. E para aumentar seu transtorno a tremenda derrocada elevará naturalmente Fernando Henrique Cardoso, o adversário com o qual ele mantém uma relação psicológica de ódio e uma inveja que não consegue esconder. Nem é preciso ocorrer coisas piores com Lula — o que virá, com certeza. Com o que aconteceu até aqui, no pós-ditadura só sobrou Fernando Henrique como ex-presidente que ainda merece respeito. Sem falar, é claro, em Itamar Franco, que ocupou o cargo numa condição muito especial.
Lula ficou com a imagem de um político do mais baixo nível, chefiando negociatas com o dinheiro público e fazendo política para ganhar presentes de donos de empreiteiras. E o mais chato é que até nisso falhou. Ninguém mais o respeita. E pelas conversas de seus comparsas vazadas na imprensa percebe-se que mesmo entre eles não dão valor para o chefão do PT. E quem diria que uns tempos atrás relacionava-se Lula ao "poderoso chefão", do filme de Coppola. Agora, nem como piada. Mesmo na relação entre malfeitores da política Lula não soube se fazer respeitar. É o velho problema da dificuldade dele para se instruir. Aquela dificuldade de encarar um livro, conforme confissão dele próprio, feita em tom de gozação a quem se empenha em aprender. No entanto, nem era preciso o esforço da leitura. Bastava ele ter prestado atenção ao Marlon Brando em "O poderoso chefão". É um filme com muitas lições sobre o tema. Talvez ele evitasse o rebaixamento lamentável a uma condição na qual não tem o respeito nem dos parceiros. Nas conversas divulgadas pela TV Globo, o senador Renan Calheiros tem com Sérgio Machado o seguinte diálogo:
"MACHADO - E o Lula, Renan, durante [inaudível] um tempo não fez. [...] Quando chegou no final do governo...
RENAN - Veio, caiu na real.
MACHADO - ...botou na real. Aí [inaudível] umas besteiras, como a Marisa diz, besteira. Ele tem 30 milhões em caixa. Como é que não comprou um apartamento, uma porra [inaudível]. Porra, umas merdas, um sítio merda, um apartamento merda.
RENAN - Apartamento bancário!
MACHADO - De bancário, deixa o cara decorar...
RENAN - Da Bancoop.
MACHADO - Duzentos metros quadrados, Renan. Quer dizer, foi uma cagada enorme, e aí ele se fodeu."
Isso é o que sobrou da imagem de Lula, com a destruição feita por ele mesmo do mito construído pela propaganda. O chefão sofre a chacota até de quem estava sob seu comando. Como eu disse, a situação é bem diferente daquela do outro chefão, o do filme protagonizado pelo genial Marlon Brando. Quanta coisa o petista perdeu de aprender com este filme, sendo uma delas o distanciamento do chefão de todas as ações que comandava. O "padrinho" não se rebaixava. Nada de "apartamento bancário", como disse Renan Calheiros. Mas agora é tarde para o Lula, que na sua derrocada não pode seguir sequer a lição de Don Corleone, num aperto que ele dá no ator Johnny Fontane, que fazia mimimi por ter perdido o papel num filme. É uma das grandes cenas. Ele dá uns tabefes em seu protegido e manda que ele seja homem e não chore. Mas pelo que o Sarney disse, o Lula já abriu o berreiro.
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POR José Pires

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Impunidade defasada

As conversas entre Sérgio Machado, Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros são exatamente o que parece. É conversa de bandidos, no mesmo estilo dos áudios liberados pela Justiça em que o ex-presidente Lula fala no tom de chefe de quadrilha. Falando nisso, em delação premiada o ex-deputado Pedro Corrêa afirma que era mesmo Lula o chefe do esquema de roubos na Petrobras. Segundo ele, o chefão petista cuidava pessoalmente do esquema. A revista Veja desta semana publica matéria feita a partir do acesso aos 72 anexos da delação do ex-deputado. Num dos trechos, Corrêa fala da reação de Lula quando políticos do PP reclamaram contra o avanço do PMDB nos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, onde se tirava muito dinheiro.
De acordo com o depoimento de Corrêa, Lula passou uma descompostura nos deputados que foram ao Palácio do Planalto reclamar. O então presidente da República disse que eles "estavam com as burras cheias de dinheiro" e que a diretoria era "muito grande" e tinha de "atender os outros aliados, pois o orçamento" era "muito grande" e a diretoria era "capaz de atender todo mundo". Lula também garantiu aos caciques pepistas que "a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do Paulinho". Como eu disse, é conversa de bandido. Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney tocam suas carreiras há muitos anos do jeito que agora podemos ouvir nas gravações. Fazem isso desde o tempo em que Lula, na oposição, xingava todos de ladrões. Depois, no poder, Lula deixou pra lá as criticas que fazia à velha forma de fazer política e ainda chamou para o lado dele os velhos caciques.
Porém, eles não contavam com a reação de uma parte considerável de brasileiros mais conscientes, além do surgimento de um juiz decente como Sérgio Moro pegar um caso que parecia menor e descobrir a partir disso a maior rede de corrupção que já existiu na história deste país. Em todas as gravações destaca-se o medo que os corruptos têm da Operação Lava Jato. Foi em razão desse apavoramento que, numa das conversas vazadas, Sarney disse uma frase típica de corrupto acuado: "A ditadura da Justiça tá implantada, é a pior de todas". De ditadura, o ex-presidente entende bastante e até gostou muito da última que tivemos no país, mas no caso de agora é uma confusão dele. E claro que o problema é de ponto de vista. Se ele não estivesse situado no lado oposto da ética, veria que isso é só a Justiça funcionando. Ocorre que houve uma transformação que pegou de surpresa tipos como ele, inviabilizando métodos antigos de oligarquias manterem a impunidade. Uma frase do próprio Sarney nos áudios sintetiza bem essa diferença. Comentando sobre políticos que teriam pedido seus conselhos para se safar da encrenca, ele falou o seguinte: "Eu ontem disse a um deles que veio aqui. Eu disse: 'Olhe, esqueçam qualquer solução convencional. Esqueçam!'". O velho cacique tem toda a razão, mas para a sorte nossa ele demorou para notar a defasagem.
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POR José Pires

