terça-feira, 29 de setembro de 2015

A herança maldita trocando de mão

O PSDB fez um programa de TV muito bom, veiculado ontem em rede nacional e repassado pela internet com excelente repercussão. O resultado de comunicação é perfeito. Conseguiram passar uma mensagem firme de oposição ao governo Dilma Rousseff, sem no entanto fazer um programa agressivo. E não deixou de ser forte a batida contra o governo do PT, sem haver o risco de uma interpretação de pessimismo ou da crítica que não abre caminhos para uma esperança de solução dessa tragédia moral e econômica criada pelo PT.
Nas últimas semanas vem aparecendo um conjunto de fatos que favorecem muito o partido de Aécio Neves, Geraldo Ackmin, José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os quatro escolhidos para aparecer no programa. E nesta semana que passou, a queda brutal do real em relação ao dólar trouxe uma mensagem que pode ser um reforço político e tanto pra os tucanos. É uma daquelas mensagens que vêm de uma consciência coletiva produzida pela realidade: o Brasil precisa de um novo Plano Real. O programa de TV dos tucanos toca nisso com uma sutileza muito bem dosada.
Esta reviravolta política deve estar dando um nó na cabeça do ex-presidente Lula. Será exatamente o Plano Real o ponto que fará a diferença entre esse ciclo de quatro governos do PT e os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. E o mais difícil para o Lula deve ser suportar o fato de que este revigoramento da percepçãopopular da qualidade econômica do governo tucano foi conquistado em cima dos erros cometidos pelos próprios petistas, sempre sob seu comando. O PT não conseguiu estabelecer nenhuma diferença econômica em relação ao que foi feito pelos tucanos. A incompetência e dificuldade dos petistas para criar um modelo próprio é tão clara que agora qualquer medida necessária contra esta crise remete ao desmonte feito pelo PT nas reformas implantadas no governo do PSDB.
Ficou também muito clara a incompetência petista em dar um andamento de qualidade à estabilidade implantada pelos tucanos. O governo do PT conseguiu se apossar das políticas sociais estabelecidas anteriormente no governo federal pelo PSDB, inclusive com o governo petista explorando como forte propaganda política o Bolsa Família, mas nas áreas essenciais da infraestrutura nacional o partido do Lula foi um fracasso. Com isso, a realidade deu uma entortada que pode ficar até engraçada. Não é difícil que os tucanos tenham como conceito muito forte para a volta ao poder a ideia da criação de um novo Plano Real. Outro argumento político que deu uma tremenda guinada foi o da "herança maldita", marcado na cabeça da população pelo próprio Lula. Agora o argumento se volta contra ele. A herança maldita é do Lula, conforme é dito por Fernando Henrique Cardoso no programa de TV. No programa, ele diz isso no tom certo, com seriedade. Mas dá para imaginar sua satisfação pessoal devolvendo com força redobrada a desqualificação que durante mais de dez anos Lula tentou fazer colar no governo tucano.
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POR José Pires

quinta-feira, 24 de setembro de 2015




Dilma Rousseff falou tanto em diminuir a quantidade de ministérios, mas a reforma ministerial está sendo feita só para aliviar sua barra com os deputados e senadores. Tínhamos o "toma-lá-dá-cá". Agora estamos no "toma-lá-me-deixa-cá". Mesmo mantidos os nomes antigos, o que vem por aí é tudo pasta nova: são os Ministérios do Impeachment.
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POR José Pires

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Do crime e da personalidade do criminoso

