quinta-feira, 29 de março de 2018


Contra a violência na política de qualquer lado

Os buracos de bala na lataria do ônibus da caravana de Lula podem até ter sido forjados, como tentativa dos petistas se vitimizarem. Não seria a primeira vez que a esquerda dá um tiro no próprio pé. No entanto, quem tem espírito democrático e bom senso não pode cair na zoação equivocada que busca amenizar a violência contra a caravana de Lula, apontando o que o PT sempre fez de errado, como se a índole agressiva da esquerda e seu autoritarismo justificassem os bloqueios na entrada das cidades e os ovos e pedras atirados contra os petistas.

Os tiros podem mesmo não ser de adversários, mas o esclarecimento serve apenas para saber se houve de fato este atentado. A verdade é que na sua caravana política os petistas foram alvos, sim, de violência organizada contra o direito legal que todo partido ou grupo de pessoas tem de levar sua mensagem a população. O deputado Jair Bolsonaro vem fazendo a mesma coisa há meses. Sua mensagem política é tão violenta e fora de propósito quanto a da esquerda, no entanto é seu direito buscar o convencimento das pessoas. Desde que não haja uso do dinheiro público ou desrespeito à lei, qualquer um pode fazer seus discursos pelo país afora, mesmo que seja em cima de uma caixote de madeira no calçadão de uma cidade.

E ainda que exista algo de ilegal nas andanças do PT ou de qualquer outro partido, não cabe a criação de bandos de pessoas para intimidar e coibir pela força a caravana. Para isso existe a Justiça. Por mais que se saiba que é compreensível o alto grau de indignação com um político salafrário como Lula, o que se viu no Sul do país traz para a política brasileira um espírito de milícia que não cabe numa democracia. O tiro na lataria importa menos que o limite que vem sendo transposto, do respeito aos direitos políticos de cada um e à liberdade de expressão.

Cabe apontar também o risco de não condenar essas agressões, independente da péssima qualidade política do partido que faz a caravana e seu histórico de violência e desrespeito à lei, além do roubo aos cofres públicos e a quebra da economia. Calar sobre as agressões é um risco para o Brasil. Primeiro, porque os políticos que são favorecidos por este clima de intimidação e violência com certeza não manterão as agressões apenas neste nível e nem direcionadas exclusivamente aos petistas. E depois, se a eleição deste ano transcorrer dessa forma corre-se o sério perigo do presidente eleito manter depois, no poder, o mesmo método violento que o levou para lá.
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POR José Pires

Os amigos de Michel Temer na cadeia

Nem sempre uma imagem vale por mil palavras, mas esta foto vale até um pouco mais. Sinta o clima da comitiva presidencial na chegada para a inauguração do novo aeroporto de Vitória, nesta sexta-feira. A foto foi distribuída pelo setor de imprensa do Palácio do Planalto. No momento do clique, o presidente Michel Temer já estava sabendo da ação da Polícia Federal que prendeu uma porção de pessoas muito próximas dele. A situação é tão complicada que o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, desistiu na última hora de comparecer à cerimônia de inauguração. Por ironia involuntária, mandou o vice.

Na Operação Skala foi preso até o famoso coronel Lima, amigo de Temer, suspeito de ser seu operador. Entre os presos estão também José Yunes e Vagner Rossi, políticos do círculo de amizades do presidente da República. O ministro Luís Roberto Barroso autorizou 13 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão. Na última terça-feira, o Jornal Nacional revelou documentos do inquérito sobre o Porto de Santos. Numa planilha está escrito o seguinte: “Lima quer participação para MT, MA e L em torno de 20%”. As iniciais “MT” também aparecem em outra planilha, onde é dito que o “percentual ainda não está acertado” e que “Lima está terminando o contrato”. Este inquérito havia sido arquivado em outubro do ano passado por uma juíza de São Paulo. Na semana passada, por ordem de Barroso, foi entregue ao Ministério Público.

No despacho em que mandou prender os amigos de Temer, o ministro Barroso menciona contrato de R$ 160 milhões para obras da usina de Angra 3. O contrato ficou com a Argeplan, empresa de João Baptista Lima Filho, o coronel Lima. No despacho, o ministro do STF cita depoimento de José Antunes Sobrinho, investigado pela Lava Jato onde ele diz que a Argeplan só foi escolhida porque é ligada a Temer. Por não ter capacidade para o serviço, disse Antunes Sobrinho, a empresa do coronel Lima teve que subcontratar a Engevix.
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POR José Pires

Afinal o inferno existe ou não?

Parecia que o jornal italiano "La Repubblica" havia dado a notícia não só do século, mas de todas as eras: "O inferno não existe". Deve ter pouca coisa mais importante do que essa revelação, ainda mais vindo da fonte que teria passado a informação ao jornal. O próprio papa Francisco.

O “La Repubblica” publicou uma conversa entre o papa e o fundador do jornal, Eugenio Scalfari. Em artigo assinado, Slcafari afirmou que o pontífice disse que "o inferno não existe; o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras”.

Mas o Vaticano já negou tudo, em comunicado oficial. Foi um encontro privado e não uma entrevista e tudo que está no artigo é uma reconstrução do próprio autor, diz o comunicado. Não é uma "transcrição fiel das palavras do Santo Padre". Scalfari, que tem 93 anos, não costuma utilizar gravador nas suas conversas nem faz anotações. Já publicou artigos com informações exclusivas que obteve em conversas com o papa Francisco, mas nenhum com esse alvoroço, que forçou o Vaticano a um desmentido urgente. A Igreja Católica precisa muito do sentimento do pecado, que sem o inferno perderia grande parte de seu impacto.