terça-feira, 24 de maio de 2016

A modéstia de Michel Temer

O presidente da República interino, Michel Temer, é modesto como poucos. Nessa terça-feira ele falou sobre a qualidade de reconhecer um erro. "As pessoas estão acostumadas a quem está no governo não poder voltar atrás, se errou tem que ter compromisso com o erro. Nós somos como JK, não temos compromisso com equívoco", ele disse, se referindo obviamente ao caso do Ministério da Cultura, recriado por ele depois de ter sido transformado numa secretaria do Ministério da Educação. O presidente está certo. O fechamento do Ministério da Cultura desagradou a muita gente, inclusive quem tem consciência do problema muito grave que é o aparelhamento da nossa cultura, hoje tomada pelo Brasil afora por esquerdistas que pregam um ativismo muito besta.É gente subvencionada e a serviço de um projeto de poder que perdeu totalmente o rumo, restando essa ligação com o Estado como mero meio de vida. Daí o desespero com a queda do PT. Não é um problema só do Ministério da Cultura. Criou-se em todo o país uma lamentável casta de burocratas da cultura em todos os níveis da administração pública, nas universidades, escolas e até em organismos da iniciativa privada.
É preciso acabar com esse aparelhamento, que vem destruindo a cultura brasileira. É grande o estrago feito por esses tataranetos de Jdanov, o teórico stalinista do regime comunista soviético. No entanto, politicamente não foi um bom começo o fechamento do Ministério da Cultura. Ainda bem que Temer percebeu logo o erro de de numa hora dessas dar uma bandeira de luta exatamente ao setor do petismo que está mais forte atualmente, por conta exatamente do financiamento estatal. E aconteceu até da sua decisão sido boa para sua imagem política. Depois de anos da cretinice e arrogância de Dilma Rousseff pode ser muito bom ter um presidente ponderado, que aceita críticas e revê decisões. Temer acabou sendo favorecido de tal jeito que não sei como é que não apareceu petista dizendo que ele planejou tudo, fechando o Ministério da Cultura só para poder depois voltar atrás.
Mas não foi sobre esta modéstia dele que falei. Foi em outro assunto que notei nele uma modéstia admirável. Para deixar claro que não foi por temor que voltou atrás, Temer lembrou que já enfrentou barras pesadas na Secretária da Segurança nos governos peemedebistas de Franco Montoro e Fleury Filho. No governo de Fleury Filho ele assumiu o cargo logo depois da violenta chacina, em outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Morreram 111 presos. A tarefa realmente exigia coragem. Falando sobre esses tempos, Temer disse que está com a avaliação errada quem acha que ele "está muito frágil, coitadinho". Batendo na mesa, ele disse: " Conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos". Realmente modesto, o presidente Temer. Nem falou da sua experiência muito mais arriscada na política, com a sua longa carreira no PMDB, onde teve que lidar com tipos muito piores que os do Carandiru. Vida arriscada, a desse cara muito modesto, como eu disse. Deixou de falar até do perigosíssimo período da aliança de 13 anos com o PT, partido que aliás até já teve criminosos de sua cúpula que acabaram na prisão.
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POR José Pires

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Glenn Greenwald: assumindo a militância

