quinta-feira, 30 de junho de 2011

A filha do Che Guevara e suas conversas à sombra do muro de Berlim

A imprensa brasileira publica umas coisas que não tem cabimento. A Folha de S. Paulo publica hoje uma entrevista com Aleida Guevara, uma matéria longa que o jornal disponibiliza na internet. Aleida Guevara é um daqueles fenômenos estranhos da mídia. Se formos matutar quem é essa senhora, não dá para sair do fato dela ser filha de Ernesto Che Guevara, mas lá vai a Folha publicar uma entrevista imensa com alguém que não tem absolutamente nada a dizer sobre Cuba, a não ser chavões que estão ultrapassados até na retórica de Fidel Castro.

A entrevista é um amontoado de lugares-comuns sobre o falido comunismo da ilha cubana, com bobagens que eu não lia há algum tempo, um discurso que está ultrapassado até em Cuba. Artistas de lá que sempre defenderam a revolução cubana, hoje já fazem críticas ao modelo e até se queixam da morosidade da abertura política prometida pelos dirigentes. O cantor Pablo Milanés é um desses cubanos que percebem que o modelo pifou.

Já Aleida Guevara ainda traz a velha fachada stalinista que, pelo jeito, ainda se mantém de pé em Cuba. Nisso puxou ao pai. Pessoas que se encantam com o mito do guerrilheiro romântico e até doce que muitos vêem no Che se horrorizariam se soubessem como ele era na verdade. Guevara sempre foi mais duro que Castro. No plano internacional, Fidel Castro teve maleabilidade para perceber o ponto em que findava o papel de Cuba como exportadora de revolução pelo mundo. Guevara não tinha esse discernimento e provavelmente este foi um elemento forte na sua saída de Cuba para a Bolívia, o que na prática acabou sendo um afastamento político dos novos rumos que tomava a revolução cubana.

Che Guevara é um dos mitos mais equivocados do século 20. Nada do que ele fez deu certo. Até seu papel na revolução cubana é superestimado, mas, de qualquer forma, o que ele fez depois como dirigente foi um desastre. Em 1967, quando soube onde Guevara estava, o escritor Mario Vargas Llosa, que vivera muitos anos na Bolívia, comentou sobre os problemas que o guerrilheiro encontrara no espaço geográfico que escolhera para lutar: "Não há alternativa, ou ele se deixa capturar ou morre. Está sem saída. O que ele fez é suicídio". E era um amigo que dava essa opinião. Vargas Llosa só iria romper com Cuba em 1971.

Mas falávamos da entrevista da filha do guerrilheiro. Bem, numa conversa com Aleida Guevara não dá para extrair nem o testemunho familiar sobre o pai. Ela não conviveu com ele. Fala do pai como qualquer outra pessoa encantada pelo mito estampado em camisetas.

No meio da entrevista a jornalista tentou desencavar alguma novidade sobre a estada do venezuelano Hugo Chávez em Cuba para o já se previa ser um sério tratamento de saúde, talvez de um câncer, mas nem aí foi possível dar uma levantada na conversa com Aleida Guevara. O que saiu sobre Chávez foi uma das mentiradas, entre o que ela contou sobre o processo político em Cuba — que é claro que na sua opinião é o mais democrático do mundo.

O presidente venezuelano foi para Cuba fazer uma operação de joelho, ela garantiu. E ainda aproveitou para comentar a necessidade de tempo para a recuperação de uma operação como esta. "Necessita de tempo para recuperar-se. Tem o peso do corpo...", ela disse. E a filha de Guevara ainda se apresenta como médica. Mas faltou combinar o logro com o doente.

Nem deu tempo da entrevista virar jornal de ontem. Hoje mesmo Hugo Chávez foi para a TV cubana e assumiu que está com câncer. Mais um pouco e é capaz da filha de Guevara ficar sabendo que o muro de Berlim já caiu.

Mas uma informação interessante é a razão da estada de Aleida Guevara no Brasil. Ela veio para um evento ecológico em Londrina, no Paraná. Isso eu já sabia e já andava bem temeroso que a notícia se espalhasse. Foi um evento do MST e da Via Campesina, abrigado numa universidade pública estadual.

Só faltava essa. A esquerda brasileira tem desmoralizado tantas causas importantes para a humanidade, mas até agora andava distante da ecologia, até porque o governo petista não tem nenhum compromisso real com a defesa do meio ambiente. Muito ao contrário, é um governo que se arroga um desenvolvimentismo dos mais tolos, tão indecente que acabamos não tendo de fato nem o desenvolvimento. Mas a lorota tem servido como justificativa para a destruição do meio ambiente brasileiro.

Mas como essa esquerda é uma praga, não duvido que desmoralizem também a luta ecológica. Já estão trazendo companheiros de Cuba para ajudar.
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POR José Pires

terça-feira, 21 de junho de 2011

Progressistas do bem-bom

Eu sou de uma época em que ser progressista exigia mais esforço do que acontece hoje em dia. Fazer imprensa alternativa na época da ditadura militar, por exemplo, dava um trabalhão danado, além naturalmente dos riscos inerentes ao ofício de combater o governo. Esses jornais eram chamados também de imprensa progressista ou imprensa nanica, mas tanto faz o rótulo. O produto dava sempre muito trabalho.

