quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Palocci, o profissional


O ex-ministro da Fazenda e atual deputado federal Antonio Palocci é um um homem cercado de suspeitas. Mas ninguém pode negar que ele é um profissional. Como prefeito de Ribeirão Preto, entre outras coisas, revolucionou a culinária brasileira com o molho de tomate com ervilha. Depois teve uma ascensão rápida na carreira, passando de deputado a coordenador da campanha de Lula para presidente em 2002 − um golpe de sorte seu e de azar de Celso Daniel, o prefeito de Santo André, que seria o coordenador caso não fosse assassinado − e logo depois para ministro da Fazenda.

No ministério foi uma festa. Reinava em Brasília com a “República de Ribeirão Preto”, grupo que o chamava de chefe e que até tinha uma mansão em Brasília para festanças que causavam inveja naquela terra de tantos lupanares. Era uma turma unida, mas aconteceram desavenças. E dizem até que a briga era por mulher.

Mas a festa acabou. Palocci caiu do ministério após se envolver na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Já estava encalacrado na CPI dos Bingos em razão dos depoimentos de Rogério Buratti, seu parceiro de sempre, mas o episódio da quebra do sigilo foi o golpe final.

A relação de Palocci com Buratti deixou pelos menos dois mistérios. O primeiro é a razão de Buratti abrir o bico e acusar o ex-ministro de Lula. O outro mistério é sobre o porquê de agora Buratti voltar atrás sobre o que disse sobre Palocci, a quem atribuiu fraudes e envolvimento em esquema de propinas. Ele desdisse tudo e ainda registrou a negação em cartório. Buratti retirou o que afirmou em agosto de 2005 perante promotores de Justiça e um delegado. E também negou suas declarações à CPI dos Bingos. O fato foi descoberto na semana passada, mas o desmentido está registrado desde 28 de junho do ano passado.

São mistérios da política brasileira. E que devem ficar encobertos por mais uns tempos, afinal, como já disse, envolve um político que, acima de tudo, é um profissional.
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POR José Pires

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