sexta-feira, 30 de dezembro de 2011



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O controle do Estado, dos porões ao cotidiano do cidadão

Debaixo de um cartum publicado na quinta-feira passada Newton Moratto publicou um comentário onde analisa de forma bastante acertada o tema em questão, que é o do controle que vai se ampliando sobre a vida dos brasileiros. Vou republicá-lo aqui:


"Jota, este cartum é uma síntese da realidade atual inserida nos porões (ou banheiros) dos aparelhos estatais, não só policiais.

Interessante que serve também como metáfora para situações semelhantes, mas que não necessariamente a tortura ocorre fisicamente.

A principal tortura, hoje, é a da chantagem, contudo a brutalidade é a mesma. Se chantageia para contar, não contar, e para parar de contar. Ainda bem que é difícil achar a medida exata. É nesta falta de precisão que se escapa uma ou outra informação, que ao vir à tona se avoluma com outras tantas, que às vezes sequer faziam sentido.

Isto é o que permite haver algum - pequeno é verdade - controle sobre a máquina governamental.

É provável que ninguém tenha presenciado um diálogo deste teor. Porém, alguma dúvida que ele tenha ocorrido de uma forma ou de outra, explicita ou implicitamente? É uma realidade por detrás de outra realidade.

As questões atinentes a corrupção, sobretudo aquelas recentes, pode-se fazer deduções muito parecidas, e ninguém se arriscaria a dizer que a ilação é ilegítima.

Penso que é possível escrever muitas laudas sobre as sensações e as reflexões que o desenho e o texto causa. Sem contar aquelas que brotam de uma intuição, sem esforço, que não se exprime por palavras.

É melhor curtir do que descrever..."

Newton Moratto

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



Sujando boas causas

Quem conta é o poeta Carlos Drummond de Andrade, no ótimo e pouco lido "O observador no escritório", livro onde ele escreve em forma de diário sobre coisas que viveu de 1943 a 1977.

"Julho, 17 — Aurélio Buarque de Holanda, conversando comigo, refere-se a um de nossos intelectuais: "Assim como há o inglês e o francês básicos, há também, para ele, um vocabulário português semi-básico."

Drummond data essa conversa de 1958, um ano antes de eu nascer, mas esta espécie de intelectual prolifera hoje no país, especialmente entre a esquerda. Maltratam de forma dolorida até assuntos que exigiriam no mínimo algum cuidado com a escrita. Com a deformação profissional aprendida nas universidades (onde alguns até repassam tudo o que não sabem) eles trazem naturais e consideráveis falhas de caráter.

Depois da desmoralização feita em temas brasileiros essenciais, agora este pessoal do português semi-básico (vai mesmo na ortografia antiga) adentra a área da ecologia, trazendo o risco de que suas linhas traiçoeiras joguem também a ecologia na sarjeta encardida onde foi parar uma porção de assuntos que precisavam de discussão de qualidade.

Coisas assim até despertam a suspeita de que a oportuna dedicação à ecologia pode ser do agrado dos interesses poderosos que avançam sobre o meio ambiente com seus tratores. Nada melhor para demolir a respeitabilidade da ecologia do que os textos (a favor) feitos por estes agregados do poder. E se não estiverem sendo pagos pelo serviço é até uma injustiça, já que o resultado do que fazem é sempre a desmoralização de idéias.

Foi o que fizeram com a discussão da ética no país, um assunto que ao passar por suas linhas rotas virou obra de penico. Ah, mas para isso já está bem comprovado que foram pagos pelos esquemas corruptos.
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POR José Pires

Claudio Kambé: um artista de alma sincera

O Cláudio Kambé foi uma das primeiras pessoas em que percebi aquela chama interna que avisa: eu sou um artista. Isso foi há bastante tempo, mais de trinta anos, quando começamos a trabalhar juntos no jornal Panorama, em Londrina, no norte do Paraná.

A experiência no jornal durou pouco, os cerca de seis meses da existência do projeto. Os jornalistas que tinham vindo de São Paulo para fazer a publicação diária tiveram um sério desentendimento com Paulo Pimentel, que era o dono da empresa, e todos voltaram para a capital paulista. Eu fui logo atrás, um mês ou dois meses depois, e o Kambé apareceu mais tarde na redação da Folha de S.Paulo, onde começou a desenhar, ele que é um daqueles raros desenhistas de imprensa que vai bem além de qualquer técnica de comunicação de massa. Ele traz em seu trabalho a tal chama do artista e isso dá uma diferença de qualidade para qualquer publicação.

Na Folha fez belas ilustrações, além de capas memoráveis para o antigo Folhetim, editado pelo Tarso de Castro, que logo que viu o Kambé teve a maior empatia com ele. Tarso tinha uma qualidade que me parece em falta hoje em dia nas redações (isso para ficar só na imprensa), que era a de ver no outro muito mais do que a relação profissional cotidiana. Alguns podem atacar de imediato como se isso fosse uma tola menção romântica, mas o efeito técnico de grande qualidade desse tipo de avaliação está comprovado nas publicações que o Tarso fez.

Essa visão humanística foi com certeza uma ferramenta essencial para o sucesso das publicações em que ele teve forte peso criativo, como O Pasquim, onde foi essencial, e em outras revoluções da nossa imprensa que saíram exclusivamente dele, como o Folhetim e a renovação da Folha Ilustrada, ambos da Folha de S. Paulo, quando este jornal brasileiro dava passos decisivos para sua modernização.