No geral ganhava-se pouco e em algumas publicações era preciso até botar dinheiro do bolso. Hoje em dia podem até dar boas histórias aquelas madrugadas passadas em redação de jornal alternativo, mas não era nada divertido. É o caso do semanário Movimento, cuja censura-prévia exigia a feitura de duas ou três edições inteiras por semana para que fosse possível escapar uma das mãos dos censores. Daí então havia todo o trabalho da edição, até o jornal seguir para a impressão e daí para os leitores.

É bom lembrar a rapaziada progressista que nesta época os jornais eram produzidos com máquina de escrever e os desenhos, apesar da ditadura, eram feitos à mão livre. A diagramação e arte final dos jornais também só eram possíveis de se fazer do mesmo jeito. E o único modo de alguma coisa chegar a Brasília, onde era feita a censura, era dentro de um pacote enviado por avião.

Tinha também os riscos para a integridade física. Hoje dá para ver como era a coisa. Até bem próximo do final do regime, eles ainda estavam matando. As mortes de Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho mostram com exatidão o risco de lutar pela liberdade de expressão naqueles tempos.

Hoje, ser progressista está bem mais fácil. Nesta semana fizeram em Brasília 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas. Para ser mais exato, auto-denominados blogueiros progressistas. Também são chamados de blogueiros sujos, o que ficou bem marcado principalmente na última eleição, mas desse nome eles não gostam. Por isso usam aquela velha tática de assumir o apelido para amenizar o estrago, mas não parece estar dando certo.

A bem da verdade, o encontro foi feito com dinheiro público, o que não combina com o adjetivo "progressista". Aliás, se o sujeito for mesmo progressista até vai concordar que o blogueiro que faz algo assim é mesmo um blogueiro sujo.

O ex-presidente Lula esteve lá, dando seu plá aos "brogueiros", como ele chama esta nova categoria de companheiros. O deputado cassado José Dirceu também compareceu. Ambos desceram a lenha na imprensa, é claro, que mais poderiam fazer num encontro de "brogueiros" progressistas?

Dirceu estava impossível. Lembrava seus tempos de dirigente estudantil, mas só no discurso, evidentemente. E, felizmente para todos, vivemos numa época em que, como já disse, está uma baba ser progressista. Fosse noutros tempos e sob uma ditadura, o companheiro Dirceu já se deslocaria até a padaria da esquina para encomendar 1800 pães, 7 quilos de queijo fatiado (fatias finas, por favor, ô português!) e 9 quilos de mortadela também fatiada, para alimentar os participantes do encontro clandestino. E aí o comandante Dirceu melava o encontro dos blogueiros progressistas, como ele fez em Ibiúna na década de 60.

Mas hoje, felizmente, existe liberdade até para criar fantasmas para dar um clima combativo num encontro de blogueiros governistas muito bem apoiados em verbas do Estado. Dirceu aventou a hipótese de um combate violento pela liberdade de expressão. A fala do ex-capitão do Lula que praticamente saiu chutado do governo sob o escândalo de corrupção do mensalão: "Se não travarmos essa batalha, ela não será travada. É hora de dar um grande salto, partir pra mobilização. Estou disposto a travar essa luta junto com vocês”.

É tudo conversa. Os blogueiros governistas são, em sua maioria, ligados de uma forma ou outra aos benefícios de governos petistas variados, inclusive o federal, e de sindicatos. Muitos recebem em seus blogs anúncios pagos de estatais. Outras facilidades financeiras também acontecem, até mesmo empréstimos tão facilitados quanto dinheiro do Banco do Brasil na mão de fazendeiro com boas relações com a bancada ruralista.

E todos agem como peixes-pilotos seguindo tubarões como Dirceu, que indicam pautas e apontam o conteúdo que cada um deve publicar. É um esquema muito bem controlado e que segue o tom que os chefões ordenam. Dá até para visualizar o organograma do esquema quando surge um assunto do interesse dos que mandam hoje no PT e no governo.

A mamata, porém, precisa ter ares de grande batalha progressista para que a tigrada se anime e também não perca a auto-estima, afinal não é nada meritório ser capacho de governo algum.
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POR José Pires

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O STF no país das maravilhas

Um estrangeiro que tenha notícias do Brasil lá em sua terra deve pensar que vivemos por aqui no melhor dos mundos. Um europeu deve ter até vontade de se mudar correndo para cá, pois país liberal como o nosso, com tantos direitos assegurados, ah, país assim não existe nem nas Oropas.

Pois o nosso Supremo Tribunal Federal (STF) passou uma tarde inteira julgando a marcha da maconha. Engraçado é que sempre que aparece alguma notícia sobre a lerdeza dos ministros para julgar processos importantes, vem a história de que todos estão assoberbados de trabalho.

