quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma cabeça na bandeja do Santander para Lula

A analista do banco Santander que fez uma avaliação econômica que desagradou aos maiorais do PT foi demitida. O bilhete azul da bancária veio rápido. O ex-presidente Lula pediu a cabeça da moça na segunda-feira, em discurso feito na 14ª Plenária da CUT, a Central Única dos Trabalhadores. Naquele seu nível já bastante conhecido ele bajulou o presidente mundial do banco, Emílio Botín, e sentou a ripa na funcionária. Disse que ela não sabia “porra nenhuma”.

Para quem acha que os avisos de retrocesso foram poucos até agora, aí está mais um. Aquele velho conhecido risco do ninho da serpente é fichinha perto do perigo que significa uma quarta vitória do PT, que caso ocorra o partido poderá completar 16 anos de poder. Os ovos da serpente estão trincando. Será que o país suporta o estrago? Acredito que não. A nossa democracia, com certeza, não tem estrutura para aguentar o entusiasmo que os companheiros terão num quarto mandato. Eles já mostraram muito bem que o povo de seus sonhos é o que aplaude qualquer coisa que eles façam.

O fato de Lula pedir a cabeça de uma trabalhadora numa plenária da central sindical ligada ao PT e ainda ser aplaudido mostra muito bem o andamento dos planos desse partido na implantação de um projeto de poder que não aceita um ponto de vista independente nem em análise econômica interna de um banco. Imaginem a posição da CUT se em vez de Lula fosse o candidato Aécio Neves a pedir a demissão de uma trabalhadora que o desagradasse.

Mas para eles o Lula pode tudo. Há muito tempo que a CUT virou um braço a mais do poder, movimentado-se apenas no rumo de objetivos eleitorais favoráveis ao PT. A central petista já havia ultrapassado de forma vergonhosa todos os limites da decência no uso da sua máquina como força manipuladora dos trabalhadores, mas neste episódio eles conseguiram superar a própria hipocrisia, que já era espantosa. A CUT serviu de palco para seu chefão político pedir a demissão de uma trabalhadora a um banqueiro estrangeiro. É para não restar dúvida alguma de que esse tipo de sindicalismo não tem limite algum na subserviência ao projeto de poder de seu partido.
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POR José Pires

Correndo do prejuízo do PT

O ex-presidente Lula vive confessando as tretas que armou contra o país. É só pegar suas falas que, em algumas delas, é possível encontrar até confissão de ilegalidade. As de incompetência estão em quase todas. Em discurso nesta segunda-feira, durante abertura de uma plenária da CUT, em Guarulhos, ele disse o seguinte: “Não tem nenhum lugar no mundo que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que aqui”.

Lula falava sobre o comunicado interno do banco espanhol informando a clientes que a reeleição da presidente Dilma Rousseff vai afetar negativamente a economia brasileira. Ou seja, a análise do banco repassava uma informação que todo mundo já sabe. É por conta do desespero eleitoral que os petistas estão se fazendo de bravos com o informe do Santander. Qualquer coisa serve para se vitimizarem. No encontro da CUT, referindo-se ao presidente do banco, Emílio Botín, ele disse o seguinte: "Botín, é o seguinte, querido. Eu tenho consciência de que não foi você que falou, mas essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil". Pois é, o nível é esse. E este é o cara que há poucos dias se fingia de horrorizado com os torcedores da Copa mandando Dilma tomar naquele lugar.

É claro que dessa plenária vai sair um apoio da central sindical à reeleição de Dilma. Mas já de início saiu mais uma confissão do Lula. É óbvio que ele esperava uma retribuição do Santander pelo fato do banco estar "ganhando mais dinheiro aqui do que em qualquer lugar do mundo". É uma política econômica do toma lá dá cá? É o que parece. E não é diferente de políticas do PT em outras áreas.

Não acho que faça bem pra país algum que bancos ganhem muito dinheiro, ainda mais em quantidade superior ao resto do mundo. Porém, se é para isso acontecer, espera-se pelo menos que um lucro desses faça parte de um projeto sério de governo, não é mesmo? A alta lucratividade viria de uma concepção econômica de fortalecimento do desenvolvimento do país. Mas não é assim. Aí o governo teria de ter um projeto político de consequências positivas para o Brasil. E isso não existe desde o primeiro dia em que Lula pôs os pés no Palácio do Planalto. Como ele confessou nesse evento da CUT, de lá pra cá a política econômica do PT é do toma lá dá cá. E o desastre criado para o país foi tão grande que agora até os bancos estão querendo sair desse jogo.
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POR José Pires

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ilusões do nosso tempo

Existe hoje em dia uma dificuldade que me parece muito grande, enorme mesmo, na definição dos fatos. “Assim é, se lhe parece” é uma frase ótima de Luigi Pirandello, escritor italiano que infelizmente anda esquecido. É um autor desse nosso tempo. A frase é um conceito genial sobre a realidade e a aparência. Mas com isso Pirandello fazia arte. Hoje estão criando fraudes.

Tem muita coisa por aí que não é o que parece. Manifestação de protesto, por exemplo, é qualquer coisa que o jornalista decida, o que pelo jeito é regido pela preguiça em eliminar acontecimentos que valeriam no máximo apenas uma notinha de curiosidade. Isso aconteceu neste episódio da prisão de manifestantes violentos no Rio de Janeiro, quando fizeram a cretinice de entrar no consulado do Uruguai para pedir asilo político. Seria para rir, se não fosse trágico, mas o que me chamou a atenção foi uma notícia sobre "manifestação" de apoio aos pretensos asilados na frente do consulado.

É claro que cliquei para ver a multidão de cariocas nas ruas exigindo justiça para os perseguidos políticos do terceiro milênio. Porém, o que vi foram quatro pessoas — isso mesmo, quatro — com dizeres escritos às pressas em cartolinas. Uma das fotos inclusive mostra os "manifestantes" escrevendo na hora as palavras de ordem para fazer a foto. Pode até ser coisa dos próprios jornalistas, uma sugestão de cena para levar algo, digamos assim, mais substancial para a redação. Não é nem um pouco ético jornalista influir desse jeito na realidade que ele tem a obrigação de relatar ao leito, mas essas coisas têm acontecido demais. É um viés de esquerda desta profissão, entende? E lá estavam as quatro pessoas, que na notícia foram transformadas em "manifestação". E o site ainda publicou as falas de alguns deles, sem a preocupação de informar ao leitor o que eles fazem na vida e o que, afinal, representam.

