segunda-feira, 30 de junho de 2008

Há vagas

O Programa Universidade Para Todos, o ProUni, é um dos orgulhos máximos do governo Lula. Perde para poucos nos rituais de auto-louvação de Lula. A suposta qualidade do ProUni, aliás, é uma razão que leva até a lembrarem de vez em quando do nome do ministro da Educação, Fernando Haddad, como um presidenciável.

Pois apesar de toda a propaganda, o Proni, que nada mais é que um instrumento para encher os cofres das universidades privadas, não consegue cumprir suas próprias metas. Das 118.871 bolsas oferecidas para o segundo semestre de 2008, apenas 72.248 candidatos foram contemplados. O programa está com com uma sobra de 46.623 bolsas oferecidas. Isso corresponde a 39,2% do total.
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POR José Pires

Fala o faz-tudo de Lula

A revista Veja desta semana traz uma entrevista com Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Lula. Ele é mais que isso, claro. É o faz-tudo de Lula, tem intimidade com o chefe. A entrevista nada traz de novo, a não ser o que pode ser lido nas entrelinhas. Das falas de Carvalho é possível tirar algumas conclusões sobre o governo Lula sendo que a essencial é a visão de um governo pequeno chefiado por um presidente simplório, o que traz poucas perspectivas de qualidade para o País. Mas isso também é apenas a confirmação de algo já bem conhecido.

Sabe-se como é a preparação de uma entrevista para uma publicação importante como Veja. O que o chefe-de-gabinete trouxe para o repórter é o que o governo deseja passar como imagem. E isso torna mais triste ainda a leitura. Eles gostam bastantedo que veêm no espelho.

Não dá para esperar muito de um governante cujo representante diz que ele acha “importante a preservação [ambiental], mas, entre um cerradinho e a soja, ele é soja”. Se Carvalho revela algo assim, evidentemente o pensamento de Lula um motivo de orgulho no governo. O governo petista se baseia, então, em um contrasenso global. Uma bobagem como essa, ideológicamente próxima de um George W. Bush e num nível retórico até mais baixo é a bússola do trabalho cotidiano no Planalto.

Uma declaração importante é que Lula sabe de tudo, controla tudo. É o contrário do que ele afirma sempre que surge uma sujeira que pode afetá-lo. “Ele é um sujeito que controla tudo com mão-de-ferro o tempo todo”, diz Carvalho. Mas isso sempre foi claro para muitos, como eu que, neste mesmo blog, já lamentei bastante que Lula tenha até agora se livrado das responsabilidades sobre boa parte dos escândalos que não cessam de brotar de seu governo. Vale também apenas como confirmação.

Aliás, quanto ao quesito responsabilidade, Carvalho também traz a público a informação de que em 2005 o governo esteve acuado a ponto do então ministro da Fazenda, Antonio Palloci e Márcio Thomaz Bastos (então na Justiça) terem aconselhado Lula a buscar um acordo com a oposição abrindo mão da reeleição em troca do restante do mandato. Mas sobre a iminente queda de Lula também já falávamos na época. Faltou uma oposição de qualidade, falta ainda.

Também é sabido que na época Palloci e Dilma Roussef teriam aconselhado Lula até a renunciar. Logo mais essa história também pode ser confirmada. Quem viver, verá.

Dele mesmo, Gilberto Carvalho falou pouco. O chefe-de-gabinete de Lula foi também homem poderoso da assessoria do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em circunstâncias altamente suspeitas e que se transformou no que Veja chama apropriadamente de “fantasma que continua assombrando o PT”. Mas a fala de Carvalho sobre o assassinato do amigo sai com o tom frio de uma nota oficial. Ele diz o seguinte: “A versão que eu tenho para a morte do Celso é a de dois inquéritos da Polícia Civil de São Paulo. Um crime comum, um assassinato em uma tentativa de assalto. Todo o resto é teoria levantada pela família dele que ninguém jamais conseguiu provar”.
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POR José Pires

Tramando mais um engodo

Os petistas ainda são organizados e mantêm-se com a persistência histórica que os democratas que não rezam pela cartilha do PT bem conhecem. O partido se gaba de muito que não fez e tenta fazer o país esquecer do muito que não foi feito por causa da intransigência petista, ou birra mesmo, numa teimosia que fez muito mais estrago entre os progressistas do que para a direita ou conservadores.

A organização, que teve um de seus braços vitais detectado pela Procuradoria-Geral da República no inquérito do "Mensalão", ainda é viva, muito viva, e parece ter resolvido lá em cima que é o momento de jogar na cena política a estapafúrdia, mas nem por isso menos articulada e cínica, idéia de uma unidade entre o governo Lula e os tucanos. O pano de fundo seria o interesse da Nação.

Para isso, usam também como estandarte a imagem de Lula abraçando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no velório de Ruth Cardoso. A trama, que, dada a origem, nada tem de surpreendente, nem por isso deixa de ser perversa. É muito feito buscar tirar proveito de um instante de dor.

A manipulação já circula entre os blogs oficialescos, os chapa-brancas da internet encapuzados com a máscara da independência. Independentes nada, só navegam com o sextante apontado para a estrela do poder.

A intenção é malévola. Fazem parecer que existe de fato um aceno para a concórdia. E mais: tentam jogar uma pá de cal no histórico da intransigência petista, tão dura e inconseqüente que não permitiu a unidade nem para a derrota de Paulo Maluf no colégio eleitoral da Ditadura Militar e tampouco buscou ajudar o governo Itamar Franco no delicado período pós-Collor.

Mas a maldade é ainda maior. Acenam de forma enganosa para uma união que sabem improvável para depois acender em praça pública a fogueira da condenação dos adversários pela culpa de não terem colaborado para o impossível.
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POR José Pires

Falsa questão

Falando nisso, sapeando (ou zapeando, tanto faz) pela TV a cabo deparo com um programa de debate sobre a influência das eleições municipais na política nacional, com William Waack como âncora, e lá no meio cai essa retumbante questão sobre o significado que o abraço entre o petista e o tucano poderia ter na política nacional.

Ah, mas valha-me qualquer coisa... Pode ter um grande significado, sim. Dali pode até sair a união entre PT e PSDB. Mas antes é preciso convencer um dos partidos a abrir mão do poder. E quem quiser perder tempo jogando conversa fora pode até debater essa momentosa questão da abdicação do poder por tucanos ou petistas.
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POR José Pires

sexta-feira, 27 de junho de 2008

E a Operação João-de-barro da PF?

Referendo

E essa do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ameçando pedir o fechamento do Google no Brasil?

Proponho um plebiscito: o brasileiro prefere ficar sem o Google ou sem o Senado? Tenho certeza que nessa o Senado dança.
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POR José Pires

Recreio

Entenda um negócio desses. Nas escolas falta de tudo: material escolar, móveis, computadores, merenda e, claro, professor; em algumas, como é o caso de Brasília, falta até teto nas salas de aulas.

E agora o Governo Lula vai instalar nas escolas máquinas de camisinha. O Brasil só não é engraçado porque infelizmente vivemos dentro da piada.
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POR José Pires

Offline

Uma confissão feita pelo candidato republicano John McCain revela algo que pode aproximar bastante Estados Unidos e Brasil, caso ele seja eleito presidente. McCain confessou ser um "analfabeto" em computadores.

Ao menos nesse ponto, como presidente McCain vai fazer uma bela parceria com o presidente Lula.
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POR José Pires

Estadão está no vende-não-vende

O jornal O Estado de S. Paulo desmente, mas são insistentes as notícias de que estão bem avançadas as negociações para a venda do jornal. O site Meio e Mensagem traz matéria em que afirma que as Organizações Globo analisam a compra do Estadão, como é chamado.

Segundo o site, a Editora Abril também estaria interessada na compra. A assessoria do Grupo Estado desmente tudo, afirmando que as notícias sobre a venda de O Estado de S. Paulo não têm fundamento. Mas nenhum comunicado oficial foi distribuído, o que acaba reforçando a boataria.

Mesmo que a venda não aconteça de fato, o estrago já está feito. A força dos boatos demonstram uma fraqueza do grupo que controla o diário e uma falta de credibilidade do próprio jornal.

A venda seria um triste desfecho na existência de um dos jornais mais marcantes na história da imprensa brasileira e, claro, com uma ativa participação nos acontecimentos históricos do País. O jornal foi fundado em 1875, ainda durante o Império , com o nome de A Província de S. Paulo e ao longo de sua existência tornou-se um dos mais importantes jornais do país, com penetração em todo o território nacional e respeitabilidade internacional.