Agora passaram a tarde discursando sobre a liberdade de expressão para sair na rua marchando em favor da liberação da maconha. Tem gente que perde a tarde fumando maconha, vá lá, mas o nosso STF pode passar a tarde discutindo marcha da maconha? Parece coisa de um STF que não tem nada pra fazer.

Os juízes não economizaram na empolação. "A liberdade é mais criativa que qualquer grilhão, que qualquer algema que possa se colocar no povo", disse Carmen Lúcia, que, como se vê, nesta questão da liberdade ainda está nos tempos dos grilhões. Ora, mas se é para falar em "grilhão", então podiam passar a tarde discutindo o trabalho escravo.

E o ministro Marco Aurélio Mello mandou ver: "Mesmo quando a adesão coletiva se revela improvável, a simples possibilidade de proclamar publicamente certas ideias corresponde ao ideal de realização pessoal e de demarcação do campo da individualidade”.

De onde um ministro desses do STF está falando? Quando vejo uma coisa dessas fico sempre esperando aparecer saltando no plenário do STF um coelho apressado com um relógio na mão, uma lebre maluca, um chapeleiro louco e a Alice correndo para lá e para cá sem entender nada.

Não é para um europeu ficar doido de vontade de morar num lugar desses? Mas o lado cômico é que, mesmo isolados do Brasil lá no planalto e falando para aparecer na imprensa, nossos togados paladinos da liberdade de expressão, terão depois que sair do STF muito bem escoltados. E devem morar em fortalezas muito bem seguras, é claro.

Fora do país das maravilhas do STF não temos um cotidiano com liberdades básicas asseguradas. A bem da verdade, aqui não se tem o direito nem de receber um serviço que foi pago. Marcha da maconha está liberado, mas não se pode querer tudo, certo? Alguém sensato deveria ter um pouco de pudor ao manejar discursos. E neste caso esta tarde no STF tem mesmo a ver com o assunto tratado. Parece papo de maconheiro. São apenas palavras vazias, palavrório que não se aplica. Foi só lero lero esta tarde da maconha no STF.

Eu poderia puxar várias frases do que se falou nesta tarde no STF, mas vamos ficar apenas com essas duas, já que os discursos acompanharam esse tom. Os ministros foram fundo trololó liberal. E o resultado do julgamento todo mundo já conhece: por oito a zero pode-se sair nas ruas defendendo o uso da maconha.

E isso num país em que tem gente pacífica sendo morta por defender o meio ambiente, como acontece nas regiões em que se pensa numa anistia para desmatadores que são também implacáveis matadores. Porque não anistiar logo as duas práticas? Ou então aplicar lá na Amazônia o palavrório do STF. Como é mesmo o negócio aquele negócio "realização pessoal e de demarcação do campo da individualidade". Pô, bróder com essa o Aurélio Mello matou a charada... ou será xarada? Sei lá, mano, passa o bagulho aí.

Distante desse país das maravilhas temos também o país real em que comunidades inteiras vivem sob o domínio de milícias, em comum acordo inclusive com setores da polícia. A decisão do STF, embasada em palavrório tão pomposo, vai valer também para esses cidadãos desesperados ou esse negócio de acabar com "grilhão" é só para marcha da maconha?

Digo sempre que essa piada que fizeram com o Brasil só não é engraçado porque moramos na piada. Com a decisão do STF em alguns lugares o maconheiro terá todo o direito de expressar a tal “liberdade mais criativa que qualquer grilhão”, mas não tem direito algum sobre sua vida cotidiana.

Pode ir tranqüilo para a marcha da maconha, mas nos outros assuntos tem que prestar contas pra milícia ou para o traficante. E desse respeito imposto pela força depende sua integridade física. As palavras do STF não significam nada fora do país das maravilhas dos togados.

Marcha da maconha, tudo bem. Mas tem que pagar pedágio para o bandido, a taxa do gás e da TV a cabo para a milícia e, no caso de quem vive numa condição livre de problemas desse tipo, tem que pagar o imposto para o vereador gatuno, para o prefeito ladrão, o governador corrupto e... bem, tem que pagar o imposto para o governo federal do PT.

Nem vou entrar no mérito dessa decisão do STF. Mas temos que ver o lado cômico desse país de fantasia que é apresentado todos os dias por nossas autoridades de qualquer área, pois realismo não é o forte em setor algum hoje em dia. O Brasil é um país em que não existe diferença alguma entre articulação política e pescaria.

Mas, fora desse país das maravilhas do STF, a realidade é outra: a corrupção domina a política, corroendo as estruturas do país e desmoralizando a administração pública; o crime campeia pelo país afora e a violência se instalou em nossas cidades impondo um cotidiano triste, com mortos e feridos no trânsito, em assaltos, em ataques sexuais, na eliminação física de adversários políticos, e até na destruição física pelos motivos mais banais.

