segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Postado por José Pires às 18:47 0 comentários
Bala perdida e sistema de saúde idem
No
início deste mês escrevi sobre a descambada que a política tem
dado no Brasil em direção ao clientelismo eleitoral, de tal forma que
certas ações políticas que antes causariam escândalo hoje em dia são feitas
inclusive com propaganda. Falei então sobre a anúncio de que no Rio de
Janeiro os imóveis do "Minha Casa, Minha Vida" serão entregues
mobiliados e com eletrodomésticos da linha branca. Como todo mundo sabe, o
estado é governado por Sérgio Cabral (PMDB) e a cidade tem como
prefeito Eduardo Paes (PMDB), ambos aliados do governo federal e muito
ligados ao ex-presidente Lula. O Rio é também o estado onde secretários de governo fazem festas em lugares caros de
Paris acompanhados por empreiteiros. E com o governador Cabral junto.
Foi Eduardo Paes quem anunciou a novidade do "Minha Casa, Minha Vida" com tudo dentro das casas. Não é de hoje que o prefeito vem sendo o símbolo perfeito desta era
clientelista que aí está instalada. Ele foi deputado do PSDB e no início do
governo Lula era um dos críticos mais firmes do PT, o que fazia como líder da bancada tucana. Atacou Lula até
quando parecia que isso resultaria em poder para seu partido. Mas logo
que percebeu que a batalha era mais dura do que parecia abandonou os
colegas tucanos e aliou-se a Lula na maior cara de pau. Dos dois, é claro.
Para ressaltar o que vejo como
falta de atenção ao prioritário , lembrei que enquanto fazem propaganda
de entrega de casas com móveis e eletrodomésticos, no Rio não se tem
acesso aos direitos básicos da população que paga direitinho seus
impostos. Como exemplo, falei que a cidade é uma das mais caras para se
viver no mundo e lá se paga o salário de R$ 1.874 para médico com 20
anos de trabalho no estado.
Pois
ontem saiu a notícia do recorte abaixo, publicada no jornal O Globo. Uma criança de dez anos
atingida na cabeça por uma bala perdida morreu depois de esperar mais de
oito horas por cirurgia. No hospital não havia neurocirurgião, que
faltou ao trabalho. Há um mês o médico já não vinha fazendo os plantões,
com a alegação de que não concordava com a escala feita pelo hospital. A
informação foi dada pelo médico em depoimento à polícia depois da morte
da criança. Ele era o único escalado naquele período quando, segundo o
que disse, é uma determinação do Conselho Regional de Medicina que haja
dois neurocirurgiões por plantão.
A
menina foi vítima de dois grandes problemas brasileiros, ainda mais
graves no Rio: segurança e a saúde. No primeiro caso, além do tiroteio
cotidiano o Rio sofre hoje com o domínio de milícias paramilitares sobre
grande parcela da população. Mas em parceria com o governo federal o
governador Cabral vem ocultando o drama com uma política em que o efeito
propagandístico da ocupação de favela desvia a atenção dos reais
efeitos da violência. Não cabe especular sobre as chances cirúrgicas num
caso deste, mas é um fato que atendimento de saúde desse jeito não
permite uma boa recuperação de ninguém em situação alguma. A criança foi vítima da bala perdida e
do sistema de saúde.
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POR José PiresPostado por José Pires às 18:43 0 comentários
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
Militância da ignorância
Não
se pode perder a atenção ao detalhe. Veja ao lado um corrimão do Kimbell Museu,
belíssimo conjunto de prédios feitos pelo arquiteto Louis Kahn. O museu
de arte fica no Texas e tem como base o acervo deixado pelo industrial
Kay Kimbell, que durante anos juntou uma admirável coleção. Aqui o
corrimão pode ser visto em dois planos. A peça foi prensada numa chapa
inteiriça. O fino desenho moldou no metal a forma antiga de um corrimão.
A
militância azucrinadora saiu tacando pedras em quem escreveu do jeito
certo sobre a diferença entre as curvas modernas que sairam da prancheta
do falecido arquiteto Oscar Niemeyer e a brutal ideologia que esteve
sempre na sua cabeça, mas será que os companheiros da intimidação já
ouviram falar de Louis Kahn? Duvido muito. E digo isso porque além das
grosserias políticas e até pessoais, alguns se aventuraram no terreno
dos elogios à obra arquitetônica do mestre stalinista. É improvável que a
maioria desses malas governistas da internet saiba algo sobre os
assuntos em que se metem com suas grosserias, agindo como paus-mandados
no ataque a qualquer um que não esteja de acordo com as ordens que
recebem de cima..