O ex-deputado petista André Vargas recebeu sua primeira condenação nesta terça-feira. Vargas, que está preso e deve permanecer na cadeia por decisão do juiz Sérgio Moro, foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Sua pena é de 14 anos e 4 meses. Este processo não é da Operação Lava-Jato, na qual ele responde à outra ação. Alguns anos então podem ser poderão ser acrescentados a esse tempo na cadeia.
Na sentença, o juiz Sérgio Moro lembrou aquela situação esdrúxula de fevereiro do ano passado quando Vargas ergueu o punho esquerdo de forma ofensiva ao então presidente do STF, Joaquim Barbosa. O ministro era convidado do Congresso Nacional na solenidade de abertura do Ano Legislativo. O então deputado petista era vice-presidente da Casa. Antes de virar um estorvo político e ser obrigado a sair do partido, Vargas era maioral do PT. No Paraná era um dos que mandava no partido, que tem o ex-ministro Paulo Bernardo como chefão estadual. Vargas comandava a candidatura de Gleisi Hoffmann ao governo estadual. Caso não tivesse tido seus crimes descobertos pelo Ministério Público, ele seria o candidato do PT ao Senado e a julgar pelo que foi descoberto até agora teria a seu dispor uma campanha poderosa.
O juiz Moro faz uma menção muito interessante à personalidade do ex-deputado, na parte da sentença em que comenta o gesto feito por Vargas para agredir Barbosa. Imagino o tempo que os agentes policiais e o Ministério Público não ficaram estudando as ações de Vargas e quanta coisa não foi possível saber de sua vida, inclusive situações sem relação direta com a investigação, mas sempre muito úteis para traçar um perfil exato do sujeito. O que Moro escreve sobre o petista caído em desgraça mostra que chegaram a um resultado muito bom nesta leitura psicológica.
Moro conta que no mesmo período em que fez o protesto contra o ministro Barbosa, o ex-deputado petista e agora condenado recebia propina por intermédio de uma agência de publicidade. “O gesto de protesto não passa de hipocrisia e mostra-se retrospectivamente revelador de uma personalidade não só permeável ao crime, mas também desrespeitosa às instituições da Justiça”, afirma Moro, fechando de forma exata seu raciocínio. O juiz sabe do que está falando. Quem acompanha a carreira de Vargas há muito tempo, bem antes de ele ser pego pela polícia, sabe que as coisas são exatamente assim e não só com ele. Este desvio de personalidade no plano ético foi sempre comum no PT. Essa sujeira de hoje em dia não é surpresa para quem observava esses tipos com franqueza e honestidade. E o conhecimento disso fez muita gente sensata entre as quais me incluo manter-se longe desses tipos. Não só pela repugnância ao comportamento imoral que já era nítido há bastante tempo como também para não colaborar com eles nessa tremenda destruição moral e econômica feita com o nosso país.
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POR José Pires

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Imagem- O condenado André Vargas e um grande parceiro petista de outrora, que depois mandou ele sair do partido. A foto é de apenas cerca de um mês antes do país saber Vargas usava avião fretado pago por doleiro.