A lista de barbaridades é grande, poderíamos falar de questões ambientais, da infra-estrutura do país demolida, das dificuldades na educação. Os problemas são dos mais variados. Daria bastante assunto para esta tarde no STF. Se eles não estivessem ocupados com a marcha da maconha, é claro.
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POR José Pires

Perguntar não ofende, mano

Mas que com a decisão do STF tem uma pergunta que não quer calar, ah, isso tem. Agora que está liberado, o Fernando Henrique Cardoso vai na marcha da maconha?
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POR José Pires

sábado, 11 de junho de 2011

Promoção

A transferência da ex-senadora petista Ideli Salvatti do ministério da Pesca (esse merece um sic: sic) para o ministério das Relações Institucionais (mais um sic: sic) é um ótimo objeto para a análise sobre a falta de quadros que sofre o PT. Ideli Salvatti subindo de posto num governo já diz tudo.
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POR José Pires

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Devagar com as tendências, companheiros

Artigo de José Dirceu espalhado pela internet avisa: "Vitória de Humala confirma tendência na América Latina". A tendência de que fala o deputado cassado por falta de decoro é de — todo mundo sentado, que é para não cair com o espanto — "transformações históricas na América do Sul". A maluquice de botar América Latina no título e falar da América do Sul no texto é por conta dele. Devem pensar que é a mesma coisa, mas é melhor para o México que seja América do Sul, pois assim eles ficam livres dos vaticínios do chefe do mensalão.

Mas petista tem dessas coisas. Tudo para eles é "tendência", como se a roda da história girasse impulsionada por seus maus textos. O pior é quando metem o país em discussões que na verdade nada tem de importante. Lembram do homem do chapéu de Honduras? Pois é, quanto tempo perdido com aquela conversa.

É tendência para isso, tendência para aquilo, sempre que um cupincha ideológico deles vence alguma eleição eles vêm com essa lorota de "tendência".

E falando no assunto específico do ex-capitão do Lula que saiu chutado para fora do campo, por pouco Keiko Jujimori não leva a faixa no Peru. Se isso acontecesse a "tendência" seria qual? Bem, aí Dirceu amoitaria esse negócio de "tendência".

Outro que era uma "tendência" de transformação aqui pra baixo era o presidente da Bolívia, Evo Morales, mas parece que o cocalero se aquietou. Resolveu diversificar: agora não é só coca. Entrou no ramo de carros roubados. Anteontem ele promulgou uma lei que legaliza cerca de 200 mil carros contrabandeados para a Bolívia, a maioria roubados no Chile e no Brasil.

Morales diz que fez a lei para os pobres. Sempre é assim. Não é difícil que ainda ouçamos um dia um mensaleiro dizer que aquela grana toda era em favor dos pobres. "Todos temos direito de ter nosso carro", disse o presidente boliviano ao promulgar a lei. É a mesma conversa de qualquer ladrão de carro.

Bem, se até agora 200 mil carros roubados rodavam tranquilos por lá era porque o governo boliviano fechava os olhos para a ladroagem. Será que isso também é uma "tendência" desses governos transformadores?
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POR José Pires

Afinal surge a Dilma da Dilma

Tenho a certeza de que muitas pessoas sensatas devem ter a mesma impressão que eu tenho e se perguntarem se o que ouvem é mesmo verdade, que vão convidar a ex-senadora Ideli Salvatti para o ministério das Relações Institucionais, uma pasta essencial para a articulação com a classe política e também com os partidos.

Mas parece ser isso mesmo. Na internet até já se lê a justificativa da presidente Dilma Rousseff: "Ela [Ideli] tem personalidade, tem autoridade, é firme". Parece mesmo uma avaliação da Dilma, que tem o estilo brucutu de elogiar indivíduos de uma forma que parece estar dando um pito na equipe toda. Se para nomear a Ideli Salvatti para o ministério contam essas qualidades básicas de qualquer dirigente, então parece que Dilma está dizendo que o resto da sua equipe carece dessas coisas.

Como todos sabem, gosto de ajudar o governo, por isso já voi dizendo que a idéia é uma besteira sem tamanho, ainda mas que a Ideli Salvatti está tão bem no ministério da Pesca. Já explico: lá na Pesca ninguém ouve falar dela e o melhor para o governo é que alguém como a ex-senadora desapareça de vista.

Bem, eu sou contra só porque não tenho interesse direto na questão, mas quem sabe que pode colher muita coisa no maremoto que virá se Ideli Salvatti trocar as pescarias pelo ministério das Relações Institucionais até tem que se segurar para não aplaudir aos berros.

O vice-presidente Michel Temer já deu seu apoio. "Presidente, o PMDB lhe deixa à vontade. Quem a senhora escolher terá nosso apoio", ele disse. Bem, Temer aplaudiria até se a Dilma escolhesse o Delúbio Soares. Já faz décadas que o vice-presidente, ele e seu PMDB, estão trabalhando com as circunstâncias críticas dos governos para irem se fortalecendo. Em alguns casos até empurram governantes para decisões insensatas que aumentarão o poder deles mais adiante.

E o Temer, não sei não, nada a ver com essa troca de ministros, mas dá a impressão de que ele sabe de algo mais, talvez relativo à saúde de alguém, que o tem deixado bastante tranquilo quanto a seu futuro.

