quinta-feira, 19 de julho de 2012

Gestão com nota baixa

Entre os indicativos sociais negativos que aparecem o tempo todo o mais preocupante é o da educação. Já virou lugar-comum falar sobre a importãncia da educação, mas isso tem mesmo que ser dito sempre. Sem uma educação de qualidade é impossível fazer qualquer coisa.

Saiu nesses dias uma pesquisa sobre este assunto que coloca o Brasil mais uma vez numa situação extremamente negativa. Apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas. A pesquisa é do Instituto Paulo Montenegro e a organização não governamental Ação Educativa.

Outra informação impressionante da pesquisa é que 38% dos brasileiros com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita. Isso é que é o mais preocupante, afinal são essas pessoas que deveriam estar sendo preparadas para elevar o nível educacional e cultural do país. E já é absurdo que um número tão alto de ignorantes tenha entrado na universidade, já que o ensino superior não existe para ensinar a ler. Mas, de qualquer forma, saiam da universidade com alguma formação.

Mas é preciso tomar cuidado com este tipo de encaminhamento porque ele nunca resulta em aumento de verbas na educação e tem servido também para evitar a discussão sobre o que está sendo feito com o dinheiro que já existe nesta área.

Perde-se muito dinheiro com a má gestão dos recursos da educação e parte considerável também se vai com a corrupção. Um estudo recente da Federação do Estado de São Paulo (Fiesp) informou que o Brasil perde R$ 56 bilhões por ano com a má gestão do dinheiro público investido nesta área. Divulgado em novembro de 2010, o estudo é muito interessante quando faz comparativos entre o Brasil e os outros países da América Latina.

Com um percentual de gastos acima do conjunto do continente (4,3% do PIB contra 4% dos demais países) o Brasil teve resultados sempre piores. A taxa brasileira de analfabetismo ficava em 11,3% e os demais em 8%. A repetência nos quatro primeros anos era de 21,4% enquanto nos outros era 5,8%. Há menos de dois anos Uruguai e Chile gastavam o mesmo que o Brasil e conseguiam resultados muito melhores.

O estudo trata apenas dos aspectos administrativos do uso dessas verbas. Não tocou na questão da corrupção, que também é outra barreira séria para uma boa gestão na educação não só pelo dinheiro que é surrupiado mas também pelos maus hábitos que a roubalheira acaba criando.

É claro que é preciso valorizar a educação e sem dúvida alguma é necessário investir em infraestrutura e bons salários para os professores. Mas se não tivermos uma melhoria bem grande da gestão pode ser que o aumento de verbas não traga a melhoria de qualidade que o Brasil precisa.
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POR José Pires

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