Bem, vai permanecer a dúvida sobre quem está falando a verdade. Francisco pode ter feito uma confidência a um interlocutor supostamente confiável, sem esperar que o assunto fosse parar nas páginas de um dos diários de maior penetração do mundo. Não se sabe se teve pedido de “off”, de um lado ou de outro, então ninguém pode ser condenado — com o fogo do inferno ou não.

O “La Repubblica” é uma publicação séria, de grande credibilidade, além de Scalfari ser experiente nos assuntos do Vaticano. Não se trata de um escriba fofoqueiro procurando fama com qualquer boato. Portanto, cada um escolha sua versão. A revelação do jornalista ou a errata do Vaticano. E todos ganham do jeito que ficou. Mantém-se a ameaça do fogo eterno e o “La Repubblica” conseguiu um desmentido importante do ponto de vista jornalístico. Afinal, não é todo dia que se pode dar uma errata do Vaticano sobre um assunto tão quente.
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POR José Pires

quarta-feira, 28 de março de 2018

Lula e Bolsonaro: contrários que precisam um do outro

O novo espetáculo das eleições de 2018 é o deputado Jair Bolsonaro e lideranças petistas discutindo a autoria dos tiros contra a caravana de Lula nos estados do Sul do país. A dúvida é qual dos lados afinal furou com balas a lataria dos ônibus. Mas não é mesmo um debate interessante para um país na triste condição do Brasil? O deputado também anuncia que nesta quarta-feira fará uma bobice em Curitiba, onde pretende lavar com água e sabão uma praça onde Lula vai montar palanque no mesmo dia. Bolsonaro promete que sua jogada eleitoreira será depois do PT desocupar a praça. Mas é óbvio que já jogou gasolina no afogueado ânimo de seus seguidores.

A reação violenta contra a caravana petista tem a mesma espontaneidade das plateias nas cidades em que Lula passou. É de cima que vêm os ovos e pedras que caíram sobre a caravana de Lula e seus comícios. A campanha de Bolsonaro dá uma demonstração prática da base de seu marketing de campanha. É mais ou menos isso que virá por aí, de um presidenciável que não será competitivo em uma eleição de clima democrático e equilibrado emocionalmente.

O encontro brutal no Sul do país pode ser explicado por um ditado local, mais comum entre os gaúchos, que diz que “os gambás se cheiram”. Jair Bolsonaro precisa do PT, assim como o partido do Lula está com uma necessidade desesperada de confrontos violentos. Já faz tempo que os petistas só crescem dessa forma, dividindo as pessoas em batalhas vazias. Na atual condição política do PT é uma besteira confrontá-los. Seu desmonte é gradativo. Segue o destino de tornar-se uma agremiação nanica, junto ao Psol, na mesma proporção de amalucados partidos extremistas.

As coisas já iam muito mal para os petistas, até esta entrada em campo do pessoal de Jair Bolsonaro. Em suas andanças pelo país, Lula foi colecionando fiascos, falando para ajuntamentos forçados, apenas de militantes profissionais ou miseráveis precisando de pão com mortadela, pois o PT tem cada vez mais dificuldade de penetração política em qualquer cidade brasileira. Era exatamente em busca de encrenca que agora rodavam pelo Sul do país.

partido do Lula vai muito mal nesta região, onde sempre perderam eleições presidenciais e de uns anos para cá começaram a perder também todas as outras. No Paraná, onde dias atrás a caravana entrou, eles estão acabados. Nas eleições municipais o PT não elegeu prefeitos em importantes cidades brasileiras, como aconteceu em Londrina, segunda maior cidade do estado, onde não elegeram nem vereador. Os petistas tampouco elegeram prefeitos na maioria das cidades paranaenses.

Na capital do estado, o candidato petista à prefeitura ficou em sexto lugar, com apenas 39 mil votos. Com três vereadores anteriormente, dessa vez o partido caiu para apenas um vereador. E Curitiba é a cidade onde mora a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e organizadora da grotesca caravana. O estado é base eleitoral também de Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma, marido da senadora e réu no STF junto com ela. O ex-deputado corrupto André Vargas, atualmente preso, era ligado a Bernardo e Gleisi. O prestígio do PT é tão baixo no Paraná que Gleisi nem pode tentar a reeleição ao Senado. Terá dificuldade de se eleger para a Câmara Federal.

É óbvio que sair às ruas para se engalfinhar com militantes de um partido nesta situação é fazer exatamente o que está no planejamento do adversário. Mas acontece que para as lideranças bolsonaristas esses conflitos de rua têm um valor político e eleitoral quase na mesma medida do interesse dos petistas. A troca de sopapos serve para Bolsonaro fortalecer a imagem de valente opositor do PT. E que ninguém pense no caráter histórico do autoritarismo esquerdista. É sofisticação demais para um político como Bolsonaro, que idolatrava Hugo Chávez quando ele ganhou sua primeira eleição na Venezuela. O objetivo é estimular outras discussões, como a questão do aborto, liberação de armas, casamento gay, questões de gênero, bases essenciais do pensamento bolsonarista. É o tipo de assunto que interessa aos petistas e bolsonaristas, porque dá a chance de distrair a atenção da opinião pública do vazio de ideias e propostas de cada um dos lados.
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POR José Pires

terça-feira, 27 de março de 2018

Lula e Bolsonaro, os dois lados de uma mesma estratégia

Compreendo que haja quem se anime em ver a caravana do ex-presidente Lula sendo enxotada de várias cidades ao ser recebida com ovos e até pedras, mas não caiam neste clima que pode prejudicar o que havia de mais consequente até agora nas manifestações de rua, que é a forma espontânea e o equilíbrio dos brasileiros saindo às ruas em manifestações de protesto.