Mas, voltando à Ideli Salvatti e já que falam tanto na tal "Dilma da Dilma", ela é a tal da "Dilma da Dilma", pelo menos na grosseria pessoal e numa incapacidade pessoal que brota pelos poros, o que talvez seja de fato a força de atração que junta as duas.
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POR José Pires

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A gestão do toma lá, dá cá

A leitura de sites e jornais dá na gente a impressão de que os jornalistas descrevem um mundo virtual quando falam do governo de Dilma Rousseff. E a cobertura da queda de Palocci, com a surpreendente nomeação da Senadora Gleisi Hoffmann, tem sido uma parte das mais delirantes nesta de ficção.

Acabamos tendo de ler em toda a parte algo parecido com aquela lorota do ex-presidente Lula sobre a "Dilma da Dilma", quando ele comentava sobre Dilma ter cuidado da gestão na Casa Civil enquanto ele fazia política. Bem, já dói bastante essa patada na lógica de que Dilma cuidou da gestão, ou de que Dilma cuidou de alguma coisa, quando todo mundo sabe que menos de seis meses depois dela ter passado a Casa Civil para a amiga Erenice, o então presidente Lula teve que demitir Erenice para abafar um escândalo. E o desastre que foi aquela "gestão" está aí à frente de todos, até com a volta da inflação. Nem Dilma parece estar gostando do que a "Dilma do Lula" deixou para ela.

Se alguém tivesse cuidado da gestão no governo Lula é certo que o Brasil não estaria desse jeito. E nem adianta vir com outras virtualidades, se ufanando de coisas que deviam nos envergonhar, do tipo definir como classe média uma família com renda de um pouco mais de mil reais ou dizer que alguém saiu da pobreza por ter 70 reais mensais no bolso.

Como se já não bastasse essa conversa fiada da "Dilma da Dilma" a gente ainda tem que ler sobre a "experiência em gestão" de Gleisi Hoffmann, a nova ministra da Casa Civil. Quem escreve uma coisa dessas está pensando na pujança do estado do Mato Grosso do Sul ou nas fantásticas inovações administrativas feitas em Londrina?

Londrina é hoje um desastre administrativo, em grande parte pelos caos que o PT deixou em duas administrações consecutivas. E no Mato Grossso do Sul a única novidade administrativa que chamou a atenção no plano nacional foi a aposentadoria vitalícia que o então chefe de Gleisi Hoffmann, o governador Zeca do PR, criou para ele mesmo. Essa herança da gestão do PT no Mato Grosso do Sul felizmente foi anulada pelo STF.

O governo do PT planta uma cortina da fumaça para encobrir a incompetência de uma presidente da República que não consegue nem começar o governo e a imprensa ainda ajuda escrevendo ficções que nada tem a ver com o que está à nossa frente.

O governo de Dilma ou do Lula, qualquer governo nessa triste saga que o PT vem conduzindo de maneira atabalhoada e incompetente, funciona de uma forma que é muito bem explicada na nomeação feita hoje do ex-vice-governador paranaense Orlando Pessuti para o Conselho de Administração do BNDES.

Até agora eles vinham enrolando o ex-governador porque o pobre do Pessuti é pouca coisa politicamente até no Paraná. Mas acontece que é do PMDB o suplente de Gleisi Hoffmann no Senado. E Sérgio Souza, o senador que entra no lugar da ministra, é muito próximo de Pessuti. Foi inclusive indicado por ele para ser o suplente.

É assim que funciona a Casa Civil do governo Dilma e do mesmo modo são conduzidos todos os procedimentos do governo. Esse negócio de gestão só acontece no mundo virtual descrito pela imprensa.
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POR José Pires

PT, um partido muito rico em dinheiro e bastante pobre em inteligência

Falei no post abaixo sobre o empobrecimento dos quadros do PT, do qual a ascenção da senadora paranaense Gleisi Hoffmann é um exemplo prático. Empobrecimento em qualidade humana, é bom ressaltar, porque grana esse pessoal tem muita. O fato é que a turma sobe rápido e por um caminho que não favorece quem gosta mesmo de trabalhar. Até mesmo a ligeira carreira do ministro das Comunicações é uma consequência da eliminação de gente competente dos quadros do partido.

E a nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, cresceu à sombra de Bernardo, que é seu marido, sendo que ambos viveram nos últimos 20 ou 30 anos amparados na proteção material que, no Brasil, um partido político proporciona. Estou falando do PT, mas em outros partidos não é diferente. O PSDB e o DEM, o antigo PFL, até são exemplos mais longevos dessa depauperação de quadros.

Acontece que enquanto o PT foi subindo, passando por câmaras municipais, prefeituras e estados até alcançar o governo federal, foi também elevando esta relação de dependência material entre o indivíduo e o partido, até chegar a um nível que é de dar inveja até às nomenklaturas comunistas que dominaram vários países durante anos.

Este é um processo eficiente no fortalecimento de um partido em um certo período, mas com o tempo começa a apresentar graves problemas na qualidade em recursos humanos necessários para tocar os governos. É o que já estamos vendo acontecer com o Brasil, num processo que vem antes do PT.