Um papa fácil demais

As movimentações do papa Francisco e suas falas políticas nos lugares para onde viaja são de qualidade tão duvidosa que para botar fé no que ele vem fazendo seria preciso acreditar que existe um bom plano por detrás de tantos equívocos, algo que talvez seja revelado mais adiante, naquelas leituras históricas que décadas depois costumam trazer uma luz sobre o que os homens fazem na terra. Faço piada, é claro. Numa leitura contemporânea já dá para ver que quase tudo é fora de propósito, mesmo quando é bem escolhido o tema da discussão proposta pelo papa e a visita religiosa e diplomática ocorre no momento adequado.
É o caso dessa visita a Cuba. A ocasião é apropriada, mas depois da passagem de Francisco pela ilha governada há mais de 50 anos por um regime comunista ficou a dúvida sobre o que realmente ele foi fazer lá. Na prática, o regime dos irmãos Castro levou mais vantagem do que o necessário fortalecimento da abertura democrática naquele país. O papa Francisco foi desleal com a oposição democrática na ilha e muito mais com seus próprios irmãos católicos cubanos, que nunca tiveram o respeito do regime castrista. E me parece que nem com os católicos de todo o mundo ele teve a devida lealdade em firmar com palavras e gestos convincentes um compromisso da Igreja Católica com a democracia ou no mínimo apontar com a devida razão histórica desrespeitos à liberdade que ainda afligem os cubanos.
Em suas primeiras quatro décadas o regime cubano teve na Igreja Católica local um dos alvos preferenciais de controle. Em anos anteriores a repressão religiosa foi pesada, até que Fidel Castro percebeu o equívoco que trazia graves danos à imagem de seu governo e procurou consertar, aproveitando de forma matreira para estreitar a aliança oficiosa com a linha católica da teologia da libertação, que de dentro da igreja já vinha trabalhando com uma linguagem de esquerda junto à população de vários países latino-americanos. Um dos gestos mais errados do papa Francisco nessa viagem foi ter um encontro com Fidel Castro. Oficialmente não havia razão para isso, muito menos para que o próprio pontífice fosse até ao ditador, digamos assim, licenciado por problemas de idade.
O papa Francisco fez algo parecido ao beija-mão com Fidel Castro, que tornou-se uma liturgia de políticos esquerdistas estrangeiros na ilha. Lula, Dilma, Correia, Morales e Maduro fazem isso com naturalidade, mas o papa precisava entrar nessa? O próprio porta-voz do Vaticano disse que a reunião foi "muito relaxada, fraternal e amigável". É demais, não? Um dos presentes recebidos por ele do ditador licenciado pela idade foi um livro conhecido do brasileiro Frei Betto, "Fidel e a religião", obra de 1985 com uma ampla entrevista do ditador sobre o tema. Apesar de assinado por Frei Betto, o livro é mais um documento político do próprio Fidel Castro em que ele dá uma cuidadosa guaribada na sua imagem política, para acomodar-se taticamente a novos tempos na política mundial. Essa nova posição de Fidel Castro surgiu até com certa demora, mas entende-se que estivesse até então fora da sua pauta o respeito à religião alheia, já que até a década de 80 Cuba vivia sob a dependência econômica praticamente total de um outro país oficialmente ateu, a União Soviética, cujo regime nessa década demoliu-se internamente. Sem o ouro de Moscou, até a mão de Deus podia ajudar nos problemas que, na sua esperteza, o ditador sabia que viriam.
É certo que o papa Francisco já leu e talvez deva até ter estudado com atenção (se não o fez, devia) a conversa entre Frei Betto e Fidel Castro. Se possível, com todas as implicações externas ao conteúdo do livro e a relação direta com sua religião. Ele deve ter também o conhecimento do sofrimento dos católicos com a esquerda em vários países do mundo, inclusive em lugares onde o comunismo não predominou. Onde houve o comunismo, como foi o caso de Cuba, aí então a barra era pesada para quem quisesse praticar a religião. São fatos. Nada disso tem a ver com qualquer posição conservadora, muito menos no aspecto religioso, pois nem católico sou. É uma questão de acenos e atitudes práticas com o objetivo de fortalecer a democracia e o respeito à liberdade. O gesto é esperado de qualquer homem de boa vontade e nisso esse papa tem decepcionado bastante.
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POR José Pires

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Imagem- A foto foi feita e distribuida internacionalmente pelo próprio regime cubano

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Ministro-expiatório

Já corre a notícia de que a presidente Dilma Rousseff está voltando atrás em medidas do pacote econômico anunciado na semana passada. Fala-se em recuo na suspensão do reajuste salarial do funcionalismo, no direcionamento das emendas parlamentares e na diminuição de recursos do Sistema S. Mas podiam colocar também nesta lista a tentativa da volta da CPMF. Ao voltar com essa conversa, Dilma mostrou que está totalmente fora da realidade. Como é que um governo totalmente sem força política faria para convencer parlamentares a votar um negócio desses já no final de uma legislatura que antecede um ano de eleições municipais? Em 2016 todo deputado ou senador estará envolvido em fortalecer suas bases nos municípios brasileiros. Grande parte desses políticos terá candidaturas a prefeito. Acho difícil convencer essa tigrada a ter de explicar nos palanques em suas cidades que votaram a favor da volta da CPMF.
No meio desse fracasso vai ficar feia a credibilidade profissional do ministro Joaquim Levy. É interessante a sua gradual desmoralização. Quando foi nomeado ele trazia a imagem do fiador que garantiria boas relações com o chamado mercado. Isso parece conversa de mafioso, mas é o assunto que sempre aparece numa crise. Levy teria o poder de amaciar os rapazes da outra escola de Chicago, não a de Al Capone. Houve até a cogitação da sua permanência no cargo, caso Dilma sofresse o impeachment. Os tucanos foram os que mais se animaram, numa atitude muito besta, apesar de típica de tucano. Nem vou fazer juízo de valor sobre a qualidade de Levy como economista, mas o papo é idiota. E mesmo indo por este raciocínio tolo, que exige acreditar que a dificuldade brasileira se restringe a ter um bom condutor no ministério da Fazenda, ainda assim haveria muita gente mais apropriada ao cargo que Joaquim Levy.
O mixo pacote acabou com o que restava da credibilidade do ministro. Ele até poderá depois revelar todas as dificuldades de trabalhar com Dilma, uma pessoa que todos sabem ser intratável, porém isso não vem agora ao caso. Ninguém tem dúvida também de que foi o PT que aprontou essa quebradeira. Porém, ele é o ministro e tudo leva sua assinatura. Quando entrou, já sabia que teria de se arranjar, em meio a incompetentes e gatunos compulsivos. E aí está: no resultado final, seu trabalho não vem tendo boa avaliação de parte alguma. O ministro não encantou. Pobre Levy. Não é difícil até mesmo que haja sua substituição por outro ministro, com ele levando a fama de não ter tido capacidade para o cargo nesta situação difícil da economia brasileira.
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POR José Pires