O que se coloca agora na política brasileira, nesta confusão criada no Sul do país, serve apenas ao interesse de duas lideranças que historicamente crescem apenas se obtiverem um ponto de apoio como alavanca de seus interesses. É desse jeito que a direita e a esquerda ocupam espaço, alimentando-se mutuamente em seu irresponsável oportunismo político. Este ponto de apoio é sempre o da grosseria e da violência, da divisão entre as pessoas. Foi dessa forma que Lula subiu na vida e ficou rico, desde que saltou do sindicalismo para a política, aproveitando-se dessa estratégia de crescimento já bastante antiga na esquerda.

Do outro lado, foi com estilo parecido que o deputado federal Jair Bolsonaro surgiu do ambiente obscuro do baixo clero da Câmara Federal para tornar-se um presidenciável com peso eleitoral, antes disso aproveitando-se de confrontos artificiais com a esquerda para obter mais facilmente grandes votações, ganhar também bastante dinheiro, além de eleger todos seus filhos junto com ele. Agora, procurando ganhar mais força política, Bolsonaro investe pesado na linguagem da violência e na agressão, facilitada pela viagem afrontosa do chefão de PT pelo Sul do país, depois de condenado à prisão em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.

Lula e Bolsonaro, cada um representando o que há de pior nas ideologias de esquerda e de direita, procuram criar um ambiente de conflitos porque ambos sabem que se houver equilíbrio e debate democrático o lugar deles será a lata de lixo da História, o ex-sindicalista sem conseguir voltar ao poder e o ex-militar sem a eleição para presidente. Lula e Bolsonaro não merecem um cuspe, muito menos sangue nas ruas. Se existe um tipo de sangue que hoje em dia pode salvar o Brasil é o sangue-frio.
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POR José Pires

Sergio Moro: equilíbrio e objetividade no Roda Viva

Nesta segunda-feira o programa Roda Viva teve uma edição especial, não só pela presença do juiz federal Sergio Moro, mas por ser também o último comandado por Augusto Nunes. O jornalista tem uma ligação muito especial com o programa da TV Cultura, de tal forma que tornou-se marcadamente parte da cara do programa. Nunes sabe dar o equilíbrio entre o formato de bate-papo e entrevista que fez do Roda Viva o mais importante programa de entrevistas da televisão brasileira. Ele deixa a conversa correr solta e ainda consegue manter uma pauta coerente com o que tem que ser extraído do entrevistado. Com educação, evita que entrevistadores apareçam mais que o próprio entrevistado, o que pode atrapalhar qualquer entrevista.

A despedida do jornalista foi em grande estilo. Esta edição com Moro é de grande qualidade e para lá de oportuno, em razão de acontecimentos na área do Judiciário que exigem esclarecimentos de quem vive por dentro do sistema, com o conhecimento pleno sobre as conseqüências das evidentes articulações para barrar o caminho ético que a Lava Jato trouxe ao país, encampado pela maioria da população com um ativismo político do maior equilíbrio e espontaneidade, como nunca houve em nossa história recente.

Sergio Moro tem uma forma muito eficiente de encarar os problemas, que hoje em dia com a facilidade da internet pode ser observado em sua atuação profissional nos vídeos de interrogatórios e também no contato com a mídia. Ele responde toda pergunta objetivamente e não potencializa dramas construídos artificialmente pelo interesse de jornalistas, políticos ou quaisquer figuras que atuam mais sobre a dramaticidade das questões brasileiras do que na sua compreensão equilibrada.

O mundo não melhora depois de uma entrevista como esta do juiz Moro, mas com certeza assuntos importantes foram repostos em sua devida ordem, inclusive temporal, além de avaliados também nas suas conseqüências que podem ser muito graves, mas estão sempre sujeitas a ajustes democráticos. O caso da queda da prisão a partir de condenação em segunda instância, por exemplo, é um desses desajustes muito perigosos para o país, mas que ainda assim podem ser resolvidos depois.

Moro mostrou como a prisão em segunda instância não se atém à condenação de Lula. Este é um problema político que Lula e seus companheiros procuram criar artificialmente (e sou eu que digo isto, não o Moro). Pela condenação em segunda instância já estão presos vários tipos de criminosos, de traficantes a pedófilos. Resumindo — e sou eu de novo que digo —, a queda da condenação em segunda instância traria benefícios a Lula e outros salafrários da política, mas pode soltar também perigosos pedófilos. Com isso, porém, Moro não toca fogo na opinião pública como costuma fazer muita gente com acesso aos microfones da mídia. Para ele, caso isso ocorra, em poucos meses ocorrerá uma eleição que pode consertar o estrago. E ele está certo nisso. Temos problemas muito graves, mas nunca foi possível, em país nenhum do mundo, dar condução de qualidade aos problemas nacionais em clima de histeria coletiva. Queimar pneus nas ruas também não funciona na resolução dos mesmos problemas.