Um ótimo efeito do afastamento da presidente Dilma Rousseff foi o desmascaramento que isso forçou em pessoas que até agora atuavam de forma camuflada no apoio ao governo do PT. São intelectuais e jornalistas que se comportavam de forma hipócrita, fingindo imparcialidade e com isso se servindo da respeitabilidade de suas profissões para disseminar seu pensamento governista. Um exemplo destacado disso é o jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian e do site The Intercept, que ficou conhecido internacionalmente a partir de 2013 pela divulgação de documento fornecidos por Edward Snowden sobre espionagem do governo dos Estados Unidos.
Enquanto o PT estava no poder, Greenwald vinha se comportando de um modo que não afetava tanto sua credibilidade. Na verdade, no jornalismo fazia parte da base de apoio de intelectuais ao PT, cumprindo essa tarefa no plano internacional. É responsável com certeza pelos enganos de veículos de esquerda, como o The Guardian, quanto ao verdadeiro caráter do governo do PT. Seu jornal, o The Guardian, ainda vai lamentar a "barriga" histórica cometida na interpretação política totalmente errada sobre o que ocorreu em nosso país nesses 13 anos de poder do PT.
Greenwald podia ser definido como um "isentão" bastante influente, devido a sua forma de escrever sobre o governo do PT até há poucos meses. No entanto, com a derrocada petista ele foi perdendo o equilíbrio tático. Antes de Dilma ser afastada ele ainda mantinha algum controle, o que pode ser visto em entrevista feita com o ex-presidente Lula um pouco antes da votação do impeachment. Mas já aparentava um nervosismo na condução da entrevista com o chefão petista, na qual atravessou várias vezes o limite entre o jornalismo e a militância.
Mas agora, com o afastamento de Dilma, Greenwald passou inteiramente para o outro lado. Virou militante e do pior tipo, aquele desesperado com a perda de poder. Seus textos no The Intercept são panfletos sem credibilidade. E numa entrevista feita com Dilma e divulgada esta semana, cumpre até um papel patético, com perguntas que nada mais são do que textos elaborados para Dilma se apoiar e fazer com a maior comodidade sua defesa. Triste fim, o de um jornalista internacional que vira escada de Dilma.
Num vídeo repassado pelo seu site, pode-se vê-lo fazendo uma pergunta que nada mais é que um ataque ao governo de Michel Temer e um elogio ao que foi feito antes por Dilma. Greenwald fala até em governo "sem mulheres e negros", essa nova ladainha petista que não pegou. O problema é que sua interlocutora é a incrível Dilma, que na resposta se enrola toda, sem conseguir desenvolver o raciocínio que o diligente militante passou a ela. É até engraçado observar seu desconforto ao perceber que o jogo verbal e político não tem como dar certo com tal parceira política. Do mesmo modo que tantos isentões estão sendo obrigados a fazer, Greenwald se revelou com esta derrocada petista. O espírito de militante quebrou a casca superficial de jornalista que era mantida por ele até agora.
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POR José Pires

O STF, a "pílula anticâncer" e o país dos milagreiros

Afinal o Supremo Tribunal Federal suspendeu a lei que autorizou a chamada "pílula anticâncer". É preciso dizer que a medida ocorreu em função de Ação Direta de Inconstitucionalidade, movida pela Associação Médica Brasileira. A suspensão da lei era uma questão de bom senso, mas a verdade é que ela passou pela Câmara, pelo Senado e ainda foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Nenhum desses poderes atendeu aos apelos de especialistas e de gente que lida de perto com a doença, que alertavam inclusive sobre os riscos sociais em torno dessa pílula, que vinha sendo divulgada como remédio milagroso.
Câncer é uma doença cercada de mitos, a começar pelo fato de ser geralmente mencionada como se fosse única. Existe uma variedade de casos de câncer, o que já eliminaria a crendice que persiste, sobre uma "cura do câncer". Conheço de perto esta questão e creio que não deve haver brasileiro que não tenha em seu círculo pessoal uma história relacionada a esta doença, situação em que aparece muita coisa parecida com esta história da "pílula anticâncer". Surgem sugestões até do uso do pensamento positivo, indicado de diversas formas supostamente terapêuticas e divulgados como altamente curativos. Aí é até uma grande injustiça para quem está numa condição muito grave, pois pode parecer que os que sucumbem à doença não tinham apego à vida. Enfim, muita gente aparece com soluções fabulosas para o problema, o que é um hábito brasileiro na questão da saúde e bem próprio de países em que os sistemas de saúde, seja o privado ou o público, funcionam de forma precária e onde a educação está em situação similar.
Como toda doença grave, a melhor forma de combate ao câncer é um bom atendimento médico em todas as etapas, a começar pela medicina preventiva, que infelizmente não é prioridade no sistema de saúde. A dificuldade é bem maior no sistema público, mas em razão da falência geral da saúde no Brasil, quem tem plano de saúde privada também começa a ter dificuldade de conseguir um bom atendimento. Sei de plano de saúde de qualidade que tem pressionado médicos a não encaminharem exames básicos de prevenção de câncer da mulher. E tanto para a mulher quanto para o homem a prevenção é que pode salvar, como é o caso do câncer de próstata, em que o combate mais eficaz são os exames regulares preventivos e de detecção do problema. Mas é uma dificuldade tremenda fazer isso no sistema público de saúde e, como eu disse, também começa ficar complicado até para quem pode pagar um bom plano de saúde.
Em grande parte é por isso que rola sempre nesta área coisas como essa tal "pílula anticâncer", uma onda populista que teve quer ser barrada pelo STF, numa demonstração da falta de bom senso das mais altas Casas Legislativas e do Governo Federal. Não cabia ao Congresso Nacional legislar sobre essa matéria e também não existe comprovação da efetividade da substância. A Anvisa é que deve ter a prioridade na decisão. É muito simples: o dito remédio teria de passar da fase da pesquisa com ratos para a pesquisa com seres humanos, o que ainda não foi feito. Esse suposto remédio nem era para ter chegado ao STF, se não fosse a forma demagógica da condução deste caso, especialmente pelos políticos. O andamento da história dessa pílula pode servir como tema para o país trabalhar para desenvolver um respeito pela aplicação séria em seus problemas, sem o populismo que vem dominando nossa cultura e servindo ao propósito de manipuladores de todo tipo, principalmente na política. Já faz tempo que temos as mais variadas "pílulas" sendo oferecidas a uma população que em seu desespero acaba engolindo uma porção delas. O efeito conhecemos bem. Não cura nada. Só faz bem para o bolso e o interesse pessoal de milagreiros.
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POR José Pires

