sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Weintraub, um ministro que parece que fugiu da escola

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, já virou uma piada com seus erros de português e confusões que demonstram uma certa deficiência intelectual. Entre várias mancadas graves, ele já escreveu a palavra incitaria com “s”, que virou “insitaria” em uma mensagem no Twitter. Também já se equivocou de um modo ridículo, referindo-se ao escritor Franz Kafka como “cafta”, nome de um prato árabe.

O mais engraçado é que os erros ocorreram exatamente quando Weintraub estava se achando muito esperto, querendo dar uma lacradinha. O ministro acredita que é um bom comunicador, capaz de encarar embates com adversários políticos usando a linguagem de humor. Não passa de um mal educado. Como não tem autocrítica, tornou-se um animado colecionador de gafes. Na semana passada ele teve uma grotesca participação na polêmica entre o governo Bolsonaro e Emmanuel Macron. No Twitter, o trapalhão chamou o presidente francês de “calhorda oportunista”.

Pois nesta sexta-feira o ministro aprontou mais uma de suas trapalhadas gramaticais. Ele enviou um ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com erros risíveis de português. Falando sobre as verbas previstas para a Educação em 2020, Weintraub escreveu duas vezes a palavra “paralisação” com a letra “z”. O ministro também escreveu “suspenção” em vez de “suspensão”.

As gafes seriam lamentáveis para qualquer ministério, mas na sua pasta isso é de doer. O ministro que não se ofenda, mas ele me parece um tanto ágrafo para um educador. E os erros crassos chamam ainda mais a atenção porque o padrinho de Weintraub é Olavo de Carvalho, que fez fama como crítico feroz do ensino brasileiro, dirigindo críticas agressivas especialmente às universidades públicas, segundo ele tomadas por professores comunistas, responsáveis pela péssima formação dos estudantes.

A falência da educação brasileira é uma dessas conspirações internacionais, uma trama diabólica do gramscismo, como costuma dizer Olavo, que chama seus desafetos o tempo todo de “analfabetos funcionais”. Seria interessante saber em qual categoria do analfabetismo ele encaixa um ministro que erra desse jeito a grafia de palavras.

Nessa mesma linha, com agressividade e falta de elegância idênticas, já faz um certo tempo que Weintraub imita o mestre que o indicou para o ministério. Ele manda o pau nas críticas às universidades, destratando professores e estudantes, especialmente os de esquerda, apontados como responsáveis pelo baixo nível de qualidade do ensino.

Claro que suas críticas ficam bastante comprometidas quando ele comete erros crassos que seria inaceitáveis mesmo em um aluno do ensino médio. Caso o professor de um bom colégio recebesse o ofício enviado ao ministro Paulo Guedes, com certeza os pais de Weintraub seriam aconselhados a colocar o filhão em muitas aulas de reforço de português.
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POR José Pires


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O ministro ágrafo, às voltas com seu inusitado e ignaro vocabulário
Foto de Valter Campanato, Agência Brasil

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O Brasil atolado na estrada com Bolsonaro e seu Posto Ipiranga

O governo Bolsonaro já tem uma marca histórica. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da FGV aponta que a recuperação da economia brasileira é a mais fraca em 40 anos. Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira pelo Estadão, o país só recuperou 30% das perdas da última recessão econômica, que foi de 2014 a 2016, período em que a perda foi de cerca de R$ 486 bilhões. Faltam R$ 338 bilhões para que o PIB volte ao patamar pré-crise. Ou seja: falta muito para que o Brasil volte a uma situação que já não era boa, para daí então começar a tentar melhorar de vida.

O resultado até agora seria decepcionante para qualquer governo, mas é muito pior para um presidente que se gabava de ter  um “Posto Ipiranga” para cuidar da economia. O problema é ainda mais grave porque esses 30% recuperados vêm desde a retomada muito lenta iniciada em 2017, com o governo de Michel Temer. Eleito para consertar o país, Jair Bolsonaro é incapaz de atender às expectativas.

É tão grande a dificuldade desse governo para fazer a economia entrar em funcionamento que até má notícia é recebida com alívio. Outra informação é que o PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre. E por que este número mixuruca atenua o desespero? O resultado é ligeiramente acima do que era esperado, o que afastou o risco de entrada do país em recessão técnica.

É preciso ser otimista, pois ainda dá para respirar se pondo na ponta dos pés e mantendo o nariz pra fora d'água. O problema é que tudo indica que o tal do “Posto Ipiranga” está com sérias dificuldades para começar a funcionar.
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POR José Pires

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Bolsonaro e a arte de ser desagradável

Logo que Jair Bolsonaro começou a ficar mais famoso, a partir de vídeos de suas grotescas performances espalhados pela internet, o que mais me impressionou foi a sua estratégia de marketing que basicamente consistia em ser desagradável. Era a continuidade do que ele vinha fazendo na carreira de deputado do baixo clero e que incrivelmente deu certo também na eleição para presidente.

Bem, até aí tudo bem, pode-se dizer com o peso do desconsolo de ter de passar a vida encarando esta realidade brasileira cada vez mais torta. Mas acontece que um sujeito asqueroso pode até se dar bem do ponto de vista eleitoral. O problema é que depois, com certeza, a continuidade da grosseria vai atrapalhar bastante na função para a qual foi eleito.