Já como O Estado de S. Paulo teve participação marcante na oposição à ditadura de Getúlio Vargas, durante o Estado Novo. O jornal apoiou também a Revolução Constitucionalista de 1932, levante contrário a Vargas que eclodiu em São Paulo. Com a derrota do movimento teve seus proprietários, Júlio de Mesquita Filho e Francisco Mesquita, presos e expatriados para Portugal ainda em 32.

Durante a ditadura militar de 1964, o jornal resistiu à repressão à liberdade de expressão e tornou famoso seu protesto contra a censura-prévia instituída no jornal, quando publicava receitas culinárias nos espaços das matérias vetadas.

O Estado de S. Paulo também teve importante participação na criação da Universidade Estadual de São Paulo, a USP, fundada em janeiro de 1934. A idéia da criação da importante universidade pública, uma das mais respeitadas em todo o mundo, foi lançada pelo jornal ainda em 1927.

Outro ponto interessante, caso se confirme a venda para as Organizações Globo, é a transferência de poder, de São Paulo para o Rio, na administração de um dos importantes diários paulistanos de penetração nacional (o outro é a Folha de S. Paulo). Como o estilo jornalístico das Organizações Globo é muito diferente do praticado em São Paulo, as mudanças certamente atingirão também a edição do jornal. Mas isso só o tempo é que pode confirmar.
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POR José Pires

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Agora vai

Boas notícias. Mais três países latino-americanos vão dispensar passaporte brasileiro. A partir da semana que vem cidadãos brasileiros podem entrar na Venezuela, no pPeru e na Colômbia apresentando apenas o documento de identidade. Para a Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia já era assim.

Então aí está. Mais três lugares para o turismo do brasileiro. Vá para Medelín ou Caracas, lugares muy calientes, agora com esta facilidade. Porém, além da identidade convém levar um segurança.

Para a Argentina, leve uma panela. Lá eles têm uma atividade de rua muito parecida com o nosso carnaval, com a diferença que em vez de sair batendo bumbo saem batendo panelas.
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POR José Pires

O boca-suja ataca novamente

Que Ciro Gomes é um boquirroto não é novidade. Sempre que alguém vem me falar dos bons índices dele nesta ou naquela pesquisa, costumo comentar: tudo bem, mas só se eleição for cinema mudo; e mesmo assim convém prender as mãos do Ciro Gomes para que ele não faça algum gesto obsceno.

Ele é o cara que em campanha para a presidência da República, em 2002, disse que o papel de sua mulher, em tratamento contra o câncer na época, era dormir com ele. "Minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”, foi o que ele disse.

Agora Ciro Gomes está se explicando de mais uma das suas falas indecentes. Ele afirmou em um programa de TV que Fortaleza, capital de seu estado, é “um puteiro a céu aberto”. E sua explicação, em estilo de trabalho acadêmico de má-qualidade, é mais engraçada que a frase grosseira.

Vejam o que ele disse: “Tentei alertar para o fato de que, com uma natureza exuberante, nosso Estado, e em especial nossa capital, pode estar se firmando como um destino preferencial do turismo sexual". Pois é isso. Ele confirma que disse que Fortaleza é “um puteiro a céu aberto”.
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POR José Pires

Penetra

Tucano é um bicho imensamente manso. Lula patrocinou nos últimos meses o notório dossiê contra o governo de Fernando Henrique Cardoso que atingiu inclusive sua mulher, a falecida Ruth Cardoso. Eu não sabia dos problemas cardíacos da ex-primeira-dama, mas levando isso em conta é possível até que a situação criada pelo dossiê possa ter tido influência no agravamento da sua doença.

Pois Lula compareceu ao velório com uma cara que acredito que era para parecer compungida. O que será que conversou com o viúvo? É tão difícil falar algo nesses momentos. Mas imaginemos:"Puxa, Fernando, o que é a vida... há poucos meses fazíamos um dossiê sobre ela e agora ela está aí."

Por muito menos Lula foi vaiado no velório de Leonel Brizola e depois ficou muito tempo sem comparecer a enterros, medroso que é, o que não deixa de ser um benefício para os enlutados. Não foi nem ao de Celso Furtado, um de seus apoiadores.

Evidentemente não acho que qualquer presidente da República deva ser expulso de qualquer evento ou cerimônia. Mas penso que certas ocasiões exigem mais firmeza. Não haveria nenhuma deselegância em desconvidá-lo, anulando o convite que ele próprio se fez. A ausência de Lula no velório seria melhor para a memória de Ruth Cardoso.
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POR José Pires

Para as urnas, com a bolsa do Estado

A campanha eleitoral do presidente da República (é... o que fazer?), Lula, vai bem, obrigado. Agora, em ano eleitoral e pertinho da eleição, o governo reajustou em 8% o valor pago a beneficiários do programa Bolsa-Eleitoral, ops, ou melhor, programa Bolsa-Família. O reajuste é acima da inflação do período.

Me parece que a estratégia eleitoral que envolve o programa tem etapas programadas. No final do ano passado, por meio de medida provisória Lula já havia aumentado o número de beneficiários do Bolsa-Família. Tanto à época como agora as medidas foram consideradas ilegais. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando do aumento de beneficiários, Marco Aurélio Mello, havia dito que a MP era inconstitucional. Agora, o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, também reclamou do reajuste de 8% perguntando: “Por que às vésperas das eleições?”.

Bem, eu respondo: é porque comício eleitoral só tem efeito às vésperas das eleições.
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POR José Pires

Os ovinhos da serpente

Os aumentos do Bolsa-Família, de beneficiários e pagamento, são a face visível do cinismo político do governo petista. Para que o TSE se pronuncie sobre essas ilegalidades, acreditem, é preciso que seja feito uma representação. E qual é o partido que vai se colocar publicamente contra algo assim? Seria se expor aos militantes (agora profissionais) do PT saindo pelo país afora tachando tal partido de “inimigo dos pobres”.

Quanto ao aumento de agora, o TSE também espera uma representação, o que expõe mais uma incrível deficiência dessas jabuticabas jurídicas que são os tribunais eleitorais brasileiros.

Agora, que dá uma sensação desagradável a impunidade com que esse governo vai fazendo das suas, capitaneado por um presidente que já avançou a linha do cinismo, isso dá. O Brasil é excessivamente passivo à tendências autoritárias e até totalitárias. E essa passividade é uma ótima chocadeira para o ovo da serpente.

Me lembro da época em que aquele outro cínico, antes combatido pelo cínico atual, o Collor de Mello, confiscou as poupanças dos brasileiros e vi um país calado, sem o ânimo de ir para as ruas e brigar contra a ilegalidade. Naqueles tempos pensei o mesmo que me vai agora pela cabeça: num país como esse, se aparece um sujeito de bigodinho esquisito e fala convincente, é capaz de, com toda a facilidade, o povo levantar a mão direita em saudação e sair pelas ruas atormentando judeus.
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POR José Pires

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Jogos democráticos

Debate extra-oficial com um tema bem quente: “hoje uma pessoa honesta pode permanecer no PT ou simpatizar com o governo Lula?”. Foi numa mesa de bar, é claro, mas garanto que começou na chegada do grupo e terminou muito antes que alguém ficasse bêbado. Transcorreu com seriedade, sem nenhuma piada. Eu participei mais como mediador, pois já tenho opinião muito bem formada e não queria, de modo algum, influenciar o resultado.

No grupo, de 9 pessoas, havia inclusive três que participaram ativamente das duas campanhas do Lula para presidente. O resultado foi que de modo algum uma pessoa honesta pode participar disso que está aí. Ou é por interesse de grupo ou particular mesmo, mas sempre com má-intenção. Não tem nada a ver com a República.

Experimente fazer o teste com sua turma. Garanto que vai dar o mesmo resultado. Mas se não der, mude logo de turma. Ou então aproveite e monte uma quadrilha.
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POR José Pires

Estrangeiros nativos

Costumo dizer que a resolução dos problemas no Brasil esbarra em questões simples: autoridades políticas, empresários, jornalistas, enfim gente que tem nas mãos senão os instrumentos da mudança, mas ao menos a elaboração crítica para forçar tais mudanças, não usam ônibus nem fazem compras para o uso doméstico, nas feiras ou nos supermercados.

Desse modo não convivem com o dia-a-dia dos demais brasileiros e tomam consciência bem tarde de problemas que, se fossem atacados na origem, não fariam tantos danos. E mesmo quando acordam para a realidade terrível que nos cerca, é sempre como algo que toca com mais gravidade os demais brasileiros, esses que continuam andando de ônibus e indo às feiras e supermercados.