A degeneração premiada

O jornal britânico "Daily Mail" publicou uma matéria na última terça-feira sobre "sorteios" de meninas brasileiras de pouca idade, inclusive crianças de 11 anos, em depravada promoção feita numa cidade do interior da Bahia, a pequena Encruzilhada, de cerca de 20 mil habitantes. É um bingo semanal, cujo prêmio é o uso sexual do ser humano posto em sorteio. A matéria do jornal britânico traz o espanto do estrangeiro com tamanho absurdo, mas é claro que abusos sexuais de menores já são um fato comum em nosso país. O jornal informa que o sorteio de meninas na cidade baiana já era tão conhecido que atraía homens de toda a região. Dizem que com menina virgem o bilhete era mais caro.
O "sorteio" é um detalhe da monstruosidade, mas o uso abusivo de seres humanos está realmente disseminado neste país e não só no aspecto sexual. E também não é restrito às classes sociais mais baixas e nem aos chamados grotões do interior. A matéria traz na internet um “tour” do repórter pelos ambientes de prostituição também na capital de Pernambuco. E sabemos que a violentação na vida do brasileiro é geral e não está só na prostituição. É opressivo o cotidiano de quem mora em localidades pobres em cidades grandes como Rio ou São Paulo e tem sua existência acossada por bandidos e policiais. Não é difícil saber do quanto deve ser difícil criar os filhos nesses lugares, até porque de uma forma ou outra o aviltamento de crianças e jovens já atinge qualquer classe social nas cidades brasileiras. Segundo o “Daily Mail”, o Brasil já tem a segunda maior taxa de prostituição infantil no mundo.
Essa relação de indignidade humana tem seu envolvimento com a imoralidade política que toma conta do país. Recentemente tivemos a prisão de um assessor especial da senadora petista Gleisi Hoffmann, acusado de ter relações sexuais com menores de idade, usando para isso o cargo de prefeito numa cidade do interior do Paraná. Ele está na cadeia até hoje. O assessor de Gleisi foi preso quando trabalhava com ela na Casa Civil, ao lado do gabinete da presidente Dilma. Ainda no Paraná, em corrupção descoberta pelo Ministério Público no governo do tucano Beto Richa, foi encontrado também este laço da política com o abuso sexual de menores. Um assessor direto, que até viajava a trabalho com o governador, foi acusado de abuso de menores. Fiscais da receita estadual achacavam empresários e também faziam farras sexuais com menores de idade.
Como se diz por aí, o exemplo vem de cima. Tivemos até recentemente um presidente que zombava publicamente de regras e leis e cujo partido — o famigerado PT — e grupo político está até hoje no poder. O Lula (ou Brahma, outro cognome) tirava sarro de leis ambientais e outras leis e regulamentos éticos. Havia quem achasse engraçado, mas eu já dizia na época que todo abuso administrativo acaba abrindo espaço para a degeneração de todas as relações sociais. Isso termina atingindo nossas famílias e nossas crianças. Estamos ainda hoje sob poderes políticos que tanto no executivo quanto no legislativo sustentam-se na imoralidade e vivemos debaixo de uma cultura sob o domínio executivo de gravadoras, rádio, televisão, imprensa e internet com conceitos baseados meramente no lucro e na satisfação do que tem de pior no suposto desejo do mercado de consumo. Não tem jeito disso não ser decisivo no aumento do desrespeito humano.
Temos estabelecida no Brasil uma cultura grosseira, que violenta e faz uso até jocoso dos sentimentos humanos. Dá para notar isso o tempo todo nas músicas, na TV e no rádio, na internet, enfim em tudo quanto é possibilidade de comunicação e onde o país deveria estar criando coisas de qualidade. Quem já prestou atenção à letra de um funk ou mesmo de uma música desses auto-intitulados "sertanejos" sabe do que estou falando. A mesma coisa pode ser vista na televisão e também na internet. E, como já falei, essa sujeira moral é também da intimidade da política. No final, o resultado é esse relato espantado feito pelo "Daily Mail", quase como um aviso de que devemos negar com todas as forças a aceitação dessas barbaridades como algo normal.
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POR José Pires