Pois é o que temos agora no Brasil. Bolsonaro desconhece essa necessidade evolutiva da política. Sua grosseria ensaiada para ganhar votos nem é novidade na política. A diferença é que até aparecer este presidente sem noção, as barbaridades eram abandonadas no palanque. Nas prefeituras, nos governos estaduais e até na presidência da República, mesmo os grandes canalhas se enquadravam na chamada liturgia do cargo, com a contenção da má índole ou da encenação eleitoral dentro de uma razoável adequação às formalidades públicas.

A razão de tal transformação é muito simples. É que levando para o mandato a brigaiada e os insultos de campanha fica impossível ser efetivo no trabalho, seja no Legislativo ou no Executivo. Isso foi demonstrado na própria carreira de Bolsonaro, que manteve durante três décadas o mesmo caráter de arrumador de confusão, o que serviu para que tivesse uma reeleição atrás da outra e até elegesse também os filhos, porém mantendo-se na baixa qualidade política do baixo clero da Câmara, onde era uma figura isolada, até o país virar de cabeça para baixo e ele se dar bem.

E agora o problema é todo nosso. Os brasileiros estão vendo o efeito disso no comando de um país que precisava de uma remexida geral em todos os setores, mas que infelizmente não sai do lugar, ainda atolado em problemas criados pelos governos anteriores do PT e que acabam sendo agravados por esta insistência de Bolsonaro em ser desagradável. O Brasil tem um presidente que parece começar o dia reunindo a equipe para estudar situações em que ele pode intervir piorando o que já não está bom. E o pior é que no final da jornada ele não só alcança como na maioria das vezes ainda dobra a meta.
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POR José Pires


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Imagem- Agora aguentem; até quando, não se sabe
Foto de Marcelo Camargo, Agência Brasil

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O Brasil em ritmo de lacração

O Brasil está cada vez mais contaminado perigosamente pelo clima de irresponsabilidade que domina as redes sociais. Está tudo dominado por encenações no Twitter, Facebook e outras plataformas, nas quais até mesmo autoridades escrevem o que lhes vêm na cachola, sem o devido respeito e responsabilidade com o cargo ocupado.

A bobajada começa pelo espantoso presidente da República, é claro. Nesta toada, haja conversa fiada, ataques irresponsáveis, denúncias sem fundamento, acusações e ameaças, mentira em cima de mentira, tudo isso que virou uma prática cotidiana acabou invadindo a linguagem em instituições de Estado, fazendo um remelexo emporcalhado no que é falado em lugares onde devia haver não só um zelo com as palavras como também responsabilidade com o que é dito.

Nesta quarta-feira o deputado Alexandre Frota — já instalado no PSDB depois de ter sido expulso do PSL de Jair Bolsonaro — falou na tribuna da Câmara sobre o desentendimento com o presidente, que hoje em dia diz que nem sabe quem ele é. Até aí, nada demais, pelo menos neste conceito de normalidade meio de cabeça pra baixo em que está o país.

Mas acontece que na sua fala, com certeza planejada para publicar como um desses vídeos que costumam viralizar entre a tigrada que adora um arranca-rabo entre políticos, o deputado disse que não se deve mais perguntar onde é que está o Queiroz, referindo-se ao sujeito que foi o braço direito de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Frota, que até há pouco tempo era bastante próximo de Bolsonaro e de seus filhos, disse que a pergunta agora deve ser “onde está enterrado o Queiroz”.

Como se sabe, Queiroz sumiu depois da descoberta pelo Coaf de transações bancárias suspeitas que envolvem o filho de Jair Bolsonaro, inclusive tendo feito um depósito em dinheiro na conta da primeira-dama. Pois bem: um deputado que há poucos dias era da base aliada do governo sobe à tribuna da Câmara e praticamente afirma que o sujeito está morto, obviamente insinuando que a morte não foi natural. Dali vai para seu gabinete, espalha o vídeo pelas redes sociais e tudo fica por isso mesmo.

Claro que em um país que não estivesse neste estado de total falta de respeito com a lógica e nesta acomodação em não levar nada a sério haveria exigência de que Frota falasse do que sabe de fato sobre o desaparecimento do Queiroz, afinal ele disse que o suspeito está morto. Seria o caso até da Câmara começar a cuidar oficialmente de uma denúncia de tal importância. Trata-se do investigado em um caso que envolve o filho e a mulher do presidente da República.

Mas qual nada. A tribuna da Câmara e qualquer grupo fuleiro de Whatsapp se equivalem em valor na ordem do dia, no mesmo nível de fofoca, desinformação e total irresponsabilidade. O país todo gira despreocupadamente em ritmo de tuitadas, no compartilhamento da mesma falta de efetividade, sem preocupação com a seriedade do que se escreve ou é dito, com dirigentes e políticos buscando aquela lacradinha, os Poderes todos servindo meramente para arrumar uns likes a mais.
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POR José Pires

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Imagem- O ex-amigão de Bolsonaro, deputado Alexandre Frota, em
foto de Antonio Cruz, Agência Brasil

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Um novo amigo de Bolsonaro na parada

Os seguidores de Jair Bolsonaro ganharam um tema bom para suas encenações de rua. O ministro da Economia, Paulo Guedes, não só transferiu o Coaf para o Banco Central. Ele extinguiu o Coaf.

O nome agora é "Unidade de Inteligência Estratégica". O novo presidente e membros da diretoria vão ser decididos pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que faz o que manda Bolsonaro. Segundo o jornal O Globo, o ministro já assinou a MP com a decisão. Com isso, Roberto Leonel está fora do Coaf. Indicado por Sérgio Moro, ele vinha sendo criticado por Bolsonaro nas últimas semanas.