Imagine, apenas como um exemplo, um prefeito e seu secretariado, todo ele, andando apenas de carro pela cidade. Todos sem ver as calçadas arrebentadas, os bairros e os comércios carentes de infra-estrutura, as praças abandonadas, os ônibus insuficientes e serviço de má-qualidade, a carência de espaços públicos para crianças e idosos, e outras questões urbanas que só é possível saber com exatidão vivendo plenamente a cidade. Pois é isso o que acontece. E é claro que perdem a oportunidade de conhecer o lugar em que vivem (ou deveriam viver). Isso só é possível de ser feito andando a pé.

Mas quem anda pelas cidades hoje em dia? Nada. As categorias profissionais mais influentes só observam a cidade através do vidro do carro. E hoje, com os vidros sempre mais escuros, vêem cada vez menos. São estrangeiros em seu próprio país.

Isso explica o espanto demasiado atrasado com a alta do preço dos alimentos. Quem faz compras já convive com esse processo há meses. Detectou a alta dos preços dos alimentos lá atrás. E acredite, quem escolhe o feijão que vai para a mesa sabe que o aumento é bem maior do que o exposto pelo números econômicos que já vem diluídos por metodologias variadas.

Vamos a outro exemplo de como essa convivência ajudaria na resolução de certos problemas pela raiz. Peguemos a violência no Rio de Janeiro, que agora atinge alturas catastróficas. Uma de suas raízes é o sistema clandestino de vans de transporte de pessoas, que surgiu no vácuo do colapso do sistema público de transportes no Rio. A cidade não tem licitação de linhas há trinta anos.

Mas quem é que podia ver tal coisa? Apenas a população pedestre, que sofre com os transportes públicos e não tem os meios e nem o trânsito social necessário para denunciar problemas e cobrar melhores resultados.

Aqueles que poderiam ter influído para cortar lá na raiz coisas como a inflação ou a violência vão de casa ao trabalho − passando pelo boteco ou restaurante, é claro − sempre de carro, sem ver ou viver a cidade e suas questões cotidianas, as belas e as feias. Também não vão à feira, tampouco fazem compras em supermercados. Enfim, fora das atividades sociais ou profissionais, nada vêem de perto, não participam da vida nas ruas da cidade. Vivendo desse jeito, só descobrem a necessidade de tranca depois que ladrão se foi.
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POR José Pires

O Paraíso dos ricaços

Dados da Merril Linch e Cagemini em seu 12º Relatório Anual sobre a Riqueza Mundial informa que vinte e três mil novos brasileiros entraram para o clube dos milionários no ano passado.

O número de endinheirados brasileiros subiu de 120 mil em 2006 para 143 mil no ano passado, um aumento de 19,16%. O crescimento é maior do que o da América Latina, que foi de 12%, e também superior ao crescimento mundial, de 6%.

É mais um motivo para Lula comemorar, afinal já são quase 150 mil brasileiros no Paraíso e não á beira dele. E que o presidente da República comemore duplamente, pois é provável que Lulinha, o filho-prodígio dos games, esteja na lista. O filho novo-rico, aliás, é um exemplo das facilidades que o governo petista abriu para a construção de novas fortunas.

Em poucos meses o garoto saiu do cargo de monitor de jardim zoológico (com salário de cerca de 600 reais) para a direção de uma empresa que, numa tacada, recebeu investimento de R$ 5 milhões da Oi/Telemar, empresa que logo depois fez a compra da Embratel, compra que era fora da lei, mas que que se arranjou graças ao governo do papai, o Lulão.

Lulinha é um gênio dos games, habilidade que ganhou na sala de casa em São Bernardo. Também é o Tio Patinhas da família Silva. Se ainda mão está entre os novos milionários do País, logo chega lá.
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POR José Pires

Ruth Cardoso

Foi-se a única primeira-dama brasileira que em política não fazia o marido passar vergonha.
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POR José Pires

terça-feira, 24 de junho de 2008

Maluquice só com o dos outros

Está certo; o homem pode até estar maluco, mas não rasga dinheiro. O dele, é claro.
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POR
José Pires

Pirou geral

Lula esteve ontem no Rio de Janeiro, uma cidade dominada por milícias paramilitares, com a população violentada pelos traficantes, pela polícia e, como aconteceu há cerca de uma semana, até pelo Exército.

E o que o presidente da República (sim, é o que ele é, fazer o quê?) falou por lá? Disse que o Brasil supera os “anos dourados de JK”. Vejam o que ele falou: “Eleva-se novamente a auto-estima do brasileiro, a exemplo do que aconteceu nos anos dourados da era JK. Mas, ao contrário de 1958, no Brasil de hoje, apesar da crise mundial, temos inflação sob controle, somos credores internacionais e conquistamos o cobiçado grau de investimento”.

Há poucos dias ele dizia que estamos à um passo do Paraíso. Isso depois de dizer que a saúde no Brasil está próxima da perfeição. E agora vem com essa, em meio ao trágico problema da violência que atormenta os cariocas. É esse tipo de situação esquizofrênica, entre outras, tantas outras, que faz a gente acreditar que o homem só pode estar maluco. Aliás, esta é uma hipótese aventada pelo escritor João Ubaldo Ribeiro em um texto publicado no último domingo e que você pode ler aqui.
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POR José Pires

Compadre fez reuniões com Lula no Planalto

Eu falava ontem da extrema capacidade de Roberto Teixeira, o compadre generoso que cedeu uma casa para Lula morar de graça por quase dez anos. Teixeira faturou U$ US$ 5 milhões fazendo serviços de advocacia para a Varilog.

A oposição ou até mesmo os colunistas da Veja têm que concordar que um homem desses é de uma apacidade imensa. Deve ser um cara atarefado também, é claro. Mas mesmo com a trabalheira, Teixeira encontrou tempo para despachar com o presidente Lula no Palácio do planalto. Desde 2006, conta a Folha de S. Paulo de hoje, ele esteve lá pelo menos seis vezes em encontros não divulgados na agenda oficial.

Diogo Mainardi, colunista da Veja, já havia desconfiado de algo em sua coluna desta semana. Como o compadre de Lula participou da venda da Varig aos sócios reunidos pelo fundo americano Matlin Patterson, ele havia perguntado se, a partir da entrada em cena de Roberto Teixeira, entre 8 e 28 de abril de 2006, ele tivera algum encontro com Dilma Roussef ou reuniões com Lula. Com Teixeira na parada é que o negócio deslanchou.

Mainardi, como se dizia antigamente, acertou na mosca. Ou nas moscas, já que aparentemente a sujeira é imensa. Vejam a narrativa da Folha sobre o encontro. Dá a impressão de que Lula trabalha no escritório de Teixeira:

“Ao menos dois desses encontros estão relacionados diretamente com o negócio, aprovado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em junho de 2006. No mês seguinte, a VarigLog adquiriu a Varig. A assessoria de Teixeira diz que as demais visitas foram apenas de cortesia ao amigo Lula.
No dia 15 de dezembro daquele ano, Teixeira foi ao encontro de Lula acompanhado dos sócios da Varig um dia depois de a companhia receber da Anac, em cerimônia em Brasília, certificado que lhe deu autorização para voar.

Segundo Marco Antonio Audi, sócio afastado da VarigLog, o encontro foi convocado às pressas por Teixeira na manhã do dia 15, quando todos já haviam retornado a São Paulo, após a cerimônia. Audi então alugou um jatinho particular, onde viajaram, além dele e de Teixeira, os sócios brasileiros Eduardo Gallo e Marcos Haftel e o representante do fundo americano, o chinês Lap Chan.

Outro encontro de Teixeira com Lula ocorreu em 28 de março de 2007. Naquele dia, o advogado foi ao Planalto acompanhado dos empresários Nenê Constantino e Constantino de Oliveira Jr., donos da Gol. O motivo da reunião, segundo os empresários, era comunicar oficialmente a Lula a compra da Varig pela Gol.
Nas duas ocasiões, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), acusada de interferir na venda da VarigLog, estava presente.”

O representante do fundo americano, o chinês Lap Chan, que viajou no jatinho ao encontro de Lula é um pensador. Já foi citado por aqui. É o autor da frase que simboliza com precisão a época em que vivemos. O PT devia até contratá-lo como marqueteiro.

Em uma conversa por e-mails, no meio dos negócios que envolvem a Varig Log, Lap Chan escreveu a seguinte pérola (ou será pepita?) para um colega de negócios: "Como você diz, bem vindo ao mundo em tempo real dos mercados emergentes, onde inteligência e rapidez se sobrepõem às leis e normas na definição dos negócios!"
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POR José Pires

Pensando bem...

Que nenhum petista se ofenda pelo fato de eu colocar Lap Chan como um pensador apropriado ao governo do PT. É que o pensador, neste caso, se acomoda muito bem à época. E cada governo também tem o pensador que merece. Ou pensadores, pois o governo de Lula tem mancheias deles.

