Acontece tanta coisa esquisita no governo de Beto Richa, no Paraná, que ninguém se espantou com mais um erro incrível do governador, desta vez com as universidades públicas do estado. O governo de Richa tem uma porção de complicações políticas, até com assessor acusado de exploração sexual de menores, além de quadrilhas de sonegadores descobertas pelo Ministério Público, com a chamada Operação Publicano, na qual foi preso até um primo dele. O tucano responde a inquérito no Superior Tribunal de Justiça sobre estas fraudes. Ele também é citado na Lava Jato, nas delações da Construtora Odebrecht, com o codinome de “Piloto”.
Ultimamente o nosso “piloto” vem fazendo ataques às universidades estaduais, com uma agressividade que aumentou bastante depois de reitores se negarem ao enquadramento numa proposta de maior controle sobre a administração das instituições, com um sistema de controle de gastos centralizado no governo. No debate que se seguiu, Richa e seus aliados passaram a um lamentável jogo de difamação das instituições com dados falsos e invenção de situações absolutamente mentirosas, como a acusação de falta de transparência de cada universidade. Num desses ataques, filmado em vídeo com Richa ao microfone e cercado de uma claque de gabinete, o governador até afrontou o decoro, fazendo um grosseiro ataque pessoal ao reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mauro Baesso. O tucano fez igual um desafeto seu, o senador Roberto Requião, que no governo também insultava professores das universidades.
Na absurda tentativa de colocar os paranaenses contra as universidades públicas, Richa adotou a tática de desmerecer instituições que, ao contrário disso, deviam ser valorizadas pela qualidade que apresentam mesmo em condições muito difíceis. Junto às outras universidades paranaenses, a UEM foi acusada de gastar demais com alunos, com uma cifra impressionante de 9 mil reais em gasto médio por aluno. Numa entrevista que serve como aula inclusive de boas maneiras para o governo tucano, o reitor Baesso, explicou que o número não é verdadeiro, até pelo fato de que para arcar com este custo o orçamento da universidade teria de ser sete vezes maior. Por má-fé ou dificuldade com o raciocínio matemático, o governo Richa apresentou o resultado de uma divisão pelo número de alunos formados em 2014, sem levar em conta a progressão da entrada de alunos durante os cursos, a maioria de quatro anos, mas alguns, como medicina, com seis anos.
Com a polêmica trazida pelo governo, o site da Gazeta do Povo fez um levantamento com o total de estudantes e chegou à conclusão de que o gasto médio nas seis universidades estaduais é de 2 mil reais ao mês por aluno, muito distante do que dizia o governo, em tom de acusação. A estimativa da Gazeta é com base no total de alunos matriculados na graduação e na pós-graduação. Segundo o site, a UEM tem o custo por aluno de R$ 1.989,06. Esta universidade tem 23.881 alunos, um pouco mais que a UEL, que fica em Londrina e tem 20.113 alunos, com custo unitário de R$ 2.302,92. No total, o ensino superior no estado tem 84,8 mil alunos. Estes são os números reais, dos quais o governador poderia extrair bons resultados políticos e administrativos, bastando para isso ter boa vontade. Richa deveria focar o debate na relação de custo e benefício, com a formação de milhares de profissionais todos os anos, sem os quais ficaria impossível tocar o Paraná, com prejuízo certo também para todo o país. Feita dessa forma, a conta vai mostrar com certeza um resultado de lucro social e econômico para o Paraná e o país.
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POR José Pires
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