É engraçado como a disputa entre Barack Obama e John McCain estimulou paixões políticas também aqui no Brasil. Está certo que o presidente dos Estados Unidos acaba tendo uma muita importância nos destinos de um país como o Brasil, mas não era preciso criar um clima de fla-flu para a eleição norte-americana.
Aqui a torcida de alguns colunistas era evidente. Arnaldo Jabor, por exemplo, era “obamista” desde criancinha. Obama deve ter algum projeto de redenção da humanidade, bem definidor dos rumos do planeta e que logo deve vir a público. O mundo logo vai saber disso, mas Jabor já o conhece na íntegra. Só isso pode explicar tamanha paixão do colunista por Obama, além do ódio, claro, por John Mccain.
Tamanho ardor evidentemente acabou fazendo com que o colunista fizesse uma besteira sem tamanho. Escrever com paixão não é defeito nenhum, mas no momento da edição ou da publicação é preciso ter equilíbrio.
E parece que faltou isso a Jabor, que acabou dando uma de jeca texano agora no final da eleição. Esta imagem é inversa ao pretenso posicionamento do colunista, sei disso. Ele posa de avançado, como se fosse um audaz demolidor de conceitos e preconceitos. Não é o que penso dele, mas esta imagem tem dado certo. E hoje ele é um dos mais bem pagos palestrantes do país com seu perfil de cronista de auto-ajuda. Avançadinho, mas de auto-ajuda.
Mas voltemos ao jeca texano. Isso fica por conta da grosseria do artigo de Jabor publicado hoje em O Globo e que já corre pela internet.
É um texto com loas à Obama e agressivos ataques ao candidato republicano, chamando-o inclusive de (estranha desqualificação) “velho”, e “caído”. Mas o problema é outro: nele, o colunista afirma que Sarah Palin, a vice do republicano, é a “boceta de Pandora” final para o mundo. O texto tem o título de "Vai dar Obama na cabeça". Pois com ele Jabor arrumou pra cabeça.
Com esse negócio de "boceta de Pandora" ele entrou pelo cano, mas já chego lá. Antes vamos falar dessa permissividade que existe na mídia, na internet principlamente, onde contra Mccain vale tudo e contra Obama qualquer crítica um pouco mais rigorosa é taxada logo como racismo.
É uma perversa inversão cometida pelo politicamente correto e muito conhecida por aqui, onde já sofremos bastante este tipo de manipulação. Mas aí está uma ironia boa: é exatamente o politicamente correto que agora complica a vida de Jabor. Seu texto é preconceituoso e marcadamente misógino. Desde que foi indicada como vice na chapa republicana, Sarah Palin vem sendo usada por ele como caixa de pancada. Até aqui tem até parecido engraçado para muitos leitores. Mas s paixão “obamista” de Jabor acabou levando a este deslize fatal. O texto pode ter desdobramentos péssimos para ele. Veremos.
Leiam o trecho que pega pesado com Sarah Palin: “McCain luta por sua fama. Como está velho, caído, finge uma desenvoltura de caubói ligeiro que não cola e, como teve câncer que pode voltar, pode acabar nos legando aquele pit bull de batom, a perua careta e despreparada Sarah Palin, que seria a ‘boceta de Pandora’ final para o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males".
Já surgem defensores de Jabor buscando justificativa na acepção, digamos assim, mais erudita da palavra boceta. De fato, o termo “boceta de Pandora” é usado também para se referir à “Caixa de Pandora”, o mitológico objeto aberto por Pandora e de onde saíram todos o males, ficando apenas a esperança no fundo. No mito grego não está definido com precisão se era um vaso, um jarro, ou o que seja. Para Jabor é uma boceta, mas sua grosseria nada tem de erudição, sabemos bem disso.
Já somos suficientemente adultos para saber do que ele queria falar. Foi um jogo de palavras bem idiota. E vá lá saber onde Jabor estava com a cabeça quando resolveu desqualificar uma direitista empedernida como Sarah Palin exatamente em sua condição de mulher.