Cadê aquele boneco do Super-Homem com a cara do ministro Moro, companheiros bolsonaristas? É hora de sair às ruas, mas só tem um probleminha: Dias Toffoli ganha com o fim do Coaf, mas o ministro do Supremo não pode ser atacado sem que se lembre que a decisão é do governo Bolsonaro.

É que para Flavio Bolsonaro levar vantagem junto com seu braço direito Fabrício Queiroz era preciso favorecer também o ministro Toffoli. Este tipo de pragmatismo Bolsonaro compreende e aceita muito bem. Agora tem que ver como se arranjarão seus seguidores. Uma cara do Toffoli no Super-Homem não vai pegar bem. Mas é um novo nome na galeria de heróis de Bolsonaro. Vale tudo para livrar sua família das encrencas com salários de funcionários nomeados, milícias no Rio e até com cheque caindo na conta da primeira-dama.

Bolsonarista costuma se atrapalhar com a percepção da realidade, mas a tigrada está demorando mais que o normal para perceber que as maquinações pela impunidade já habitam com a maior desfaçatez o Palácio do Planalto.
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POR José Pires

Bolsonaro: o enxerido internacional

Com a recessão técnica praticamente garantida para nossa economia este ano, Jair Bolsonaro tem pouca coisa para fazer, por isso se dedica a dar pitaco em questões internas de outros países. Mete-se com a Alemanha, Noruega, dá umas puxadas de orelhas nos argentinos. As interferências são pelas redes sociais.

Como agora anda preocupado com a caça às baleias, Bolsonaro deu uma tuitada chamando a atenção do governo da Noruega e publicou um vídeo de uma matança. Acontece que as imagens são da Dinamarca. Claro que o erro idiota chamou a atenção das massas que se divertem no Twitter. Bolsonaro faz sucesso no mundo todo com suas mancadas e a truculência que infelizmente já prejudica tudo de bom que anteriormente os estrangeiros relacionavam ao nosso país.

Como eu já disse, Bolsonaro não pratica a chamada pós-verdade, porque para isso teria de haver uma verdade anterior. É a mentira em cima da mentira, o que seria melhor chamar de “pós-mentira”. A publicação idiota que usa um vídeo da Dinamarca para falar mal da Noruega é um exemplo da sua técnica de desinformação.

No Twitter, ele diz que “em torno de 40% do Fundo Amazônico vai para as ONGs”, o que é verdade. Mas a técnica de manipulação é manjada. Ele coloca sob suspeição este direcionamento de parte de verba, porém deixa de lado a informação de que o Governo Federal tem instrumentos para fiscalizar o uso desse dinheiro, podendo ter inclusive a participação de bancada parlamentar do governo. É uma obrigação dos deputados, por sinal a mais importante.

O fundo foi criado em 2008 e desde então já recebeu R$ R$ 1,86 bilhão em doações. 62% da verba liberada foi para o próprio governo brasileiro, prefeituras, universidades e governos estaduais. De fato, 38% foram para organizações não governamentais, mas sob o controle de dois comitês, que foram fechados por Bolsonaro. Seu ministro do Meio Ambiente anunciou que haveria uma auditoria, mas não deu mais notícias sobre a decisão. Outra coisa que Bolsonaro não diz é que foi o rompimento unilateral do acordo que desagradou a Noruega e a Alemanha.

Em vez de se dedicar com seriedade aos problemas brasileiros, Bolsonaro passa o tempo todo embaralhando fatos, tentando criar factóides, compartilhando e criando mentiras nas redes sociais. Com isso, vai arrumando problemas sérios para o Brasil. Uma conseqüência imediata dessa bobajada que ele vem fazendo, com ataques idiotas a países preocupados com as mudanças climáticas, será complicar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Européia.

No Fundo Amazônia, por causa da quebra de confiança do governo Bolsonaro nos últimos dias houve a suspensão de R$ 133 milhões da Noruega. A Alemanha também suspendeu repasse de R$ 155 milhões. E a questão não é só financeira. O país vai ficando com uma imagem péssima em um setor que hoje em dia é fundamental na hora de fechar acordos comerciais com outros país.

E claro que vai fazer muita falta o dinheiro que o país perde com as atitudes grosseiras desse presidente sem noção. São verbas que se destinariam a projetos em localidades de estados muito pobres, para onde evidentemente na quebradeira atual o Governo Federal não tem condições de mandar dinheiro algum.
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POR José Pires

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O encrenqueiro global Jair Bolsonaro

Pelas contas até agora, o presidente Jair Bolsonaro já criou problemas diretos com a França, Noruega e Alemanha, colocando-se de forma errada em uma questão essencial hoje em dia nas relações comerciais em todo o mundo, a não ser, é claro, que seu governo tenha o interesse em estabelecer parceria preferencial com países despreocupados com o desmatamento, poluição, enfim com a desatenção a problemas locais que contribuem para o aquecimento global.

As encrencas de Bolsonaro se devem à sua língua grande e a dificuldade de compreensão, em proporção inversa à quantidade de bobagens que expele toda vez que é confrontado com algo muito além da sua capacidade de entendimento, na maioria das vezes em questões básicas.