Mas no PT a coisa é bem grave. Neste partido geralmente o sujeito começa a vida política sob a proteção de grupos em sindicatos, ali já começa bem cedo a abandonar qualquer aperfeiçoamento na profissão. Depois do sindicato, o militante vive sempre amparado materialmente pelo partido, que o socorre com verbas eleitorais e até bocas em governos ou estatais em caso de alguma derrota política. Nessa toada, quando chega a um cargo de destaque é sempre por meio da força política proporcionada exclusivamente pela atividade partidária. Bem, com uma trajetórias dessas é difícil que alguém alcance algum objetivo sabendo fazer algo que não seja política.

O problema é que o país é que sofre as consequências dessa falta de qualidade humana entre os escolhidos como dirigentes. E não se pense que isso só está acontecendo em atividades regidas diretamente pela política. Hoje o método de se elevar não pelo mérito mas pela prática da militância atinge variadas instituições como as universidades, escolas, já é comum entre o funcionalismo concursado e contamina até empresas privadas.

E falando em precariedade de recursos humanos, dentre as manifestações sobre a queda do multiplicador da própria fortuna, Antonio Palocci, destacou-se uma opinião que também revela o nível a que chegou o PT.

Falando sobre a demissão de Palocci, o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), soltou esta: "Em time que está ganhando, não se mexe".

Este é outro problema quando um partido começa a ter quadros cada vez mais desqualificados. Suas altas lideranças começam a fazer como os políticos do PT, que agora seguem pensadores da estirpe do histórico dirigente esportivo Vicente Matheus, aquele que dizia que "quem sai na chuva é para se queimar".
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POR José Pires

terça-feira, 7 de junho de 2011

Cai Palocci, o multiplicador de riqueza, e entra na Casa Civil uma senadora com uma rica carreira

Como já prevíamos aqui no blog, não vão tornar inimputável Antonio Palocci. Ainda não será desta vez que o já ex-ministro da Casa Civil poderá andar pelado na praça. Agora poderá se dedicar exclusivamente à sua consultoria, mas tenho a impressão de que a clientela vai minguar.

A queda do ministro trouxe a surpresa da nomeação da senadora paranaense Gleisi Hoffmann, mulher do ministro das Comunicações Paulo Bernardo. A nova ministra já começou o serviço com aquela velha lorota de que a presidente quer isso ou quer aquilo. No caso, a ministra disse que a presidente Dilma encomendou a ela "um trabalho de gestão".

Bem, primeiro é de se perguntar então quem é que vai fazer política, porque isso sabe-se de montão que Dilma não tem competência para fazer. E depois, quem foi que disse que Gleisi Hoffmann tem capacidade para o tal "trabalho de gestão"? A senadora tem tanta experiência em gestão quanto em política, ou seja, nadica nas duas. Em gestão, ela fez carreira à sombra do poder do marido. E na política fez carreira montada em muita grana.

A bem da verdade, o casal foi imensamente favorecido pela dilapidação dos quadros do PT, tanto pelas quedas causadas por escândalos de corrupção quanto na expulsão ou debandada de gente mais competente que não teve estômago para suportar a decaída do partido. E a subida de Gleisi Hoffmann agora a um posto tão alto mostra que nem raspando o tacho o PT encontra algum quadro administrativo com um mínimo de capacidade.

Mas Gleisi Hoffmann se elegeu senadora pelo Paraná e até foi bem votada, não é mesmo? Pois eu já disse aqui no blog como é que isso aconteceu. A nova ministra é aquele tipo de político que passa todo o tempo fazendo campanha. Seu grupo domina o PT no estado. Até chegar a eleição a petista fez tanta campanha fora do período eleitoral que o TRE até foi obrigado a alertar o partido para não colocar mais outdoor com a cara dela por todo o estado, como os petistas vinham fazendo.

A vitória de Gleisi Hoffmann ao Senado foi caríssima. Segundo o TSE a petista gastou só um pouco menos que o senador paulista Aloysio Nunes, o mais votado do país e que disputou a eleição em um estado com cerca de 28 milhões de eleitores, mais de três vezes superior ao do Paraná, que hoje está próximo de 7 milhões e meio.

Sua campanha arrecadou R$ 7.979.322,30, enquanto a do senador Aloysio Nunes alcançou R$ 9.193.018,50. A petista foi a oitava maior em arrecadação no Brasil. O dinheiro veio principalmente de grandes empreiteiras. Para se ter uma idéia da bufunfa que alavancou sua carreira, vale comparar com a situação econômica das campanhas dos senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul, um estado ligeiramente acima do Paraná em número de eleitores. Ana Amélia Lemos, do PP, arrecadou R$ 2.938.952,02. O petista Paulo Paim arrecadou R$ 1.985.855,78.

Já o outro senador eleito pelo Paraná, o ex-governador Roberto Requião, arrecadou bem abaixo da metade da fortuna colhida pela mulher do ministro Paulo Bernardo. Requião ficou com R$ 3.098.943,36. A nova ministra da Casa Civil é uma mulher de sucesso, sem dúvida, mas é um sucesso estruturado em muita grana. E sempre foi assim. Na eleição para a prefeitura de Curitiba em 2008, quando teve só 30% dos votos, perdendo no primeiro turno para o atual governador Beto Richa, Gleisi Hoffmann gastou R$ 6,4 milhões.