É
o que dá passar a vida seguindo uma doutrina onde o conhecimento é o de
menos. Quando o que importa é a conquista do poder a pessoa deixa de
prestar atenção ao que o outro escreve ou fala. Sua mente sustenta-se
apenas em slogans fáceis e frases colhidas apenas com o sentido de
firmar uma posição política.
Na
quinta-feira o Estadão publicou um bom texto do Demétrio Magnoli sobre
Niemeyer. É devastador no aspecto político e adentra também na concepção
da obra do arquiteto. Magnoli o situa como um “arquiteto da
destruição”, numa linha que, sempre segundo ele, viria de Le Corbusier.
Discordo em parte do texto. Gosto de Corbusier, que é um antecipador de
Niemeyer e também de Kahn. Mas no artigo de Magnoli tudo é muito bem
fundamentado, como é de costume no que ele faz.
O
que não tem fundamento algum é a idolatria que apareceu agora com a
morte de Niemeyer. É claro que o artigo de Magnoli vem sendo alvo do
mesmo tipo de ataque que foi recebido por quem fez considerações
críticas logo que Niemeyer morreu. E em caso algum os fãs póst-mortem do
arquiteto trazem qualquer argumentação que tenha base ao menos na
sensatez. Não trazem informação alguma, conhecimento menos ainda. É só
grosseria política.
Sinceramente,
eu não sabia que era uma questão programática a blindagem total de
Niemeyer. Já era do nosso conhecimento que o ex-presidente Lula eles
querem inimputável, mesmo que o Supremo Apedeuta se comporte como um
coronel que até nomeia amante para cargo público. Foi uma grande
novidade a entrada de Niemeyer no rol de ídolos que devem ser vistos
como totens ideológicos. Só é permitido prostrar-se à sua frente e babar
de admiração?
Mas
felizmente tem muita gente que não segue ordens de cima e por isso
ainda alcançamos alguma qualidade técnica no debate. É a atenção ao
detalhe e a busca da informação e do conhecimento, essenciais para que
haja discussão inteligente e não bate-boca. Até num velho stalinista
como o arquiteto Niemeyer é preciso prestar atenção no peso da sua
interferência enquanto esteve vivo. Mas isso tem sido feito apenas pelos
que o criticam. Neste assunto repete-se o que ocorre sempre nas
polêmicas em que aparecem os bandos de vozes comandadas para a difamação
e o ataque político e pessoal. Mesmo quem gosta muito de Niemeyer só
vai encontrar boa informação sobre o arquiteto no texto de quem faz com
franqueza a crítica à sua detestável admiração por Stálin e o
totalitarismo.
É
o que vem acontecendo em muita coisa desde a ascenção do PT ao poder
federal e sua contaminação negativa na nossa cultura. No futuro, quando
alguém precisar de conteúdo de qualidade sobre o que aconteceu nesta
época em que vivemos, só vai encontrá-lo nos textos de quem hoje está no
lado oposto ao deste governo e seus lamentáveis seguidores.
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POR José PiresPostado por José Pires às 23:17 0 comentários
Voando mais baixo
Escrevi
aqui sobre o absurdo anúncio da presidente Dilma Rousseff de que seu
governo iria construir 800 aeroportos regionais. Dilma disse isso há
pouco mais de uma semana em viagem a Europa, numa reunião com
empresários de lá, mas já mudou de idéia. Algum assessor mais esperto
deve ter lembrado a ela que o número dava quase um aeroporto por dia até
o final de seu governo.
Agora
a conversa mudou. Não são mais 800 aeroportos construídos, mas 270 que
serão reformados ou construídos pelo governo. Foi feito às pressas um
pacote porque a presidente queria divulgar a novidade antes do Natal.
