E eis que o ex-presidente Lula aparece nas manchetes dizendo que "em 2014 atuará como candidato". E Lula tem feito outra coisa na vida nos últimos 30 anos do que atuar como candidato? Por mais de dez anos ele teve até salário mensal do PT para fazer isso. É o primeiro caso brasileiro e talvez o único também nas democracias ocidentais de um político com salário pago pelo partido para ser seu eterno candidato, condição que ocupa até hoje. Ele só não precisa mais do salário, já que atualmente é um dos homens mais ricos do Brasil, apesar da fachada de propaganda muito trabalhada da simplicidade pessoal.
Lula não desce do palanque e faz ou fala qualquer coisa para para se manter numa visibilidade que até constrange a atual presidente e impede qualquer ampliação do quadro de lideranças de seu partido. A situação política do PT hoje em dia é grotesca: para tudo precisam chamar o Lula. O que este partido vai fazer se um dia desses seu candidato eterno morre? Parece que todos se esquecem que Lula já é um homem de idade. Ele completa 68 anos agora em outubro. E independente disso, toda instituição tem que ter em andamento um programa que vá além da sua liderança de momento. O destino do PT é muito parecido com a situação política atual deixada pelo falecido Hugo Chávez, na Venezuela, onde seus partidários tem dele como herança apenas a memória da sua figura. Não ficou projeto algum.
Portanto, Lula não está anunciando nenhuma novidade para 2014. Vai agir como sempre, comportando-se como um candidato que atropela qualquer regra e atua sem respeito algum pela decência. E a sua megalomania anda tão destrambelhada que ele está deformando até o sentido da famosa música do Raul Seixas. A "metamorfose ambulante" cantada pelo roqueiro tinha o significado de independência e desafio às regras impositivas da sociedade. Na voz do Lula, "metamorfose ambulante" soa como sinônimo de oportunismo e manipulação.
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Por José Pires