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A matéria do Daily Mail

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Tragédias brasileiras

O resultado do laudo pericial do acidente que matou o cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes, tem tudo ver com uma porção de barbaridades que afetam a vida e podem até acabar com ela, como aconteceu neste caso. São as "pedaladas" que o brasileiro vai dando, muitas delas sem intenção criminosa, até em razão de atitudes totalmente fora de regras serem tomadas em situações que colocam em risco o próprio autor da façanha. O problema no carro de Cristiano Araújo, como todos devem estar sabendo, foi a ruptura de soldas da roda traseira. Isso mesmo: trocaram as quatro rodas originais de um Range Rover por outras de segunda-mão e ainda por cima com soldagem feita com material de má qualidade. E além da impressionante velocidade de 179 km/h tem também o fato dos dois mortos não estarem usando o cinto de segurança. As duas pessoas que se salvaram no acidente estavam com cinto.
Não foi à toa que usei o termo "pedalada", o mesmo das manipulações econômicas feitas pela presidente Dilma Rousseff para encobrir os rombos das contas do governo federal. São atitudes muito parecidas, inclusive na visão irresponsável de que não há problema em dar um jeitinho seja na economia ou nas rodas de um carro, nas duas situações passando por cima de regras básicas. A diferença que existe entre os dois casos é que, ao contrário do que foi feito com o carro do cantor, na manipulação nas contas públicas promovida por Dilma e sua equipe teve a intenção criminosa de forjar uma falsa situação econômica para ganhar a eleição. No entanto, a origem dos dois fatos tem em comum essa cultura de irresponsabilidade que domina praticamente tudo o que é feito neste país.
É dureza viver no meio desse comportamento desrespeitoso até ao bom senso. Quando a insensatez torna-se norma fica até feio apontar riscos ou mesmo pedir que as coisas sejam mais bem feitas. Vive-se hoje em dia esse problema o tempo todo, inclusive em locais de maior risco, como no uso do transporte público ou nas ruas, tendo que enfrentar o trânsito brasileiro. Está uma barra viver no Brasil em qualquer lugar. Mas no geral, quem aponta problemas e exige maior cuidado pode até ser visto com antipatia. Não complica, ô meu. Qual é o problema de tirar rodas asseguradas por testes de fábrica e trocar por outras muito mais maneiras? E o que tem dar uma mexida nuns numerozinhos das contas públicas que podem ser acertados depois? Pô, que complexo de vira-lata e cisma de fracassomaníaco.
São atitudes que costumam ir de encontro à realidade, quando então pode ser muito difícil consertar. Muitas vezes é mesmo impossível. O que sobra sempre é muita dor e a lamentação sobre como tudo estaria muito melhor se fossem respeitadas regras muito simples. E cá estou de novo falando das duas coisas, o trágico acidente com o carro do jovem cantor e a feia trombada política e econômica que desgraçou o nosso país.
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POR José Pires