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Herança mais que maldita

O grande mistério atualmente é o rombo orçamentário para 2016 deixado por Dilma Rousseff. A conta ainda está sendo feita e pelo andar dos números dá até medo de seu fechamento. O PT surpreendeu de novo, mesmo sendo o partido do qual estamos acostumados a esperar o pior. A equipe de Michel Temer falava na semana passada em 150 bilhões de reais, que depois foi para 160 bilhões e agora o cálculo está em 200 bilhões. O banco Bradesco afirma que o rombo pode chegar a 276 bilhões de reais. Tem gente que diz que vai avançar para além dos 300 bilhões. Economistas nomeados por Temer estão debruçados sobre os números, trabalhando com muita dificuldade porque Dilma fez a sabotagem de não deixar dados quando foi afastada. Não há nada registrado em computadores.
O déficit previsto pelo governo petista era de R$ 96 bilhões, que já era assustador, mas os companheiros se superaram. Estavam tão sem medo de ser feliz, que quebraram o Brasil de uma forma que nunca houve na história deste país. Parece que foi colocada em prática na destruição da economia aquela conversa doida da Dilma, de "deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta". Quando chegar no número exato do rombo, Michel Temer vai revelar os dados em pronunciamento nacional ou em entrevista. Além do inventário do rombo, Temer pode falar também de desmandos descobertos em diferentes ministérios. Já se sabe que na Secretaria de Governo, atualmente no comando de Geddel Vieira Lima, o PT utilizava cerca de mil cargos para sua militância política. Eram pessoas nomeadas que não trabalhavam. A informação é do próprio ministro, dada ao jornalista Josias de Sousa, em seu blog no site UOL. Ainda segundo o ministro, eles estão trabalhando na identificação dos processos.
O PT gostava de falar em "herança maldita" para atacar governos anteriores, mas pelo que já se sabe, herança maldita não serve para identificar o legado deixado pelo PT não só para este governo, como também pra os outros que virão. É preciso inventar um novo nome para a tragédia criada pelo PT. O conserto dessa desgraça petista levará mais de uma década e isso com todo mundo trabalhando duro. Nem seria preciso de saber do tamanho da desgraça para que Dilma não voltasse mais ao cargo. Ela já está fora. Mas depois de Temer revelar o que encontrou ao chegar ao Palácio do Planalto é provável que aumente número de votos no Senado pelo seu impeachment. A rejeição dos brasileiros a Dilma, a Lula e ao PT certamente dará um grande salto. Dilma está fora definitivamente e o PT irá se colocar entre os partidos nanicos. É "Tchau, querida!" e "Tchau, companheiros!".
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POR José Pires

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Partido ruim da cabeça

Na resolução que saiu de seu primeiro encontro depois do afastamento de Dilma Rousseff, o PT optou por fazer a autocrítica dos outros. É mais ou menos no estilo de antigos partidos comunistas, que pegavam militantes que não colaboravam com a cúpula partidária e diziam ao dissidente: "vamos fazer sua autocrítica". A resolução petista revela um quadro psicológico grave, de um partido com sério alheamento da realidade e um total desconhecimento da própria queda. Lembra o sujeito caindo do edifício que, ali pelo sexto andar, ainda diz: “até aqui tudo bem”.
Estão fora do poder, terão sérias dificuldades para conseguir doações de campanhas e ficarão por larguíssimo tempo com a imagem bastante comprometida com os mais graves defeitos que pode-se ter na política, tudo isso causado exclusivamente por eles. Como resultado prático desses anos todos de poder, está aí a quebradeira geral da nação e a impressionante roubalheira que levou à cadeia seus líderes históricos. No entanto, no documento que saiu depois de dois dias de discussão em vez do mea culpa o partido optou por apontar a responsabilidade alheia. É uma alienação da realidade digna de hospício.
Para o PT, a Lava Jato é uma operação "golpista", a crise na economia brasileira veio de problemas internacionais e da aceitação de Dilma da "agenda do grande capital", com o "ajuste fiscal" intensificando "a tendência recessiva". O documento faz essas críticas à Dilma, porém mantendo uma porta aberta, caso ela retome o mandato. Ela pode ser aceita, desde que apresente um "compromisso público", encampando teses políticas, sociais e econômicas do partido.
Quanto ao mensalão, o petrolão, a destruição da Petrobras, essas coisas que geram preocupação em qualquer brasileiro, sobre isso o PT nada fala na tal resolução. O partido tem criminosos reincidentes, condenados e presos, mas se queixa de ter sido envolvido nas maracutaias pela má intenção de terceiros. Parece até que estou fazendo piada, não é mesmo? Então leiam este trecho da resolução: "Acabamos reféns de acordos táticos, imperiosos para o manejo do Estado, mas que resultaram num baixo e pouco enraizamento das forças progressistas, ao mesmo tempo em que ampliaram, no arco de alianças, o poder de fogo de setores mais à direita".
A conversa é de doido. Eles anunciam até suas restrições às alianças para as eleições municipais. As regras são rigorosas e começam por dizer que não apoiarão candidatos que votaram ou apoiaram o impeachment. Como se fosse haver uma correria este ano de candidatos querendo o apoio de um partido com a fama do PT. Vale uma leitura no documento petista, do qual publico abaixo um link. É o retrato dramático de um partido preso a uma auto-ilusão. Tem seu lado cômico e também um certo alívio. Na toada em que estão, já na eleição desse ano o partido do Lula vai virar uma sigla nanica.
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POR José Pires