O
que tem de mais certo é a privatização do Galeão (RJ) e de Confins
(BH), depois dos leilões de Guarulhos, Viracopos e Brasília. No resto a
lorota continua. É difícil acreditar que construam algum aeroporto
regional. O provável é que façam remendos nos que já existem e toquem o
barco, ou melhor, o avião pra frente. E se perceberem algum risco
eleitoral nesta dificuldade em administrar o setor, aí não tem problema
algum. Retomam na maior cara de pau a promessa da construção de 800
aeroportos.
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POR José PiresPostado por José Pires às 23:01 0 comentários
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Azaração duradoura
Até
que enfim a ziquizira do ex-presidente Lula pegou no time certo,
fazendo o Chelsea perder o Mundial de Clubes para o Corinthians. A fama
de pé-frio de Lula nos esportes já é bem antiga. Existe até uma lista de
atletas e e times que ele azarou. Quando ele era presidente da
República o estrago era maior, já que até como algo protocolar os times
iam procurá-lo no Palácio do Planalto como se fossem mosquinhas
visitando uma aranha em sua teia. Não dava outra: Lula pegava numa
camisa do time, dava um abraço num ou noutro atleta e o estrago estava
feito. O time começava a perder jogos importantes, atleta se machucava,
acontecia muita coisa ruim depois da azaração do notório seca-pimenteira. Estou
publicando a comprovação disso tudo nos links abaixo.
Já
escrevi bastante aqui no blog sobre esta terrificante energia do Supremo
Apedeuta. Em junho de 2010 cheguei a alertar o time do Chelsea sobre o
risco e também tive o bom coração de dizer que lamentava bastante o
futuro do craque Lampard, estrela do Chelsea e da Seleção da Inglaterra.
Acontece que naquele mês o então presidente Lula pegou nas mãos uma
camisa do Chelsea, exatamente a do atual capitão do time.
Quem
levou a camisa para o Lula foi Felipe Scolari, o Felipão, que era
técnico do Chelsea. Não acho que Felipão tenha feito a coisa de
propósito, até porque soube-se depois que ele visitou Lula para cuidar
de assuntos pessoais. Mas não devemos deixar de apontar que o próprio
Felipão não parece ter ficado livre da uruca. Foi ele o técnico que
levou o Palmeiras para o rebaixamento para a Segunda Divisão.
Sou
cético quanto à questões sobrenaturais, mas costumo usar meu
pragmatismo para encarar o problema. Em casos assim, penso que é melhor
seguir o ditado espanhol: “Yo no creo en las brujas, pero que las, hay,
hay”. Então lembrei naquele ano de 2010 aos meus leitores que quando a
camisa inglesa caiu nas mãos de Lula, aquilo podia ter decretado o fim
da seleção inglesa, uma das mais cotadas para ganhar a Copa do Mundo
realizada naquela ano.
E
a urucaba já estava mesmo feita. Uma semana depois do dia em que
escrevi aquilo a Inglaterra perdeu de forma inacreditável para a
Alemanha em uma goleada de 4 a 1, sendo eliminada da Copa. O pé-frio
petista havia chutado pra longe a sorte inglesa.
Como
eu já disse, a fama do azarento é de efeito comprovado e não vem de
hoje. Mas eu não esperava sinceramente que sua má energia tivesse efeito
tão duradouro. Lula pegou nas mãos a camisa de Lampard em junho de 2010
e o maléfico efeito alcançou neste domingo o Chelsea no jogo contra o
Corinthians. E fulminou também Lampard, que foi o capitão no jogo em que
os ingleses perderm o título mundial.
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POR José Pires
Link 1, a lista: http://brasillimpeza.blogspot.com/2009/02/lista-que-prova-que-lula-da-azar.html
Link, a entrega 2: http://brasillimpeza.blogspot.com.br/2010/06/inglaterra-pode-estar-na-lista-do-pe.html
Link 3, o azar pega: http://brasillimpeza.blogspot.com.br/2010/06/ziquizira-pega-lampard-e-contagia.html
Postado por José Pires às 15:23 0 comentários
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
De volta à cadeira
No
Brasil sempre dá para piorar do ponto de vista moral. A partir desta
quinta-feira, dia 13, o presidente do Brasil é José Sarney. Ele
assume o cargo porque Dilma Rousseff está em viagem para a França e
Rússia, o vice Michel Temer foi para Portugal e o presidente da Câmara
dos Deputados, Marco Maia, também está fora do país.