Nessa época Kambé ainda era o “Cambé”, o nome que tirou da cidade paranaense onde passou uma parte importante de sua vida. Foi só depois que trocou a consoante, sem que eu saiba o motivo.

Nessa época que vivemos com proximidade experiências profissionais em São Paulo, as relações políticas e profissionais no Brasil se estabeleciam de forma muito humana, com doses de respeito e generosidade que amenizavam o peso amargo da ditadura militar sobre o nosso cotidiano. A imprensa alternativa vivia sob censura e mesmo em redações como a da Folha a pressão interna era muito forte, com pessoas da própria empresa encarregadas de fazer a vigilância sobre o que se pretendia publicar.

Mas havia um ambiente humano de muita qualidade criado entre nós. E dava a impressão de que isso poderia florescer com a abertura democrática, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Não tenho dúvida de que tínhamos ali um modelo de convivência e uma forma de produzir que poderia servir bastante ao país, mas me parece que não foi adiante.

Eu vivia em São Paulo aquele tempo, nunca morei no Rio, mas numa música do Dory Caimmy feita com o Paulo César Pinheiro eu ouço um eco daquilo que vi e gostei em São Paulo. É também um lamento pelo que se perdeu. Diz assim: “E o Rio com o passar do tempo/ de tanto sofrimento/ perdeu aquele jeito carinhoso de viver”.

Estou falando isso porque me chamou a atenção hoje uma declaração do Kambé ao Jornal de Londrina, que fez com ele uma reportagem. Lá, ele comenta sobre o ambiente que encontrou quando voltou à Folha de S.Paulo, ainda no início da década de 80. “Mas aí era outro conceito de trabalho e de amizade. Não quis ficar”, ele disse.

É muito parecido com a sensação que foi fazendo eu me afastar daquilo tudo, o que fiz muito mais tarde. O Kambé foi fazer suas pinturas, procurando morar em lugares afastados onde encontrasse a natureza e calor humano, numa busca de certa forma parecida com a do pintor francês Paul Gauguin. Eu permaneço próximo à imprensa e ao debate político, mas confesso que não faz bem para o estômago e nem à cabeça.

Esta fala do Kambé é importante também porque me liga ao que eu senti há mais de três décadas lá atrás, quando vi este amigo pela primeira vez. Foi este espírito humanístico, ainda bruto naqueles tempos, mas já com o amor pelo ser humano e também a dor com o tanto que fazem de mal com as pessoas neste país. E isto está presente em seus trabalhos de imprensa e também nas obras de arte que já fazia naqueles tempos e que hoje é sua atividade principal.

Para entender o Kambé pense no grande Van Gogh, mas não no sentido do estilo ou da forma, nada com a influência da pintura daquele mestre. O que se vê no Kambé é o espírito intenso do Van Gogh, que inspira amor pelo que somos e muita dor com o tanto que destruímos. É daí que sai a sua arte.
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POR José Pires

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Para ler a matéria do JL com o Claudio Kambé, clique aqui.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011




Serviço ao contrário

Quem conta é o poeta Carlos Drummond de Andrade, no ótimo e pouco lido "O observador no escritório", livro onde ele escreve em forma de diário sobre coisas que viveu de 1943 a 1977.

"Julho, 17 — Aurélio Buarque de Holanda, conversando comigo, refere-se a um de nossos intelectuais: "Assim como há o inglês e o francês básicos, há também, para ele, um vocabulário português semi-básico."

Drummond da......ta essa conversa de 1958, um ano antes de eu nascer, mas esta espécie de intelectual prolifera hoje no país, especialmente entre a esquerda. Maltratam de forma dolorida até assuntos que exigiriam no mínimo algum cuidado com a escrita. Com a deformação profissional aprendida nas universidades (onde alguns até repassam tudo o que não sabem) eles trazem naturais e consideráveis falhas de caráter.

Depois da desmoralização feita em temas brasileiros essenciais, agora este pessoal do português semi-básico (vai mesmo na ortografia antiga) adentra a área da ecologia, trazendo o risco de que suas linhas traiçoeiras joguem também a ecologia na sarjeta encardida onde foi parar uma porção de assuntos que precisavam de discussão de qualidade.

Coisas assim até despertam a suspeita de que a oportuna dedicação à ecologia pode ser do agrado dos interesses poderosos que avançam sobre o meio ambiente com seus tratores. Nada melhor para demolir a respeitabilidade da ecologia do que os textos (a favor) feitos por estes agregados do poder. E se não estiverem sendo pagos pelo serviço é até uma injustiça, já que o resultado do que fazem é sempre a desmoralização de idéias.

Foi o que fizeram com a discussão da ética no país, um assunto que ao passar por suas linhas rotas virou obra de penico. Ah, mas para isso já está bem comprovado que foram pagos pelos esquemas corruptos.
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POR José Pires



Cá entre nós, nesses tempos em que vivemos Judas ia ser passado para trás fácil, fácil: Tem muita gente aí que faria o serviço por bem menos que 30 dinheiros.




"Leis são como salsichas. É melhor não ver como elas são feitas." A frase é de Bismarck. E ele não conhecia o nosso Legislativo.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011





Espírito de Natal é uma coisa bacana. Mas tem que tomar cuidado para que no restante do ano não prevaleça o espírito de porco.




"O Estado Novo é o estado a que chegamos."

A frase é de Apparicio Torelly Apporelly (1895-1971), o Barão de Itararé, e é evidentemente sobre o Estado Novo de Getúlio Vargas, que foi de 1937 a 1945.

O grande Barão não viveu pra ver o estado a que chegamos com o PT no poder.