Quanto ao que o juiz falou no Roda Viva, não se escapa evidentemente das mais variadas interpretações sobre a entrevista, que podem dar uma dramaticidade aos assuntos que não existiu em sua fala. Para não cair em engodos de caça-likes basta ver o programa, o que é muito fácil na internet, inclusive em trechos que as pessoas costumam recortar e postar no Youtube.

Essa conversa de que ele deu um recado para a ministra Rosa Weber, por exemplo, é algo que não houve. Foi apenas relatada sua convivência profissional com a ministra, quando ele falou sobre sua capacidade técnica e a seriedade. Só isso. Mas já se vê o alarde muito comum hoje em dia, com a carga artificial de dramas da mídia e das redes sociais que atrapalham todo raciocínio sensato. A internet é uma montanha-russa, mas sobe nela quem quer. O indivíduo pode começar o dia com muitas esperanças na humanidade e depois passar a tarde desejando uma bomba atômica caindo sobre todo o mundo. Embarcar neste passeio não esclarece nada.

Esta histeria nacional recebe a contribuição até mesmo juízes da mais alta Corte do Judiciário, com alguns deles querendo atrelar a seus egos as grandes questões nacionais, fazendo do país um palco para seus defeitos de personalidade, problemas de temperamento, inquietações pessoais e até das dificuldades de relacionamento no ambiente de trabalho, com tudo isso, é claro, filmado e transmitido ao vivo para todos os brasileiros. Não é o caso do juiz Sergio Moro, o que pode ser comprovado no Roda Viva, nesta entrevista exemplar, ainda mais importante pela forma de encarar as graves questões nacionais com equilíbrio e profissionalismo. Caso um dia os brasileiros encontrem um jeito de dar ao país um clima de normalidade e relativo progresso, lá adiante, com o correr dos anos, poderemos assistir um programa como este e nos perguntarmos por que afinal havia tanta aflição nos dias de hoje.
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POR José Pires

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Imagem- Augusto Nunes conversa com Sergio Moro antes do início do programa

segunda-feira, 26 de março de 2018

A burrice da esquerda e suas mitologias muito doidas

É preciso tomar bastante cuidado na avaliação da esquerda brasileira para não acabar valorizando sua atual performance com uma conclusão que amenize seu problema mais grave: a impressionante burrice. Na história brasileira, de um pouco antes do golpe militar de 64 até mais ou menos na entrada em cena na década de 80 da Nova República de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, a esquerda fez muitas bobagem, mas tem também seus méritos, inclusive méritos intelectuais, o que pode parecer até um exagero meu, em razão da alarmante asnice atual dos petistas e da militância dos extremos, na idiotice radicalizada da turminha do Psol e outros grupos. Pelo que está aí, não parece, mas já houve inteligência na esquerda. Meninos, eu vi.

Não se deve esquecer que o PT teve entre seus fundadores o grande Sérgio Buarque de Holanda, o que inclusive torna mais vergonhoso o estado atual de extrema burrice do partido e agregados. Por sinal, em um livro genial do falecido professor da USP estão elencados vários defeitos do PT, dos quais como correligionário do Lula, é bom que se diga, ele não tem culpa alguma. Morreu muito antes da revelação de que os companheiros entraram na política para roubar. O notório hábito nacional de se apropriar do Estado foi muito bem definido por Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”, livro que não é lido com atenção e por isso muitas vezes é citado erradamente quando se fala no tal do “homem cordial”. Homem cordial não é uma pessoa bacana. É o aproveitador, o cara que faz uso do Estado em benefício próprio. Bem, como alguém que escreveu tal coisa foi fundar um partido com o Lula, o segredo deste deslize político o historiador paulista levou para o túmulo.

Mas agora a esquerda brasileira está uma burrice só. Nada se aproveita do pensamento de suas sumidades. Não acertam nem nas manipulações. Suas ideias servem apenas para a militância passar vergonha, como fazem gritando "É golpe" por aí. Tem também a tentativa de usar o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Queriam torná-la não só um mártir como uma heroína da esquerda, equívoco que já começou por darem início à fraude sem ninguém saber a motivação por trás de sua morte. Existem outras complicações que dificultam a lamentável tentativa de manipulação. Estão na falta de consistência do discurso político da vereadora e na pouca veracidade de seu papel como grande liderança nas favelas. Com todo o respeito, ela era uma desconhecida como líder popular.

Mas se mesmo assim querem fabricar uma nova heroína da esquerda, podiam ao menos fundamentar de forma coerente a criação, sem a mistura incongruente que vejo por aí. Foi feita até uma comparação entre Marielle e Edson Luis, estudante morto pela ditadura, em 1968. A estupidez partiu de Frei Betto, o que dá para entender, vindo de quem costuma juntar Jesus Cristo com Fidel Castro. Outra coisa que não tem nada a ver na construção da lenda é o aproveitamento do componente racial do mandato da vereadora para compará-la a duas lideranças do movimento negro dos Estados Unidos, Martin Luther King e Malcolm X. Eu bem disse que definitivamente a esquerda ficou burra.