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O PT em busca de ocupação

Tristeza geral em Brasília entre a massa petista grudada em cargos públicos. A política virou meio de vida para os filiados do partido que prometia uma revolução no campo da economia, política e da ética e o que fez no poder foi demolir tudo o que havia sido construído antes. Em 13 anos o PT virou um clube das facilidades, com emprego certo e benefícios para os que baixassem a cabeça para a cúpula do partido. São quase 22 mil cargos de livre nomeação, além desse empreguismo estender-se a variadas instituições, inclusive na iniciativa privada, em locais onde petistas vão sendo instalados por força da influência partidária, que esteve em alta nos últimos tempos em razão da ocupação do poder.
Com a saída de Dilma Rousseff, a ação política petista imediata será agora correr atrás de boquinhas em administrações estaduais e nos municípios, para a militância manter-se financeiramente e com isso dar prosseguimento à doutrina partidária do uso ideológico da máquina pública. Para a sorte do Brasil, o determinismo político e intelectual desse pessoal fez deles profissionais de uma incompetência similar a da presidente que sairá do poder, uma dificuldade de se empenhar seriamente no trabalho que é também parecida com o que fez nesses anos todos o ídolo máximo de todos eles, o ex-presidente Lula.
Esta dificuldade de se aprimorar é um dos efeitos de quem tem o marxismo como raiz política e intelectual, mesmo para os esquerdistas que não têm consciência plena dessa influência nas suas vidas. É a fé religiosa no socialismo que contamina todo marxista, sintoma político que já desgostava Karl Marx em vida, mas que, para o azar dele, depois de sua morte passou a dominar seus seguidores. Uma filosofia que tinha a pretensão de não só organizar a História como também conduzir sua rotação acabou sendo um atrativo de doidos. Mas é menos mal. Se a esquerda tivesse competência para estabelecer seu poder sobre a sociedade o PT jamais sairia do poder.
Mas que os brasileiros se preparem. A debandada forçada pelo impeachment levará a uma correria de petistas nos estados e municípios em busca de boquinhas para a continuidade da sustentação da militância partidária e a luta pela volta ao poder. O risco é muito grande e não só pelo perigo ideológico do autoritarismo e da tremenda confusão causada pela esquerda em todo lugar onde se instala. O outro problema é que nos estados e municípios os petistas vão dar continuidade às suas especialidades desenvolvidas nesses 13 anos de poder, que é o de administrar muito mal o que é do interesse público e se aproveitar ao máximo do que é do interesse do partido. E fazem tudo de forma tão atrapalhada que o resultado é de um parasitismo destrutivo sobre tudo que os abriga. Como já se sabe, com o tempo eles acabam caindo, no entanto é preciso se prevenir porque o legado petista é terrível. Como o Brasil aprendeu de forma dura, eles arruínam tudo por onde passam.
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POR José Pires


terça-feira, 10 de maio de 2016

Trapaças petistas

Esse pessoal que ainda cai nas esparrelas do governo do PT bem merece passar ridículo, mas já está até dando dó dessa gente, que nos últimos tempos vem passando vergonha ao cair nas jogadinhas políticas sem nenhuma base lógica que o partido do Lula inventa para sair da tremenda encrenca em que se enfiou. Essa última do canetaço do presidente interino da Câmara foi demais, sem fundamento nenhum. Não resistia a um questionamento simples, que é o da dificuldade do convencimento dos 367 deputados de que eles votaram errado. Porém, mesmo assim teve governista saindo em defesa de uma besteira tão grande que até o presidente do Senado, Renan Calheiros, logo chamou de "brincadeira com a democracia".
Foi uma palhaçada, mas não foi menos fraudulenta que o discurso político que o PT vem fazendo desde que subiu ao poder, com sua mentiras como a da nova classe-média, o milagre econômico do pré-sal, a redenção social do Bolsa Família, e outras farsas sustentadas pela propaganda. É incrível o resultado negativo disso tudo, pois o partido do Lula sofre agora uma derrocada histórica e leva junto com ele a credibilidade de muita gente. Fico imaginando as dificuldades pessoais de quem deu apoio até agora às políticas deste partido fraudulento. Não deve estar fácil suportar os olhares despontados de amigos, dos filhos e até da mulher ou do marido. Bem, pelo menos resta a diversão com as gargalhadas nos encontros de final de semana quando um governista desses arrisca fazer uma previsão política.
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POR José Pires