Bolsonaro costuma justificar seu desconhecimento, alegando que tem dificuldade em dar respostas sensatas apenas sobre assuntos do conhecimento exclusivo de especialistas. Isso é conversa piada. O presidente se embaralha em assuntos que saem na imprensa todos os dias. Na maioria das vezes são perguntas até bastante simples que recebem dele reações agressivas ou sem sentido, típicas de gente desqualificada que sofre quando é revelada sua ignorância.

Os problemas criados por Bolsonaro com autoridades européias nem podem ser colocados em um âmbito ideológico. Merkel é conservadora, o governo de Macron também não pode ser tido como esquerdista. Além do mais, já faz um certo tempo que esta questão que deixa o presidente muito nervoso não divide as opiniões políticas na Europa. O aquecimento global já um consenso, até porque o continente europeu já sente o efeito, com perspectivas preocupantes na saúde das populações e na agricultura. A desconfiança na atualidade entre os europeus com o tema do meio ambiente só existe entre lideranças de extrema-direita, com certa relação com um fascismo de caráter valentão, mais próximo de briga de rua do que de alguma ideologia.

O mundo andou bastante na questão ambiental. Até o chamado princípio de precaução ficou para trás, porque em muitas situações a realidade já comprova o que já vem deixando de ser projeção científica. Infelizmente neste tema a classe dirigente brasileira também ficou para trás. Até as piadas são velhas demais, defasadas em pelo menos uma década, como na repetida gracinha que se faz toda vez que numa cidade qualquer enfrenta-se uns dias de frio.

A política de cabeça-dura de Bolsonaro no tema do meio ambiente soa desse jeito, como piada velha, o que vem confirmar seu perfil de tiozão do churrasco. O perigo é que o tiozão está no mais alto cargo da República, de onde desmonta mecanismos de investigação e controle sobre o meio ambiente, elimina regras importantes. E com isso monta uma bomba-relógio contrária ao interesse nacional. Até aqui, só nos resta ter a esperança de que qualquer consequência negativa no plano mundial seja de longo prazo. Um colapso ecológico traria de imediato a necessidade de uma intervenção de países preocupados com a própria sobrevivência de suas populações.

Mas não é preciso temer apenas o futuro. O boquirrotismo bolsonarista já traz consequências negativas de alto peso. Pode-se esquecer a abertura do mercado europeu, no acordo de livre comércio que ligaria Mercosul e União Européia, que viria bem não só pelas necessidades urgentes da nossa economia como também pela relação direta com um continente onde existe um vigor de cultura e inteligência, com as tecnologias para enfrentar os dilemas que na atualidade colocam em risco muito mais que a economia mundial. Mas no nosso caso, já está mais que claro que só vai dar pra fazer algo de bom acontecer globalmente para o Brasil quando Bolsonaro não estiver mais no poder.
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POR José Pires

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Trump, suas pós-verdades e seus discípulos

O jornal americano Washington Post vem fazendo uma checagem periódica das falas e mensagens nas redes sociais do presidente Donald Trump e com isso chegou a um resultado impressionante. O mundo inteiro sabe que Trump é um mentiroso, sendo ele um aplicado explorador da chamada “pós-verdade”, mas mesmo assim é de tomar um susto quando os números são revelados na sua inteireza, como fez o Washington Post.

Até os primeiros dias deste mês, conforme descobriu o jornal americano em seu “fat checker”, o presidente Trump havia realizado 12.019 afirmações incertas. A avaliação do material foi até o dia 5 de agosto, o que completa 928 dias no cargo. Isso significa que Trump falseou dados da realidade uma média de 13 vezes por dia. Isto configura o que eu já escrevi, que nem se pode mais chamar de “pós-verdade” o que vem sendo feito na política, pois apagou-se qualquer verdade anterior. É a mentira em cima da mentira, o que seria melhor chamar de “pós-mentira”.

Mas o fato é que temos um governo altamente poderoso que vem sendo movido por um manipulador sem escrúpulos. Na política, esta mandracaria sequer é nova. O sistema comunista, que teve início na Rússia a partir de 1917, estabeleceu este procedimento como um método de manutenção do poder e do ataque aos adversários. É verdade que o capitalismo sempre teve também disso, mas nunca o equilíbrio de forças tendeu de tal modo para o uso abusivo da mentira, como acontece hoje.

E a equação da pós-verdade de Lênin, Trotsky e Stalin continha também a eliminação física do inimigo e podia inclusive fazer dos próprios companheiros este alvo, como Trotsky descobriu um pouco adiante. O fascismo também fez uso dessa manipulação que embaralha a mente das massas. E o nazismo se fez a partir de mentiras, a começar da construção falsa de um inimigo fenomenal na figura do judeu, um fake news histórico que acabou no Holocausto.

O que tem de novo nesta manipulação é a facilidade criada pela tecnologia cibernética, na multiplicação da mentira e da fraude. E que ninguém acredite, por favor, que este meio permite que qualquer um transforme o mundo a partir de seu celular. A manipulação exige estrutura e dinheiro, contando também com bases materiais que incluem a manutenção de um clima ameaçador, sendo obrigatório que a inverdade ecoe e seja repassada por militares, políticos, advogados, jornalistas e também pelos figurões do Judiciário.

Isso não pode sair da casa de um cidadão comum porque nela falta uma “caneta bic” capaz de distribuir dinheiro e poder. E chegamos até o fã mais poderoso de Trump no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, que segue à risca as lições do mestre, fazendo o serviço de forma meio tosca e evidentemente com menos aparato técnico e político que seu ídolo político americano, mas perseguindo o objetivo comum de ter mais e mais poder. Se for feita uma checagem do que saiu até agora da boca de Bolsonaro e das suas mensagens nas redes sociais, vai-se chegar a números altos de manipulação e mentira. Acho até difícil encontrar algum trigo dentre tanto joio.