Ora, é ignorância histórica juntar os dois ativistas em um raciocínio sobre a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Eram excludentes os métodos de cada um deles e tampouco tinham o mesmo propósito. Ao contrário de Luther King, Malcolm X não aceitava a igualdade racial. Nem a morte dos dois militantes tem semelhança, a não ser por terem sido assassinados a tiros. Dá até para imaginar o espanto de um negro americano com um esquerdista dizendo a ele que no Brasil existe um mito que é uma mistura dos dois. Vão achar que o brasileiro é doido. A esquerda precisa resolver se o mito articial da vereadora terá Martin Luther King ou Malcolm X como referência histórica. Os dois não é possível.
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POR José Pires

Ainda existem juízes em Porto Alegre

O julgamento dos embargos de declaração da defesa do ex-presidente Lula aconteceu nesta segunda-feira no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF-4, em Porto Alegre. A rejeição foi por unanimidade. Lula já teve sua pena elevada para para 12 anos e um mês de prisão por este tribunal. Está condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. O TRF-4 já demonstrou que não é um lugar onde questões essenciais para o país são resolvidas no lanchinho da tarde. Por lá, o trabalho atrasado tampouco é deixado para lá em razão de check-in de viagem aérea.

Existe uma frase muito boa que vem sendo repetida bastante nos últimos tempos em referência ao empenho de alguns juízes em desarticular a antiga regra de impunidade que domina o país. "Ainda existem juízes em Berlim", é a frase, que vem de uma história que conta que Frederico II, rei da Prússia, queria remover um moinho que, visto de seu castelo, atrapalhava a visão da paisagem. Ele tentou negociar, mas o moleiro não aceitou nenhuma oferta. Então Frederico II disse que o moleiro deveria saber que se ele quisesse poderia tomar-lhe o moinho sem pagar um único centavo. Então o moleiro respondeu: “O senhor tomar o meu moinho? Ainda existem juízes em Berlim!”.

A história pode até não ser verídica, mas ficou marcada como reflexão sobre o papel da Justiça no equilíbrio social. Além do mais, o moinho ainda está lá, na Alemanha. Existe até hoje, assim como aquele país traz intacta sua democracia e uma relativa igualdade, reconstruída de forma admirável apos duas guerras e um regime político de pesada memória, em acontecimentos que mudaram a história do mundo.

Falando nisso, é do Direito alemão que vem a teoria do domínio do fato, que desde o julgamento do mensalão vem servindo para investigar e condenar corruptos e causa desespero principalmente nos petistas, que lutam para que crimes na esfera política só possam levar à condenação quando os chefes tiverem dado ordens assinadas e registradas em cartório. Nessa ótica petista, por exemplo, Adolf Hitler jamais poderia ser condenado pelo Holocausto. No regime nazista não existia nenhuma lei para este fim, assim como não houve nenhum documento oficial determinando as execuções. Essa história do "não sei de nada" não é só coisa do Brasil. Também em Nuremberg, chefões disseram que não sabiam de nada.

Mas, voltando à frase “Ainda existem juízes em Berlim!”, ela precisa ser repetida bastante durante esta fase da luta contra a corrupção no Brasil, quando ocorre uma articulação intensa entre os corruptos, com todos os políticos desonestos deixando de lado suas desavenças e se aliando para forçar o retorno da impunidade, que por sinal está provado que era uma parte essencial do projeto de poder do PT. A frase é uma conclamação à ética e ao estabelecimento da igualdade de direitos. Precisamos de juízes em Berlim. Aliás, no exemplo péssimo dado pelo STF, já é um avanço se em Brasília juízes forem trabalhar.
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POR José Pires

sábado, 24 de março de 2018

Combatentes que nem sabem o nome do que combatem

Esquerdista costuma usar a palavra “fascista” como xingamento comum. Serve para eles como insulto contra qualquer um e em qualquer situação. O comportamento deixa muito claro que eles não compreendem o que é fascismo. Mas muitos deles desconhecem a própria palavra. E os analfabetos funcionais estão entre a cúpula do partido. E agora não estou falando do Lula. Um desses idiotas que não só não sabem do que estão falando como até desconhecem a grafia da palavra é o deputado Marco Maia, do PT do Rio Grande do Sul, cuja falta de domínio da língua portuguesa no geral é de dar vergonha alheia.

Ele vem sendo zoado nas redes sociais porque acusa os adversários de serem “facistas”, errando feio a grafia da palavra. O sujeito é deputado federal pela quarta vez, já ocupou vários cargos em administrações petistas e não sabe escrever nem a palavra que ultimamente ele e os companheiros repetem feito papagaio. Como dá para ver pelas imagens que recolhi em seu Twitter, não se trata de erro de digitação. É óbvio que assim como a maioria de seus companheiros, o deputado desconhece o que foi o fascismo. Um dos movimentos políticos mais importantes da história mundial é para ele apenas um xingamento. E o estúpido ainda xinga errado.
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POR José Pires

Fazendo a coisa certa

O site G1 publica neste sábado uma matéria muito esclarecedora sobre o resultado de perícias feitas pelo Governo Federal em aposentadorias por invalidez. Os números são espantosos, mesmo com o conhecimento que já se tem da precariedade de controle sobre pagamentos do governo nos mais variados setores e atividades. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, três em cada dez aposentadorias foram invalidadas depois de inspeção apenas nos primeiros 20 dias deste mês de março. Em 69,7 mil perícias foram cortados 19,4 mil benefícios. Já havia ocorrido outro pente-fino depois do afastamento de Dilma Roussef. Esta perícia foi entre agosto de 2016 a fevereiro de 2018, com 1,7 mil benefícios cortados de 10 mil avaliações de aposentadoria por invalidez. O corte é de 17,3%. Os cortes deste mês de março totalizam 28%. A revisão entre agosto e fevereiro gerou uma economia de R$ 5,8 bilhões. A previsão para 2018 é de mais R$ 10 bilhões.

