Vamos ao que o Supremo Apedeuta isse: “Quero destacar o imprescindível resgate dos nossos laços substantivos com a África, em particular com a África de língua portuguesa, que para nós representa mais, muito mais do que uma prioridade geopolítica. Diz respeito à nossa alma, à nossa identidade como nação multiétnica e multicultural, ao próprio destino da civilização brasileira”.
Quem será que escreve essas coisas para o Lula ler? Os discursos nunca se atém ao fato. Sempre estão buscando significados pretensamente cultos, como esse de condicionar “o próprio destino da civilização brasileira” a um acordo irrelevante que elimina alguns acentos e traz de volta algumas letras que sequer saíram da nossa língua.
Será que Lula sabe do que se trata? Duvido. Ele é notoriamente ágrafo e, pior, ainda tem orgulho disso. Seria melhor certamente fazer uma verdadeira aproximação cultural de fato entre os países de língua portuguesa − especialmente com Portugal, que tem uma boa indústria editorial − do que mudar acentos, mas isso não é assunto que vá interessar a este governo.
A argumentação que colocaram na boca de Lula também pode nos levar a pensar em um acordo ortográfico com as comunidades indígenas. Esse negócio de "alma", exige um pouco de sangue índio. Claro, se o acordo diz respeito à “nossa identidade como nação multiétnica e multicultural”, temos que criar imediatamente uma relação direta da língua portuguesa com o idioma tupi. Além das outras línguas indígenas, claro.
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POR José Pires