A receita é a mesma de Trump e o entusiasmo na sua aplicação por Bolsonaro vem da sua crença e do respeito do pessoal de seu entorno à trajetória do presidente americano. Eles acreditam fanaticamente nessa desconstrução contínua. O sucesso da campanha de Trump, com a surpreendente eleição para presidente dos Estados Unidos, estimulou esta ideia política do eterno embaralhamento da realidade. O que esse método evidentemente não contempla são resultados de qualidade no governo de um país, como os brasileiros sentem na própria pele, com a economia atolada numa crise desesperadora e sem rumo algum, enquanto o Brasil vai se aguentando como pode, quase naufragando em meio a tanta mentira e confusão.
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Imagem- Bolsonaro, feliz igual a um pinto no lixo, mas na Casa Branca ao lado do
grande ídolo; foto de Alan Santos, PR
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POR José Pires

terça-feira, 13 de agosto de 2019

A herança maldita do petista Fernando Pimentel em Minas Gerais

A Polícia Federal fez buscas nesta segunda-feira no apartamento e outros endereços do petista Fernando Pimentel, ex-governador de Minas Gerais. A ação foi da Operação Monograma, contra lavagem de dinheiro e crimes eleitorais. O objetivo da operação é comprovar o vínculo de Pimentel com empresas de consultoria que receberam 3 milhões de reais da empreiteira OAS.

Em coletiva para a imprensa, o delegado federal Marinho Rezende disse que “há indícios fortes de que ele era sócio oculto e tinha poder de mando nessas empresas”. Segundo o delegado, a OAS “estaria devolvendo dinheiro em relação a um benefício que recebeu” do ex-governador petista.

Os agentes policiais encontraram uma dinheirama no apartamento de Pimentel. Foram encontradas cédulas de euros, dólares e libras esterlinas, que a PF estima em cerca de 60 mil reais. Como se vê, o ex-governador mineiro, que perdeu a última eleição para Romeu Zema, do Partido Novo, está com a vida garantida, até porque quem tem tudo isso em espécie embaixo do colchão com certeza deve ter mais bens e dinheiro em outros cantos.

Não é a mesma situação da população de Minas Gerais, nem mesmo do funcionalismo público estadual. Em entrevista ao vivo nesta terça-feira ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o governador Romeu Zema disse que pela condição em que encontrou o governo estadual a última coisa que se pode falar do governo anterior, do petista Pimentel, é gestão. “Não aconteceu gestão em Minas”, ele disse “aquilo era um punhado de gente lá dentro, cada um fazendo o que bem entendia”. Abaixo dou o link da entrevista.

Zema explicou que encontrou um estado falido financeiramente, com “números assombrosos” neste descalabro administrativo, com a máquina governamental totalmente desestruturada e inchada. Tinha restos a pagar de 21 bilhões, com várias empresas fornecedoras do governo em falência, devido a falta de pagamento. As prefeituras mineiras estavam quebrando, pois não estavam recebendo os recursos constitucionais que é de direito. Pegaram “uma terra arrasada” pelos petistas em Minas.

Segundo ele, com o esforço administrativo, nesses sete meses de governo já restabeleceram os pagamentos para as prefeituras e conseguiram finalmente pagar o 13º salário do funcionalismo do ano passado, que o governo petista não pagou. O governo poderá também estabelecer uma data para o funcionalismo, em que o salário passará a ser pago em dia, eliminando finalmente o atraso que veio como parte da herança administrativa maldita do PT.

Como se vê, Fernando Pimentel cumpriu à risca a cartilha petista. Estava implantado em Minas Gerais o modo petista de governo: cuidou do dele e mandou às favas o interesse público e o respeito ao dinheiro do contribuinte. E pretendiam se perenizar no poder. O partido do Lula quis não só reeleger Pimentel como tentaram eleger Dilma Rousseff para o Senado. O eleitor mineiro é que não foi bobo. Deram um basta ao PT. O governador petista nem foi para o segundo turno. Ele e Dilma foram logo mandados para casa. Ficaria ainda melhor se as investigações da PF e o Ministério Público agora mandasse Pimentel para a cadeia.
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POR José Pires


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Eduardo Bolsonaro, o embaixador da corte do paizão presidente

Até que enfim um líder bolsonarista deu uma explicação detalhada para justificar a indicação de Eduardo Bolsonaro pelo pai presidente para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Foi o presidente do PSL, que disse o seguinte: “A relação de embaixador é uma relação muito de confiança e apreço. Passando isso para a Idade Média, geralmente os reis entregavam suas filhas, seus filhos”.

Ah, bom. Mais interessante ainda foi o exemplo dado por Bivar. Ele comparou o caso da indicação do filho de Bolsonaro com o casamento entre Catarina de Aragão e Henrique VIII, rei da Inglaterra. O presidente do PSL quer parecer erudito. Parece coisa de leitor do Wikipédia, embora seja mais provável que essa conversa venha da série da Netflix que explora este período Tudor.

Vejam sua explicação mais detalhada: “Catarina de Aragão era filha do rei Filipe, foi casada com Henrique VIII para fazer uma aproximação entre Espanha e Inglaterra. Isso faz parte, é um contexto. Antropologicamente nós somos os mesmos, do mundo da pedra até hoje, então essa sinalização do Brasil em relação aos Estados Unidos é uma relação de muita proximidade”.