É claro que, como sempre, aparecem aquelas informações que costumo chamar de notícias ao revés, quando um ato de governo causa surpresa mais pelo fato de que isso não seja uma tarefa de rotina. Mas no Brasil é assim: o extraordinário é o que deveria ser ordinário. Um dos trabalhos feitos agora foi convocar para a perícia quem recebe auxílio-doença e estava há dois anos sem passar por revisão médica no INSS. Pois é, a situação estava desse jeito durante o governo do PT. Isso foi realizado na primeira etapa do pente-fino. Foram examinados 253 mil casos de auxílio-doença. 202 mil (79,8%) dos benefícios foram cancelados e 50,9 mil mantidos. Um resultado inverso já seria demonstrativo de total destruição da capacidade de controle, não é mesmo? Só neste caso, a economia foi de R$ 500 milhões. Assim era o PT no poder, cuja militância hoje em dia restrita a raivosos gatos-pingados volta a apontar nos outros a culpa pelo que foi feito por eles mesmos e dos resultados de seus próprios crimes.

A matéria do G1 nos traz a informação sobre um trabalho que não seria necessário se obrigações básicas estivessem sendo cumpridas. E não só pelo comando de governo ou dos ministérios. É evidente que práticas rotineiras de trabalho inexistem por parte do funcionalismo público. Dá a impressão de que esse pessoal está empregado num lugar que eles não conhecem bem, sem interesse algum na qualidade do que estão fazendo. A máquina pública não anda e nisso a esquerda brasileira faliu de vez, pela grotesca falha de em mais de dez anos de poder não ter consertado o que tanto criticou quando estava na oposição, uma conversa fiada que agora está voltando.

Mas, deixando esses salafrários vermelhos para lá, vejam o que não é possível fazer para que o país ande pra frente. Atitudes básicas, trabalho rotineiro, dessa forma pode-se não só conter gastos fraudulentos como também melhorar o atendimento a quem realmente precisa. E como isso foi possível de ser feito por um governo tão frágil do ponto de vista institucional e mesmo comandado por notórios patifes, como é o governo Temer, dá para imaginar quanto mais seria realizado por um governo com gente decente no comando. O Brasil seria outro, com questões básicas resolvidas e a máquina pública em funcionamento. O brasileiro poderia então, enfim, ter sossego para cuidar da própria vida.
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POR José Pires


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Leia aqui a matéria do G1

sexta-feira, 23 de março de 2018

Justiça ao gosto de Renan Calheiros

O destino preocupante da Justiça brasileira ficou muito claro no comentário do senador Renan Calheiros em seu Twitter, que vem sendo repassado nas redes sociais. Ele aplaude com entusiasmo o STF pela decisão de votar o habeas corpus do ex-presidente Lula. A animação de Renan deve ter ficando ainda maior com o improviso dos ministros do Supremo, que agiram como coelhinhos de Lula, com a liminar que impede sua prisão até que passe a Páscoa. Aí então é provável que adocem com um belo ovo de Páscoa a gulodice do condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.

E o que é bom para Lula é melhor ainda para Renan Calheiros. O STF tem gavetas recheadas de casos de corrupção do ex-presidente do Senado. Já são 18 inquéritos, com acusação até de uso de documento falso usando a presidência do Senado. A lentidão dos ministros pode ser conferida pelo andamento de um deles, muito grave, sobre pagamentos feitos a sua amante, a jornalista Mônica Veloso, com quem teve um filho fora do casamento. A denúncia foi aberta em 2013, mas a abertura do processo criminal só foi autorizada pelos ministros 4 anos depois.

A empolgação de Renan com o STF faz todo o sentido, ainda mais agora que engrenou um acordão que envolve tucanos, como Alckmin e Aécio Neves, peemedebistas com Michel Temer à frente, tendo na jogada evidentemente também o Lula. Na mensagem do Twitter, Renan deu vivas à democracia e ao respeito à Constituição. Como eu disse, isso é mais que sinal vermelho. Olhem só o perigo que foi o dia de ontem no STF. Para Renan ficar animadão desse jeito, com certeza ele acredita que a Justiça foi para o beleléu.
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POR José Pires

quarta-feira, 21 de março de 2018

STF: o mau exemplo vem de cima

O nosso Supremo Tribunal Federal é mesmo uma instituição preocupante. São poucos os países com algo parecido. O papel essencial de uma alta corte é dar tranquilidade jurídica ao país. O nosso STF faz o contrário, mesmo no comportamento pessoal de certos ministros. Neste caso, até porque conduta pessoal sempre conta muito na vida, o STF deveria servir para estimular o equilíbrio entre os brasileiros, de alto a baixo, especialmente na política. Aos ministros deveria caber a função de prumo qualitativo para a política, mas a influência é oposta. Eles se contaminam pelo que os políticos têm de pior, inclusive na falta de educação no trato com os outros.

Como ocorre na política, por lá, no STF, temos juízes falastrões em demasia, com assuntos tratados de forma rasa, muitas vezes rebaixados ao andamento de pautas jornalísticas que buscam apenas polêmica e maior audiência na internet. Tem juiz que parece blogueiro atiçando leitor para aumentar a audiência e ganhar espaço em programa de rádio. Não faltam nem os bate-bocas em plenário ou pela imprensa, que na comparação faz do BBB da TV Globo uma reunião de sábios entre quatro paredes. Com isso tudo, vai crescendo pelo país afora o hábito do estrelismo e da busca de factóides entre autoridades que por regra deveriam ter maior concentração em suas obrigações profissionais. O exemplo vem de cima, como o povo gosta de dizer. Pois nisso o STF é de entortar cachimbos, como é o caso da polêmica sobre a validade da prisão a partir da condenação em segunda instância.