A defesa furada de Dilma Rousseff

Foi ridícula a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, em anular o processo de impeachment na Câmara. De tão esdrúxula, a medida teve que ser recusada de imediato pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que em plenário a classificou como "brincadeira com a democracia". Foi demais até para o Renan. O impeachment de Dilma Rousseff já é inevitável, mas é muito provável que esse acontecimento tenha aumentado o numero de votos favoráveis no Senado. Quais serão os senadores que terão a cara de pau de votar a favor de algo sustentado por atitudes como essas do deputado Maranhão? Esta dificuldade de estabelecer conceitos políticos sérios como base da defesa do mandato de Dilma foi determinante na debandada entre os apoiadores do governo. A derrocada do PT pode ser compreendida a partir da defesa que é feita do projeto do partido no Senado, pelos três senadores que atuam como linha de frente e ao mesmo tempo tropa de choque governista. Cada vez que um deles pede a palavra (isso quando não falam sem pedir) sabe-se que virá um gritante equivoco.
Em seu fim de carreira, o PT ficou com a cara do PCdoB, a começar pelo argumento que sustenta a defesa do mandato de Dilma, nesta tolice de atuar num processo legal classificando todos como golpistas. Cada vez que um militante petista gritava "golpe" crescia o apoio ao impeachment. Foi muito engraçado assistir ao vivo pela televisão o ministro chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, dando de dedo nos senadores reunidos na Comissão do Impeachment e acusando-os de golpistas. Ele participava como convidado, para fazer a defesa da presidente da República. E não pareceu ter notado que, além de estar acusando o Senado brasileiro de golpista, havia uma contradição na sua presença naquele "ambiente conspiratório". Ah, mas ele tinha uma justificativa para estar ali, entre os golpistas. Segundo suas próprias palavras, será golpe apenas se o impeachment for aprovado. Ah, bom.
Não à toa, esta sumidade do Direito que Dilma nomeou primeiro como ministro da Justiça e depois como advogado-geral da União, foi o cabeça da maquinação da tentativa de anulação do processo de impeachment por meio do canetaço do presidente interino da Câmara. Cardozo já estava destinado a ser um dos maiores perdedores com a derradeira descida de rampa de Dilma. No entanto, esta tolice da tentativa de anulação completou sua desmoralização, ele já vinha sofrendo críticas profissionais pela baixa qualidade jurídica de suas intervenções. Foi fatal o canetaço do deputado Maranhão, assim como foi definitivo para que a bancada petista no Senado se revelasse por inteira como uma claque destemperada.
Depois de Renan recusar a “brincadeira com a democracia”, os senadores governistas ficaram endoidecidos, gritando como se estivessem em reunião de centro acadêmico esquerdista, onde começaram suas carreiras e de onde parecem nunca ter saído. Mas é sempre assim. Eles são o tipo de gente que acredita que o convencimento se obtém pelo volume da voz e não pelo conteúdo. E confiam de tal forma na própria esperteza que vivem ilusões que parece coisa de doido. Logo que o deputado Maranhão deu o canetaço, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), dava entrevista afirmando que o processo do impeachment voltaria ao início. Mais ainda, Lindbergh informou que o ex-presidente Lula estava viajando para Brasília para recomeçar a articulação política e que estava chegando “com certeza com ânimo redobrado porque o jogo começou de novo”. A avaliação totalmente furada é muito interessante, pelo que ela revela não só da desesperadora situação de Dilma e do projeto do PT como também pela demonstração dos motivos deles terem acabado nesta encrenca sem saída.
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POR José Pires

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O prazer da malcriação

Observando as transmissões das sessões da Comissão de Impeachment do Senado fiquei pensando o que é que pode levar uma pessoa a exercer o papel grosseiro que os senadores governistas desempenharam nas reuniões. Talvez eles pensem que ficaram bem na fotografia, mas serão lembrados é por terem se comportado de forma detestável. Vários vídeos desses malcriados já são campeões de audiência no Youtube. Eles são extremamente grosseiros até com convidados que compareceram ao Senado para dar sua contribuição aos trabalhos da comissão. E obviamente desrespeitam também os próprios colegas, de tal forma que seria o caso até de perguntar se eles pretendem abandonar o Senado e ir embora com Dilma para a casa dela, porque me parece que a convivência deles com os demais senadores vai ficar difícil depois do impeachment.
Mas quando a gente puxa um pouco pela memória logo vai se lembrar que os petistas foram sempre encrenqueiros, agindo com todos dessa forma desrespeitosa, pelo menos até a vitória de Lula em 2002, que ocorreu só depois de um marqueteiro — o publicitário Duda Mendonça — ter convencido o partido de que para ser competitivo Lula teria que ao menos aparentar ser educado. O chefão petista aprendeu também com o marqueteiro a se vestir melhor e descobriu o bem que pode fazer para a aparência pessoal um bom corte de cabelo e barba. Tenho a impressão até que nessa época ele passou a tomar banho com mais regularidade. Um marqueteiro faz milagres.
Foi mesmo profissional a guaribada do Duda Mendonça, no entanto a verdade é que a mudança foi só por fora. Por dentro — bem, por dentro continuava a ser este mesmo PT que ressurge agora nesta derrocada. Grosseiros, intransigentes, pouco dispostos a ouvir e ainda com menos boa vontade de admitir seus erros. Para ser exato, deram uma guinada de 360 graus, voltando a demonstrar aquele caráter abominável mascarado pela propaganda. E agora que eles voltam a ser o que eram antes de alcançar o poder, creio que vale perguntar qual é fator que faz os petistas serem tão detestáveis? Pode ser doença, como a piada que costumam fazer nas redes sociais, afinal certos problemas psicológicos podem explicar este prazer pela crueldade.
Ou será alguma coisa que eles bebem? Não sei se o PT tem algum ritual com bebida, do tipo do Santo Daime, mas pode ser que apareça alguma revelação em áudios futuros da Polícia Federal. O fato é que esta beligerância tem que vir de dentro do partido, porque quando uma pessoa deixa de ser petista sempre ocorre uma mudança pra melhor. Vi isso na Marta Suplicy, que no PT era uma pessoa de maus bofes, insuportável mesmo. Ela criava lamentáveis encrencas em sessões do Senado, mas depois que foi para o PMDB ficou um doce. Até a vi nesses dias em reunião da Comissão de Impeachment, pedindo uma questão de ordem à mesa e dando uma sugestão aos ex-colegas do PT para que cessassem de interromper o tempo todo com assuntos que já estavam claros para os demais participantes. O pedido foi feito com a maior educação, mas o senador petista Humberto Costa a interrompeu aos gritos, acusando-a de estar tentando "passar um carão" na bancada governista. No entanto, Marta ficou na maior paz, sem reagir a este absurdo. Fiquei muito surpreso. Isso só pode ser porque agora em outro partido ela deixou de beber a gororoba ritualística do PT. Já o senador Humberto Costa parece que continua bebendo. E pelo jeito ele é do tipo que volta a entrar na fila para tomar mais um gole.
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POR José Pires