Esses fatos interpretados pelo presidente do PSL de forma singular ocorreram no século 16. Ele não conta que logo Henrique VIII quis dar um chega-pra-lá em Catarina, que não lhe dava um filho varão para herdeiro. Mas não teve acordo com Roma. A anulação do casamento não foi permitida pelo papa Clemente VII. O conflito do rei com Igreja Católica deu origem à Igreja Anglicana, criada para ele poder casar com Ana Bolena, mais famosa hoje em dia que Catarina de Aragão, mas que também se deu mal com o maridão. Foi executada sob acusação de adultério. O rei conseguiu o divórcio criando sua própria igreja, mas não teve felicidade no casamento. Casou com seis mulheres, mandou matar duas delas.

Se tivesse interesse, Bivar poderia ter usado os outros casamentos para justificar a indicação do filho por seu chefe Bolsonaro. Não houve nenhum sem implicação política. Seria de bom tom deixar de lado o de Ana Bolena e da outra falecida, claro, pois tendo sido mortas a mando do marido fica delicado encaixar no tema da embaixada americana. Acredito que também não caberia usar as amantes do rei inglês para exemplificar, nem falar de sua sanha assassina, que fez alguns historiadores o terem como um psicopata.

Intrigas, traições, cabeças rolando, teve até fake news naquele tempo, enfim muita coisa parecida com a corte bolsonarista. A época escolhida por Bivar para posar de erudito serve para variadas leituras, encaixando-se até nos aspectos religiosos do bolsonarismo. É o período da Reforma Protestante, o que pode servir talvez para uma inflexão na intensa relação político-religiosa atual de Bolsonaro com a bancada evangélica. Mas vamos esperar que o próprio presidente do PSL desenvolva sua espantosa e muito interessante explicação para o ato de nepotismo de Bolsonaro. Agora, com Henrique VIII no meio, o assunto pode render ainda mais.
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POR José Pires

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Eduardo Bolsonaro: um embaixador que depende da eleição de Donald Trump

Se referendar a indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador nos Estados Unidos o Senado brasileiro vai dar um dos cheques em brancos mais arriscados da sua história recente. É evidente que o garoto do presidente Jair Bolsonaro vai ser um problema no cargo. Acho difícil que os senadores encarem o comprometimento por esta indicação imoral, com uma carga de nepotismo e favorecimento familiar de abalar a credibilidade mesmo de uma instituição que não é lá essas coisas em matéria de senso de responsabilidade.

Não é apenas o inglês de Eduardo Bolsonaro que o desqualifica para a função. O filhão de Bolsonaro esteve hoje na FIESP, em visita para pedir apoio dos empresários e sair na mídia. A notícia é de O Globo. O deputado quer que os empresários intercedam junto a senadores para facilitar sua aprovação na sabatina e na aprovação pela Comissão de Relações Exteriores e no plenário do Senado.

O nível da argumentação de Eduardo antecipa que se ocorrer de fato, essa sabatina vai ser um espetáculo. Ele procurou ganhar a simpatia da plateia  apelando para a velha tática de jogar uns contra os outros, que depois de ser muito usada pelo PT agora é também um hábito da direita. “No final das contas, os senhores não são os malvadões que exploram os empregados, mas aqueles que dão o pontapé inicial na geração de empregos”, ele disse, garantindo que sua relação com Donald Trump será um diferencial nas relações comerciais com o Brasil.

Suas palavas: “Conto com o apoio dos senhores (…) para poder dizer [aos senadores] que essa abertura que tenho na Casa Branca vai ajudar muito a acelerar os acordos comerciais”. Ele vem repetindo essa bobagem desde que seu paizão anunciou que iria dar-lhe esse presente, sem que ninguém tenha lhe perguntado de onde ele tirou essa ideia de que é a partir de uma relação pessoal que os americanos pautam seus interesses comerciais. Só por esta visão provinciana e totalmente equivocada, já caberia dispensar o pretenso embaixador.

Por este raciocínio, o período que o Brasil deveria ter tido mais facilidade com os Estados Unidos seria o de Fernando Henrique Cardoso como presidente. Seus dois mandatos foram praticamente em paralelo com o governo de Bill Clinton. E nunca houve um brasileiro com tanta intimidade com um presidente americano como FHC com Clinton. No entanto, a coisa não foi fácil para o Brasil.

Caberia também questionar o deputado de influência internacional como é que ficaria se Trump perder a eleição no ano que vem. Ora, um embaixador nomeado a partir dessa premissa iria ficar numa situação difícil, não é mesmo? Se Trump não se eleger o presidente terá de chamar o embaixador de volta. E lançar nota oficial de protesto contra os eleitores americanos.

Com a estratégia sem sentido que ele e seu pai vêm tocando junto a Donald Trump, se o Partido Democrata ganhar as eleições, no popular, o bicho vai pegar. Claro que neste cenário político a grave complicação nas relações do Brasil com os Estados Unidos não dependerá de quem vai estar na embaixada brasileira em Washington. Mas é melhor que não seja o filho do presidente que berra para o mundo qual é o seu voto nesta eleição.
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POR José Pires

Impunidade: o exemplo que vem de cima

A prisão de Eike Batista mal chegou a dois dias. No sábado, foi libertado por habeas corpus concedido pela desembargadora Simone Schreiber, do Tribunal Regional da 2ª Região. No país em que centenas de milhares de pessoas são mantidas presas sem condenação sequer em primeira instância, as portas das celas se abrem com facilidade quando o acusado tem dinheiro e poder. O Judiciário funciona até no final de semana quando são maiorais os encrencados com a lei.