Acho que os padres devem casar. Depois de tanto tempo fazendo o casamento dos outros acho muito justo que tenham uma dose do seu próprio remédio.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Maconha: que papo é esse?

A maconha é estranhamente um assunto de primeiro plano no Brasil, ficando a frente de temas que são até cruciais e, às vezes, até entrando em questões que nada tem a ver com este assunto, como foi o caso do entrevero entre PMs com alguns maconheiros na USP, que foi usado depois até para a discussão de conceitos bem mais elevados, como a autonomia universitária.

Muita gente entra de inocente na leva que acaba sendo criada em torno do hábito de puxar um fuminho, que inclusive não leva ninguém à prisão hoje em dia. No caso do entrevero na USP havia a acusação de tráfico

Mas eu quero mesmo é puxar a atenção para uma matéria publicada hoje em vários sites, com a informação sobre a proibição na Holanda de que turistas freqüentem cofeeshops para fumar maconha.

Essa droga é legalizada na Holanda desde 1976 e a proibição entra em vigor a partir de janeiro do ano que vem. Esta informação vinda da Holanda pode servir para o debate sobre a legalização da maconha que alguns pretendem implantar no Brasil. A Holanda é um bom laboratório para esta idéia, já que lá eles vem fazendo há bastante tempo o que pretendem colocar em prática aqui em nosso país.

A proibição atual na Holanda vem a propósito do estímulo que os jovens acabaram tendo para consumir maconha e pelo aumento da potência desta droga. Este fato não é novo. Já faz tempo que estudiosos vem alertando que esta maconha que vem sendo consumida atualmente nada tem a ver com a droga que era cercada de romantismo quando seu consumo foi propagado a partir de experiências alternativas. A maconha de hoje é uma droga mais pesada, que foi aditivada bastante nos últimos anos pelos poderosos do tráfico internacional.

Segundo a notícia da Holanda, devido à manipulação genética, a maconha já contém mais de 15% de THC, o princípio ativo, o que aumenta os efeitos sobre o cérebro. Isso faz dela um perigo para os jovens e adolescentes, os usuários mais vulneráveis.

Essa informação vem ao encontro de algo que já falei muitas vezes, inclusive com amigos que consomem a droga e embalam a língua nas críticas às muitas outras barbaridades que tem respaldo legal. Comparação com cigarro e álcool não colam comigo, pois nunca fumei e bebo sem prejudicar minha saúde, trabalho e nem a feitura de coisas bacanas da vida, como desenhar, escrever, ler e, é claro, dar uns amassos legais.

A maioria das críticas dos maconheiros realmente procede. A grande indústria é de pouco escrúpulo, mas ninguém pode negar que elas acabam tendo que cumprir regras que aí estão. Ou pelo menos estes mecanismos de fiscalização e punição existem, com algum resultado de proteção ao consumidor. Até a poderosa industria do cigarro vive tendo que dar satisfação sobre suas falcatruas e tem sido até punida nos últimos anos.

E é aí que eu fecho com uma questão sem resposta: como é que espíritos tão críticos ao mercado de consumo aceitam expor seu corpo à drogas que estão sob o poder apenas de criminosos, desde a plantação, passando por todos os processos e chegando até à comercialização?

Fica a interrogação.
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POR José Pires



Fala-se muito de ética, escrevem sobre ética, fazem debates sobre ética e até existe propaganda da ética. Mas quando é que vão lançar este produto no mercado nacional?


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mensalão: será que agora vai?

Está concluído o exame do processo do mensalão, feito pelo ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro entregou seu relatório, um resumo da investigação em 122 páginas. Todo o processo foi enviado junto com o relatório para o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do caso. Barbosa também concluiu boa parte do voto e resta ao revisor elaborar seu próprio relatório e voto. Depois, caberá ao presidente do STF marcar a data do julgamento dos 38 réus no plenário. A previsão é que o julgamento seja feito em maio.

A conclusão do exame do processo, anunciada ontem pelo STF, traz um certo alívio aos brasileiros que, na semana passada, receberam a notícia de que as penas poderiam ser prescritas antes da conclusão do julgamento. O alerta havia sido feito pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que insinuou que a prescrição teria como causa a demora do relator Joaquim Barbosa, que ficou 4 anos examinando o caso. Na entrevista, ele disse que teria de começar “do zero” o exame do processo.

Na mesma semana em que Lewandowski deu entrevista sobre este assunto de forma alarmante, ele já havia sido desmentido por colegas que se manifestaram em caráter privado para colunistas da imprensa. Ministros do STF perguntaram “a quem ele serve”, em referência às queixas dele de que teria de partir “do zero” para produzir o voto de revisão paralelo ao de Barbosa.

Os colegas de Lewandowski informaram que o exame feito por ele não teria de forma alguma que começar “do zero”. A colunista Renata Lo Prete escreveu na Folha de S. Paulo que um ministro disse a ela que “os autos estão digitalizados e que nada impediria o colega de se debruçar sobre o trabalho”.

No relatório divulgado ontem pelo STF, Joaquim Barbosa também fala da acusação de demora e sobre a insinuação de que o atraso e conseqüente prescrição seriam por sua causa. O relator destaca que a partir de proposta sua desde maio de 2006 estão digitalizadas todas as peças da investigação, para que os ministros e os advogados dos acusados pudessem consultar os autos, mediante uma senha fornecida pelo tribunal.