Isso foi um acontecimento brasileiro — espere, esqueci as aspas — "acontecimento brasileiro", mas já vi esse tipo de farsa em fatos — as aspas, sô! — "fatos" do exterior que foram depois influenciar atitudes pelo mundo afora. Um exemplo: numa das ações do Femen, na Rússia, fui lá ver o que se passava e dei com cena parecida com a dos gatos pingados do consulado uruguaio. Era uma meia dúzia de garotas de seios de fora. Numa das fotos elas tiveram que se juntar para dar uma imagem melhorzinha. Mas é assim agora. E no caso do Femen, essa ação sem representatividade alguma virou notícia internacional, levando outras gatinhas exibicionistas (ou nem tão gatinhas assim) a mostrar os peitinhos em outros países. Sempre protegidas socialmente, é claro, que ninguém é de ferro.

Citei esses exemplo, mas a falta de noção da imprensa tem gerado uma porção de ilusões semelhantes. São atos sem nenhuma representatividade, nos quais uma minoria de pessoas mais ousadas ou mesmo doidinhas fazem uma performance de grupo e viram notícia política. E já sabendo que os jornalistas estão desse jeito — aceitando qualquer encenação como se fosse um fato real — partidecos oportunistas e irresponsáveis como o Psol e o PSTU armam confusões com jovens abilolados e acabam aparecendo como se fossem partido atuantes da atualidade.

A imprensa brasileira precisa retomar sua responsabilidade na definição séria do que acontece no Brasil, um país, aliás, que num passado recente, manifestação pra ser respeitada tinha que juntar muita gente e ter liderança séria. Mais que petulância juvenil e seios pra fora, é necessário substância política e representatividade que justifique a notícia. É a mesma exigência que deve ser feita antes de tratar como herói do povo qualquer maluco que joga uma pedra numa vitrine ou toca fogo em alguns papéis nas ruas. O brasileiro precisa reaprender a dar o nome certo à coisa certa.
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POR José Pires

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Imagem- Manifestação? Não é, mesmo que lhe pareça.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dilma Roussef e a obra do mestre Suassuna

O que é que a presidente Dilma Rousseff foi fazer no enterro de Ariano Suassuna? Duvido que ela tenha lido alguma obra dele e ela também nunca teve nenhuma intimidade com o escritor. Dá para alguém imaginar Dilma lendo "Romance d'A pedra do Reino"? É o grande livro de Suassuna e uma das obras-primas da nossa literatura. Pode-se até dizer que é uma grande obra universal, de todo o mundo. Mas é intraduzível para outra língua. E não é um romance de fácil leitura. Suassuna juntou várias linguagens, tantas delas que a definição de "romance" deve ser usada neste caso apenas porque é necessário uma palavra para definir a beleza que extraiu da vida nordestina, com aqueles traços de cultura antiga que ele pôs em tudo que criou. Nestes escritos está a sua filosofia cultural, chamada por ele de "armorial" e da qual saíram caminhos para as mais variadas artes, inclusive as artes plásticas. Suassuna talvez seja o único escritor brasileiro que além de fazer seus livros tinha a intenção de criar em torno deles praticamente um sistema filosófico, uma estrutura que buscava abarcar todo o universo das artes, inclusive conceitos de difusão da cultura. Ele foi secretário da Cultura de Pernambuco, no governo do candidato do PSB, Eduardo Campos.

Dilma não tem interesse nessas coisas. Se conhece algo de Suassuna ela deve ter visto pela TV, naquela adaptação muito boa feita pela TV Globo da peça "O auto da compadecida". A presença da presidente no velório se deve apenas ao oportunismo político, que ela transferiu de seu chefe, o ex-presidente Lula. Em ano de eleição, o comportamento do PT é o da demagogia sentimental comum na política. Sai pegando em alça de caixão. Desde que isso renda voto, é claro. A candidatura de Dilma sofreu um baque em regiões importantes, no sul e no sudeste, então o PT precisa manter a força que sempre teve em campanhas presidenciais no Nordeste.

O ex-presidente Lula sempre foi um ignorante tão sincero que até criou uma imagem pitoresca do sujeito que nada lê e nem estuda. É a velha história do sujeito que vence na vida apesar da falta de estudo. Ele se gaba disso e está errado na propaganda dessa ignorância de resultados. Isso desestimula o respeito à educação e à cultura. Porém, pelo menos neste caso (talvez o único) Lula tem a honestidade de não fingir ser o que não é. Dilma não. Ela posa de figura com boa formação intelectual, o que é desmentido pelo conteúdo de qualquer fala sua.

Mas alguém pode dizer que na presidência da República um político deve prestar homenagem póstuma a uma personalidade destacada da nossa literatura. Então por que ela não foi ao enterro do João Ubaldo Ribeiro? Ou do Rubem Alves? Ora, porque sua presença nesse velórios não renderia o que o PT precisa no momento para sua candidatura. Só isso. E se Dilma era tão chegada ao Suassuna, a ponto de ir ao seu enterro, então é o caso de perguntar de que forma que as ideias culturais do escritor foram aplicadas no governo do PT. Não foram. E isso é uma lástima, porque Suassuna tinha boas ótimas de valorização da cultura popular e de aproveitamento prático do conteúdo da cultura tradicional do povo. Coisas belíssimas foram extraídas por ele das ruas e transformadas em cultura de alta qualidade, inclusive de valor erudito.

