sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Igualdade? Põe no cartão

Se apenas aceitasse a demissão de seus ministros que caem em desgraça, Lula os deixaria em situação melhor do eles ficam com suas falas ou cartas após o pé-na-bunda. Primeiro porque o país inteiro sabe que nenhum deles pediu demissão. Foram demitidos. E depois, bem, depois é pela qualidade do que Lula fala ou escreve para amenizar a situação dos desgraçados.

Com a demissão da ministra Matilde Ribeiro agora há pouco, no meio da tarde, já são nove os ministros que caem metidos em escândalos. E pra ninguém dizer que não há igualdade racial no governo, dois são negros (além da atual, a ministra Benedita da Silva) e um é descendente de japonês (Luiz Gushiken).

A justificativa de Matilde Ribeiro é difícil de engolir e a carta de Lula aceitando a demissão é de doer. A ex-ministra disse que a farra no uso dos cartões foi culpa de funcionários que a orientaram mal. Segundo ela, já foram demitidos. Está certo, só por maldade alguém deixaria de dizer para a ministra que o cartão corporativo não é para o chopinho no Leblon e nem para compras no free-shop.

Na carta aceitando a demissão, Lula fala das “imensas dificuldades” para a ministra trabalhar, fruto de “séculos de preconceito”. Ele não explica o que isso tem a ver com gasto indevido, mas se o problema com o cartão da ministra é o racismo, então é só fazer uma cota especial de cartões para o ministério da Igualdade Racial. Em nome dos “séculos de preconceito” o futuro ministro pode gastar quanto quiser. E pra ter justiça histórica maior fica liberado até compras no free-shop.
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POR José Pires

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