É
óbvio que o arranjo de viagens é um mimo do governo petista para o
senador pelo Amapá que mora no Maranhão. É só até domingo, mas não deixa
de ser vergonhoso: José Sarney volta a ser presidente do Brasil. São
coisas que só o PT faz pelos brasileiros.
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POR José Pires
Postado por José Pires às 17:16 0 comentários
A multiplicadora de aeroportos
Os
ares europeus deram uma animada na presidente Dilma Rousseff. Longe do
mensalão, da Rosemary, do Marcos Valério e de tantas outras encrencas
nativas a petista está mandando ver. Depois de dar lições econômicas aos
líderes europeus sobre como eles devem enfrentar a crise que assola
toda a Europa ela disse hoje que vai construir 800 aeroportos regionais
no Brasil. Isso mesmo, desculpem por eu ter dado a notícia antes de
saber se vocês estavam sentados, mas Dilma afirmou que vai construir 800
aeroportos, conforme vocês podem ver na matéria que o El País deu em seu site hoje à tarde. O jornal espanhol ainda informa que Dilma disse
que vai fazer oitocentos “o más”. Ou seja, podem até ultrapassar esta
meta. Pra facilitar o trabalho do marqueteiro 813 eu acho um número bom
de aeroportos construídos.
Vou
repassar uma fala dela publicada pelo jornal: "Brasil es un país
continental, no sólo tiene ferrocarriles. Y hay gente en Brasil que no
pueden moverse en avión. Queremos que todas las ciudades con más de
100.000 habitantes tengan acceso a un aeropuerto que esté a una
distancia máxima de 50 o 60 kilómetros del centro".
Estes
nossos dirigentes vão pra fora do país e soltam lorotas desse tipo. O
europeu que vê a presidente do Brasil falando em ”ferrocarriles” deve
pensar que o nosso país é todo cortado de ferrovias, facilitando a vida
do brasileiro que pode se locomover de trem com toda a tranquilidade
entre uma cidade e outra. E não temos esse tipo de transporte nem para
viagens entre as capitais. E nem vou me aprofundar no estado precário
das nossas rodovias, principalmente as que estão sob a administração do
governo federal, pois todo mundo já sabe como é que é.
Com
o partido de Dilma no poder há doze anos o Brasil está envolvido em um
caos na aviação civil. Viajar de avião hoje é um tormento para o
brasileiro e também um risco de vida. Aeroportos de regiões importantes
do país não possuem nem instrumentos básicos, como o ILS que serve para
orientar o avião durante a descida. Por isso ficam abertos só se o tempo
ajudar. E vem agora a presidente falar em 800 aeroportos novos. Não
soube de nenhum jornalista que tenha perguntado a ela se antes dos
oitocentos vão fazer funcionar os que já existem.
Como
Dilma já completou a metade de seu governo, ela terá de se apressar. A
conta é fácil. A segunda metade inteira não chega a 800 dias. Então ela
terá de queimar etapas para poder inaugurar pelo menos um aeroporto por
dia e tirar uns finais de semana para inaugurar pelo menos meia dúzia.
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POR José Pires
Postado por José Pires às 17:14 0 comentários
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Niemeyer: na política um arquiteto da dureza
Logo
depois da morte do Oscar Niemeyer tenho visto interpretações sobre o
que ele foi que dão a impressão de que em vida o arquiteto era um grande
filósofo, capaz de dissertar com genialidade sobre a arte em que se
destacou e até sobre a existência humana. Pois Niemeyer não foi nada
disso.
Durante
anos li textos dele e acompanhei reportagens e suas entrevistas. Do
Niemeyer sempre lembro uma frase repetida em várias entrevistas naquela
sua dicção que exigia legendas na tela. Era uma banalidade que para meu
espanto foi destacada várias vezes por jornalistas: “A vida é mais
importante que a arquitetura”. Vai acabar sendo marcado por esta
trivialidade e ele merece. Inegavelmente ele foi um grande arquiteto,
mas era banal intelectualmente e em política tinha uma fixação autoritária.