"Os autos, há mais de quatro anos, estão integralmente digitalizados e disponíveis eletronicamente na base de dados do Supremo Tribunal Federal, cuja senha de acesso é fornecida diretamente pelo secretário de Tecnologia da Informação, autoridade subordinada ao presidente da Corte, mediante simples requerimento", ele escreve no relatório.

Barbosa também se referiu ao peso diferente do processo do mensalão em relação ao que chega normalmente ao STF. “Estamos diante de uma ação de natureza penal de dimensões inéditas na História desta Corte", ele escreveu.

O relator ainda argumentou sobre as manobras feitas pela defesa para alongar o andamento do processo, lembrando que a ação contém 49.914 páginas, divididas em 233 volumes e 495 apensos. Ele ressaltou ainda que a instrução processual foi "complicadíssima", lembrando que os réus indicaram cerca de 650 testemunhas de defesa, "espalhadas por mais de 40 municípios situados em 18 estados e também em Portugal".

Um trecho do relatório que esclarece muito bem o pesado esquema jurídico que gravitou em torno do processo: "Com efeito, cuidava-se inicialmente de 40 acusados de alta qualificação sob o prisma social, econômico e político, defendidos pelos mais importantes criminalistas do país, alguns deles ostentando em seus currículos a condição de ex-ocupantes de cargos de altíssimo relevo na estrutura do Estado brasileiro, e com amplo acesso à alta direção dos meios de comunicação".

Ele fez ainda uma comparação com processos muito menos complicados que estão em andamento no STF há bem mais tempo que o processo do mensalão. Segundo seu relatório, algumas ações penais do STF iniciadas na mesma época, com "dois ou três réus", ainda não foram concluídas.
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POR José Pires

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Olha a patrulha...




Tudo normal

Conceito de normalidade depende naturalmente das circunstâncias. Numa situação de penúria ou opressão o nível de valores pode descer bastante. Em uma prisão brasileira superlotada, num gulag comunista ou num campo de concentração nazista um pedaço de pão velho pode virar um tesouro que cria disputas que valem até o sacrifício de uma vida humana.

E quem pensa que esta queda moral só existe em situações extremas desse tipo, basta dar uma observada em volta para ver o monte de barbaridades com as quais passamos a conviver como se fossem inevitáveis e parte normal do nosso cotidiano.

Na política, a capacidade do brasileiro ir absorvendo de forma natural a queda de valores que envolve todo o país começa também a tornar práticas aceitáveis os absurdos que vão da incapacidade administrativa em municípios, estados e no governo federal, até a roubalheira geral que vai se institucionalizando.

Seguindo assim ainda vamos chegar a uma eleição em que o candidato mais aceitável não será o político que não é ladrão, mas o que rouba e mas pelo menos faz alguma coisa.

Existe até um esforço político de autoridades para impedir que o brasileiro se conscientize da necessidade de mudanças e todos os cidadãos passem a encaixar esta enormidade de descalabros como aceitáveis em sua rotina normal de vida.

Temos muitas demonstrações disso e não é de agora, mas um bom exemplo do contrasenso se instalando são as declarações feitas hoje pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), durante uma avaliação do primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff. Mostra bem o desnorteio que tentam criar na cabeça dos brasileiros.

Ele disse que o governo Dilma não enfrentou “problemas políticos” neste primeiro ano. Para Vaccarezza, mesmo as demissões de ministros não significam uma “crise de governo”. Foram sete ministros demitidos no primeiro ano, seis deles em razão de denúncias de corrupção das mais pesadas, sem que haja nenhuma sinalização de que algum dos casos chegue a ter alguma punição.

É evidente que o Brasil está penetrando em um período de normalidade cada vez mais preocupante.
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POR José Pires



Teje preso!

Pelo que se lê hoje em dia em jornais, revistas, sites, blogs e também se ouve no rádio e assistimos na televisão, para resolver o problema da corrupção no Brasil basta uma única ação: prendam o Suposto!
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POR José Pires

João Bittar e o umbigo do Lula

Esta deve ser foto mais conhecida do fotógrafo João Bittar, que morreu ontem em São Paulo aos 60 anos. É a famosa foto do umbigo do Lula. Numa convenção nacional dos metalúrgicos em abril de 1979, Lula reclamou que não paravam de tirar fotografias dele e desafiou João Bittar, de brincadeira, a fotografar seu umbigo. E ele fotografou.

Lula já era uma figura important...e do sindicalismo, mas no primeiro plano da política brasileira o destaque era de outros. E nem em sonho alguém poderia imaginar que o cara que mostrava o umbigo seria um dia presidente da República.

O fotógrafo João Bittar teve a presença de espírito de fazer a foto fora do convencional e depois teve a disciplina profissional de conservar a imagem durante anos mesmo sem que ela fosse publicada.

Com a eleição do Lula e a importância política que ele passou a ter na política brasileira a imagem ganhou um grande peso histórico. É uma foto que cresceu com a figura retratada.

João Bittar era um desses raros profissionais que entendia como poucos o conjunto em volta da cena que fotografava. Ele passou por várias publicações brasileiras, como Diário de S.Paulo, Veja, Exame, Gazeta Mercantil, Época, IstoÉ e Folha de S. Paulo. Na Folha foi editor de fotografia em uma época essencial na modernização da nossa imprensa, a da digitalização das imagens.
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POR José Pires

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Eta, eta, eta, que ministro porreta

Costumo criticar com rigor o PT aqui neste blog. O motivo é bastante óbvio: já vai para nove anos que o PT é governo e, além disso, eles têm o domínio da Câmara Federal e do Senado, onde fazem aprovar o que querem. Então não tem como este partido deixar de ser o alvo de quem acredita que jornalismo é oposição e não armazém de secos e m...olhados. São palavras do bom e velho Millôr Fernandes, que procuro seguir à risca.