Vamos à alguns, uns poucos, pois temos que continuar no assunto das reuniões de Lula com o generoso compadre. Tem o Delúbio Soares. O próprio José Genoíno, mensaleiro que hoje é deputado e que assinava documentos sem ler. Do mesmo modo deve assinar todas as frases que estão aí. Outro é o José Dirceu, que pensa inclusive com sotaque caipira. Silvinho Land-Rover, pois não: pensador bem motorizado.

Além desses pensadores, mais de classe política, temos também os da ala cultural. Quem não se lembra do ator Paulo Betti, que justificou as maracutaias lulistas afirmando que pra fazer política tem que meter a mão na... bem, deixa pra lá, são cabeças bem escatológicas.

E tem, é claro o Apedeuta Maior, Lula, talvez o maior pensador do petismo. Do mestre petista saem frases até pelos cotovelos. Aliás, o resultado dá a impressão de que ele pensa mesmo com os cotovelos.
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POR José Pires

Compadre assíduo

A Folha conta também que Roberto Teixeira teve mais reuniões com Lula desde 2006 do que dois ministros. O generoso compadre ganhou de Altemir Gregolin (Pesca), que esteve duas vezes com Lula e de Nilcéa Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), que só aparece uma vez.

Segundo o jornal, a assessoria da Presidência não informou os motivos dos encontros. Eles disseram também que “há encontros cuja divulgação, por razões pessoais ou políticas, não é considerada apropriada”.

E neste caso temos que dar razão ao presidente Lula. No lugar dele você julgaria “apropriado” divulgar encontros desse tipo? Nem eu.
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POR José Pires

O eleitor tem a representação que merece

Uma pesquisa interessante feita em Florianópolis, Santa Catarina, pela agência INCA.Giacometti / Midhas Consulting serve para entender porque a política brasileira está em um nível tão baixo. Começa pelo eleitor, é claro.

Apenas 52,8% sabem que a eleição é para escolher prefeito e vereador.

52,3% não sabem qual a função da Câmara Municipal 44,2% não sabem o que faz um vereador.

Sobre a data da eleição, 50,8% sabem que é em outubro, mas não sabem o dia; 34,7% não sabem em que dia e mês acontecerá a eleição.

Quanto ao voto obrigatório, 63,6% são contra.

No plano nacional, os números não devem ser melhores do que esses colhidos em Florianópolis, que além de ser uma capital, é uma cidade bem desenvolvida. Mesmo a posição contrária ao voto obrigatório eu não vejo como resultado de consciência política. Pode até ser mais pela chateação de ter que votar, já que, pelos número, poucos teriam motivação sólida para fazê-lo.
Em uma pesquisa nacional semelhante com certeza seriam obtidos resultados até piores, pois juntaria eleitores de regiões mais pobres, dominadas por caciques e submetidas ao atraso político.

Mas os números da pesquisa de Florianópolis são reveladores. Com essa ignorância extrema do eleitor o resultado só pode ser essa representação política que aí está.
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POR José Pires

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Bem colocados

O advogado Roberto Teixeira, aquele compadre que deu uma casa para o Lula morar de graça por quase dez anos, finalmente disse à Folha de S. Paulo que ganhou cerca de a US$ 5 milhões da Varilog. A quantia é um pouco maior à informação anterior, de US$ 3.266.825,79, passada também por ele ao jornal O Estado de S. Paulo.

Tanta imprecisão faz a gente crer que o bolo tem fermento para crescer até mais, porém, mesmo ficando como está revela uma imensa capacidade profissional do generoso compadre do Lula. É bastante grana para serviços de advocacia.

Aliás, Lula está cercado de gente competente. Inclusive na família. Pois seu filho Lulinha, numa tacada só, não ficou milionário? Lulinha era guia turístico no Zoológico de São Paulo e logo estava em um negocião no qual a Telemar investiu R$ 5 milhões na notória Gamecorp, produtora de programas de TV sobre games da qual ele é um dos sócios.

Dizem que Lulinha é fanático por games e tem uma habilidade sem tamanho para esses jogos de computador. Com o tino para a coisa, abriu uma pequena empresa e logo depois ganhou não seu primeiro milhão, mas vários deles. São histórias assim que fazem um pai se arrepender de um ter tirado o filho da frente de um computador para ele estudar.
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POR José Pires

De volta o fenômeno eleitoral

E Geraldo Alckmin é o candidato do PSDB a prefeito de São Paulo. Todo político tem uma especialidade: uns são mais populistas, outros técnicos, tem até os que são bonitões. A especialidade de Alckmin é colocar pedras no caminho de Serra, nem se importando que com isso fortaleça o adversário.

O problema é que está comprovado que isso não dá voto. O ex-governador de São Paulo tem no currículo a impressionante proeza de ter obtido menos votos na eleição para presidente no segundo turno que no primeiro. Nessa eleição ganhou o apelido de Chuchu, e não porque seja bonito ou simpático. A razão do apelido é uma simples troca de vogais: chocho.

Na época foi candidato mesmo com Serra na frente das pesquisas dizendo que o melhor candidato nem sempre era o que liderava as pesquisas. Agora diz que está bem nas pesquisas.

A eleição para presidente mostrou que o estilo de Alckmin não dá votos, mas tem gente que gosta muito. O PT, por exemplo.
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POR José Pires


Rebotalho social

Muito interessante a explicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista para a Folha de S. Paulo sobre a razão dos partidos políticos encontrarem problemas para renovar seus quadros.

Ele, que é do ramo, diz o seguinte: “Todos os partidos têm tido essa dificuldade, que diz respeito ao que mencionei antes: a desconexão com a vida da sociedade. Os melhores quadros da sociedade vão para o mercado. Até para a área cultural. Não vão para a política”.

FHC tem toda razão, é claro. Mas uma fala como essa deve ser um problema danado para a auto-estima das pessoas que não estão no mercado nem na área cultural, mas estão com ele noa política.
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POR José Pires

Vocação

O ex-presidente não pode falar, é claro. Mas os melhores quadros da ladroagem vão para os partidos políticos.
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POR José Pires

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Alvo errado


O brasileiro é dado a luxos. Em um país com problemas de infra-estrutura, dificuldades sérias com a educação, graves deficiências na saúde, com a segurança pública destruída e grandes cidades dominadas por traficantes e milícias paramilitares, com a corrupção infiltrada em todos os setores e também graves problemas ambientais com riscos até para a nossa soberania, pois num país como esse os brasileiros só falam em derrubar o Dunga.

Mas e o anão do Planalto?
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POR José Pires

Com o boné alheio

A montagem com a figura do Dunga é nossa, do departamento de artes, e põe artes nisso, do blog. O boné do PT eu peguei na "lojinha" do PT do Rio de Janeiro, do seu site na internet. É material das eleições de 2004, mas ao contrário do anão do Planalto, o Dunga não é de muito luxo. A gente dá uma entortadinha aqui, um retoque ali e ela entra na cabeça do anão.

Além de bonés com o logotipo do partido, a "lojinha" do PT do Rio tem também à venda broches com a imagem de Che Guevara. É estranho que não tenha broches também de Mao Tsé-tung, Stálin ou mesmo do executor do grande expurgo que matou milhões na antiga União Soviética, Laurent Beria, o chefe da NKVD, que depois virou KGB. Se tem do Che Guevara, deveria ter também o de Beria. Afinal, ambos defendiam o mesmo regime.
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POR José Pires

Guantânamo na boca de Fidel e Caetano Veloso

Para quem duvidava que Fidel Castro estava em fase terminal, sua polêmica com Caetano Veloso vem para deixar claro que nem raciocinando direito o ditador cubano está mais. Bons tempos aqueles em que ele polemizava com John Kennedy.

E esse tipo de assunto obriga a gente, é claro, a ir ver o que é que Caetano Veloso andou aprontando afinal. Fez a música “Base de Guantânamo”. A música está na internet. E o desgosto de Fidel Castro nem é com ela em si, mas com uma fala final em que o músico agradece à Corte Suprema dos Estados Unidos por ter − preparem-se que a coisa é pesada − “prestado atenção nesta canção”. Canção dele, é claro.

Se entendi bem a pretensão, ele que fazer seu público crer que a decisão da Corte Suprema, que restabeleceu direitos civis de prisioneiros de Guantânamo acusados de terrorismo, foi influenciada por sua música. Não é muito? É muito, mesmo vindo de Caetano Veloso.

Mas analisemos a obra. Hoje em dia tudo é mais fácil. Dá correr para sites de vídeos ou mesmo baixar álbuns inteiros para ouvir.