O tema já foi decidido em 2016, por votação do próprio STF, em decisão que veio tarde, mas que, enfim, serviu para tirar o país de uma condição solitária entre os 194 países filiados à ONU. Todos os outros 193 países têm prisão em primeira ou segunda instância. E certos ministros querem voltar a debater o assunto, talvez reconduzindo o Brasil a mais uma singularidade da jabuticaba, em motivação pra lá de suspeita e vinda num momento difícil deste país sem sossego. O mais triste é que o problema que estão trazendo de volta é artificial e retorna embalado nas maquinações politiqueiras de um indivíduo nefasto como o presidente Lula, que desde que foi pego pelo Ministério Público e a Polícia Federal vem atuando exatamente para conturbar o processo político.

Pode até haver uma vitória da sensatez, com os ministros abafando essa confusão que recebe estímulo lá mesmo, por dentro do STF, mas haverá ainda a necessidade de muito trabalho, se entre eles existir um consenso sobre a necessidade de resolver este problema de um país que tem uma Alta Corte que provoca instabilidade o tempo todo. É evidente que já virou até uma prática profissional no mundo do Direito, das bancas mais endinheiradas, trabalhar para que o processo suba ao STF, quando o andamento inclusive político não está de acordo com o interesse da clientela. Então, manda-se para o STF que a coisa complica para o lado da Justiça e, por extensão, de todo o país.
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POR José Pires

João Doria mudando de paixão

Desde antes de ser eleito prefeito de São Paulo, a trajetória política de João Doria parecia dar um ótimo objeto de estudo, talvez um completo case de marketing, da campanha até a administração de uma grande cidade brasileira. No caso da administração da capital paulista é claro que vai ficar pelo meio. Doria será o candidato do PSDB ao governo de São Paulo.

O tal case de marketing sobre o sucesso do insaciável tucano teve uma significativa mudança, mas ainda pode conferir-lhe a marca ainda mais espetacular como fenômeno de capacidade de comunicação e articulação política. Ao quebrar a promessa de campanha de que cumpriria todo o mandato, reforçada várias vezes inclusive depois de eleito, o prefeito assume o trabalho de convencimento do eleitor junto com a difícil tarefa de explicar sua mudança de plano. Caso passe por cima deste problema e consiga eleger-se governador, então estaremos frente a um fenômeno político ainda mais impressionante do que a vitória para a prefeitura em primeiro turno na sua primeira eleição na vida.

Mas cabe esperar, já sabendo que Doria não vem se dando bem com esta questão espinhosa do abandono do mandato de prefeito. Numa das vezes que falou sobre o assunto, em entrevista recente para a TV Bandeirantes, ele usou como referência o matrimônio religioso. Sua fala, na íntegra: “Quantos maridos e quantas esposas também fazem suas promessas de casamento e de eternidade no casamento, numa cerimônia religiosa, com testemunhas, com juramento, com juras de amor, e às vezes se separam”.

Uma afirmação absurda como esta é de causar perplexidade, não só pela hipocrisia, mas porque sabe-se que Doria deve ter analisado com assessores esta justificativa, procurando avaliar os prós e contras. Com quem esse sujeito anda conversando? Uma proposta dessas em reunião política é de fazer engasgar com o café. A desastrosa tentativa de sair de um problema na verdade criou outra complicação, agora no desrespeito ao matrimônio religioso. Ele terá que responder também por esta referência insultuosa ao casamento. E ainda falta explicar o abandono do mandato pelo meio. Por sinal, já que se falou em casamento, ninguém está vendo isso como uma separação amigável. Está mais para o ressentimento de uma terrível dor de corno, que pode prejudicar seriamente sua votação no maior eleitorado do estado.
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POR José Pires

terça-feira, 20 de março de 2018

Lula, o persona non grata

A caravana de Lula pelo Sul do país é o fiasco que já era esperado. O número de seguidores é pequeno, efeito da própria precariedade política de Lula, que além disso cercou-se de um grupo sem a mínima capacidade de articulação, com dificuldade séria de avaliação da conjuntura atual. No popular, falta-lhes até o simples semancol, que permite evitar vexames. Neste ponto, era óbvio que a caravana não podia dar certo, mas agora a impopularidade começa a desenvolver fatos novos, como os protestos ocorridos em Bagé, quando manifestantes deixaram muito claro seu desagrado com a presença de Lula na cidade.

Só uma equipe de incompetentes, liderada por um inepto, poderia acreditar que teriam sucesso de público e seriam bem acolhidos em uma parte do país onde o PT está aos frangalhos. No Rio Grande do Sul o partido do Lula perdeu até a reeleição para o governo estadual. O governador escorraçado pelo eleitor gaúcho foi Tarso Genro, que por sinal não tem comparecido a nenhum do evento de apoio ao chefão petista condenado a quase 13 anos de prisão.