Mas também não me furto (epa!) em elogios aos petistas quando eles mostram serviço. Já falei bem da presidente Dilma Rousseff pela inovação fantástica que deve ser parte do tal modo petista de governar: ela vai comemorar os primeiros cem dias de governo só no segundo ano de governo. Fica para o ano que vem. É uma inovação e tanto. Como não aplaudir um feito desses?

E vou bater palmas de novo, agora por uma novidade criada pelo ministro Fernando Pimentel, que está naquele cai-não-cai tão próprio do ministério da Dilma. Ele é ministro do Desenvolvimento e no momento se dedica a desenvolver explicações para seu alto faturamento pessoal. Está desenvolvendo bastante. A cada dia o nosso ministro porreta arruma uma explicação nova para ninguém achar que ele ganhou dinheiro de forma desonesta.

O ministro, todos sabem, está enroscado nas variadas explicações para a dinheirama que ganhou entre o período da saída do cargo de prefeito de Belo Horizonte e a campanha de Dilma Rousseff, com o cargo que veio com a vitória da petista.

Pelo que se sabe até agora, entre 2009 e 2010 ele faturou R$ 2 milhões de reais. Da bolada, levou R$ 1 milhão da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e R$ 514 mil do grupo da construtora mineira Convap. Entre os picados restantes, ele faturou até como consultor de uma pequena fábrica de guaraná do Nordeste. Isso é versão dele, é claro. Até agora não deu pra entender como uma fabriqueta arrumou verba para pagar R$ 125 mil por uma consultoria. A fábrica tem até um slogan descolado: “Guaraeta, naturalmente porreta”, o que me levou a chamá-lo de ministro porreta. Ele merece. Aliás, o ministério da Dilma é todo naturalmente porreta.

Mas tem o milhão que ele ganhou da Fiemg. Para dar uma força para o ministro, a federação de industriais mineiros disse que ele fez palestras em unidades regionais. Ocorre que o jornal O Globo procurou as tais unidades e não encontrou ninguém que se lembre de nenhuma atuação do ilustre palestrante.

Mas é marcação da imprensa em cima do ministro, é claro. E como eu não sou disso, tenho que elogiar. Fernando Pimentel é mais um inovador do revolucionário PT. E como tal, tinha que vir com coisa muito nova. Pois inventou o cargo de palestrante-fantasma, uma função que, como se vê, já começa muito bem valorizada.
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POR José Pires

O cara é bom em vendas...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011



Liberdade de imprensa: o outro lado e mais outros lados do debate

Corre pela internet um artigo do jornalista Ricardo Kotscho onde ele tenta criar um clima de suspeição sobre a imprensa pelo fato de, segundo ele, até agora ninguém ter dado nada sobre o lançamento de um livro de Amaury Ribeiro Jr. com o título de “A privataria tucana”. Kotscho procura apelar até para a liberdade de imprensa e faz isso no próprio título do artigo, o que é um evidente exagero.

O livro é um amontoado de acusações contra os tucanos e que tem como alvo central dos ataques o ex-governador José Serra, que foi candidato a presidente da República na eleição vencida pela petista Dilma Rousseff. Serra peleou bem. Dilma venceu com 56,05% dos votos e ele ficou com 43,95%.

O artigo de Kotscho tenta fazer de vítima Amaury Ribeiro Jr., como se tivesse sido armada uma conspiração na imprensa para vetar a menção ao livro. O texto de Kotscho foi publicado em seu blog, abrigado no site da Record, a rede de comunicações ligada à Igreja Universal. O jornalista é contratado da emissora.

Talvez como forma de estimular a propagação do texto, para fechar o artigo ele define a imprensa hoje como sendo “propriedade privada de meia dúzia de barões da mídia que decidem o que devemos ou não saber”. Este clima de luta pela liberdade de expressão e contra poderosos interesses serve para azeitar a rede de blogs governistas, de gente paga e também de blogueiros que seguem a linha de ataques à oposição e de defesa do governo estabelecida de cima.

Para ser correto, entre os “barões” assinalados por ele como "donos da imprensa", o jornalista deveria ter apontado também os “bispos”, o que no meu entender é um dos fatos mais graves ocorridos recentemente na comunicação no Brasil. Com o apoio do governo Lula, uma seita pentecostal das mais retrógadas passou a ter o domínio de uma larga fatia da comunicação. É um grupo tão estreito que é de lá o tal do pastor que chutou a seita e também é de lá que apareceram vídeos em que seu líder máximo dá lições de como tirar dinheiro dos crentes. É uma mistura de religião com política, vinda de líderes religiosos que ganham fortunas com a crença principalmente dos mais pobres.

Este é um tema importante no debate sobre a mídia no Brasil, uma discussão necessária, mas que infelizmente foi prejudicada pela partidarização feita pelo PT e por sindicatos de sua esfera política.

Outra questão que Kotscho não menciona é o currículo do autor do livro que ele trata como se fosse um libelo libertário e defensor do bem comum. Por dever jornalístico ou respeito ao leitor, ele não devia ter ocultado fatos ligados diretamente ao tema do livro em questão.