Maus exemplos de cima a baixo

Em política, como na vida, o exemplo vem de cima. Esta é uma regra simples, que quando deixa de funcionar pode levar um país à destruição. E a situação grave em que estamos vem em grande parte disso, com a demolição feita pelo PT de regras institucionais das mais corriqueiras, com os negócios de Estado e as relações políticas sendo conduzidas de forma afrontosa às responsabilidades dos cargos e das tarefas, com o agente público muitas vezes beirando a fronteira do crime e até ultrapassando este limite com uma desfaçatez que vai criando hábito. E isso começa lá em cima, no Lula, que é presidente de honra do PT (e não estou fazendo piada), criando um efeito cascata que não permite hoje em dia encontrar ninguém honesto em seu partido. Não tem. Se o petista não rouba é desonesto intelectualmente, defeito antigo que piorou bastante no desespero dessa derrocada. Maus hábitos dão nisso. E o hábito faz o monge, como diz outro ditado muito bom para pontuar a necessidade de que o respeito e a dignidade esteja incorporado integralmente no indivíduo — e na "indivídua" também, digo pro pessoal que tem uma "presidenta" —, de tal forma que isso transpareça no cotidiano e até nas conversações comuns do dia a dia.
É interessante que os diálogos telefônicos em que o ex-presidente Lula revela-se por completo tenham tido o efeito de fechar a compreensão do caráter nefasto da sua liderança sobre o Brasil. Naquelas falas banais e grosseiras ficou claro quem é o Lula, apesar de tudo que já se sabia dele, com as montanhas de evidências de sua personalidade desleal e criminosa e também das provas colhidas por investigações policiais sobre suas ilegalidades. E aí vale outro jargão, aquele que diz que o homem morre pela boca, o que é muito sábio, já que pode mesmo acontecer de transparecer na fala o que guardamos na consciência, em certos casos como um segredo pessoal. A fala pode também revelar o que somos de fato, longe da aparência enganosa das formalidades ou do marketing. Foi o que ocorreu com o Lula. Aquele homem bom e preocupado com os mais pobres era só a embalagem de propaganda do mito fraudulento. Na verdade ele é a figura grosseira que nos áudios liberados pela Justiça demonstra de forma explícita que não guarda sequer o respeito institucional aos cargos da República ou mesmo das instituições privadas. Não tem nem respeito pessoal para com o próximo, que desqualifica o tempo todo com palavrões.
Todo mundo sabe que o caráter nefasto desses 13 anos do PT no poder pesou muito no âmbito das relações entre as pessoas, sendo o inferno cotidiano criado por eles nas redes sociais o exemplo mais prático da dificuldade de estabelecermos no país um mínimo equilíbrio na convivência e no debate dos problemas brasileiros. É o que eu disse acima, sobre um mau exemplo afetando de forma negativa a qualidade das relações sociais. Uma exemplo dessa influência negativa pudemos ver na bancada que defende o governo no Senado, formada por políticos agressivos, sem conteúdo e desinteressados em qualquer esclarecimento sobre os graves problemas que enfrentamos. Não são razoáveis nem nas questões práticas no andamento dos trabalhos. Parece doença. Nota-se em suas faces um estranho prazer na agressão gratuita aos convidados da Comissão do Impeachment, quando desferem todo tipo de insulto, colocando em dúvida até a capacitação profissional dos que comparecem com toda boa vontade para colaborar com os trabalhos, em reuniões que se alongam em mais de 9 horas de exaustivos questionamentos. Os petistas fazem o mesmo com os próprios colegas, passando por cima até do respeito nas relações interpessoais, que é uma base essencial do Poder Legislativo. Imaginem se todos os brasileiros se comportassem como eles. Estaríamos em guerra civil. A bancada de senadores do governo é a cara do Lula dos bastidores, o verdadeiro Lula que tinha encoberta sua impressionante grosseria até os brasileiros finalmente saberem de fato como ele é. Eu bem disse que o exemplo vem de cima.
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POR José Pires