Fiz isso com o último álbum dele, de nome “Cê”. Baixei e deletei depois de ouvir. Não dá para ficar nem nos arquivos. Mas fiquei pensando o que é que o compositor anda fazendo, que nome devíamos dar para algo de qualidade tão inferior que foge até à qualificação de MPB, que, em seu conjunto, hoje rasteja pelo chão de tão ruim.

No caso de “Base de Guantânamo”, música bem fraca e que não tem como apoio sequer uma boa letra, temos no Youtube até uma explicação sua sobre o processo de criação, em vídeo postado pelo próprio músico.

A música saiu de uma troca de e-mails, quando o compositor acabou fascinado com uma frase dele próprio em um e-mail. Dali tirou a inspiração para compor. A frase, literal, é o suporte da música. Foi aí que me deu também um insight, aquela compreensão instantânea que puxa a gente pelas orelhas e mostra rápido o que está acontecendo afinal.

O que Caetano Veloso faz agora é blog. É obra apresentada em palcos, em álbuns, mas parece blog. E, cá pra nós, nem é um bom blog.
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POR José Pires

Falam os especialistas

Vale a pena ler o artigo de Rodrigo Pimentel, roteirista do filme "Tropa de elite" e ex-capitão do Bope. O artigo, de nome "Na cidade mafiosa", fala do caos moral que alimenta a violência no Rio de Janeiro. Pimentel, pode-se dizer, é um especialista no assunto. Além da carreira no Bope, a tropa da polícia militar que enfrenta a barra-pesada, com habilidade ele trouxe o assunto da violência brasileira ao cinema brasileiro.

O Capitão Nascimento, violento protagonista de "Tropa de Elite", bem trabalhado com frases marcantes que entraram no linguajar brasileiro, já é uma das mais fortes figuras do cinema nacional. Em seu artigo, publicado no blog de Mauro Ventura, o roteirista vai juntando os variados procedimentos mafiosos que envolvem os cariocas numa situação de aflição e terror.

O Rio de Janeiro está completamente maluco. O clima de violência contamina até a molecada. O blog de Ancelmo Gois, no site do jornal O Globo, donde pesquei a informação sobre o artigo de Rodrigo Pimentel, conta que os motoristas que trafegam pela Linha Amarela, uma longa avenida que passa através de favelas e bairros pobres, meninos da favela da Cidade de Deus atiram pedras, até paralelepípedos inteiros, nos carros.

Mas e a polícia? Bem, responde Ancelmo Góis, "bem, você sabe". Clique aqui para ler o artigo de Rodrigo Pimentel. E aproveite para dar uma passeada nos blogs do Ancelmo Gois, do Ventura, e também de Jorge Antonio Barros, este com um blog especial para o momento, o Repórter de Crime, onde escreve sobre segurança pública, e o faz muito bem com sua experiência como jornalista do setor. A exemplo de Pimentel, é tudo gente que acompanha de perto o que se passa no Rio.

Nestes blogs você pode, com segurança, ter uma visão abrangente sobre o que se passa no Rio de Janeiro. E, acredite, por ali o diabo pode ser até pior do que pintam.
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POR José Pires

Depreciando mercado

O escândalo da Alstom cresce. A Folha de S. Paulo obteve documentos de promotores da Suíça que comprovam que a empresa francesa pagou um suborno de 7,5% a alguém ligado ao governo de São Paulo na gestão de Alckmin, em 1997. O contrato com a Eletropaulo era de R$ 110 milhões. Cobrando 7,5% o corrupto embolsava R$ 8,25 milhões.

O pessoal do PT está estarrecido com a notícia. Com tucano corrupto cobra pouco!
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POR José Pires

Ética de presidente malandro

A opinião do presidente Lula de que o jogador Robinho “deveria ter caído” dentro da pequena área no momento em que o goleiro argentino correu atrás dele e lhe puxou a camisa está tendo repercussão internacional.

Na Organização Mundial do Comércio, por exemplo está todo mundo atento. Se durante negociações algum brasileiro cair na área o pessoal já sabe que é malandragem.
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POR José Pires

Papo fiado

Lula não saiu ainda do sindicato. Fala no Palácio do Planalto como se estivesse numa conversa fiada com seus peões em São Bernardo. Mais um jogo frustrado e ele ainda é capaz de aconselhar o pessoal a descer a lenha no adversário.
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POR José Pires

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mensaleiros tentam se safar

Para não dizerem que só dou notícia ruim, aí vai uma boa: “O Supremo Tribunal Federal (STF) negou nesta quinta-feira recursos apresentados por réus da ação penal do mensalão, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-deputado Roberto Jefferson e o empresário Marcos Valério”.

Então a coisa continua como antes. Ninguém se livrou da condição de réu no chamado “Inquérito do Mensalão”. Como o Brasil tem memória curta é bom lembrar a conspiração tramada contra a democracia por essa gente. Como governo de partido único sempre foi o sonho dourado de certaslideranças que acabaram formando o PT, eles tramavam ativamente para perpetuar o partido no poder.

Criaram então, às escondidas, uma forma de pagamento para o domínio das votações no Congresso Nacional. O esquema de compra de voto de parlamentares, o chamado “Mensalão”, acabou vindo ao conhecimento da opinião pública devido a um desentendimento entre eles que levou o então deputado Roberto Jefferson a denunciar o esquema em 6 de junho de 2005 numa histórica entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Dois anos depois, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, fez uma denúncia − com o sugestivo número de 40 acusados − sobre a compra do apoio de deputados da base aliada de Lula. Segundo a denúncia, aceita pelo STF em agosto de 2007, por meio da compra e suporte político de outros partidos e do financiamento das suas próprias campanhas o grupo tramava a permanência absoluta do PT no poder.

José Dirceu, não podemos esquecer, era o todo-poderoso de Lula, chamado por ele de “capitão do time” do governo petista. Era poderoso no governo, tinha sala ao lado do presidente da República. Dirceu é articulador importante da ascensão de Lula ao poder. Com o escândalo do "Mensalão", ele teve que sair do governo e acabou cassado por falta de decoro em dezembro de 2005.

Lula se safou da denúncia do procurador Antonio Fernando de Souza. Escapou também de um merecido impeachment porque enquanto a oposição esperava seu sangramento ele acabou recebendo uma tremenda de uma transfusão. Curou as feridas do escândalo e ainda se reelegeu presidente.

No inquérito, o procurador acusou a “existência de uma sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato (uso de cargo público para obtenção de vantagens), lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraudes".

Foi uma boa medida do STF. Espero que outras notícias boas venham com o correr do processo. Mas independente do resultado do inquérito, devemos ficar de olho toda a vida nessa gente. Poucos deles caíram de fato do poder e no conjunto ainda formam um esquema perigoso para a democracia.
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POR José Pires

Bejani também teve retirada no Mensalão

Tem certas informações que ajustam-se de forma tão perfeita, encadeando acontecimentos atuais com fatos que fazem parte da história recente, que só fazem crescer algumas suspeitas.

Hoje na Folha de S. Paulo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirma que o ex-prefeito de Juiz de Fora Carlos Alberto Bejani (PTB) recebeu R$ 750 mil dos R$ 4 milhões que o PTB recebeu do caixa dois do PT para financiar candidatos petebistas nas eleições municipais de 2004. O dinheiro, cujo destino até agora era desconhecido, foi recebido na época por Jefferson, que era deputado federal e presidia o partido. A soma entrou no escândalo do “Mensalão”.

Já sabemos, então, que o ex-prefeito mineiro recebeu quase um quarto da quantia. Bejani, que renunciou ao cargo há pouco, está preso desde o último dia 12, quando foi deflagrada a operação “De volta para Pasargada”, da Polícia Federal.

Roberto Jefferson disse à Folha que tem anotada a quantia. Segundo o jornal o PT também contribuiu com Bejani, de forma legal, com R$ 82 mil.

E cadê a suspeita? Bem, Bejani foi gravado em vídeo recebendo dinheiro de uma pessoa, aparentemente como propina. No mesmo vídeo, ele fala de sua proximidade com o ex-ministro José Dirceu, dizendo que naquele mesmo dia os dois teriam uma reunião. De fato o ex-ministro estava em Belo Horizonte naquele dia. E José Dirceu, todos sabem, foi denunciado por Jefferson como o chefe de todo o esquema do “Mensalão”. Na denúncia ao STF, inclusive, Dirceu é chamado de “chefe do organograma delituoso”.

E tem mais. Segundo o presidente do PTB “todas as tratativas sobre a
composição política, indicação de cargos, mudança de partidos por
parlamentares para compor a base aliada em troca de dinheiro e compra de
apoio político foram tratadas diretamente com o ex Ministro Chefe da Casa
Civil, José Dirceu”.