Neste caso, o fato marcante na carreira de Amaury Ribeiro Jr. foi seu envolvimento na criminosa quebra do sigilo fiscal do candidato Serra e de seus familiares, ocorrido durante a campanha eleitoral para presidente da República. O caso foi dennunciado pela imprensa em setembro do ano passado. A quebra de sigilo foi feita numa agência da Receita Federal em Mauá, São Paulo. O principal suspeito da violação era filiado ao PT desde 2003 e teve seu nome excluído do partido em novembro de 2009, menos de dois meses depois de ser executada a quebra. Já Amaury Ribeiro Jr. foi acusado pela Polícia Federal de ter encomendado a quebra de sigilo.

Na época, o jornalista foi indiciado pela PF pelos crimes de violação de sigilo, corrupção ativa e uso de documento falso. Ele também foi enquadrado no artigo 343 do Código Penal: "Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação".

Amaury Ribeiro Jr. também participou como contratado da pré-campanha de Dilma Roussef e, segundo ele mesmo diz, seu contrato ocorreu depois que os petistas souberam que ele podia saber de coisas pesadas contra os adversários tucanos.

Estes fatos não são mencionados por Kotscho em seu texto e isso ele não poderia fazer de forma alguma. Aí não daria para construir a imagem de Amaury Ribeiro Jr. como autor barrado pela imprensa. Esta é a intenção de seu pequeno artigo.

O próprio Kotscho não tem também lá essa independência para tratar de um assunto como o da privatização feita pelos tucanos. Privatização que eu também sempre vi com suspeitas — é bom destacar. Mas não vou me deixar engabelar em minhas posições políticas, quando existe uma manipulação grotesca em curso.

E a privatização feitas pelos tucanos o PT sempre condenou quando foi oposição de forma sempre agressiva. Mas os petistas nada fizeram depois de subir ao poder. O govenro do PT não fez nenhuma investigação, denúncia alguma. E nenhuma privatização foi desfeita, o que eu acho uma pena.

Durante muitos anos Kotscho foi assessor pessoal de Lula, antes até da primeira vitória eleitoral. Com a eleição de Lula em 2002, ele abandonou o jornalismo e “passou para o outro lado do balcão”, como ele próprio disse à época. Saiu logo depois da tentativa de expulsão do correspondente do New York Times, Larry Rohter, que escreveu sobre o que todo mundo já sabia: os hábitos etílicos do presidente. Lula chegou a assinar a expulsão, o que mostra bem seu caráter autoritário, que foi contido no Brasil e não só neste caso pela reação da sociedade civil.

No caso de Rohter, a imprensa que Kotscho agora condena se levantou contra, aconteceram reações fortes em todo o mundo e a expulsão acabou sendo contestada no STF. Lula teve que voltar atrás e ali o PT no poder teve barrada a primeira tentativa de intimidação da imprensa.

São muitas coisas que têm que entrar num debate sobre liberdade de imprensa e a luta contra o monopólio fechado nas mãos de “barões”. Kotscho não pode falar, mas nós podemos. Agora no assunto temos também “bispos”, como eu já disse, e entram também as tentativas de usar o tema para fortalecer posições corporativistas e partidárias, o que pode significar uma mudança do domínio sobre a comunicação para algo pior do que temos agora.
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POR José Pires

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel...

Com a proximidade do Natal acabo ganhando um presentão, que é a possibilidade de fazer cartuns de Papail Noel. Sei que o Papai Noel é uma figura polêmica. O chamado bom velhinho costuma ser malvisto até por gente tarada na cor vermelha, como é o caso da nossa esquerda, que acha que ele é uma figura imperialista que deforma a nossa cultura. É o mesmo pessoal que opõe o saci à comemoração de hallowe...en, que se fortalece cada vez mais em nosso país. Como se algum dia tivesse acontecido no Brasil alguma festa relacionada ao saci... Alguém aí já foi numa "festa do saci"?

E o mais maluco é que o pessoal do lobby do saci é ligado aos politicamente corretos que querem fazer uma revisão com a tesoura na obra de Monteiro Lobato, um escritor sem o qual é provável que o saci não estaria com tanta força em nossa cultura.

Mas voltemos ao Papai Noel. É uma figura ótima para fazer humor. Sua figura ambígua permite que ele entre em qualquer situação. Qualquer coisa pode ser feita com o Papai Noel em cena e as ações com ele podem ser entre políticos, miseráveis, empresários, enfim, qualquer tipo de pessoa. O sacana vai bem até mesmo com criança.

Além das facilidades criadas pela multiplicidade desta figuraça, é uma delícia desenhá-lo. Como sua imagem já está bem fixada na mente de qualquer leitor, ele permite desenhos com todas as liberdades, sem que se perca a referência que dá base ao humor.

Obrigado, Papai Noel.
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POR José Pires


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



Mas, pensando melhor, será que não é até bom que esse pessoal esteja se dedicando à corrupção? Assim não corremos o risco deles desmoralizarem também a ética.

Francamente, nem dá para fechar os olhos a tudo isso que está acontecendo. Tem também o cheiro.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011




O PT realmente tem inovado bastante em seu modo de governo: Dilma até deixou os primeiros 100 dias de governo para o ano que vem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011



Dilma e seu ministério porreta

Depois de se desvencilhar do amoroso ministro Carlos Lupi, a presidente Dilma Roussef já tem problema novo com mais um de seus ministros porretas. Agora é Fernando Pimentel, da Indústria e Comércio Exterior, que está por aí tentando explicar o que todo mundo já entendeu muito bem.

Pimentel anda tendo que dar explicações sobre seus ganhos como consultor. O ministro faturou com seus conselhos empresariais no período entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte, em maio de 2009, até ser nomeado por Dilma.

