quarta-feira, 13 de novembro de 2019

A marcação imoral dos que votaram no adversário

Corre pelas redes sociais um vasto material associando criminosos aos eleitores de Jair Bolsonaro. Todo mundo sabe de onde vem essa onda de desinformação absolutamente equivocada e altamente perigosa. Vem da esquerda, com maior difusão entre apoiadores do PT, partido que teve o candidato Fernando Haddad no segundo turno, afinal sendo derrotado por Bolsonaro por 57.797.847 a 47.040.906.

Pelo raciocínio torto deste material cretino que vem sendo repassado na internet, dentre os 47 milhões de eleitores do PT não há ninguém que tenha cometido algum crime. Nem se metem em encrenca alguma. Até os mandantes do assassinato do petista Celso Daniel e das torturas sofridas por ele devem ter votado no Bolsonaro. Já os companheiros são gente do bem. E todo eleitor petista.

Claro que não devem estar contando com a vasta folha corrida de lideranças do partido, uma porção de gatunos, alguns deles já condenados pela Justiça, como o chefão petista, Lula, julgado e condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, além de responder por outros processos. Mas para um petista, isso deve ser apenas um detalhe.

O curioso é que, por esta visão torta, eleitores de Ciro Gomes ou mesmo de Amoedo também se comportam muito bem. O mesmo vale para quem deu seu voto para Henrique Meirelles e os demais, inclusive Geraldo Alckmin. Coisa ruim, só quem votou em Bolsonaro. Do mesmo modo que petistas são todos do bem, eleitores de Ciro e de Amoedo e de todos os outros candidatos são tão gente fina quanto os petistas. Bem, por ora não estão sendo incomodados, mas todo mundo sabe que essa canalhice nunca se mantém focada apenas em um alvo.

Ainda há pouco bateu em minha linha do tempo a notícia de um homem que matou uma jovem com um tiro na cabeça por causa de um acidente trânsito. O material é do site Forum, uma revista criada quando o PT estava no poder. Teve pesado apoio publicitário durante os governos petistas, quando batia pesado na oposição e exaltava o projeto de poder do PT.

É claro que a notícia postada pelo site Forum afirma que o criminoso apoiou Bolsonaro para presidente. Na chamada, de imediato o suspeito é identificado como “assassino bolsonarista”. Em uma foto, que nem dá para saber se é verdadeira, ele veste uma camiseta com a imagem de Bolsonaro. Vivemos atualmente este impressionante fenômeno. Todo ano o país tem um avassalador índice de homicídios, sempre com mais de 60 mil mortos, mas nenhum dos matadores vota no PT.

Eu disse logo no começo deste texto que é muito perigosa essa desinformação. Esta é mais uma atravessada feia, avançando até os limites do conceito esquerdista de muito tempo atrás, segundo o qual é permitido fazer de tudo contra o adversário, já que a esquerda só quer o bem da humanidade. O problema é que quando se estigmatiza todo o eleitorado de um político, seja de que partido ele for, atinge-se o próprio conceito de democracia. Quebra-se a confiança no sistema de representatividade. Cria-se uma desarmonia, sendo atingidas milhões de brasileiros que nada têm a ver diretamente com o que apronta seu candidato depois de eleito.

Sei que dificilmente vão parar de usar esse recurso cretino de apontar no eleitor do adversário todo mal do mundo, mas para quem quiser fazer suas críticas e até combater o político do qual não gosta, fazendo isso de forma honesta, dou uma dica muito simples: qualquer pessoa envolvida em crime ou uma encrenca qualquer só deve ser associada a um partido ou candidato quando o delito tiver alguma relação direta com sua posição política.
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POR José Pires

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