E onde foi que Dilma e seu PT aplicaram estes ensinamentos do mestre nordestino nesses 12 anos — sim, tudo isso — de governo? Em lugar algum. A qualidade cultural da obra de Ariano Suassuna só é conhecida mais amplamente no Brasil graças ao trabalho primoroso da Rede Globo — a Globo tão atacada com desrespeito pela militância petista —, que não só levou ao ar obras dele como também incorporou influências em vários outros trabalhos. É muito interessante esta contradição, que bate de frente inclusive com o pensamento político de Suassuna, que era populista e autoritário em excesso. A obra do mestre não teve aplicação da parte do Estado. Sua popularidade nacional hoje em dia se deve exclusivamente à iniciativa privada.
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POR José Pires

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lula e suas tretas de tribunal

O Tribunal de Contas da União chegou ao montante do prejuízo da compra pela Petrobras da refinaria Pasadena, no Texas: R$ 1,6 bilhão. É uma fortuna. E este é apenas um dos negócios feitos ruinosamente na estatal brasileira durante o governo do PT. Tem outras contas para o brasileiro pagar. Onze diretores foram condenados a devolver o dinheiro e tiveram os bens bloqueados por um ano. Entre eles está José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa e maioral petista que antes dos escândalos era cotado para ser o candidato do partido ao governo da Bahia.

O julgamento do TCU trouxe um fato muito interessante: a entrada do ex-presidente Lula na jogada. Não, ele ainda não foi responsabilizado por nada. Lula tentou interferir no resultado, para que não houvesse condenação no TCU. Para isso ele conversou com Múcio Monteiro, ministro do tribunal que ocupou a pasta das Relações Institucionais em seu governo. Outros membros do TCU foram pressionados. José Jorge, relator do caso, foi ameaçado com denúncias, inclusive sobre sua vida pessoal. Dizem que para abafar o caso até uma vaga no Supremo Tribunal Federal apareceu como moeda de troca. Pois é: sempre tem mais fundo para cavar no poço quando se trata desse governo.

A vaga oferecida é a que o ministro Joaquim Barbosa vai deixar. Isso mostra muito bem a forma que Lula usa o poder. Não é a primeira vez que ele tenta mudar um resultado de tribunal que prejudica seus companheiros e, por extensão, complica sua imagem e seus planos eleitorais. Isso faz lembrar sua ameaça ao ministro Gilmar Mendes, quando o julgamento dos mensaleiros estava no início no Supremo Tribunal Federal. Lula procurou o ministro do STF em seu escritório e na cara dura o ameaçou com supostas revelações de ilegalidades. Sua chantagem foi repelida e Gilmar Mendes ainda denunciou na imprensa o abuso do petista.

Outras pressões feitas por Lula devem aparecer, conforme a história política recente do país for sendo contada. Podem surgir inclusive outras chantagens ou talvez até coisas piores. Quem viver verá. E muita gente também há de se arrepender de estar defendendo o chefão petista hoje em dia. O Lulinha Paz e Amor é só para o marketing. Lula joga pesado na política e não é de hoje. Uma pessoa que eu espero que viva bastante e possa contar fatos importantes de sua vida, revelando aos brasileiros importantes memórias da relação entre o Judiciário e o Executivo nesta Era Petista é o ministro Joaquim Barbosa. Ele pagou um preço alto por sua coragem na condução do julgamento que botou em cana a cúpula do PT envolvida no mensalão. Os ataques à sua honra feitos pela máquina de difamação petista têm sido até hoje dos mais pesados.

Não duvido que Barbosa tenha sido obrigado a ouvir de Lula este tipo de conversa que ele gosta de ter para tratar de seus interesses políticos e contentar sua ambição pessoal desmedida. Foi o ex-presidente que o nomeou e ele costuma cobrar fidelidade. O Brasil merecia saber de Barbosa se ele também foi colocado um dia contra a parede para atender vontades que nada têm a ver com a decência. O que sabemos é que, se isso ocorreu, o ministro não cedeu. E deu para perceber várias vezes em suas falas as entrelinhas muito dignas de quem sofreu uma grande desfeita.
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POR José Pires

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Golpe no direito de manifestação

A prisão de manifestantes que se articulam para praticar violência em protestos de rua vai resultar em fortalecimento da democracia e não o contrário, como desavisados (e alguns de má fé) vêm dizendo. Figuras como Sininho e seus companheiros não têm nenhum interesse na democracia. Quem já esteve à frente de figuras radicais desse tipo sabe muito bem que diálogo não é com eles. Não respeitam divergência de forma alguma. Da parte deles espere apenas intimidação, que é o que acontece mesmo quando eles estão num debate público. Já tive esta experiência. Sem tropa de choque para contê-los fica difícil até a discussão mais simples.

O resultado da ação desses bandos até agora foi acabar com a possibilidade de manifestação pacífica no país. Qualquer pessoa decente terá muita dúvida em organizar qualquer protesto sabendo que pode aparecer esse pessoal violento. Já participei de muitas manifestações cívicas, desde a época da ditadura militar, sendo uma delas no ano 2000, quando em Londrina, no Paraná, fizemos o movimento "Pé Vermelho! Mãos Limpas!", que levou à cassação do prefeito da cidade, Antonio Belinati, por corrupção.

Pois hoje em dia seria muito difícil fazermos algo igual, por causa do clima criado por esta canalha de extrema esquerda. Ou seja, esses bandos acabam favorecendo os corruptos, pois a população não tem mais segurança para se manifestar nas ruas. Na prática, essa esquerda conseguiu destruir o direito de manifestação. Por isso acho que prisões como essas até vieram tarde. O correto seria meter na cadeia qualquer um que praticasse violência em manifestações de rua. Seria melhor ainda para a democracia se o rigor da lei fosse maior, com penas mais longas e a aplicação de multas pesadas.
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POR José Pires


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Imagem- Folheto do movimento "Pé Vermelho! Mãos Limpas!", que levou à cassação do prefeito de Londrina, Antonio Belinati, em junho de 2000; se na época tivesse black blocs nas ruas, a corrupção é que venceria

Dupla personalidade


Como o PT quer tirar proveito em tudo, o partido muitas vezes fica parecendo esquizofrênico. Dá para levar a sério um partido que clama pelos "direitos do povo palestino" e aplaude ao mesmo tempo a ditadura de Fidel Castro, que não permite direito algum ao povo cubano? É claro que não. O PT precisa se cuidar. Para esses distúrbios de personalidade existe atendimento especializado. E como somos democratas, não precisa ser pelo método cubano, que implica em reeducação à força.