Tragédias

O resultado do laudo pericial do acidente que matou o cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes, tem tudo ver com uma porção de barbaridades que afetam a vida e podem até acabar com ela, como aconteceu neste caso. São as "pedaladas" que o brasileiro vai dando, muitas delas sem intenção criminosa, até em razão de atitudes totalmente fora de regras serem tomadas em situações que colocam em risco o próprio autor da façanha. O problema no carro de Cristiano Araújo, como todos devem estar sabendo, foi a ruptura de soldas da roda traseira. Isso mesmo: trocaram as quatro rodas originais de um Land Rover por outras de segunda-mão e ainda por cima com soldagem feita com material de má qualidade. E além da impressionante velocidade de 179 km/h tem também o fato dos dois mortos não estarem usando o cinto de segurança. As duas pessoas que se salvaram no acidente estavam com cinto.
Não foi à toa que usei o termo "pedalada", o mesmo das manipulações econômicas feitas pela presidente Dilma Rousseff para encobrir os rombos das contas do governo federal. São atitudes muito parecidas, inclusive na visão irresponsável de que não há problema em dar um jeitinho seja na economia ou nas rodas de um carro, nas duas situações passando por cima de regras básicas. A diferença que existe entre os dois casos é que, ao contrário do que foi feito com o carro do cantor, na manipulação nas contas públicas promovida por Dilma e sua equipe teve a intenção criminosa de forjar uma falsa situação econômica para ganhar a eleição. No entanto, a origem dos dois fatos tem em comum essa cultura de irresponsabilidade que domina praticamente tudo o que é feito neste país.
É dureza viver no meio desse comportamento desrespeitoso até ao bom senso. Quando a insensatez torna-se norma fica até feio apontar riscos ou mesmo pedir que as coisas sejam mais bem feitas. Vive-se hoje em dia esse problema o tempo todo, inclusive em locais de maior risco, como no uso do transporte público ou nas ruas, tendo que enfrentar o trânsito brasileiro. Está uma barra viver no Brasil em qualquer lugar. Mas no geral, quem aponta problemas e exige maior cuidado pode até ser visto com antipatia. Não complica, ô meu. Qual é o problema de tirar rodas asseguradas por testes de fábrica e trocar por outras muito mais maneiras? E o que tem dar uma mexida nuns numerozinhos das contas públicas que podem ser acertados depois? Pô, que complexo de vira-lata e cisma de fracassomaníaco.
São atitudes que costumam ir de encontro à realidade, quando então pode ser muito difícil consertar. Muitas vezes é mesmo impossível. O que sobra sempre é muita dor e a lamentação sobre como tudo estaria muito melhor se fossem respeitadas regras muito simples. E cá estou de novo falando das duas coisas, o trágico acidente com o carro do jovem cantor e a feia trombada política e econômica que desgraçou o nosso país.
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POR José Pires

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Inflando o sucesso do boneco do Lula presidiário

O boneco do Lula vestido como presidiário pegou mesmo. Já estão em fabricação variados materiais com a figura do presidente de honra do PT e também existe uma curiosidade nacional sobre o local onde o boneco inflável vai aparecer e qual será a reação dos petistas. Bem, não se pode mais dizer que o Lula deixou de atrair multidões. Está aí o Lula presidiário encantando o povo. O sucesso desse boneco se deve em grande parte a mais uma mancada dos petistas, dentre as tantas que eles vêm cometendo nos últimos tempos, a começar pelas atitudes de Lula, que inflado demais em seu gigantesco ego desapercebeu-se que sua excessiva exposição fatalmente o faria virar alvo fácil da oposição.
Comprando todo tipo de briga e falando mais besteiras do que já era normal para ele, Lula perdeu o respeito institucional que é conferido a um ex-presidente e se nivelou a qualquer um nas ruas. E vieram os erros depois do aparecimento do imenso boneco na manifestacão de agosto. O Instituto Lula e o PT investiram contra a figura do presidiário, com as duas instituições inclusive divulgando notas oficiais reclamando da tiração de sarro. Depois, teve o episódio da militante maluca que furou o boneco com uma faca durante uma manifestação, na última sexta-feira, em São Paulo.
Ninguém da oposicão conseguiria promover melhor o Lula presidiário, também conhecido como "Pixuleco", que é a forma dos companheiros do Brahma (quantos apelidos tem esse cara; parece bandido) de chamar a propina. Furar o boneco do Lula presidiário foi um marketing tão bom para o produto, que daria até pra suspeitar dessa garota ser uma coxinha infiltrada entre os vermelhos. Mas ela já foi bem identificada. É o tipo de idiota político que nasce do clima criado pelo PT e pelo chefão Lula. Mas não se deve rir disso. O fanatismo é capaz de coisas muito piores do que furar boneco inflável com faca.
O símbolo do boneco presidiário é terrível para a imagem do Lula, que agora serve de esculacho nas ruas. E todo esse sucesso se deve à reação errada do PT e do próprio Lula, que estão perdendo a mão na arte de fazer política. É o que dá ficar usando a mão em mensalão e petrolão. Já é bastante conhecido o fato de que uma sátira política cresce em medida semelhante ao desconforto e a contraposição do satirizado. Pô, bem que os manifestantes da oposição podiam dar um pixuleco para o Lula por esse trabalhinho de turbinar a popularidade do boneco inflável.
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POR José Pires