Lula, suas informalidades e ingratidões

O ex-presidente Lula, que já andava inconformado com as atitudes de Rodrigo Janot, deve ter se desestabilizado totalmente depois do procurador-geral da República ter pedido ao STF que ele seja investigado no principal inquérito da Operação Lava Jato. Caso o STF aceite a denúncia Lula será alvo no inquérito que investiga crime de formação de quadrilha. É chamado de “inquérito mãe” e com ele busca-se aprofundar a investigação sobre a existência de uma organização criminosa por detrás dos crimes da Petrobrás. É o único inquérito que trata do crime de formação de quadrilha. Para o procurador, essa organização criminosa jamais teria operado sem Lula.
Janot é firme ao apontar a influência do ex-presidente. “Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”, ele escreve no pedido ao STF. Ele afirma ainda que Lula “mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne a articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação Lava ]ato”. Ou seja, o chefão do PT estava no controle de tudo, buscando manipular até no âmbito das altas Cortes.
A posição de Janot se baseia no depoimento de delatores e nos áudios da Operação Aletheia, aquelas gravações em que Lula fala palavrões o tempo todo em vários telefonemas, ataca o STF dizendo que os ministros são covardes e ainda tem aquele revelador diálogo com a presidente Dilma, com os dois maquinando uma desavergonhada obstrução da Justiça. O engraçado é que nesses áudios Lula fala também de Janot, queixando-se da falta de gratidão dele por ter sido nomeado procurador. Numa das falas o petista insinua de forma grosseira que Janot estaria em dívida com ele. Tem criança no Facebook? Vou publicar esta fala.
Quando é avisado de que Janot estava arredio aos pedidos de um contato informal e de que por isso o único modo para chegar ao procurador seria por meio de uma petição formal, Lula diz o seguinte: “esse cara se fosse formal não seria procurador-geral da República, teria tomado no cu, teria ficado em terceiro lugar (…) Quando eles precisam não tem formalidade, quando a gente precisa é cheio de formalidade”. Pois é, este é o nível. Sabemos o tipo de informalidade que tipos como Lula querem, assim como sabemos de que “gratidão” ele fala. Espero que Janot seja muito ingrato com o Lula. A justiça e a democracia agradecem.
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POR José Pires

domingo, 1 de maio de 2016

O PT deu fim ao Dia do Trabalho

O Brasil já viveu muitas crises, mas nenhuma como esta criada pelo governo do PT, que quebrou o país. Chegamos a um 1º de Maio em que não há nada para comemorar. Isso é que é ironia da História: o Partido dos Trabalhadores acabou com o Dia do Trabalho. Temos 11 milhões de desempregados, 22% a mais do que em dezembro e quase 40% (39,85%) acima do índice de 2015, quando 7,9 milhões procuravam ocupação no primeiro trimestre. E esses números, como todo mundo sabe, devem ser vistos com a desconfiança de serem um retrato ate otimista demais da realidade, pois os petistas mexeram tanto nos métodos de avaliação que ficou difícil ter de fato uma visão real dos problemas brasileiros. Mas junto com o desemprego veio também a aniquilação da qualidade profissional, em todas as categorias, dos trabalhadores braçais aos trabalhadores que saem das universidades carentes de conhecimento e jogados em um mercado que nivela tudo por baixo, a começar pelo salário.
Desemprego sempre houve neste país que tem o hábito eterno de dizer que é o país do futuro, porém sem se ocupar seriamente em criar as bases para alicerçar sonhos que vão sempre muito além de suas pernas. E agora vale o chavão do cara que não pega no batente desde os tempos de sindicalista. Por obra do partido dele, nunca antes na história deste país o trabalhador se viu em tal desesperança, tamanha é a ruína em que o PT deixou a economia brasileira e a nossa infraestrura. Nos estados brasileiros o sinal de máximo perigo apita bem alto e acende repetidamente. Luz vermelha, é claro. Alguns estados já estão com dificuldade de pagar seus servidores. O problema já afeta a vida de 1,5 milhão de trabalhadores. Falta dinheiro, o investimento externo voou pra longe, empresas foram fechadas, a construção civil se retrai, as indústrias se acabam, numa destruição cometida por um partido que colocou em risco tudo que havia sido construído até agora. A perspectiva de alguma melhora só tem horizonte para daqui a dez anos e assim mesmo apenas para o país voltar a uma situação de relativa calmaria, sem qualquer avanço. Analistas mais rigorosos dão a esse tempo de àrduo esforço mais cinco ou dez anos.
É mesmo irônico que um partido que leva “Trabalhador” no nome venha a ter acabado com Dia do Trabalho — que ficou sem nenhum motivo de comemoração, um clima que infelizmente deve perdurar. Lula e seu partido lograram os brasileiros prometendo um país das maravilhas e acabaram fazendo uma obra dantesca. Falando nisso, o grande escritor Lewis Carrol, autor desse livro esplêndido que é “Alice, no país das maravilhas”, cria em uma das cenas da aventura da menina uma celebração maluca de um aniversário em todos os dias que não são a data de nascimento do homenageado. Ele chama a comemoração insólita de “desaniversário”. É isso que nos resta. Por obra do PT só teremos no Brasil daqui por diante e por um longo tempo o “Dia do Destrabalho”. E o triste é que serão todos os dias do ano, menos o 1º de Maio, ao qual o PT deu um fim amargo.
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POR José Pires