Mais uma esquizofrenia petista manifestou-se nesta prisão decretada pela Justiça de manifestantes que planejavam perigosas confusões nas ruas. O PT protestou contra a prisão. Em denúncia do Ministério Público 23 ativistas são acusados de associação criminosa. Entre ações violentas são citados o incêndio de um ônibus e a intenção de atear fogo ao prédio da Câmara de Vereadores, no Rio de Janeiro.

A polícia investigou e juntou provas desde o ano passado e teve o pedido de prisão aceito de acordo com a lei. Todos os acusados tiveram direito à defesa e até alguns habeas corpus já foram concedidos. Ninguém foi torturado, todos foram presos com vida. Nem parece ação policial feita no Brasil. Numa da acusações, Elisa Quadros, a famosa Sininho, aparece mandando manifestantes tocar fogo no prédio da Câmara do Rio durante um protesto. Três galões de gasolina seriam usados para isso, mas o crime foi impedido por outros participantes da manifestação.

Com as pessoas presas foram encontradas bomba de grande poder letal, pólvora e gasolina para fazer coquetel molotov. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que no inquérito há referências a bombas no metrô carioca. O MP incluiu também na denúncia os dois black blocs acusados de terem acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, durante protesto em fevereiro. Nessa época Sininho alcançou fama nacional, quando esteve na delegacia oferecendo aos acusados apoio político e advogados de defesa.

É muito raro a polícia brasileira merecer elogios, mas o trabalho foi altamente produtivo. Desta vez ela agiu de forma investigativa, o que sempre foi cobrado dela. Foram evitados inclusive atos violentos que estavam sendo planejados para a final da Copa do Mundo. É óbvio que se acontecesse algo no grau de violência detectado o efeito seria muito ruim para o governo Dilma. E aí vem a esquizofrenia petista. O PT lançou uma nota de repúdio à prisão dos manifestantes. A nota afirma que a prisão foi "uma grave violação de direitos e das liberdades democráticas" e pede que sejam repelidas "a violência do Estado e a intimidação dos manifestantes".

É esquizofrenia grave. O PT vai acabar se socando em frente ao espelho. Conforme eles dizem na nota do diretório nacional, então vivemos num regime de exceção. E o governo é do PT. Nesta situação, o partido devia fazer aquilo que ameaçou quando foram presos os mensaleiros. É o momento de apelar para organismos internacionais, talvez até para a ONU. O caso pode até ser de intervenção externa para restabelecer a democracia no país e repelir a” violência do Estado”.
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POR José Pires



terça-feira, 22 de julho de 2014


Juca Kfouri e os apuros de Sininho

O Juca Kfouri de vez em seu blog dá umas saídas do tema do esporte. Hoje ele resolveu fazer a defesa da Elisa Quadros, a famosa Sininho. Sua defesa é sentimental. Ele põe em dúvida a ação da polícia e também da Justiça na operação que botou em cana ela e uma porção de militantes, acusados do planejamento de manifestações violentas durante a Copa do Mundo. Kfouri desconfia da polícia, porém não põe em dúvida as intenções de Sininho e seus companheiros. O jornalista não faz nenhuma menção ao que poderia ter acontecido se os ativistas não fossem presos. E foi numa situação criada por bandos desse tipo que morreu um colega nosso, o cinegrafista Santiago Andrade.

Ele acha um exagero a preocupação com Sininho e outros ativistas, que tinham até armas quando foram presos. Tem muita gente fazendo igual o jornalista esportivo, tratando essa turma como se eles fossem uns garotos travessos que merecem apenas um pito. E a coisa não é assim, inclusive no caso da idade deles, todos beirando os trinta anos ou com mais idade. Apesar do apelidozinho, Sininho já é bem está grandinha: tem 28 anos.

O sentimentalismo de Kfouri pode ter vindo de recordações antigas, com as lembranças de seu tempo de rapaz, quando ele pensou em entrar na luta armada. Foi salvo pelo Joaquim Câmara Ferreira, o Comandante Toledo, que falou para ele ir cuidar da vida e não entrar naquela fria. O grupo era de Carlos Marighella, que já havia sido morto. É claro que o jornalista teve a vida salva por esta atitude de Câmara Ferreira — que morreria em outubro de 1970, sob torturas. O duro é um homem que viveu essas coisas não ter a compreensão de que a democracia do país corre, sim, um risco danado com o que porra loucas como a Sininho vêm fazendo. Ou não são esses cretinos que com sua violência criaram um tremendo impedimento para o exercício da liberdade de manifestação no país?

Em seu blog, Kfouri diz que acha que Sininho vem sendo até caluniada. E então solta uma fofoca sobre ela e o deputado Federal Marcelo Freixo, do Psol. Ele diz que ouviu a história durante a cobertura da Copa. Não me parece certo pegar uma conversa informal entre colegas e repassar num blog com uma grande quantidade de leitores e ainda dizendo de qual rádio é o colega que soltou a indiscrição. Mas está tudo lá. Não é a primeira vez que ele faz isso.

Parece que com o Juca Kfouri não há discrição nem quanto à conversas informais. Ele dá uma de songamonga e repassa como se estivesse horrorizado de estarem falando tal coisa da pobre Sininho. E isso num post onde ele está dando uma lição de moral, dizendo que há uma pressão exagerada sobre a ativista. Será que ele não sabe qual é o caminho que essas conversas sobre a intimidade dos outros toma na internet? Sabe sim. Kfouri não é mais o menino que foi salvo lá atrás por uma pessoa mais experiente. Eu, por exemplo, não sabia da fofoca. Mas agora, graças ao bocudo até a torcida do Corinthians já está por dentro do babado.
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POR José Pires

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A teoria-bomba de Jean Wyllys

Apesar de vir do notório produtor de besteiras que é o deputado Jean Wyllys, do Psol, a notícia parece coisa de site de humor: "Para Wyllys, avião da Malaysia pode ter sofrido ataque homofóbico". Tive então de conferir a veracidade disso. E é mesmo verdadeira essa teoria estranha de que a queda do avião na Ucrânia pode ter sido causada por puro preconceito. A notícia vem de um post da página do deputado no Facebook, onde ele finaliza um texto desse jeito: "Diante desses fatos - e sem querer estimular teorias da conspiração - questiono se o fato de haver especialistas em HIV/AIDS à bordo do avião terá sido uma mera coincidência ou pode apontar para uma outra explicação sobre o abatimento da aeronave numa região da fronteira entre dois países conservadores?".