E aí surge essa imensa quantia de dinheiro para Bejani na época do “Mensalão”. E Roberto Jefferson, como os petistas bem sabem, não é de jogar conversa fora. Parece que vem encrenca nova por aí.
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POR José Pires

Persona non grata

E o Exército fica ou não fica no morro da Providência? Acho que se fizerem uma pesquisa no morro a população pede a saída das tropas.

Aliás, depois do assassinato dos três rapazes que foram entregue a traficantes por uma tropa de soldados chefiada por um tenente, a idéia de botar o Exército nas ruas para combater o crime mixou de vez.

Um povo que já sofre o diabo com os traficantes, a polícia e as milícias paramilitares, certamente não precisa de porrada também do Exército.
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POR José Pires

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Exército para que te quero

Com o absurdo da morte dos três jovens, que teriam sido entregues a traficantes por uma tropa do exército comandada por um tenente, cresce o vozerio daqueles que acreditam que os nossos militares não estão preparados para enfrentar o crime.

Bem, é o caso de se perguntar então para quê o Exército Brasileiro está preparado. A barbaridade no Rio aconteceu numa situação em que não havia enfrentamento algum com a barra-pesada do tráfico. Os soldados estavam ali para dar segurança a obras da comunidade. E em casos assim a bandidagem até fica longe, pois até o na mais baixa criminalidade há um mínimo de estratégia, sendo que uma regra básica é não mexer com o Exército Brasileiro.

E qual seria a situação, do jeito em que o Brasil está, na qual um Exército atuante não estaria sujeito aos riscos inerentes ao enfrentamento com o tráfico?

Não sou daqueles que acham que a presença do Exército possa dar qualquer solução para a criminalidade. Mas o Brasil está atolado em uma guerra diária, com a população de cidades como o Rio cercada de um lado pelos traficantes, do outro por milícias paramilitares. E o Exército não pode se meter nisso sem ser mais um opressor do cidadão?

Então, volto a perguntar, o nosso Exército vai fazer o quê? Estamos todos envolvidos na luta contra o crime. Até os jornalistas têm feito um belo trabalho, arriscando suas vidas, ganhando pouco, mas trabalhando com coragem e sem envolvimento algum com os bandidos. Pelo contrário, até denunciam com extrema qualidade técnica a bandidagem, como bem mostraram os três jornalistas de O Dia que foram presos e torturados por milícias paramilitares e depois contaram toda a história nas páginas do diário.

Jornalistas podem ser cooptados pelo tráfico? Claro que podem. Mas as redações têm chefias competentes, prontas para despedir qualquer um que tenha um comportamento criminoso desses. Ninguém é tolo de achar que uma favela dominada por criminosos deve ser patrulhada por recrutas. Mas por que uma tropa profissional não teria capacidade para ações desse tipo?

Algum problema na formação do Exército Brasileiro torna soldados profissionais vulneráveis de um modo tal que eles não podem ser expostos a situações às quais civis estão expostos o tempo todo? O absurdo ocorrido no Rio de Janeiro tinha na chefia um tenente do Exército, um oficial de alta formação. Em situações de tensão, oficiais do Exército não têm capacidade para agir profissionalmente, com ética e respeito aos direitos civis? Acredito que sim, pois até jornalistas, que evidentemente não tem o treinamento especial que se espera desses soldados, conseguem agüentar o tranco sem se entregar para os bandidos.

Se o nosso Exército não pode entrar nesta guerra, então, volto a perguntar, preparou-se para quê? Talvez para substituir a Guarda Suíça, aquela que faz a segurança do Vaticano. Mas mesmo por ali existe algum risco. Um soldado brasileiro pode, por exemplo, ser flagrado roubando o vinho do padre. Aí, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai ter que pegar rapidamente um avião para pedir desculpas para o Papa.
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POR José Pires

terça-feira, 17 de junho de 2008

Rejeitada

Marta Suplicy é mesmo um fenômeno eleitoral. A ministra do “relaxa e goza” que ser novamente prefeita de São Paulo e tem bons índices em todas as pesquisas. Ela tem também todo o apoio do presidente Lula, o que significa evidentemente a chave do cofre do Governo Federal, além da caneta da decisão sobre bons cargos.

Mas o fenomenal é que com todo esse poderio ninguém quer ficar com Marta Suplicy. Até para obter o apoio do chamado “bloquinho”de partidos com pouca força em São Paulo ela precisa do empenho pessoal de Lula.

É o de se perguntar para o Lula se essa o Freud − o Sigmund− e não seu ex-segurança − também explica.
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POR José Pires

Horror e covardia no Rio

Onze militares do Exército Brasileiro, um grupo composto de um oficial, três sargentos e sete soldados, detiveram três jovens por suposto desacato e os entregaram a traficantes para, segundo o tenente do Exército Ghidetti de Moraes Andrade, de 25 anos, que idealizou e comandou a ação, para que estes aplicassem um “corretivo” nos rapazes.

Os três jovens eram do Morro da Providência, no Centro, e foram entregues a traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi. Os dois morros são dominados por quadrilhas rivais, o que mostra uma intenção maléfica dos militares do exército.

A ação dos soldados, comandados pelo oficial, tem mais detalhes escabrosos. Em depoimento, o oficial admitiu ter ameaçado escrever as iniciais da facção que controla o tráfico na Providência nas testas dos detidos, antes de deixá-los na outra favela, dominada por uma quadrilha rival.

O “corretivo” planejado pelo tenente do Exército acabou sendo extremamente severo. Depois de torturados os jovens foram mortos a tiros.

E os soldados que fizeram tal barbaridade estavam ali para proteger dos traficantes as obras que estão sendo construídas para a comunidade. Será que já não é hora de chamar as tropas da ONU?
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POR José Pires

Crime pode ter sido ainda pior

A análise que o jornalista Janio de Freitas faz do crime hoje, em sua coluna na Folha de S. Paulo, lança suspeitas sobre o caso que, caso sejam comprovadas, deixa a situação ainda pior. E a coisa pode ser pior do que essa versão da entrega dos rapazes pelos militares à traficantes de um morro rival? Pode sim.

Nesta outra versão, os rapazes podem ter sido mortos não pelos bandidos, mas “por responsabilidade direta de algum ou alguns do grupo de militares”. Ele lembra que uma das vítimas foi vista pela mãe no quartel do Exército e, segundo seu relato, ela viu o filho "caído no chão, ensangüentado”.

O jornalista da Folha é um veterano da imprensa, conhece bem o Rio de Janeiro e aponta várias contradições no caso. Ele começa mostrando que o ambiente da favela da Mineira apresenta dificuldades para a ocorrência dos fatos conforme a versão apresentada. Segundo ele, pelo nível de de controle dos traficantes sobre a favela, não é admissível que "os três rapazes fossem levados por soldados à recepção pacífica que lhes dava um grupo de bandidos". Além disso, ele ressalta, "de tudo isso em área com intenso trânsito de pedestres, só restassem duas "testemunhas". Anônimas".

Freitas diz também diz que não está claro como se deu o achado dos corpos, no dia seguinte ao crime, e como a polícia os localizou. Sigam o raciocínio do colunista: “Estavam em lugar muito distante, uma região à margem do Rio em direção às cidades serranas e a Minas. Estavam nas cercanias de um "lixão" em Gramacho, onde 'possivelmente foram deixados por um caminhão de lixo'. Logo, os garis os recolheram e puseram no caminhão de coleta sem os notar, três corpos adultos. E nem os notaram, ao serem despejados, os catadores de salvados do lixo que ali dividem a sua miséria com urubus”.

O fato de os cadáveres terem surgido em Gramacho também fortalece suas suspeitas. O local é conhecido como campo de treinamentos do Exército, ele informa. É um lugar em que acontecem muitos acidentes, pois adultos e crianças que andam por ali morrem quando tentam recolher obuses abandonados ou porque pisam em granadas.

“Por lá apareceram os três rapazes assassinados”, escreve o jornalista. E deixa uma terrível suspeita no ar.
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POR José Pires

De passagem

Leio de passagem em um site da internet que “Lula está indignado com o crime”. Quem será este Lula? Talvez um popular que estava presente no local?
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POR José Pires

Agora vai

Ontem, o presidente Lula pediu a Mantega e a Meirelles ênfase no discurso contra a inflação. É uma instrução intrigante. O que será que vão fazer? Talvez bombardear a inflação com palavras.
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POR José Pires

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Yes, nós temos bananas

A política antiterrorismo do governo de George W. Bush faz os Estados Unidos parecerem uma "República de Bananas" nas notícias internacionais.

Vejam essa: “Decisão da Suprema Corte vai permitir que prisioneiros de Guantánamo recorram aos tribunais civis dos EUA para fazer valer direitos que lhes foram negados”.