Até
o final da vida Niemeyer lamentava a queda do Muro de Berlim material e
simbolicamente. Seu pensamento político está baseado naquela triste
divisão criada pela oposição entre comunismo e capitalismo. Fechado numa
guerra fria mental, ele não teve inteligência política para perceber
nenhum dos grandes avanços políticos da segunda metade do século vinte. É
tão tosco que nem sequer permitiu-se à compreensão de seu proprio
partido (o PCB) sobre a necessidade de reformar a visão política a
partir das mudanças da conjuntura política mundial.
As
frases suas que vejo correr na internet querem fazer crer que o
arquiteto foi um grande humanista, mas se contradizem com o que ele de
fato foi em política. Até o final da vida Niemeyer defendeu o
stalinismo, modelo político que matou milhões de pessoas na extinta
União Soviética e espalhou pelo mundo um terror que só tinha algo
comparável no nazismo de Hitler.
Ele
adorava a figura de Joseph Stálin. Politicamente era cego às denúncias
dos crimes do ditador feitas pelo próprio governo comunista da União
Soviética ainda na década de 50. Adorava Stálin de tal forma que em 2009
escreveu um artigo exaltando o ditador e neste texto muito ruim usava
como base um livro que dizia exatamente o contrário do que ele pensava.
Imerso em sua obscura idolatria ele viu no livro apenas o que
interessava para seu culto.
Em
política esse era o Niemeyer e não o homem sensível de frases
supostamente humanísticas. E eu só não digo que esse era o Niemeyer
político “na prática” porque felizmente variadas situações no mundo todo
não permitiram que de suas idéias autoritárias brotasse de forma
prática um governo no Brasil.
Niemeyer
não foi um grande teórico nem sobre sua atividade profissional. Não
existem textos seus e nem entrevistas que tragam um pensamento original
sobre arquitetura ou qualquer outra arte. É até incomum na sua área esta
falta de habilidade para discorrer sobre o próprio trabalho. Arquitetos
costumam ser grandes faladores, de tal forma que quando estão sendo
entrevistados ou escrevendo alguns parecem bem maiores do que realmente
são na sua atividade.
Não
é o caso de Niemeyer. Criou obras revolucionárias e algumas muito
bonitas, mas era uma droga para escrever ou falar sobre elas. Mas a
precariedade intelectual de Niemeyer não importa na sua arquitetura. Não
é pela capacidade de teorizar que identificamos o grande artista,
apesar de que sempre é muito bom apreciar alguém que sabe falar bem
sobre sua arte. Mas existem vários excelentes artistas que são parecidos
com o arquiteto brasileiro nessa dificuldade de expressar teoricamente o
que fazem com habilidade quando estão com um lápis, um pincel, uma
régua, um computador, ou qualquer outro instrumento com o qual um ser
humano pode tornar a vida mais bela.
Niemeyer
não é menor por causa disso. Mas para uma melhor compreensão do que foi
esta marcante personalidade brasileira é melhor que não se procure nele
um grande pensador capaz de trazer grandes ensinamentos sobre a vida ou
sobre sua arte. E muito menos sobre política. No seu caso o ponto a ser
refletido é sua arquitetura e a interferência política de seu mito em
várias situações importantes da nossa história e também na arquitetura
até no aspecto profissional. Na sua profissão, vários bons arquitetos
são da opinião de que seu mito sustentava um lobby que acabou sendo uma
influência negativa de várias décadas para a arquitetura brasileira.
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POR José PiresPostado por José Pires às 14:51 0 comentários
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Rosemary: com cartão corporativo e longe de casa
E
agora temos mais essa: Rosemary Noronha esteve no escândalo dos gastos
com cartões corporativos do governo Lula. E ainda tem mais uma: seu cartão
corporativo tinha um endereço de Londrina, onde ela nunca viveu. No
cartão da mulher que foi amante
do ex-presidente (ela se apresentava como "namorada do Lula") consta um
endereço real, o da sede da Sociedade Rural do Norte do Paraná. A
revelação dessa novidade no escândalo veio do senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), que está colhendo assinaturas para a instalação de uma CPI
para investigar a venda de pareceres fraudulentos que tinha a
participação de Rosemary enquanto ocupava a chefia do escritório da
Presidência da República, em São Paulo, por indicação de Lula.