Este período imediatamente anterior à posse de Dilma parece ter sido uma época boa para petista ganhar dinheiro. Pimentel faturou R$ 2 milhões em cerca de um ano. Foi nesses meses também que aquele outro consultor petista, o ministro Antonio Palocci, comprou o apartamentaço de R$ 6,6 milhões em São Paulo.

Como tem consultor no PT, não é mesmo? Dá a impressão até de que não era em ditadura do proletariado que essa gente pensava quando estava por aí dizendo que iam construir o socialismo. É ditadura de consultores.

Mas, voltando às explicações do ministro porreta, Pimentel anda batendo de frente com um de seus clientes numa contradição muita esquisita. Ele andou declarando à imprensa que recebeu por seus serviços como consultor a quantia de R$ 130 mil da empresa ETA Bebidas do Nordeste. A ETA produz um refresco, o guaraná Guaraeta, na região metropolitana de Recife.

Gostei do slogan da empresa, uma frase muito simples que, como já comecei a fazer, bem que poderia definir este ministério da Dilma: "Guaraeta, naturalmente porreta!", com exclamação e tudo. Muito bacana, não é mesmo? Ora, um ministério com tanta treta merece ser chamado de porreta.

O problema é que o ministro afirma que recebeu os R$ 130 mil da empresa, mas os jornalistas que foram atrás do assunto só encontraram negativas das pessoas responsáveis pela ETA.

Um sócio da época em que o ministro diz ter recebido o pagamento afirmou para o jornal O Globo que “tem algo muito estranho” nesse negócio. Roberto Ribeiro, que participou da empresa até 2010, disse o seguinte: “É valor muito alto para o trabalho que a gente tinha. Tem alguma escusa, tentaram esconder alguma coisa”.

Pimentel afirma que foi contratado para "elaborar um estudo de mercado” para a empresa pernambucana. Segundo o valor que o ministro porreta apresenta, até que teria recebido muito bem. Foi tão bem pago que excede até a capacidade financeira da ETA. Os conselhos do ministro porreta também não devem ter sido muito bons. Os negócios foram minguando, até que a empresa foi vendida no início deste ano.

Pimentel elaborou seu “estudo de mercado” que foi um fiasco e teria botado R$ 130 mil no bolso, mas os valores supostamente recebidos não batem com a capacidade financeira da ETA. Louve-se o ministro por não ter mexido no slogan porreta da empresa, mas o fato é que as ações de publicidade da empresa eram bem modestas.

Ribeiro, o ex-sócio que achou muito estranho esse pagamento tão caro, até revelou para a imprensa como eram os planos de mídia e a criação de publicidade da empresa na época em que Pimentel diz ter sido tão bem pago. “O que a gente fazia de vez em quando era contrato de R$ 10 mil, R$ 15 mil para meninas fazerem propaganda em jogo do Sport com o Santa Cruz. A gente não tinha condições de fazer nada muito diferente disso”, ele disse.

A lorota do ministro faz a gente até ter a curiosidade em saber se na elaboração de seu “estudo de mercado” para a Guaraeta ele se meteu a dar palpites de consultor nos shorts das meninas que faziam a propaganda da marca nos jogos entre Sport e Santa Cruz. Pode estar aí a explicação da derrocada do guaraná porreta.
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POR José Pires

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A síndrome da inveja da Veja

Caíram sete ministros do governo do PT. O único que não pediu demissão por corrupção foi o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, que saiu depois de dizer que no governo petista estava cercado de idiotas. Num lapso de esperteza, Dilma sacou que era também com ela e pediu que Jobim saísse.

Seis ministros caíram por corrupção. Desses, pelo menos quatro caíram em razão de fatos descobertos pela redação da revista Veja. Ora, mesmo que um jornalista seja petista, se este jornalista tiver bom senso e capacidade de analisar de forma técnica a atuação da Veja, não é possível que ele não sinta até admiração pela qualidade de uma redação como esta.

No caso inverso, de um jornalista que tem muitas reservas políticas quanto ao que a esquerda governista vem fazendo em política, não é possível sentir nenhum respeito em relação à qualidade dos produtos que esse pessoal coloca no mercado. Nem no aspecto técnico é possível sentir admiração pelo que a esquerda vem fazendo. As publicações são sem sabor, dogmáticas e parecem obedecer a um comando único, inclusive na linguagem. É uma questão de conteúdo, sempre tosco e trabalhado sem criatividade e sem habilidade de texto e edição.

A blogosfera petista, seus sites e revistas, todos são de péssima qualidade eparecem ter sido produzidos em bloco. E o engraçado é que até os leitores seguem as mesmas regras tolas em seus comentários. Todos falam a mesma coisa e aquele que traz algo diferente ao debate é repelido em bloco e de imediato. Recebo muita coisa em meu endereço eletrônico e procuro estar sempre atento ao que fazem. São veículos em que todos falam a mesma coisa e de forma chata, sem qualidade jornalística e nenhuma criatividade. Note-se que não estou falando do conteúdo político, que a meu ver é desprezível na maioria dos casos.

Os jornalistas de esquerda têm uma síndrome grave que pode ser chamada de “inveja da Veja” (o diagnóstico e seu nome são meus).

O que jornalistas de esquerda têm feito em relação a Veja é atacar a revista sem olhar para as próprias debilidades da mídia de esquerda, que apesar de hoje ter polpudas verbas do governo não consegue produzir material de qualidade. Esta deficiência pode ser vista em todos os blogs e sites governistas, muitos deles feitos por pessoas com altos benefícios e ganhos financeiros. Apenas para exemplificar, basta ver um site como o Carta Maior ou os blogs de Luís Nassif ou do Paulo Henrique Amorim, produtos em que a má qualidade chega a ser cômica.

