O senador Gim Argello (PTB-DF) mal tomou posse e o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP) já está em sua cola. Tuma disse que vai requisitar a órgãos públicos informações que possam comprovar “falcatruas” das quais o mais novo senador da República é suspeito.
É extensa a ficha do senador Argello. Ele responde a processos ou inquéritos civis e criminais, foi citado em 2002 como beneficiário de propina, foi investigado por grilagem de terra e é acusado de ter participado de fraude na aprovação de leis de regularização fundiária enquanto presidia a Câmara Distrital do Distrito Federal.
Além disso, ele estaria envolvido na famosa história do terreno em Brasília que teve valorização de R$ 72 milhões graças à lei aprovada por seu grupo político. Segundo denúncias, a venda estaria relacionada ao também famoso cheque que Roriz alegou ter emprestado de Nenê Constantino, da Gol. Por ser muito fora da razão, a defesa apresentada por Roriz vai acabar ficando para o folclore político. O ex-senador disse que pediu um empréstimo de R$ 300 mil a Constantino, quantia descontada do cheque de R$ 2,2 milhões do empresário.
São muitas as histórias nas quais o senador Argello está envolvido. E todos sabem que, por muito menos, bem menos que isso, jamais estaria empregado em qualquer empresa comercial séria. Porém, como mais uma dessas coisas que afrontam o País, foi empossado como senador.
E será árdua a defesa de seu mandato. Ele tem que explicar também outra denúncia muito séria que partiu da revista “Veja”, que afirma em reportagem recente que os R$ 2,2 milhões citados acima – fato flagrado em uma conversa telefônica de Roriz – teriam sido utilizados para subornar juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Brasília.
A revista publicou trechos de conversas entre Roriz e Argello, onde os dois travam o seguinte diálogo:
Argello – O Agnelo (refere-se a Agnelo Queiroz, ex-ministro e candidato derrotado ao Senado) me disse que a decisão foi comprada. É isso mesmo?
Roriz – É isso mesmo. Achei que o processo não ia dar em nada, mas tivemos de resolver. Tivemos de comprar dois.
“Veja” informa que conseguiu acesso à conversa com um político próximo de Roriz. Segundo esta fonte, “comprar dois” significa subornar dois juízes do TRE de Brasília. E o fato é que Roriz teve mesmo uma condenação revertida naquele tribunal. Um dos juízes mudou o voto e rejeitou a acusação por uso da máquina pública e propaganda ilegal.
Um elemento que chama a atenção na conversa entre os dois políticos – e que revela o papel nocivo da figura do suplente na política brasileira – é quando Roriz lembra à Argello que o mandato de senador também lhe pertencia. “O mandato também é seu, você precisa me ajudar”, disse Roriz.
Aliás, a chapa para o Senado que o ex-senador Roriz encabeçou é a comprovação cabal da necessidade de se acabar com a figura do senador suplente. Em agosto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai julgar o caso novamente, atendendo a recurso feito pelo Ministério Público e o PC do B. Uma condenação atingirá Roriz e seus dois suplentes: Argelo, que assumiu o mandato, e o segundo suplente, o engenheiro Marcos de Almeida Castro.
Romeu Tuma terá que correr contra o tempo para pegar o senador Argello antes do TSE, tribunal que tem a ocasião para mostrar serviço numa área em que tem sido decepcionante. Mas esses ataques de Tuma parecem ser apenas parte de um jogo de cena em que tem atuado de um modo triste para o País. O suplente que assumiu no lugar de Roriz parece estar sendo usado como um despiste em relação aos deslizes éticos do presidente da Casa, Renan Calheiros. Não podemos nunca esquecer que este justiceiro Tuma é o mesmo que, no papel de corregedor do Senado, disse que investigava Calheiros com a seguinte intenção: “Não quero condenar, quero absolver”.
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POR José Pires
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Senador sem voto e com os dias contados
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