Rosemary
Noronha nunca morou em Londrina, mas a cidade paranaense tem uma
experiência recente de dissabores com o PT. A região é base política
importante de lideranças nacionais do partido. Foi onde o ministro Paulo
Bernardo começou sua carreira política, até obter sucesso e mudar-se
para Curitiba. É de Londrina também o deputado federal André Vargas, que
passou a ocupar o espaço político de Bernardo depois dele virar
ministro. E também tem raízes políticas na cidade a ministra Gleisi
Hoffmann, a mulher do ministro, que o partido pretende eleger
governadora em 2014.
Londrina
teve um inesquecível mandato duplo do PT na prefeitura que deixou a
cidade abalada moralmente, com denúncias de corrupção muito graves e a
destruição de sua capacidade administrativa. Na última eleição,
concorrendo com a irmã do ministro Gilberto Carvalho (que também é
londrinense) o partido nem foi para o segundo turno. Hoje Nedson
Micheleti, o prefeito petista que governou por oito anos, está condenado
pela Justiça e inelegível. De tanta rejeição, nesta última eleição o
ex-prefeito nem podia ser mostrado no horário eleitoral da candidata do
partido, assim como teve que ser totalmente escondido na eleição de
2010, quando o deputado André Vargas tentou ser prefeito e foi rejeitado
pelos londrinenses já no primeiro turno.
A
cidade tem uma especial atenção do PT nacional. Em um depoimento numa
CPI do Senado foi revelado que quando era ministro da Casa Civil, José
Dirceu esteve na cidade em um voô misterioso para entregar dinheiro para
campanha política. Como dá para ver, Londrina tem gente muito
importante do PT. E eis que aparece outra petista muito especial... a
Rosemary.
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POR José PiresPostado por José Pires às 23:38 0 comentários
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Ministro distraído
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi o último a saber do
resultado da operação Porto Seguro, feita pela Polícia Federal e que
pegou Rosemary Noronha à frente de um esquema de fraudes centralizado no
escritório da Presidência da República
que ela chefiava em São Paulo. Rosemary foi colocada neste cargo pelo
ex-presidente Lula e soube-se depois que ela também era sua amante.
Ainda
não se tem a confirmação de Cardozo se ele sabia ao menos do caso
extra-conjugal do chefão petista. O ministro da Justiça é um dos íntimos
do círculo mais restrito do poder petista. Ele foi coordenador da
campanha de Dilma Rousseff e era um dos chamados “Três porquinhos”, o
trio que ficava mais perto de Dilma para que ela não fizesse nenhuma
bobagem. Da trinca poderosa hoje só resta oficialmente na ativa o
ministro. Antonio Palocci caiu por corrupção e José Eduardo Dutra ficou
abilolado logo depois da vitória de Dilma e teve que se afastar da
presidência nacional do PT que então ocupava. Pegou um cargo bem pago no
governo mas sem importância, mas hoje só se ouve falar de seu nome
quando ele escreve alguma besteira no Twitter.
Na
semana deste escândalo por pouco não foi extinto o grupo dos “Três
porquinhos”. Cardozo quase caiu do cargo. Às oito horas da manhã a
presidente ficou sabendo que em São Paulo a casa havia caído no
escritório da sua Presidência. Mas só conseguiu falar com o ministro da
Justiça duas horas depois após insistir muito em seu celular. E ele não
sabia de nada.
Para
mim, o ministro só não foi demitido para não dar mais tempero em uma
crise que esteve aconchegada entre os lençóis do ex-presidente Lula,
passando, é claro, pela cozinha da sua primeira-dama, Marisa. Mas já
ficou bambo no cargo.
O
ministro é incompetente e para saber disso nem precisava aparecer um
escândalo com este. A falência do ministério da Justiça está muito bem
expressa pela violência assustadora em todo o país. Até em cidades
médias ficou perigoso andar pelas ruas depois do pôr-do-sol, num clima
de Idade Média em que os caminhos do brasileiro são atravessados por
criminosos e salteadores. E como já sabemos muito bem, também os cofres
públicos sofrem a ameaça até de quem guarda as chaves.
Nâo
que o ministro não se esforce. O problema é que ele cuida de afazeres
que estão mais para advogado de defesa de criminoso. Foi bastante ativo
durante o julgamento do mensalão pelo STF, mas não na defesa do Estado
que foi assaltado pelos mensaleiros. Ele tentou até apelar para o
coração dos ministros do STF para evitar a prisão de mensaleiros, quando
disse que que preferia a morte a cumprir pena em presídio brasileiro.