O post já tem mais de mil compartilhamentos e também mais de mil comentários, um mais engraçado que o outro. Mas nada supera em humor as tentativas de Wyllys para escapar da cômica encrenca criada com a sua estapafúrdia teoria conspiratória. Como é que um avião com especialistas em HIV?AIDS vai se meter no espaço aéreo de "dois países conservadores", não é mesmo? Ainda bem que ele avisou que não quer "estimular teorias da conspiração".

E depois, procurando defender o que escreveu, o deputado passou a reagir inclusive com preconceito. Num de seus posts ele diz que a tentativa de "desqualificá-lo intelectualmente" vem "justamente de pessoas com maior dificuldade de se expressar por escrito". É um argumento contraditório para quem se faz de paladino do respeito à igualdade. Talvez o parlamentar só aceite questionamento de quem tem diploma universitário e um conhecimento perfeito da língua portuguesa.

Ele agora acumula besteiras para justificar a primeira que gerou a polêmica, mas a coisa é muito simples. Sua teoria boboca sobre o avião abatido na Ucrânia foi fruto da sua sede de aparecer e a necessidade ainda maior disso criada pela proximidade das eleições. Entrou pelo cano porque abusa do marketing desde que saiu do BBB para uma carreira política de tema único. Foi procurar fazer seu marketing usando um desastre aéreo que comove o mundo e virou piada. Um negócio desses até atiça a curiosidade de saber se o deputado não tem também uma boa teoria sobre o desaparecimento do outro avião da Malaysia.
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POR José Pires

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domingo, 20 de julho de 2014

Importação da violência

A esquerda brasileira pode acabar trazendo os conflitos do Oriente Médio para o Brasil. Pelo menos está fazendo um esforço e tanto para isso. E como esta esquerda já escolheu um lado neste briga violenta, sua adesão implica no alinhamento político a grupos extremistas como o Hamas, que mesmo entre os palestinos se impõe pelo terror. Quando um estrangeiro lida com este assunto assumindo a defesa de um único lado ele não ajuda nem um pouco às vítimas inocentes do conflito, sejam judeus ou palestinos. E o envolvimento direto nos problemas entre Israel e palestinos pode trazer também ao Brasil cenas como as das violências praticadas por manifestantes pró-palestinos no sábado em Paris. Pode haver também entre nós uma divisão violenta entre etnias, como nunca existiu em nosso país.

Cabe dizer que manifestação alguma que sequer insinue algum direito dos judeus poderia ser feita no lado palestino e em nenhum país árabe. Um protesto como o dos jovens que atearam fogo em Paris seria impossível de acontecer em um país árabe na defesa da posição de Israel. Tais manifestantes já estariam mortos ou sofrendo terríveis violências na cadeia se isso fosse feito mesmo em escala muito menor de radicalismo em algum país árabe ou no lado palestino, em Gaza. Israel é hoje a única democracia do Oriente Médio (seu atual governo conservador foi eleito pelo voto), onde do lado árabe dominam poderes autoritários, inclusive de aristocracias autocráticas que não permitem direitos às minorias e nem sequer direitos femininos básicos.

Aliás, as mulheres brasileiras tentadas à aderir a um apoio incondicional a um dos lados desta questão deviam meditar profundamente sobre as consequências que o crescente poder de grupos como o Hamas pode ter sobre o livre arbítrio entre os palestinos, especialmente no tocante aos direitos da mulher. Uma mulher deve pensar bastante sobre os papéis determinados às mulheres por estes homens que lançam mísseis sobre Israel. E é muito sensato analisar os riscos de que esta visão da mulher como um ser de segunda classe pode também se espalhar pelo mundo, penetrando inclusive na cultura brasileira.

O Estado brasileiro comprovadamente não consegue dar um combate consequente nem a grupos de criminosos comuns, que hoje dominam comunidades inteiras e até ditam suas ordens de dentro de presídios de segurança, então cabe nesta situação um raciocínio ajuizado sobre o que aconteceria em nossa terra se grupos islâmicos fundamentalistas que hoje tocam fogo em Israel resolvessem acender o rastilho por aqui. Controlar manifestações onde pesam os interesses de grupos como o Hamas é bem mais difícil, mas muito mais difícil mesmo, do que prender black-blocs que compram fogos de artifício pelo telefone. É ainda mais complicado administrar a penetração de uma cultura de violência e autoritarismo inclusive religioso numa condição de decadência política e moral como a que vive hoje o Brasil.
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POR José Pires

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Imagem- Manifestantes pró-palestinos levam a violência a Paris

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O adeus de João Ubaldo e Gullar se rendendo à Academia

Nas últimas semanas andavam fazendo lobby para que o poeta Ferreira Gullar entrasse na Academia Brasileira de Letras. Era um lobby de dentro, tentando puxá-lo para agregar seu prestígio literário à instituição. A meu ver, virando acadêmico a única vantagem de Gullar seria a possibilidade de tomar um chá com João Ubaldo Ribeiro, que nunca entendi bem o que fazia por lá entre as antiguidades. Era um dos poucos escritores de qualidade para encontrar na hora do chá (por favor, não me peçam para lembrar de outro) e devia ser um ótimo papo, o que Gullar também aparenta ser. Mas agora que João Ubaldo morreu o que é que o poeta vai fazer lá?