Não parece coisa de ditadura latino-americana ter que apelar para a Suprema Corte para fazer valer o direito de recorrer a tribunais civis? Os Estados Unidos tinham um Estado à parte do Estado de Direito. E numa ironia certamente involuntária o governo Bush situou sua particular "República de Bananas" na mesma ilha de Cuba tanto criticada pelo desrespeito aos direitos humanos.

Mas o "Projeto República de Bananas" sofreu apenas um revés, que Bush pretende reverter. Ele já avisou que vai estudar o caso “para saber se há necessidade de novas leis para proteger o povo americano."
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POR José Pires

Dístico

Em meio à sujeira detectada na compra da Varig − onde tem até acusação de falsificação de ata de assembléia, que teria sido cometida pelo escritório de Roberto Teixeira, compadre de Lula − eis que surge um documento emblemático do tempo em que vivemos.

Em uma conversa por e-mails, Lap Chan envia a seguinte mensagem para Palmer: "Como você diz, bem vindo ao mundo em tempo real dos mercados emergentes, onde inteligência e rapidez se sobrepõem às leis e normas na definição dos negócios!"

A afirmação é de quem sabe o que está falando. O e-mail foi escrito em 1º de agosto, 11 dias depois de a VarigLog arrematar a Varig.
Se não fosse tão longa, a frase bem que poderia substituir o “Ordem e progresso” da bandeira brasileira.
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POR José Pires

quinta-feira, 12 de junho de 2008

E novamente aparece o José Dirceu

E não é que surgiu mais uma do José Dirceu? Pois é, já está até se tornando coisa banal o ex-ministro da Casa Civil de Lula aparecer metido em encrenca. Isso é um perigo, já está ficando parecido com aquela história do cachorro que mordeu o homem: não é notícia. Logo mais denúncia de corrupção com José Dirceu no meio nem vai para as manchetes. Fica para a página de notas. Vai ficar todo mundo esperando o Dirceu morder o cachorro.

A nova denúncia contra o homem forte (tem gente que diz ex-homem forte, mas não acho correto) do governo Lula saiu agora há pouco, no início da noite, no site da revista Época. O enrosco é em Minas Gerais. O prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB), voltou para cadeia. Ele já havia sido preso em abril, quando na primeira fase da “Operação Pasárgada” a Polícia Federal apreendeu armas e R$ 1,120 milhão em sua casa. Ele voltou a ser preso porque não conseguiu não conseguiu comprovar a origem do dinheiro.

As provas mais contundentes apreendidas pela PF estavam na gaveta do próprio prefeito, conta a Época: “Na primeira fase da Operação Pasárgada, em abril passado, além de deter Bejani, a Polícia Federal apreendeu documentos, computadores, armas de uso exclusivo das Forças Armadas e R$ 1,1 milhão em dinheiro vivo que o prefeito guardava em casa. As buscas se estenderam ao gabinete dele, na prefeitura. E foi justamente lá que os agentes encontraram um pacote com oito DVDs. Durante semanas, eles se debruçaram sobre o farto material. Era nos discos que estava a maior surpresa: eram vídeos, e neles havia cenas de corrupção explícita, em que o próprio Bejani era o personagem principal”.

A revista teve acesso às gravações. E num dos vídeos, gravado em maio de 2006, Bejani cita o ex-ministro José Dirceu. Enquanto recebe pacotes de dinheiro como propina, o prefeito de Juiz de Fora fala de uma reunião com Dirceu para tratar da liberação de R$ 70 milhões para a prefeitura. O prefeito diz: “Sabe quanto isso dá de comissão? R$ 7 milhões”.

É evidente que José Dirceu já negou tudo. Mas as “coincidências” fortalecem as suspeitas. O contrato com a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades, foi de fato assinado 50 dias depois. Na época Dirceu já não era mais ministro e havia sido cassado sete meses antes, mas na descrição da cena para a Justiça Federal, a PF afirma que a “captação [do dinheiro] teria sido intermediada pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e que só a comissão, provavelmente a título de propina, seria de R$ 7 milhões”.

E na mesma gravação Bejani afirma que teria uma reunião com Dirceu em Belo Horizonte naquele dia, 10 de maio de 2006. Ocorre que na data José Dirceu esteve na capital mineira. Lá acabou sendo vaiado e xingado por estudantes da PUC mineira, onde fez uma palestra.

Leia mais no site da Época, onde você também pode assistir ao vídeo onde o companheiro histórico de Lula é citado.
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POR José Pires

A inflação voltando com tudo



Boa notícia: o IPCA (Índice de preços ao Consumidor Amplo) surpreendeu até os analistas mais pessimistas e subiu 0,79% em maio -acima do 0,55% de abril. É a maior alta desde abril de 2005 (0,87%) e a maior elevação para um mês de maio desde 1996.

Mas espere aí: boa notícia para quem? Alguns já devem estar pensando que enlouqueci. É a inflação de volta. E por mais que seja interessante ver o papudo do Lula tornar-se o presidente que fez voltar a inflação, não vale o preço, que é demais. Quem já viveu em economia dominada pela inflação não deseja de modo algum ver o filme de novo.

A boa notícia é para os chargistas. É uma brutal economia no trabalho de campear idéias para a charge diária. A inflação supre qualquer daqueles dias sem assunto: basta pegar o manjado dragão e criar uma situação com alguma autoridade, uma dona de casa ou empresário.

E quem viveu mais de dez anos com a inflação, como é o caso dos que tem por volta de cinqüenta anos, tem um arquivo cheio de charges com a danada. É só redesenhar e, em certos casos − bem poucos, pois o Brasil, que já era país repetitivo em política, hoje é carbono de ano pra ano − repor em um contexto atual.
Na imagem, o dragão da inflação debate teoria econômica com um economista do PT. O papo parece bom. Para a inflação, é claro...

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POR José Pires

FHC também está com tudo

A notícia é boa também para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pois não foi ele que derrotou a inflação? Pois é, o foco da mídia volta-se para ele. E o presidente Lula? Bem, Lula vai ter que se mexer para não passar para a história como o presidente da volta da inflação. E não foi por falta de aviso.
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POR José Pires

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Previsões de Madame Dilma

Dilma Roussef, já sabíamos, é a pessoa mais capacitada do governo Lula. Vá lá, isso não é grande coisa, mas é o que diz a propaganda oficial, capitaneada por Lula. O presidente da República, aliás, é fã de carterinha da ministra-chefe da Casa Civil. Até apelidou-a de “mãe do PAC”, o que não é pouca coisa vindo dele, que também tem o “PAC” como filho.

Até aí, nenhuma novidade. Mas o que ainda não havia se revelado são os dons paranormais da ministra. No depoimento que prestou hoje à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, disse que Dilma Roussef informou-a que havia uma representação contra ela no Ministério da Defesa. A ministra deu a informação em maio de 2007, mas a representação só foi feita em junho.

O autor da representação foi Roberto Teixeira, o bom compadre que emprestou uma bela casa para Lula morar de graça por quase dez anos.

Não sei se a ministra ainda será chamada para depor no Senado. Mas com tais poderes, numa semana de Mega-Sena acumulada e em sessão secreta, bastam algumas palavrinhas ─ mais exatamente seis dezenas ─ para ela calar até mesmo boa parte da oposição. Ela nem precisa mais falar do tempo em que mentia sob tortura.
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POR José Pires

Competição

Esse dom da Dilma Roussef ainda podem muita causar ciumeira no ministério lulista. Claro, afinal o futurólogo por ali não é o Roberto Mangabeira Unger. Ela que se cuide: Marina Silva caiu por muito menos que isso.
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POR José Pires

terça-feira, 3 de junho de 2008

De olho no boi

O ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, aquele que a todo momento extrai do colete uma tirada nova, anunciou ontem que vai apreender “bois piratas” na Amazônia. “Boi pirata” é como ele chama o gado criado em áreas desmatadas ilegalmente.

Essa é boa. E aconselho até que, para ajudá-lo nesta patriótica e ecológica ação, o ministro Minc convide especialistas no assunto. Um bom nome no ramo é o do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Na época do congelamento de preços no governo Sarney (1985-1990), quando os pecuaristas escondiam seus bois, Quércia era um renomado caçador de “boi gordo”. O ex-governador deve ter um olho excelente pra caçar “boi pirata”.
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POR José Pires

Fora do protocolo

O presidente Lula tem uma quantidade altíssima de assessores. Ainda no primeiro mandato, o petista aumentou o número de assessores da Presidência da República de vinte e sete para cinqüenta e cinco. Chegam a ser engraçados os nomes dos cargos à sua volta. Tem até um tal de “Chefe do gabinete-adjunto de informações em apoio à decisão do gabinete pessoal do presidente da República”. Sabe-se lá o que é isso, mas a explicação certamente deve ser maior que o nome do cargo.