A meta do autoritarismo

O PT tem um velho problema com metas e essa foi em grande parte a causa do grande desastre político em que eles se meteram. Quem conhece esse partido como eu conheço, desde a sua criação, já viveu até muito de perto grandes dificuldades políticas criadas pela forma afobada de ser dos petistas. É um problema criado pela meta. Eles não se aguentam. O objetivo final do partido é o socialismo, sendo que dirigentes partidários de bastante influência são favoráveis a um socialismo bem autoritário, de inspiração cubana ou do antigo comunismo soviético. O repetido beija-mão com Fidel Castro, feito pelo ex-presidente Lula, pela presidente Dilma Rousseff, e por outros importantes dirigentes petistas não é só uma questão sentimental. Eles acreditam de fato que aquela porcaria de sistema implantado em Cuba é coisa de qualidade. Pensam de forma muito parecida a Fidel Castro e se tivessem a chance fariam algo igual no Brasil. Em economia é provável que repetissem barbaridades administrativas de Castro e Che Guevara, como por exemplo estatizar carrinhos de cachorro-quente.
O PT até já teve militantes respeitáveis (ainda que eu sempre tenha tido discordâncias ideológicas com eles), gente com qualidade intelectual e profissional que sustentava um projeto de justiça social com respeito à democracia e de um capitalismo que não tenha o feitio desse nosso, dominado mais por um ideário plutocrata do que por uma visão política e econômica sustentada por empresários empreendedores de fato. Essa militância sensata já existiu. E na minha opinião foram essas pessoas que deram credibilidade e base política para o crescimento do partido, até que Lula e seus cupinchas tomaram o poder dentro da legenda e calaram ou forçaram as vozes sensatas a dar o fora.
O PT sempre teve uma meta e se o país permitisse até dobrariam essa meta depois de alcançá-la. Não tenho dúvida alguma que líderes petistas como o mensaleiro José Dirceu e também o Lula seriam capazes até de criar gulags para encarcerar quem discorda de seus objetivos autoritários. Ainda bem que figuras importantes desse projeto político foram dominadas pela ambição do dinheiro fácil e acabaram indo para a prisão, enquanto ainda temos uma ordem democrática. Outros aparentemente mais espertos, como Lula, mesmo permanecendo impunes tiveram arrasado seu prestígio político. Para a felicidade geral da nação acabou para eles também, mesmo que não tenham ido para o xilindró. Não li toda a obra de Antonio Gramsci (que é vasta e chata), mas até onde eu sei não existe nela um capítulo rigoroso ensinando que para tomar o Estado de forma traiçoeira para a implantação progressiva de um domínio comunista não pode roubar. Faltou essa lição no método gramsciano, um esquecimento imperdoável, até porque o autor é italiano.
E por aqui, além da roubalheira, teve uma maquinação de um grupo para dobrar a espinha de toda a militância, no que Dirceu, Lula e outros chefes tiveram sucesso. No entanto, para fazer o partido se dobrar aos seus caprichos os companheiros poderosos quebraram essa mesma espinha, que era o que podia dar solidez técnica na hora de governar. O que sobrou de militância, de gente covarde e submissa, pode ser chamado de "Efeito Dilma", pois são todos parecidos com essa senhora em arrogância e incompetência. Dá para fazer algo com essa gente? Claro que sim, mas só este desastre que aí está.
No final, foi uma autofagia que fez um grande bem ao Brasil. Quando arrebentaram seus quadros partidários de alguma habilidade técnica os chefes petistas fizeram o partido perder a capacidade de administrar o Estado e também foram minando o fortalecimento qualitativo do PT, perdendo então definitivamente a capacidade de ter uma política de sustentação de seus propósitos futuros. As bombas estão todas explodindo agora. É mais ou menos o que Fidel Castro fez em Cuba depois da descida de Sierra Maestra, após a revolução que deu-lhe o poder por mais de meio século e de onde só sairá morto. Eliminou ou forçou a sair da ilha quem discordasse dele. Os companheiros brasileiros vivem tomando a benção do ditador cubano mesmo depois dele ter ficado gagá porque sempre acreditaram naquele modelo. A nossa sorte é que aqui o mesmo tipo de desgraça política não foi à frente.
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POR José Pires