quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Ministro-expiatório

Já corre a notícia de que a presidente Dilma Rousseff está voltando atrás em medidas do pacote econômico anunciado na semana passada. Fala-se em recuo na suspensão do reajuste salarial do funcionalismo, no direcionamento das emendas parlamentares e na diminuição de recursos do Sistema S. Mas podiam colocar também nesta lista a tentativa da volta da CPMF. Ao voltar com essa conversa, Dilma mostrou que está totalmente fora da realidade. Como é que um governo totalmente sem força política faria para convencer parlamentares a votar um negócio desses já no final de uma legislatura que antecede um ano de eleições municipais? Em 2016 todo deputado ou senador estará envolvido em fortalecer suas bases nos municípios brasileiros. Grande parte desses políticos terá candidaturas a prefeito. Acho difícil convencer essa tigrada a ter de explicar nos palanques em suas cidades que votaram a favor da volta da CPMF.
No meio desse fracasso vai ficar feia a credibilidade profissional do ministro Joaquim Levy. É interessante a sua gradual desmoralização. Quando foi nomeado ele trazia a imagem do fiador que garantiria boas relações com o chamado mercado. Isso parece conversa de mafioso, mas é o assunto que sempre aparece numa crise. Levy teria o poder de amaciar os rapazes da outra escola de Chicago, não a de Al Capone. Houve até a cogitação da sua permanência no cargo, caso Dilma sofresse o impeachment. Os tucanos foram os que mais se animaram, numa atitude muito besta, apesar de típica de tucano. Nem vou fazer juízo de valor sobre a qualidade de Levy como economista, mas o papo é idiota. E mesmo indo por este raciocínio tolo, que exige acreditar que a dificuldade brasileira se restringe a ter um bom condutor no ministério da Fazenda, ainda assim haveria muita gente mais apropriada ao cargo que Joaquim Levy.
O mixo pacote acabou com o que restava da credibilidade do ministro. Ele até poderá depois revelar todas as dificuldades de trabalhar com Dilma, uma pessoa que todos sabem ser intratável, porém isso não vem agora ao caso. Ninguém tem dúvida também de que foi o PT que aprontou essa quebradeira. Porém, ele é o ministro e tudo leva sua assinatura. Quando entrou, já sabia que teria de se arranjar, em meio a incompetentes e gatunos compulsivos. E aí está: no resultado final, seu trabalho não vem tendo boa avaliação de parte alguma. O ministro não encantou. Pobre Levy. Não é difícil até mesmo que haja sua substituição por outro ministro, com ele levando a fama de não ter tido capacidade para o cargo nesta situação difícil da economia brasileira.
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POR José Pires

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