Li recentemente que sua candidatura já foi oficializada, uma mera formalidade já que a entrada depende só da sua aceitação. Espero que ele desista, como já aconteceu numa outra vez. Este é um caso de aliciamento sem nenhuma compensação que valha a cumplicidade. Escritores como Gullar levam a literatura de verdade à Academia sem receber nada em troca. Tentaram durante anos usar da mesma forma o grande Carlos Drummond de Andrade, mas ele resistiu até o fim. Em seu "O observador no escritório", ele fala sobre uma conversa com Austregésilo de Athayde depois de uma reunião do então nascente Conselho Nacional de Cultura. Athayde foi presidente da ABL durante 34 anos, até sua morte em setembro de 1993. Esta conversa é de 1961. Na saída da reunião, Atahyde diz a ele: "Gostaria de ver você voltando a esta casa, mas já integrado na Academia". E Drummond responde rindo: "Obrigado, mas não desejo a morte de ninguém". Durante toda a vida dele insistiram sem sucesso pela sua entrada. Mas felizmente não “tinha” uma Academia no meio do seu caminho. Drummond fez um bem à literatura. Numa cultura como a brasileira, em que o compadrismo costuma se sobrepor ao mérito, o gesto do poeta fortaleceu o caráter essencial de independência da arte.

Com a morte recente de Ivan Junqueira andaram aparecendo notícias de que Gullar fraquejava nas suas negativas e já teria acertado sua entrada, pegando a cadeira do falecido. A vaga deixada por Junqueira foi antes ocupada por Getúlio Vargas (1883-1954), Assis Chateaubriand (1892-1968) e João Cabral de Mello Neto (1920-1999). Nem é preciso dizer qual é o único dos três que tem mérito literário. Getúlio Vargas nunca escreveu coisa alguma. No seu livro memorialístico, Drummond também fala de uma das vezes em que esteve com Vargas, durante uma homenagem ao editor José Olympio, na sua editora. O encontro foi em janeiro de 1953, com Vargas eleito presidente. Drummond conta que a conversação do presidente era sobre parentes, viagens, coisas da vida de cada um. "Não há conversa sobre livros", ele diz.

Academia é sempre política. O que há de literatura é para justificar a existência da instituição. E para isso serve a inclusão de uns poucos escritores com prestígio literário conquistado pela qualidade do texto e não por outras vias. Daí a insistência para o ingresso de nomes como Ferreira Gullar ou Drummond e, claro, o recém-falecido João Ubaldo. Mas a instituição também é capaz de desfeitas com a verdadeira literatura, como foi a derrota do poeta Mario Quintana, rejeitado três vezes. Perdeu duas eleições e retirou sua candidatura quando estava para sofrer a terceira derrota. Os eleitos foram Eduardo Portella e Arnaldo Niskier, figuras da política. O primeiro foi ministro do governo Sarney. Outro eleito foi Carlos Castello Branco, respeitado jornalista de política, mas que de forma alguma teve uma obra literária.

Mas, voltando ao João Ubaldo Ribeiro, sua ausência vai alargar o vazio que já é grande na vida cultural brasileira. Vou sentir sua falta, pois gostava muito de ler todas as semanas seus artigos, perfeitos na opinião e no texto. Seu velório será na Academia, o que não deixa de ser prova de alguma utilidade.
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POR José Pires

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Trazendo conflito pra casa

A esquerda brasileira parece que raciocina por espasmos. De uma hora pra outra surgem com um tema novo, conforme o interesse político do momento. Assuntos vão e vem, alguns deles sumindo sem explicação. Foi assim, por exemplo, naquele escarcéu com a situação política de Honduras, quando alçaram a condição de grande estadista progressista mundial a figura ridícula de Manuel Zelaya com seu chapelão e os pés sobre os móveis da embaixada brasileira na capital daquele país. Foi uma bandeira que esqueceram rapidamente, mas Honduras está na mesma. Fiel ao seu estilo coronelista, Zelaya tentou depois emplacar a própria mulher na presidência da República e se deu mal. Deve estar hoje cuidando de suas fazendas. Mas e a preocupação da esquerda com Honduras, onde foi parar?

Foi pra junto de tantos temas levantados por eles e logo abandonados, numa sucessão vertiginosa e repleta de incríveis bate-bocas políticos. Não existe absolutamente nenhum centro em seu pensamento. Sem aprofundar nenhum assunto vão sendo levados pela conveniência, na maioria das vezes só eleitoral. Os temas não têm continuidade, como também nunca tiveram um valor essencial de origem que os justifique. O assunto some sem deixar nenhuma informação ou conhecimento que compense os lamentáveis ataques e cômicas acusações. De um dia pro outro você pode ser tachado de direitista só porque tem a opinião de que a ditadura de Fidel Castro ou qualquer outro governo não têm o direito de ficar com o salário de seus cidadãos que trabalham no exterior. É uma cabeça política de maluco. Tirando as marcas de origem, como o totalitarismo e a dificuldade de lidar com o livre arbítrio, é muito difícil saber exatamente o que é um esquerdista. Talvez nem eles saibam quem são de fato.

No momento são os palestinos que estão no papel que era de Zelaya e de tantas outras histerias militantes. O assassinato de três garotos judeus, depois de um sequestro do qual o governo israelense acusa o grupo Hamas, levou à retaliações de Israel. E de imediato a esquerda brasileira estava brandindo armas em defesa de um dos lados. É verdade que faz isso bem longe de qualquer terreno onde possa cair um míssil, mas sua sanha com as palavras é parecida a de um jihadista enfurecido. A esquerda tem só um lado em um conflito com raízes muito antigas e sobre o qual a melhor posição é a de observador independente. As vítimas inocentes de ambos os lados teriam muito mais a ganhar com isso.

Mas todo esquerdista brasileiro é um palestino de carteirinha e trata com um raciocínio de torcedor de clube uma questão complicada, que envolve tantos interesses e se estende em raízes antigas e extensivas a todos os países daquela região, com uma diversidade de culturas que não há tempo de vida suficiente para entender. E algumas dessas culturas misturam religião e política, com uma violência cotidiana que é melhor nem chegar perto, quanto mais fazer uma parceria ideológica com o risco de trazê-las para perto de nós.