Eike não é um simples batedor de carteiras. Em 2010 ele era tido como o homem mais rico do Brasil e oitavo do mundo, segundo a revista Forbes. Sua fortuna era estimada em US$ 34 bilhões. Ele foi uma das peças no plano de Lula e Dilma Rousseff de gigantes em seus setores, competitivos no mercado internacional. É claro que esta é a explicação econômica de um esquema para lá de suspeito, que resultou até na prisão de Lula, que sempre esteve no comando mesmo no governo Dilma. E como todos sabem dá nós até em pingo d’água quando em negócios que o favorecem.

As encrencas de Eike têm a ver com esse modelo petista de governo, mas o empresário favorito de Lula já passou a noite de sábado em casa. E na soltura de Eike tem algo com uma relação muito interessante com esta reação que ocorre atualmente para forçar o Brasil a retroceder aos tempos amenos em que processos de bacanas rolavam durante décadas até se extinguirem. Em sua decisão, a desembargadora citou decisão do ministro Gilmar Mendes, crítico do uso de prisões cautelares ou de qualquer outro rigor para melhor combater crimes contra os cofres públicos, especialmente nos últimos tempos. Na decisão da juíza está uma definição dele, que afirma que fala do uso desse tipo de prisão “como forma de submeter o suspeito a interrogatório ilegal”.

Bem, na investigação de crimes de corrupção, se em um dado momento da investigação não houver a prisão cautelar, o suspeito pode em poucas horas desaparecer com tudo que o incrimina, além de movimentar contas e “desmotivar”, digamos, testemunhas contrárias a suas mamatas. Isso ocorre também em crimes violentos. Ou alguém acha que uma investigação sobre traficantes ou milicianos pode correr bem com o criminoso passeando tranquilamente, às vezes de fuzil na mão, na sua localidade? Gilmar Mendes, que é um homem que é uma figura que só não anda cercada de segurança na Europa, onde vai sempre cuidar de seus negócios, certamente não sabe o que é ter um bandido violento na esquina de seu bairro.

Gilmar Mendes é um crítico feroz da operação que desbaratou o maior esquema criminoso da história do país, surgido durante o ciclo de governos do PT e que tem o chefão Lula envolvido e condenado em segunda instância. Junto com alguns colegas do Judiciário, ele se auto-intitula como “legalista”. O problema é que o legalismo deles serve para soltar o Elias Maluco, cujo codinome facilita observar seu currículo sem a necessidade nem de olhar os processos.

As declarações de Gilmar contra a Lava Jato são grosseiras, incompatíveis com a responsabilidade de seu cargo. Em que país um juiz do Supremo diz na imprensa que autoridades da Justiça compõem uma “quadrilha criminosa” (sic) e tudo fica por isso mesmo? No Brasil desse STF, claro. Existem vários pedidos de impeachment contra ele no Senado, inclusive um pedido do jurista Modesto Carvalhosa. No entanto, o ministro do STF é uma das figuras blindadas pela parte podre da classe política. Os processos contra ele no Senado vão todos para a gaveta do atual presidente, David Alcolumbre, do mesmo modo que ocorria com os anteriores, como Renan Calheiros, com processos graves que dormem nas gavetas do STF.

Mais cedo do que se podia pensar criou-se uma jurisprudência com o nome do ministro do STF mais ativo e agressivo contra juízes e promotores que trabalham para acabar com a impunidade. É para ficar para a História. Ou para o lixo dela, no que vai depender da reação dos brasileiros de bem. Pode ser chamada de “jurisprudência Gilmar Mendes”.

Isto é apenas um petisco do que pode vir por aí, caso sejam vitoriosos o que tramam um desmonte do rigor na pressão sobre criminosos, que foi instaurado pela Lava Jato, agora alvo de um plano para a volta da impunidade. Eles tramam o fim da prisão em segunda instância e a soltura de Lula, o criminoso que simboliza um esquema amplo de domínio do país por uma plutocracia com espírito de milícia de colarinho branco. Querem amaciar a lei para os poderosos, acabando com ritmo que incomoda os corruptos. Ou o Brasil se levanta contra este plano ou será como no jargão das saúvas: ele acaba com o Brasil.
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POR José Pires

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Bolsonaro, o erro insuportável

Tem momentos em que fica difícil saber se Jair Bolsonaro se faz de idiota para fugir do aprofundamento de certos assuntos ou de fato não tem capacidade de compreensão. Em evento na Fundação Lemann em São Paulo, Rodrigo Maia disse que Jair Bolsonaro é “produto de nossos erros”.

A crítica é pesada e típica de quem já não tem mais paciência de suportar idiotices e desaforos, sentimento que aliás vem se generalizando. Tirando uma parcela restrita ainda que muito barulhenta de fanáticos, quem é que pode agüentar tanta besteira? Mais adiante, Bolsonaro foi questionado sobre o que Rodrigo Maia disse dele e fez que não entendeu. Ou não conseguiu mesmo compreender a fala do presidente da Câmara. Alguém que não seja sem noção veria logo que foi uma critica pesada.

