sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Interrogatório na agenda

O ex-presidente Lula e dona Marisa Letícia já estão com um programa imperdível para depois do carnaval. Os dois têm interrogatório marcado pelo Ministério Público para o dia 17 de fevereiro. É a primeira vez que Lula presta depoimento como investigado e sua esposa também foi intimada. O casal é investigado pelo crime de lavagem de dinheiro e ocultação da propriedade do famoso triplex do Guarujá. Também neste dia será ouvido Léo Pinheiro, dono da OAS que acompanhava pessoalmente as reformas no triplex e que foi visto por testemunhas acompanhando dona Marisa na inspeção das reformas no apartamento, que custaram mais de 700 mil reais. Hoje apareceu a informação de que os investigadores descobriram que a empreiteira gastou R$ 380 mil em mobília para o triplex. É impressionante o interesse da OAS em agradar o dono desse imóvel.
Até agora Lula tentou de todo jeito desmentir que o imóvel seja dele, mas promotores afirmam que os indícios apontam para ele como o privilegiado dono. Já existem depoimentos sobre sua presença no prédio, inclusive com a reclamação de moradores de que durante a visita a segurança do petista impedia o acesso ao elevador, reservado para seu uso exclusivo. A OAS também ordenava a limpeza do prédio e a colocação de flores para receber a família do ex-presidente. Esses fatos até curiosos e outras revelações vêm prejudicando bastante as tentativas de Lula para desvencilhar-se dessa história. Suas versões são desmontadas uma a uma em variadas matérias pela imprensa nos últimos dias. E o Ministério Público deve ter juntado outras provas sólidas durante a investigação deste triplex que vem sendo apontado como o Fiat Elba de Lula.
O caso é um desastre para o ex-presidente. Os elementos envolvidos na trama acabam tendo uma relação diretamente destrutiva com tudo que até há pouco dava forma à sua figura política, num trabalho de décadas que ocupou marqueteiros, dirigentes políticos e o uso praticamente exclusivo de um partido na configuração de uma imagem de líder popular. Temos uma cooperativa de trabalhadores, a quebrada Bancoop, de um sindicato de importância história na sua base política, o dos bancários, com mais de três mil famílias de trabalhadores que perderam o dinheiro aplicado para ter uma casa própria. Daí passa-se para uma empreiteira envolvida em corrupção de bilhões de reais, num esquema que arruinou a maior estatal brasileira. No meio disso tudo ainda está a denúncia de desvio de dinheiro para o PT, além do partido ter altos dirigentes presos e condenados. Depois disso, dificilmente deve sobrar algo da imagem de Lula e de seu partido, independente do que ele tentará explicar quando for interrogado. Sua carreira política já está bastante abalada com o que já é conhecido até agora. E o que deve aparecer depois dessa conversa com os promotores com certeza aumentará inda mais o estrago.
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POR José Pires

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