Neste ponto, quem tem razão é Bernardo Kucisnki, um jornalista do PT e que foi bem próximo de Lula no primeiro mandato. Kucinski foi inclusive assalariado de Lula, em seu Instituto da Cidadania, mas não é cego para os graves desfeitos da esquerda em comunicação. Kucinski afirma que “a burguesia faz com competência aquilo que nós [a esquerda] não sabemos fazer”.
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POR José Pires

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Segurando o riso


Dá a impressão de que a presidente Dilma Rousseff está de marcação comigo. Logo que a revista Veja revelou as falcatruas cometidas pelo ministro Carlos Lupi publiquei esta uma charge em forma de fotopotoca. A charge saiu em 5 de novembro. Hoje completa exatamente um mês. Foi elogiada por todo mundo. No Facebook até meteram embaixo a mãozinha para dizer que curtiram a piada. E estava fácil para Dilma resolver a questão e oficializar a minha charge. Era só dar o bilhete azul para o cara de pau e pronto.

Depois da denúncia da Veja, Lupi ainda mentiu em depoimento no Congresso Nacional, foi flagrado com imagem e tudo viajando no avião do dono da empresa que faturou milhões com contratos com o ministério de Trabalho e ainda é acusado de fraude. E também apareceram outras tretas suas: ele foi funcionário fantasma no Congresso e assessores dele foram denunciados por extorsão dentro do ministério e usando a máquina pública para exigir propina.

Mas nada da Dilma demitir o ministro mentiroso. O que essa mulher tem contra mim? Houve até a recomendação da Comissão de Ética Pública pedindo a demissão, mas a presidente manteve o safado. E a minha charge esperando. Ninguém estava me cobrando, mas ali estava eu cometendo uma barriga, que é o jargão jornalístico para quem dá notícia errada. Era uma barriga em charge, coisa muito feia.

Mas hoje finalmente Dilma meteu o pé na bunda do Lupi. Atrasou três semanas a minha charge, mas agora ela está oficializada. Ô mulherzinha difícil para liberar uma charge, sô!
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POR José Pires

sábado, 3 de dezembro de 2011

Estranha cúpula

Muita atenção, pois o que vou escrever daqui em diante é sério, por mais absurdo que pareça. Não é pegadinha e nem piada. Existe uma proposta da realização de um encontro de cúpula de presidentes que superaram o câncer. Viram como era necessário o aviso? A idéia é do presidente venezuelano Hugo Chávez. Ele soltou a pérola durante encontro com a presidente Dilma Rousseff, ocorrido ontem.

"Logo vamos fazer essa Cúpula e a Dilma vai dirigi-la", disse Chávez. A maluca proposta do venezuelano chama a atenção aos nomes de figuras representativas da esquerda sul-americana que tiveram a doença. A própria Dilma, Fernando Lugo, do Paraguai, e o argentino Néstor Kirchner, que não poderá comparecer a esta absurda cúpula, já que não superou o câncer.

Na verdade, a idéia de uma “cúpula de presidentes que superaram o câncer” não comporta nem a menção do próprio Chávez ou de Lula, pois os dois ainda lutam contra a doença, que ainda não foi superada. Mas aí já é parte da demagogia política desse tipo de político. Eles contam com uma realidade baseada apenas em palavrório e nisso os nomes citados formam realmente um grupo.

No entanto, este maluco projeto que parece piada de mau gosto mostra que um encontro de cúpula que essa gente nunca poderá fazer é o de presidentes que superaram o cretinismo e estupidez.
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POR José Pires

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Questão de opinião

É preciso tomar bastante cuidado para não fazer piada involuntária. São sempre muito boas, mas nunca para quem comete a gafe. Leio num blog um texto com o título "Por que temos que ter opinião sobre tudo?", onde o blogueiro escreve contra esta mania atual de dar opinião sobre tudo.

Mas aí temos um problema, que é a piada feita sem querer: quando alguém escreve contra esta “mania de dar opinião sobre tudo” ele está dando sua opinião até sobre esta “mania de dar opinião sobre tudo”.
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POR José Pires


Amor, estranho amor

O país está curioso para saber qual é o grude que há entre Dilma Rousseff e o ministro Carlos Lupi. A presidente da República mantém no cargo o ministro do Trabalho mesmo após a recomendação unânime da Comissão de Ética Pública para demiti-lo. Dilma resolveu pedir mais explicações da Comissão sobre as razões para botar pra fora o ministro que declarou a ela em público seu amor, estranho amor.

O caso parece sério. É capaz da Dilma demitir a Comissão de Ética Pública , mas meter o pé na bunda do bonitão do PDT, nem pensar.
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POR José Pires

O outro lado

Temos sempre que procurar ver o lado bom das coisas: se fosse obrigatório diploma de jornalismo para escrever na internet haveria uma imensa economia de eletricidade no país.
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POR José Pires

Canudo forçado

Se dependesse de profissionais com diploma de jornalismo para ler coisas boas na internet, o brasileiro desligava o computador e iria procurar outra coisa para fazer. Quem tem produzido boa leitura e trazido criatividade à internet brasileira são pessoas que nada tem a ver com a posse de um canudo de papel que, na maioria das vezes, pode ser obtido em qualquer faculdade picareta. E a maioria dos jornalistas que tem produzido conteúdo de qualidade na internet não está nem aí para a obrigatoriedade do diploma.
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POR José Pires