Na
crise que atingiu o escritório da Presidência em São Paulo ele também
passou a agir de forma esquizofrênica se formos analisar o caso por
padrões de moralidade pública. Logo que foi avisado por Dilma de que a
casa havia caído em São Paulo começou a fazer um lobby em defesa dos
acusados das fraudes, procurando blindar especialmente Rosemary Noronha.
Passou a semana passada inteira em contato com parlamentares do
governo, cuidando da blindagem de Rosemary no Senado. Coisas do PT: a
PF, que estourou o esquema de fraudes, é subordinada ao ministro, mas
ele age para defender a acusada dos crimes.
Nesta
nova treta do governo do PT, que agora tem até traição conjugal do
ex-presidente no seu infindável enredo de corrupção, o ministro da
Justiça é um dos últimos saber e é até melhor que ele fique na
ignorância. Na forma de governo instalada pelo PT é melhor que uma
investigação em defesa do Estado não tenha o conhecimento do ministro da
Justiça até de ser concluída. Senão ela pode nem começar.
.....................
POR José PiresPostado por José Pires às 23:47 0 comentários
domingo, 2 de dezembro de 2012
Por debaixo dos panos
O
jornal Folha de S. Paulo resolveu publicar o que todos já suspeitavam e
que jornalistas da área política já sabiam: Rosemary Nóvoa Noronha era
amante do ex-presidente Lula. Os dois se conheceram em 1993. Em seu blog
na internet, o jornalista Reinaldo Azevedo diz que "todos os
jornalistas que cobrem política e toda Brasília sabiam que Rosemary
Nóvoa Noronha tinha sido amante de Lula". Ele completa que "se ainda é,
não sei". A Folha publica hoje uma reportagem e também disponibiliza em
seu site o assunto, que deve ser tratado também no decorrer da semana.
Era
só o que faltava em matéria de corrupção neste governo: que o assunto
viesse entre os lençóis do ex-presidente. O jornal está certo em
finalmente trazer aos leitores a razão da estranha influência de
Rosemary no governo e o poder pessoal que ela ostentava inclusive em
situações que nada tinham a ver com seu cargo como chefe do escritório
da Presidência da República em São Paulo. Ela fez várias viagens
internacionais oficiais com Lula sem que sua presença tenha sido
registrada oficialmente no Diário Oficial, o que é ilegal.
A
revelação sobre o relacionamento íntimo entre ela e Lula serve também
como um elemento forte de desmascaramento da hipocrisia que gira em
torno da figura do ex-presidente. Ele é trabalhado de forma mítica pela
propaganda como um homem fraternal, um sentimento que nos últimos tempos
sua máquina de comunicação direcionou com ênfase para o respeito pelas
mulheres e que foi essencial na eleição da primeira presidente
brasileira, a petista Dilma Rousseff.
A
intimidade entre Lula e Rosemary, que até usava a proximidade entre os
dois para se favorecer, expõe a esposa do ex-presidente à uma humilhação
pública. Isso deve influir negativamente entre o eleitorado feminino.
Para ser candidato futuramente, o ex-presidente tem este nó difícílimo
de desatar junto às mulheres brasileiras. E isso depois de resolver as
coisas em casa com sua primeira-dama.
A
mão de Rosemary não está só nas fraudes descobertas pela Polícia
Federal com a Operação Porto Seguro, mas também em outros negócios que
beneficiaram pessoas de seu grupo e de sua família. Ela colocou a filha
em um bom cargo nomeado no governo e também o ex-marido.
A
última notícia sobre sua forte influência foi a interferência para que o
Banco do Brasil contratasse a empreiteira que tem o atual marido dela,
João Vasconcelos, como diretor e um genro como sócio. O contrato é de
mais de um milhão de reais.
Pelo
nível de ambição e a ousadia de Rosemary é provável que muitas outras
coisas graves tenham acontecido e aí está o grande temor de Lula e das
lideranças do PT. O caso, que já vinha sendo chamado jocosamente de “O
bebê de Rosemary”, pode ter mais diabruras.
.....................
POR José PiresPostado por José Pires às 01:32 0 comentários
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