A
capa do semanário de humor francês Charlie Hebdo que criou preocupação
no governo pela possibilidade de represália de grupos fundamentalistas
islâmicos. Embaixadas francesas estão sob alerta e algumas delas estão
fechadas em países onde é maior
o risco de terrrorismo. A edição vem a propósito do escândalo forjado
em torno de "A inocência dos muçulmanos", um filme que passaria
desapercebido se não tivesse sido usado como pretexto de grupos
fundamentalistas islâmicos para fazer terrorismo.
Sobre
isso o editor-chefe da publicação, Gérard Biard, deu uma boa definição
em entrevista para a imprensa após a polêmica. Ele respondeu a um
jornalista que questionou se a publicação do material sobre Maomé era
para exercer a liberdade de expressão ou provocar: “Nos
situamos no âmbito do nosso trabalho e da liberdade de expressão. No
caso de notícias com um potencial tão conflituoso, a saber, um filme
imbecil que gerou tumulto em quase todas as partes do mundo e que
resultou em mortos e embaixadas queimadas: se nós, jornalistas,
comentaristas da atualidade, não devemos comentar isso, o que então? Eu
rejeito o termo "provocação". Não se trata de jeito nenhum de
provocação, se trata de fazer nosso trabalho de jornalistas, de
comentaristas da atualidade”.
O
jornalista trouxe também uma outra questão muito importante em relação
ao clima de chantagem que o extremismo islâmico vem criando no mundo:
"Se começamos a questionar o direito de caricaturar ou não Maomé, se é
perigoso ou não fazê-lo, a questão seguinte será se poderemos
representar os muçulmanos no jornal. Depois vamos perguntar se podemos
mostrar seres humanos, etc, etc. E no final não mostraremos mais nada.
Neste caso, a minoria de extremistas que agitam o mundo e a França terão
ganhado".
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POR José Pires