segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nem no PT agüentam mais Marta Suplicy

O Estadão publica hoje uma boa matéria sobre o isolamento de Marta Suplicy dentro do PT. Começa de forma correta lembrando ao leitor que a única vitória de Marta para a prefeitura de São Paulo, em 2000, se deveu em boa parte à ampla frente contra Paulo Maluf no segundo turno, na qual entraram inclusive tucanos. Quando tentou se reeleger, perdeu para José Serra.

Ninguém que saber de Marta no PT. Mas alguém quer ficar próxima dessa mulher em algum lugar. Em poucos meses no Senado, Marta já colecionou uma porção de episódios em que a falta de educação fica bem clara. Dos bate-bocas e desrespeitos com seus colegas senadores dá para tirar dois ou três vídeos que fazem um bom estrago em qualquer eleição.

O que é bem faz bastante tempo e que a matéria do Estadão levanta muito bem é que Marta não agrega. Ao contrário, com sua terrível personalidade terrível acaba afastando até os que, por uma razão ou outra, fazem política do seu lado.

Mas o que me atraiu a atenção mesmo na matéria sobre seu isolamento entre os petistas paulistas, foi uma clara contradição com o perfil feminista que lhe deu fama.

Entre os motivos da sua dificuldade partidária, uma razão das mais fortes segundo o Estadão, está em um homem. É seu namorado, empresário Márcio Toledo, presidente do Jockey Club. Muitas pessoas ouvidas pelo Estadão dizem que as intromissões de Toledo nos espaços políticos de Marta tiveram um peso danado nas inimizades políticas que ela tem agora no partido.

Tem que ser destacado que nas situações em que Toledo influiu em decisões políticas de Marta, me parece que ele estava bem certo. Contribuiu para evitar que ela caísse em armadilhas armada pelos próprios companheiros. Mas não é isso que está em questão. O que pesa mesmo é a cara-metade (ou o cara-metade, tanto faz) se metendo no trabalho do outro. Disso ninguém gosta.

E aí está a contradição com a alegada força feminista de Marta. Sempre tem algum parceiro amoroso metendo o bedelho em seu trabalho político. É bem conhecido o papel do franco-argentino Luís Favre na sua primeira candidatura à prefeitura. A relação com Favre, com quem ficou cada por cerca de cinco anos, foi a razão da separação do primeiro marido, o senador Eduardo Suplicy, de quem é indissociável até hoje. Carrega o sobrenome dele.

A dependência de sua imagem em relação ao ex-marido é tal que até o filho mais conhecido do casal, o Supla, fez um desabafo que ficou famoso acontecia a crise conjugal que deu depois na separação. Frase do próprio filho: “Minha mãe sempre foi uma patricinha que só chegou aonde está por causa do meu pai.

Feminismo estranho esse. Apesar de que temos exemplos históricos de mulheres que tiveram a determinação de conquistar seus próprios espaços políticos ou intelectuais, sem obter uma imagem histórica individual. Simone de Beauvoir, que foi amante de Jean-Paul Sartre — ou uma de suas amantes — está aí como prova disso.

Marta tem mais um homem se metendo em sua vida política, de tal forma que sua imagem já começa a ser associada a isso. Foi o mesmo que aconteceu com Favre, que ocupou o poder a seu lado de um modo tão desinibido que era chamado de “primeiro-damo”. Tem também maledicência muito engraçada que dizia que ele seria a nossa Evita se Marta um dia realizasse seu evidente sonho de ser presidente da República.

Mas isso tem conseqüência na carreira política de Marta? Claro que tem. E ela não vê isso porque é auto-centrada, não faz a mínima questão de analisar as razões do outro. Pode até ter uma fatia da opinião pública que não vê problema que suas relações amorosas aconteçam tão misturadas com seu trabalho político. Mas tenho a impressão que é bem maior o número de pessoas que não gostam disso, até porque na carreira de Marta essa misturada vem sempre com uma aparência de falta de equilíbrio.
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POR José Pires

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