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POR José Pires
Aqui a torcida de alguns colunistas era evidente. Arnaldo Jabor, por exemplo, era “obamista” desde criancinha. Obama deve ter algum projeto de redenção da humanidade, bem definidor dos rumos do planeta e que logo deve vir a público. O mundo logo vai saber disso, mas Jabor já o conhece na íntegra. Só isso pode explicar tamanha paixão do colunista por Obama, além do ódio, claro, por John Mccain.
Tamanho ardor evidentemente acabou fazendo com que o colunista fizesse uma besteira sem tamanho. Escrever com paixão não é defeito nenhum, mas no momento da edição ou da publicação é preciso ter equilíbrio.
E parece que faltou isso a Jabor, que acabou dando uma de jeca texano agora no final da eleição. Esta imagem é inversa ao pretenso posicionamento do colunista, sei disso. Ele posa de avançado, como se fosse um audaz demolidor de conceitos e preconceitos. Não é o que penso dele, mas esta imagem tem dado certo. E hoje ele é um dos mais bem pagos palestrantes do país com seu perfil de cronista de auto-ajuda. Avançadinho, mas de auto-ajuda.
Mas voltemos ao jeca texano. Isso fica por conta da grosseria do artigo de Jabor publicado hoje em O Globo e que já corre pela internet.
É um texto com loas à Obama e agressivos ataques ao candidato republicano, chamando-o inclusive de (estranha desqualificação) “velho”, e “caído”. Mas o problema é outro: nele, o colunista afirma que Sarah Palin, a vice do republicano, é a “boceta de Pandora” final para o mundo. O texto tem o título de "Vai dar Obama na cabeça". Pois com ele Jabor arrumou pra cabeça.
Com esse negócio de "boceta de Pandora" ele entrou pelo cano, mas já chego lá. Antes vamos falar dessa permissividade que existe na mídia, na internet principlamente, onde contra Mccain vale tudo e contra Obama qualquer crítica um pouco mais rigorosa é taxada logo como racismo.
É uma perversa inversão cometida pelo politicamente correto e muito conhecida por aqui, onde já sofremos bastante este tipo de manipulação. Mas aí está uma ironia boa: é exatamente o politicamente correto que agora complica a vida de Jabor. Seu texto é preconceituoso e marcadamente misógino. Desde que foi indicada como vice na chapa republicana, Sarah Palin vem sendo usada por ele como caixa de pancada. Até aqui tem até parecido engraçado para muitos leitores. Mas s paixão “obamista” de Jabor acabou levando a este deslize fatal. O texto pode ter desdobramentos péssimos para ele. Veremos.
Leiam o trecho que pega pesado com Sarah Palin: “McCain luta por sua fama. Como está velho, caído, finge uma desenvoltura de caubói ligeiro que não cola e, como teve câncer que pode voltar, pode acabar nos legando aquele pit bull de batom, a perua careta e despreparada Sarah Palin, que seria a ‘boceta de Pandora’ final para o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males".
Já surgem defensores de Jabor buscando justificativa na acepção, digamos assim, mais erudita da palavra boceta. De fato, o termo “boceta de Pandora” é usado também para se referir à “Caixa de Pandora”, o mitológico objeto aberto por Pandora e de onde saíram todos o males, ficando apenas a esperança no fundo. No mito grego não está definido com precisão se era um vaso, um jarro, ou o que seja. Para Jabor é uma boceta, mas sua grosseria nada tem de erudição, sabemos bem disso.
Já somos suficientemente adultos para saber do que ele queria falar. Foi um jogo de palavras bem idiota. E vá lá saber onde Jabor estava com a cabeça quando resolveu desqualificar uma direitista empedernida como Sarah Palin exatamente em sua condição de mulher.
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POR José Pires
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