É muito fácil obter um diagnóstico da condição do PT nos estados do Sul. O próprio Lula poderia avaliar de forma simples os maus sintomas, sem a necessidade de muita leitura, que todo mundo sabe que ele detesta. É só pegar o mapa de votação do partido nas últimas eleições, incluindo Dilma Rousseff e aproveitando para uma análise do prestígio eleitoral da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, em seu próprio estado. Ela tentou ser governadora do Paraná em 2014. Teve apenas 800 mil votos. Dilma nunca ganhou eleição em Santa Catarina e no Paraná. Sempre perdeu também no Rio Grande do Sul. Sofreu derrotas em 2010 e em 2014. Com esse quadro, nem um milagre político poderia fazer o partido ter a simpatia da população, ainda mais agora, que está bastante claro o caráter corrupto do partido do Lula.

Nos últimos meses, cada vez que Lula faz um movimento para tentar ganhar força política, ele obtém o efeito contrário. Eu estou gostando do trabalho. Como era mesmo necessário desmontar a fraude que é esse mito político, ainda melhor que o desmascaramento seja por ele próprio. Com a sacada da caravana política pelo Sul do país, surgiu inclusive essa excelente novidade, com os cidadão de Bagé deixando claro que ali não é bem-vindo o corrupto condenado que arrasou com a moralidade e a economia do país. É evidente que o repúdio deve se generalizar, com os petistas sendo escorraçados de outros lugares. É o que vai acontecer pelo voto nas eleições deste ano. Mas se Lula e seus companheiros insistirem, o repúdio pode também ser demonstrado nas ruas, de viva voz pelos brasileiros indignados.
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POR José Pires

Lula e seu medo de morrer como um idiota

O jornal O Globo informa em matéria nesta segunda-feira que Lula está muito abalado. A informação veio de uma fonte anônima. Um de seus aliados, segundo o jornal. Conforme repassou este aliado, o ex-presidente diz que "não vai aceitar a tornozeleira eletrônica". Ainda segundo esta fonte, "o presidente já está se encaminhando para a última fase da vida dele, não quer morrer como um idiota”.

Faz sentido o temor de Lula. Mas esta preocupação chegou tarde. Ele já é o maior idiota da política brasileira. E na explicação disso vale recordar o chavão repetido por ele. Nunca houve neste país um político com a facilidade que Lula teve para passar para a história com glórias que o elevariam à alturas dificilmente alcançadas por outra personalidade brasileira contemporânea. E é verdade também que para isso ele foi beneficiado pela maior tolerância que já houve com qualquer outro político neste país. Acho que em medida parecida só o ex-presidente José Sarney foi tão beneficiado em suas falcatruas e na incompetência por este caráter permissivo dos brasileiros. No entanto, sendo melhor melhor profissional da desfaçatez, Sarney saiu-se melhor que Lula.

As realizações de Lula são todas uma fraude. Pense um pouco sobre o período de 13 anos de seu comando do ciclo petista de poder. Não existe nenhuma política pública estabelecida pelo PT. Nada existe que seja de fato uma transformação no aspecto político e administrativo. Nem nos temas históricos do partido, como reforma agrária, direitos humanos, educação, distribuição de renda, acesso à saúde. Nada plantou também nas relações externas que não tenha resultado no maior desastre.

Nada vai ficar de marca positiva do partido do Lula. Nem o Bolsa Família pode ser visto como algo de chancela petista. E disso já se falou bastante, com todas as provas de que é apenas um ajuntamento de programas de ajuda aos mais pobres criadas em governos passados, inclusive o programa mais importante, que veio do governo de Cristovam Buarque, no Distrito Federal, depois uma das figuras mais sacrificadas pela maledicência petista.

>De sua lavra e de seu partido, Lula não fez nada que preste. No poder, o ex-presidente e seu partido repetiram o que já podia ser visto em prefeituras e governos estaduais em lugares em que o PT ganhou eleição antes de alcançar a Presidência da República. O partido teve sempre o grave defeito de começar tudo com um grande arroubo, com os companheiros às vezes envolvidos em histeria política, perdendo-se depois na pouca eficiência dos projetos e na condução prática muito precária. Foi exatamente desse jeito que se comportaram no Governo Federal.

Porém, mesmo com esta precariedade Lula estava destinado a se dar bem. Ele poderia contar com a impressionante tolerância da sociedade brasileira, condescendente ao extremo com os políticos e ainda mais com Lula, que veio aproveitando-se disso desde sua fase de sindicalista, até ser eleito presidente. Já era possível notar sua incapacidade no discurso tosco do líder sindical, mas todo mundo fez que não estava ouvindo. Os brasileiros foram como sempre menosprezando qualquer um que fazia esta avaliação mais rigorosa. Por seu lado, Lula foi ganhando as pessoas com a esperteza adquirida no sindicalismo, onde aprendeu a parecer o cara que oferece a chance das maiores conquistas com o mínimo esforço.

Bem, deu no que deu e agora o Brasil precisa ganhar tempo para tentar dar a volta por cima de tamanha tragédia. É preciso mandar Lula para a cadeia. E sem dúvida, mais cedo ou mais tarde é para lá que ele vai, mesmo que por enquanto seja salvo por manobras de ministros indecentes do STF. Existem também outros processos. E mesmo este dos quase 13 anos de cadeia já determinados em segunda instância, mesmo que ele dê uma paradinha no STF, obrigatoriamente terá que seguir para o STJ, onde a condenação será novamente acatada. De qualquer forma, Lula irá para a cadeia. E se for decidido o uso de tornozeleira eletrônica, como qualquer um ele terá que oferecer a perna para a autoridade aplicar o aparelho. Mas não é por isso que Lula "morrerá como idiota". O desmonte causado por ele mesmo de sua glória já fez dele há muito tempo um idiota.
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POR José Pires