Bem, esta é a carreira política, muito bem cevada em campanhas milionárias, mas e a gestão? Ela foi secretária extraordinária de Reestruturação Administrativa no primeiro mandato de Zeca do PT, no governo de Mato Grosso do Sul, em 1999, e depois foi secretária de Gestão Pública na administração petista da Prefeitura de Londrina, em 2001. Os cargos foram obtidos sempre na cola do marido Paulo Bernardo, que sempre teve base eleitoral em Londrina, até adquirir poder e mudar de domicílio eleitoral definitivamente.

As duas experiências petistas, em Londrina e no Mato Grosso do Sul, foram imensos desastres. Em Londrina o PT teve dois mandatos que arrasaram a infra-estrutura da cidade e deixaram um rastro de corrupção que afeta até hoje o município. É claro que a responsabilidade não é só de Gleisi Hoffmann, mas, de qualquer forma, tudo isso faz parte de seu currículo.
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POR José Pires

sábado, 4 de junho de 2011

Dando uma mãozinha para o governo do PT

Os leitores mais assíduos deste blog sabem que sempre estou pronto para colaborar com o governo do PT. Se é para o bem do Brasil, não tem problema dar uma ajudazinha, não é mesmo? Ontem mesmo passei a receita de um remédio para esta crise que esgota a saúde do governo Dilma Rousseff, com o escandaloso enriquecimento do ministro Antonio Pallocci. Bastar tornar o Palocci legalmente inimputável. Ele ainda não tem idade para ser inimputável, mas por meio de uma lei o Congresso Nacional pode fazer do ministro-consultor o nosso índio branco.

Vai ser fácil para o governo petista aprovar uma lei dessas. Tirando questões como anistia a desmatadores, eles fazem passar o que querem no Congresso. Além do mais, como o Palocci é um intermediário querido por todos, é provável que até os tucanos dêem uma mãozinha para que o ministro-multiplicador-de-dinheiro possa andar pelado na praça sem sofrer acusações.

Não tem problema de ajudar o governo do PT, repito, apesar de que a falta de contato impede que a gente contribua de forma mais eficaz para que eles não façam besteira. Também sou um bom consultor, apesar de ter apenas minhas dificuldades multiplicadas por 20 nos últimos quatro anos.

Se o Palocci me telefonasse antes de comprar este apartamentaço, por exemplo, nossa conversa seria bem rápida.
— Quer dizer que você pretende comprar um apartamento de seis milhões de reais próximo do pessoal da Folha, da Veja e do Estadão, exatamente na cidade onde esses caras tomam suas biritas e ficam xeretando na vidas das pessoas, é isso, companheiro Palocci?

Certamente Palocci pegaria de pronto o sentido desta dica numa consulta rápida e gratuita, sem a necessidade inclusive de qualquer consulta às comissões de ética ou procuradores-gerais.

Mas vamos ajudar mais. Ontem vi o Palocci no Jornal Nacional. Que a entrevista foi um desastre para ele, isto é uma constatação da qual só os companheiros petistas forçosamente discordam. Não vou dizer que Palocci está destruído por causa de uma aparição patética como foi a de ontem, afinal mais patética ainda foi aquela entrevista do então presidente Lula feita de forma amadora na França, quando ele estava para cair em razão das maracutaias do mensalão.

Mas os tucanos estão até hoje esperando ele sangrar em público. O governo do PT conta com uma oposição covarde e incompetente, como demonstra até aquela manifestação do líder tucano José Serra, ainda no início deste escândalo, naquela estranha fala sobre “variação patrimonial” e sobre ser “normal que uma pessoa tenha rendimentos quando não está no governo”. Sobre a grana alta que Palocci faturou no período em que já detinha altos segredos do governo, Serra disse também que “ele já deu as explicações e saberá dar outras”.

É desta dificuldade que seus adversários têm para fazer oposição que o PT extrai parte considerável de sua força e isso poderá se repetir neste escândalo do ministro que põe o rei Midas no chinelo.

Mas a exclusiva de ontem do Palocci ao Jornal Nacional me deu uma idéia nova. Acho que deviam fechar o Congresso Nacional. Deputados e senadores poderiam ir para casa, o que daria uma economia formidável aos cofres públicos, mas não é por isso que trago essa proposta.

É que como autoridades do governo do PT não aceitam dar satisfação sobre seus atos no Congresso Nacional, que é o foro apropriado para isso, num desrespeito flagrante aos brasileiros, e sempre saem com estas maroteiras entrevistas exclusivas para a Rede Globo, então acho que seria mais prático fechar o Congresso e ficar só com a Globo.
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POR José Pires

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Para Palocci ficar no governo, só se ele for considerado legalmente inimputável

Só tem um jeito de o ministro Antonio Palocci continuar no governo: a base aliada de Dilma tem que torná-lo inimputável. É provável até que os tucanos dêem uma força para isso. Como ele foi sempre o petista mais querido de tantos oposicionistas, um esforçozinho desses não deve pesar para ninguém.