Mas o fato é que mesmo com tantos assessores diretos, sua agenda tem uns contrasensos espantosos. Na agenda de hoje do presidente da República, por exemplo, consta que ele participa em Roma da abertura da Conferência de Alto Nível sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia. Ora, se a conferência é de “Alto Nível”, creio que ele vai se sentir deslocado.

Tem falha aí. Acho melhor cria um cargo novo para evitar essas piadas prontas. Talvez o de “Chefe do gabinete-adjunto de informações para dirimir incongruências e incompatibilidades em apoio à defesa do presidente da República quanto á piadas prontas”.
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POR José Pires

O deputado no telhado

O deputado pedetista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho Pereira, ou Paulinho da Força, homem de tantos nomes e que agora ganhou até mais um, que circula sem nenhum ônus financeiro para ele ou para o BNDES na internet, o de Paulinho da Forca, está fulo da vida com o tratamento que o governo Lula está dando para ele, que agora sofre tantos dissabores.

A solidão do telhado é mesmo de doer. O desrespeito é maior do que a situação de presidente nos últimos dias de mandato. Paulinho da Força, ou da Forca, se queixou ontem que lá no telhado não estão servindo nem cafézinho frio para ele.
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POR José Pires

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Do lado de cá do rio Congo

O seqüestro e tortura de jornalistas do jornal carioca O Dia é um horror, sem dúvida. Estamos cada vez mais próximos do Congo da ficção de Joseph Conrad. Aliás, os jornais daqui informam todos os dias que para nossa realidade o horror da ficção é fichinha.

O coronel Kurz, da ficção de Conrado e do filme de Coppola, criou um domínio de terror à beira do rio Congo, no antigo Congo Belga. O cineasta transportou a história para o rio Mekong, que corta o Camboja no inferno da guerra do Vietnã. Mas o rio Congo permanece como um símbolo melhor. Kurz reina do lado de lá, eles reinam do lado de cá. Não é só o Haiti que é aqui. O nosso Haiti, além de tudo, é cortado pelo rio Congo.

O Brasil parece um país sobrenatural. Parece, não: é isso mesmo que somos. Quando não há Estado e, pior, uma camarilha se aboleta no poder para sugar e aparelhar a máquina pública, como ocorre no Brasil, aí o horror domina mesmo.

Mas eu comentava a tortura à jornalista no Rio de Janeiro. Três repórteres do jornal O Dia, inclusive uma mulher, foram seqüestrados por bandoleiros que dominam um bairro carioca. Os três foram agredidos, roubados e sofreram torturas durante sete horas seguidas. Esses grupos de foras-da-lei são compostos e chefiados por policiais. Os jornalistas estavam ali fazendo uma reportagem sobre o domínio desses bandidos sobre aquela comunidade.
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POR José Pires

Yes, nós temos paramilitares

Notem que até agora não falei que são “milicianos”. Sou uma voz isolada e já me acostumei com isso, então tenho que dizer que a imprensa está totalmente errada em chamar esses bandidos de “milicianos”. Até os jornalistas de O Dia, na reportagem em que narram a desgraça acontecida com eles, cometem esse equívoco.

O problema é que se faz jornalismo hoje em dia sem uma ferramente essencial, o dicionário, no Brasil tem o equivocado apelido de “pai dos burros”. É bobagem, burro não pesquisa e jamais consulta. Burro faz cegamente. Pois vocês não vêem como se governa do Planalto? Mas o fato é que “milícia” é uma tropa auxiliar, relacionada diretamente a um exército legal. E isso esses bandidos não são. O que eles são, na verdade, é paramilitares.

Penso também que talvez não seja um erro condicionado à falta de dicionário. Pode ser que haja um temor coletivo em encarar uma triste verdade: já começa a se instalar no Brasil o domínio de grupos paramilitares.

Nada de “milicianos”. São pa-ra-mi-li-ta-res. Alguém já leu em algum jornal sobre “milicianos” colombianos ou “milicianos” africanos? Claro que não, pois nesses lugares o que impera é o domínio do paramilitarismo. É o ápice, a chave de ouro, ou melhor, de chumbo, do processo trágico que a falta de Estado acaba criando. Depois disso é a barbárie e o fim da democracia. E muito cuidado: a nossa democracia, rala como é, não precisa muito para ser abalada.
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POR José Pires

Descansando do País

Mas o drama dos jornalistas detidos por paramilitares traz também informações importantes sobre o estado − ou Estado, com maiúscula − a que chegamos. Soubemos, por exemplo, que o ministro da Justiça, Tarso Genro, está em férias.

Férias? Pensem bem, imaginemos o nosso ministro cuidando de uma lojinha com muitas dificuldades, em estado de pré-falência. Será que, como proprietário de um comércio neste estado, o ministro ou qualquer outra pessoa iria sair em férias? De jeito nenhum. Neste caso redobraria seus esforços − o que, aliás, a maioria de nós, brasileiros, fazemos hoje. Para reerguer seu negócio certamente trabalharia em dobro, fazendo serão e até levando serviço para casa.

Bem, com o caos em que está a segurança pública, até com grupos paramilitares dominando regiões inteiras em plena cidade do Rio de Janeiro, assassinatos no campo, desmatamentos criminosos, altíssimas taxas de homicídios, corrupção, o que o ministro da Justiça faz? Sai de férias.
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POR José Pires

Interino inteirado

Mas o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, está se incumbindo bem do papel de Tarso Genro. Já entrou como comentarista do assunto em voga. “Foi um atentado à liberdade de imprensa. O governo federal vai colaborar no que for preciso com as investigações”, ele disse.

Bem, se os paramilitares torturam jornalistas, imaginem o que fazem com as pobres pessoas que vivem nas áreas dominadas por eles. E o ministro fala em “atentado à liberdade de imprensa”. Deve ser a liberdade de noticiar torturas e assassinatos de toda a população. Menos de jornalistas, é claro, pois aí é demais: afeta a liberdade de imprensa.
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POR José Pires

Ministrando realidades

É mais ou menos o que Tarso Genro faria. Ele é bom de comentários. Quando ouço essa gente até penso que no governo devíamos colocar companheiros (gostaram?) como o finado Paulo Francis. Na falta dele, temos aí também Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Janio de Freitas, Merval Pereira, Ali Kamel e tantos outros bons jornalistas que comentam política. Estão no seu papel, é claro.

Porém, de quem está no executivo espera-se mais que um comentário. Mas esta é a praça de Tarso Genro. Mal espero sua chegada para me deliciar com suas frases. O ministro tem sempre uma tese para realçar seu papel em qualquer realidade.

Que papel? Não me perguntem. Ludwig Wittgenstein dizia que “sobre o que não se pode falar, deve-se calar”. Bem, a filosofia discute bastante o assunto. A linguagem, infelizmente e mesmo que o ministro não queira aceitar, não cria realidades.

Tarso Genro, quem não se lembra, é o líder petista que falava em “refundação” do PT, numa suposta revolta contra os mensaleiros que tomaram conta do partido. Genro só não explicava o que ele, como líder importante da sigla, havia feito até então para evitar a roubalheira que, enfim, acabou ocorrendo.

Ele é especialista em tudo. Prefeito de Porto Alegre, de onde foi chutado nas urnas, era mestre em questões urbanas. Na pasta do Conselho de Desenvolvimento, dava saltos diários de crescimento e progresso econômico. E no ministério da Educação, falava como um sábio do ensino superior. Mas no final o que fez foi uma política assistencialista, com suas cotas racistas e acomodatícias do fracasso do ensino básico. Não serviu nem para fechar faculdade privada picareta.
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POR José Pires

Mudando com os ventos

Tenho aqui na minha frente uma revista Primeira Leitura, ótima publicação que foi editada por Reinaldo Azevedo. Infelizmente fechou. É de janeiro de 2004 e traz na capa Tarso Genro, então ministro do Conselho de Desenvolvimento (eu disse que ele é especialista em tudo), que afirma de forma decisiva que “Lula tem que mudar”.

Lula não mudou, é claro, e Tarso Genro está lá, sob a chefia dele. O que mudou então? Ora, os ventos políticos. E Tarso Genro logo puxa da algibeira teórica uma nova teoria que transforma a realidade em torno dele.

Paramilitar não tem tempo para essas coisas. Mas eles também iriam gostar das frases do ministro da Justiça, Tarso Genro. Esperemos sua volta das férias. Nós e os paramilitares.
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POR José Pires

Apodo

O pessoal é muito preconceituoso com esses políticos que defendem os trabalhadores. Sabem do que já estão chamando o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força? De Paulinho da Forca.
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POR José Pires