Vejam o que Bolsonaro respondeu: “No meu entender, não foi uma crítica pessoal para mim. Eu acho que o Rodrigo Maia… Parabéns! Se é que ele falou isso mesmo. Olha só, mudou, realmente, de esquerda para centro-direita ou direita o governo. Então, o erro não é dele, é da esquerda que estava no poder”.

Claro que seus seguidores verão na resposta uma atitude de grande esperteza. Para esse pessoal, Bolsonaro sempre leva a melhor, o que não e verdade, conforme demonstra essa forma do presidente da Câmara se referir ao presidente da República. Como eu disse, a declaração é significativa de um país que está de saco cheio desse presidente totalmente desqualificado. O sujeito é despreparado até para as relações mais simples de um governante.

Não se sabe ainda como dispensar alguém tão problemático. Em qualquer atividade mais simples, Bolsonaro já teria sido colocado para fora ou seria ignorado, como acontecia com ele na Câmara, quando nenhum colega tinha relação próxima com ele. Porém, ironicamente no cargo mais importante da República é mais difícil se livrar o estorvo.

Mas o fato é que já existe uma consciência coletiva de que com ele não dá. Enquanto não descobre um jeito de mandá-lo para casa, a sociedade civil vai suportando a chateação, pensando como evitar o desastre que alguém tão deficiente tudo pode ser para o futuro do país. Democracia tem disso. E até encontrar uma maneira de dar um chega-pra-lá em Bolsonaro, para a maioria dos brasileiros ele já está devidamente colocado como produto de um erro brutal, que precisa ser corrigido o quanto antes.
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POR José Pires

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Lula, Alexandre Nardoni e Richthofen: tudo a ver

Lula poderá pedir progressão de regime para o semiaberto a partir de 23 de setembro. A notícia é do jornal O Globo. Isso mesmo, já no próximo mês o presidente salafrário que no poder agiu de forma tão escandalosamente desonesta que desmontou a economia do país e arrasou moralmente a política brasileira poderá ir para o semiaberto.

Em setembro ele completa um sexto da pena. O Brasil é assim, todo compreensivo com seus criminosos, mesmo com políticos que instalam esquemas que prejudicam com a vida dos brasileiros. Lula poderá ficar em prisão domiciliar ou sair para trabalhar durante o dia e se recolher à noite e durante os finais de semana e feriados.

É revoltante, mas não deixa de ter lógica, dado o contrassenso que é a Justiça brasileira. No país em que Suzane Richthofen e Alexandre Nardoni são liberados da cadeia para comemorar o Dia dos Pais é muito natural que Lula também seja beneficiado antes de pagar completamente por seus crimes.
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POR José Pires

O Dia dos Pais desmoralizado pela Justiça brasileira

A situação da Justiça brasileira é tão degradada que dá a impressão de que as autoridades fazem até ironias com a maioria da população que vive com honestidade, não por medo de ir para a cadeia, mas por um senso moral que vem da própria formação. Não estou falando só da moleza com que o condenado Lula vem sendo tratado, mesmo que isso também venha dando a impressão de que gozam com a nossa cara. O quadro é mais amplo, embora o chefão petista tenha hoje em dia um papel definidor do futuro da criminalidade.

A piada pronta do dia, a zoação grosseira com os brasileiros que respeitam o próximo, é a notícia da saída de Alexandre Nardoni da prisão para curtir o Dia dos Pais. Desde abril o paizão está no regime semiaberto, por isso a saidinha. Todo mundo sabe de quem se trata, mas cabe um rápido histórico. Ele participou da morte da própria filha, uma criança de seis anos, junto com sua mulher Anna Carolina Jatobá, que não era mãe da menina. Os dois foram condenados em 2008. Ele pegou 30 anos e dois meses de prisão, mas quem é que cumpre a pena integralmente neste país? Nem os criminosos mais cruéis. Também escapam do rigor chefes políticos como Lula, responsável por uma escalada de imoralidades com o dinheiro público que jogou o Brasil em uma condição desesperadora, da qual será difícil o país se safar.

Mas voltemos ao outro condenado, o Nardoni. Depois de ser espancada e asfixiada, sua filha foi jogada inconsciente do sexto andar do apartamento onde morava com ele e Anna Carolina Jatobá, que também aproveita a saidinha de Dia dos Pais. Ela faz isso desde 2017. Foi condenada a 26 anos e oito meses de reclusão por um crime de uma crueldade absurda, mas já está sendo tratada como se tivesse cometido uma infração menor. Obteve progressão de regime antes do parceiro, em 2017. Também está no semiaberto. Pelas leis brasileiras, logo mais ambos estarão soltos. Esta falta de rigor soa como um aceno para a liberação dos piores instintos de uma coletividade, podendo ser um estímulo a esta impressionante quantidade atual de crimes absurdos.

A saidinha de Nardoni de Dia dos Pais deveria servir de alerta para o que pode vir por aí, caso dê certo a reação que estamos assistindo contra a Lava Jato, que junta a esquerda brasileira com seu “Lula livre”, mais uma cambada de corruptos, para dar uma amaciada no cumprimento da lei neste país. O clima de impunidade não se estabelecerá apenas na política. A partir da desmoralização da Lava Jato querem anular a prisão em segunda instância e acabar com o rigor instituído contra crimes de colarinho branco e se houver este amaciamento, com certeza vai se estender para os demais crimes. Até criminosos doidos se sentirão liberados. Se essas figuras nefastas vencerem, a vitória será também do pessoal que toca o terror contra as pessoas de bem.
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POR José Pires