Como a leviandade não tem limites, dentre a carrada de pautas políticas risíveis tem também o perigo. Na última terça-feira, um grupo auto-intitulado “Palestina Para Todos” fez uma manifestação a favor dos palestinos em São Paulo. O nome do lugar: Praça Cinquentenário de Israel. A provocação é até grotesca. O grupo queimou uma bandeira de Israel e teve até tiro pro alto, disparado por um PM depois que os manifestantes avançaram contra a polícia. E isso aconteceu no Brasil, um país que tem como qualidade exatamente a convivência pacífica entre as etnias. É nessas horas que eu acho que cabeça de esquerdista fica melhor com o chapelão do Zelaya.
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POR José Pires


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O "padrão Felipão" do PT

Dilma Rousseff e seu “padrão Felipão” de governo é um conceito que merecia ser estudado nas escolas de administração. A presidente encontrou uma ótima definição para o que vem fazendo nesses quase quatro anos. A comparação vale pelo que traz de ensinamento sobre falta de capacidade de gestão e dificuldade extrema para qualquer planejamento. Também é muito parecido o deslumbramento sem nenhum apoio na realidade. A grande diferença é que o técnico da Seleção Brasileira dispunha de alguns craques, algo que ela nunca teve em seu governo.

E essa falta de gente com conhecimento dos assuntos sob sua responsabilidade pode ter sido uma razão dela ter se metido nesta enrascada de colar sua imagem a um técnico que mesmo quando ganhou a Copa das Confederações não era engolido por muita gente que entende de futebol. Se Dilma tivesse, por exemplo, um ministro dos Esportes que de fato fosse um conhecedor dos temas de sua pasta, numa rápida reunião ele poderia fazê-la entender que Felipão não era tudo isso que ela estava pensando. E que na Copa do Mundo enfrentando seleções de primeira linha seu “padrão” poderia se estrepar.

Naqueles dias de seu fascínio com o “padrão Felipão” analistas sérios da imprensa esportiva já faziam rigorosas críticas à condução da seleção e no geral apontavam como defeito exatamente a falta de um padrão que pudesse ser identificado e muito menos ser tomado como modelo a ser copiado. E não era preciso ser um especialista para saber que os bons resultados até então vinham dos talentos individuais, além do Brasil não ter topado até então com adversários bem preparados.

Porém, cercada de “Freds” e sem nenhum Neymar, Dilma carimbou na própria testa o tal do “padrão Felipão”. No dia que soltou esta besteira, a presidente tinha ao lado Gleisi Hoffmann, que foi sua ministra da Casa Civil por mais de dois anos. Ela aparece na foto da cerimônia. A ministra sempre foi um “Fred” de nariz empinado. Gleisi reveste sua superficialidade com um ar de eficiência que permitiu até agora que ela venha subindo na carreira. Mas na prática o resultado é tão desastroso quanto o do Felipão. Como marca sua na Casa Civil o que ficará lembrado é o assessor especial que levou para trabalhar no gabinete ao lado da presidente da República. O assessor Eduardo Gaiveski era conhecido dela há muitos anos. Acabou sendo preso no cargo, acusado de estupro de menores. Está até hoje na cadeia.

Outra contribuição sua no governo foi o grande poder concedido a André Vargas, o deputado petista que caiu em desgraça depois da Polícia Federal descobrir suas estreitas relações com um doleiro que está preso e acusado de vários crimes. Vargas é do grupo de Gleisi Hoffmann e durante muitos anos fez política na companhia dela no Paraná, base eleitoral dos dois. O crescimento acelerado do prestígio político de Vargas no governo federal e no partido se deve à estreita parceria com Gleisi e o marido, o ministro Paulo Bernardo, chefe incontestável do PT paranaense. Antes do escândalo que derrubou o deputado petista, o projeto do casal era eleger Vargas para o Senado. Mas disso pelo menos os paranaenses estão livres, graças à polícia e a imprensa. Mas o perigo ainda não acabou de todo. Gleisi Hoffman é candidata ao governo do estado e terá ao seu lado a máquina federal do PT e muito dinheiro para campanha. O Paraná ainda corre o risco dela implantar no estado o “padrão Felipão” de governo.
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POR José Pires

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A derrota do "ame-ou ou deixe-o" do PT

Que o governo do PT é incompetente já é um fato conhecido. Os problemas se acumulam e as dificuldades vão além do limite do razoável, em razão da falta de reação do poder público. Até com questões muito graves já se convive como se fossem dramas naturais do cotidiano. Isso acontece, por exemplo, com os absurdos 50 mil homicídios e os mais de 50 mil estupros anuais sendo absorvidos como se fossem estatística fria. Este conformismo do brasileiro com a desgraça advém da falta de confiança na capacidade desse governo em várias áreas. A novidade que apareceu agora é que os companheiros também não sabem nada de futebol.

O governo do PT pretendia fazer dessa Copa do Mundo um instrumento para atingir dois propósitos favoráveis à reeleição de Dilma Rousseff. Primeiro, obviamente queriam faturar com a vitória do Brasil. Mas esta vitória serviria também para manipular a animação popular, usando-a como escudo contra as críticas à falta de eficiência do governo e a ausência de respostas aos problemas que explodem em todos os cantos. Antes do início da Copa eles já vinham utilizando de forma agressiva esta tática, na tentativa de desqualificar as críticas à desorganização e ao mau uso do dinheiro público. A presidente Dilma Rousseff e Lula fizeram uma dobradinha para tachar qualquer questionamento como “catastrofista”.

Numa eleição com um dos candidatos buscando a reeleição é evidente que sucesso dos demais postulantes depende diretamente da insatisfação do eleitor e para isso é preciso que a oposição aponte os defeitos do governo. Ora, um governo colado ao sucesso de um time numa Copa do Mundo tem uma blindagem perfeita, ainda mais quando isso acontece tão próximo da hora do voto.