Palocci vai ser o nosso índio branco no Planalto. Poderá despachar pelado na Casa Civil. Receberá políticos da base aliada peladão em seu gabinete. O ex- ministro Sergio Motta (o falecido trator Serjão dos tucanos, lembram dele?) dizia que, por precaução, certos políticos deviam ser recebidos numa sauna onde todos estivessem pelados. O inimputável Palocci vai poder fazer isso no próprio gabinete.

Apesar de que, pelas histórias que se conta da famosa República de Ribeirão Preto, a da mansão em Brasília onde tinha um caseiro honesto xeretando, ali em algumas ocasiões o ministro devia receber os convidados bem à vontade, não é mesmo? Mas deixa pra lá, o fato é que se tornando legalmente inimputável, Palocci vai poder passear sossegado por Brasília, pelado e com 20 milhões no bolso. Sem caseiro e nem imprensa xeretando sua vida.

Não sei se Dilma vai deixá-lo participar pelado de reuniões com ela, mas tudo se resolve. Até os índios em determinadas ocasiões largam o hábito de andar pelados. Vestem um calção de futebol e está resolvido. Isso resolve bem a situação: a reuniões com a presidente Palocci pode comparecer vestido com um calção do Ronaldo, que é mais ou menos o tamanho dele.

Então esse é o mais esperto dos articuladores do PT? O homem cheio de manha, o intermediário habilidoso foi comprar um apartamento de seis milhões de reais em São Paulo e na véspera da posse da candidata que ele assessorou desde o primeiro momento?

E foi comprar o apartamentão logo do lado da Folha de S. Paulo. Isso é que dá político se acostumar com o caráter passivo da imprensa do interior. Com o tempo acaba descuidando.

Com a saída de Palocci do governo cai mais um mito da nossa política. O quase ex-ministro-chefe da Casa Civil nunca foi mais que um intermediário ao gosto do grande capital. Fora isso, nunca passou de um político provinciano que, se nossas câmaras municipais funcionassem de fato e se existisse uma imprensa decente nas cidades do interior, o larápio teria sido brecado já em Ribeirão Preto em razão das tantas ilegalidades que praticou como prefeito daquela cidade.

Não é a primeira vez que Palocci apronta, isso o Brasil inteiro sabe. E em todas as vezes que fez isso demonstrou o espírito pequeno de um homem exageradamente valorizado só pelos serviços que presta para quem tem dinheiro. Foi por fazer a ponte entre os interesses de grandes grupos e de grandes fortunas com os esquemas governamentais do PT, com tucanos e outros oposicionistas tabelando pelo meio, que Palocci conquistou o carinho extremado de tantos. Não foi por alguma qualidade política especial, mas apenas porque faz sem nenhum pudor o serviço sujo.

Palocci servia até ao interesse dos adversários, neste eterno acochambramento que há no Brasil entre os negócios de Estado e os negócios particulares. Sabe-se lá porque, a ponte perfeita que sempre juntou tucanos e petistas foi um homem desses que era da farra orgiástica quando ocupava o cargo de ministro da Fazenda e depois foi comprar apartamento milionário na véspera de assumir a Casa Civil. Que gênio da política, não?

Quando era ministro da Fazenda de Lula, Palocci tinha a frente de si a possibilidade de realizações imensas, e nem estou falando em gestão ética e produtiva, mas de realizações dentro do jogo sem ética que se desenvolve em Brasília.

Mas o que fazia Palocci? Em vez de tocar o trabalho e ganhar o mundo com competência, o ministro levava a vida em orgias na notória mansão da República de Ribeirão Preto, onde rolavam orgias e sabe-se lá o que mais. Eu não estava lá para ver, mas em ambientes do tipo rolam drogas e fetiches dos mais variados. É provável até que por ali ele já despachasse pelado, mas tornando-se inimputável ele poderá fazer isso sem temer o falatório dos vizinhos.

Mas espera lá, sabemos que essa era a vida de Palocci, porque aconteceram coisas que levaram à revelação de tais segredos que se manteriam na sombra se não aparecesse pelos jardins da mansão das orgias um caseiro honesto chamado Francenildo.

E quantos petistas poderosos não levam uma vida parecida à de Palocci em Brasília sem que tenha aparecido nas suas vidas nem um caseiro nem nada que contasse para o Brasil que as coisas não são tão normais como todo mundo pensa?

E quantos também não acumularam fortunas parecidas com a de Palocci, uns mais, outros menos, sem marcar bobeira comprando apartamento de seis milhões de reais em ocasião inoportuna? Muitos deles, disso podemos ter certeza mesmo não tendo à mão nenhuma comprovação.

Um desses pode até ocupar o lugar de Palocci, que pode se manter mais um fim-de-semana no poder, mas vai acordar na segunda-feira contando os minutos que ainda pode suportar de pressão.

Até porque não tem condição de tornar inimputável o levado ministro. Se Palocci apronta desse jeito vestido de paletó e gravata, pode ser bem arriscado permitir que ele ande pelado por aí.
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POR José Pires

quarta-feira, 1 de junho de 2011