sexta-feira, 15 de julho de 2016

Jamie Olivier cozinhando agora para a Sadia

É surpreendente como alguém cercado de todo um aparato de promoção profissional e um eficiente trabalho de imagem pode dar um passo tão errado como o chef Jamie Olivier, com esta propaganda da Sadia, marca de propriedade da BRF, uma gigante mundial do mercado alimentício, como a própria empresa se define com orgulho em seu site. A BRF é dona também da Perdigão, o que pouca gente sabe e a empresa não tem interesse algum que se espalhe, pois isso alertaria o consumidor de que ele não tem a saudável proteção da concorrência entre duas marcas. Na propaganda de seu mais novo contratado, que além de chef internacional é apresentado como "ativista social", a empresa diz que "ele e a Sadia se uniram para ajudar as pessoas a comerem melhor". Ah, bom.
O que faz num negócio desses um chef que ganhou fama e respeito em todo o mundo em razão de conceitos culinários que são o oposto do interesse de uma imensa indústria da área de alimentos? É óbvio que não pode ser pelo sabor diferenciado do que a Sadia (ou Perdigão, tanto faz) tem a oferecer e nem pelo cuidado e a relação cultural e até mesmo espiritual com o que vamos colocar na mesa. Olivier deve ter aceitado fazer a propaganda em razão de estímulos muito maiores. E com certeza o abandono de suas convicções anteriores teve uma boa compensação, porque sendo um conhecedor de comunicação ele sabe que depois dessa tornou-se um produto novo na praça. A Sadia continua a mesma, ainda que tenha ganhado seu tempero, mas ele sofreu uma transformação. Não é mais o simpático chef que transmitia de forma agradável e criativa muita informação de grande qualidade sobre o cuidado com o que devemos comer, com a habilidade e a criatividade bem próprias dele, com aquele jeito de garotão, naquele formato anterior que tratava a culinária como uma arte e não um pacote industrial.
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POR José Pires

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