Na falta de argumentos políticos e administrativos para se contrapor às críticas, a conquista da taça serviria como um instrumento para desqualificar a exigência do debate sobre os problemas nacionais. Para abafar os erros, a incompetência e a corrupção usariam o escudo da Seleção Brasileira. Eles já vem tentando há bastante tempo tachar qualquer questionamento como fruto de ressentimento ou opinião de pessimistas. Para isso usam militância treinada e profissionais de propaganda e comunicação que infernizam a internet.

Com maquinações desse tipo o governo e o partido podem ser confundidos com o Estado e a própria Nação. É uma jogada canalha e já foi usada por regimes totalitários como o nazismo e o comunismo. No Brasil, isso também foi feito pela ditadura militar, com a conquista do tricampeonato mundial em 1970. O “ame-o ou deixe-o” da ditadura teve como suporte o escrete verde-amarelo. Na época, críticas de brasileiros que lutavam pela democracia no país também eram classificadas como pessimistas e contrárias ao Brasil.

O PT tentou fazer algo parecido. Com o governo colado ao sucesso da seleção de Felipão e Neymar as críticas poderiam ser dribladas até bem perto da eleição. Já deviam ter para isso até material pronto que teve que ser engavetado. O marketing parecia tão eficiente que Lula não se conteve e soltou em discurso numa plenária do PT a famosa frase: "Para a desgraça deles, o Brasil vai ser campeão do mundo no dia 13”. Olha o dia que eles arrumaram para a decisão. Porém, o deslize tipicamente lulista atropelou o andamento da maquinação, que exigia um ambiente favorável para dar resultado. Dilma fazendo o “É tois” e outras palhaçadas também foram antecipações arriscadas, aí já decorrentes da manifestação mal calibrada de Lula.

Com isso, os companheiros mostraram que de futebol eles também não entendem. Não servem nem pra dar palpite em bolão. Na ditadura o Brasil tinha um timaço. E agora, desde o primeiro jogo dava pra notar sérias deficiências nesta seleção. O único fator imprevisível foi o número de gols que tirou os brasileiros da disputa do primeiro lugar e demoliu o plano petista de fazer da conquista desta Copa do Mundo uma facilitação para continuar no poder.
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POR José Pires

sábado, 12 de julho de 2014

A história se repete como piada

Em meio a mais uma lamentável derrota da Seleção Brasileira apareceu a notícia da prisão da Sininho, a Elisa Quadros Sanzi, aquela que esteve metida nas manifestações de rua de fevereiro, quando morreu o cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes. Sininho ficou famosa depois de aparecer na delegacia logo que foi preso um dos black blocs envolvidos na morte. Ela foi até lá oferecer advogado de defesa ao acusado. Sininho foi presa neste sábado em operação policial de segurança da Copa do Mundo. Segundo a polícia, ela planejava atos de vandalismo e para isso teria comprado fogos de artifício por telefone. Foi um artefato desses que causou a morte do cinegrafista.

O amadorismo desses extremistas de esquerda mostra que no Brasil não é como farsa que a História se repete. Ela volta como piada. Os ineptos faziam compras por telefone de material para ser usado nas manifestações. Este amadorismo lembra as surpreendentes mancadas da esquerda armada nas décadas de 60 e 70. Quando vejo uma dessas figuras que participaram da luta armada no Brasil dando entrevista como se tivessem participado de uma epopéia heróica, costumo lamentar que não haja um jornalista para questioná-los sobre as inumeráveis burrices feitas naquela época.

Ativista fazendo compras por telefone lembra o que a esquerda armada fazia na época da ditadura militar. Muda muito o grau do risco, é claro. Gente como Sininho posa de radical sem correr quase nenhum risco. O pessoal da luta armada podia ser morto, sofrer torturas, e isso de fato aconteceu com muitos. Mas as burradas da esquerda armada foram também fenomenais. E pouco se fala disso.

Uma das ações mais famosas desse período foi o sequestro no Rio do embaixador americano Charles Elbrick. O chefe da operação foi Franklin Martins, esse mesmo que foi ministro da Comunicação Social do governo Lula. Na época, Franklin Martins já era um homem de raciocínio rápido. Um dia ele soube que o embaixador passava diariamente por uma rua de Botafogo e teve a ideia de sequestrá-lo. Gênio, não? E da sacada até a efetivação do sequestro foram apenas trinta dias. Pode-se dizer que foi uma das idiotices mais rápidas da nossa história recente. A ação foi executada pelo MR-8 e a Aliança Libertadora Nacional, a ALN, chefiada por Carlos Marighella.  

Marighella não foi consultado e nem avisado da ação. Existem passos maiores do que a perna. Pois este foi um salto bem além do que podia qualquer organização armada. A esquerda estava esfacelada, já com muita gente presa e muitos mortos. Não tinham estrutura alguma. Num momento que exigia a recomposição de forças fizeram uma das operações mais ousadas da América Latina, que deu numa reação pesada da ditadura. Polícia e exército ocuparam o Rio, montando barreiras e patrulhando ruas e estradas. Sem saber de nada, Marighella poderia ter sido preso numa dessas barreiras. Nas primeiras 78 horas do sequestro aconteceram 1800 detenções. A ação tem outras mancadas, inclusive o erro de terem feito uma lista de presos muito reduzida. A ditadura daria mais pelo embaixador. É uma lista longa de equívocos. Existe o testemunho de um esporro dado por Marighella, quando ele foi profético. O chefe guerrilheiro disse o seguinte: “Vocês fazem uma ação dessas e eu não sei de nada! Poderia ter sido preso na Dutra. Não vamos aguentar a repressão que vem por aí”. De fato, não aguentaram. O próprio Marighella foi morto pouco tempo depois, vítima também de erros primários de segurança.

Esses deslizes parecem ser uma sina da esquerda, como deu para ver na prisão do grupo de extrema-esquerda que tem Sininho como estrela-guia. Agora estão até pedindo material por telefone. Será que já tem delivery de coquetel molotov? A gente tem que rir, mas sempre fica a preocupação sobre o que mais pode estar por vir. Até porque, assim como aconteceu no passado, o país inteiro é que acaba sofrendo as consequências das porralouquices dos companheiros.
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POR José Pires