segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A disputa do roto com o esfarrado

Logo que o partido Republicano começou a apresentar seus postulantes à candidatura de presidente da República eu achei que os republicanos teriam o bom senso de descartar Donald Trump. Não que eu tivesse em alta conta a sensatez no partido de Richard Nixon, Ronald Reagan, dos Bush e de tantos outras figuras desajustadas, inclusive os demais candidatos que se ombreavam com Trump na disputa da candidatura. Já faz bastante tempo que o partido Republicano vem se decompondo, mas para ficar na história recente, basta estudar bem o que foi a primeira campanha de Barack Obama, para notar que independente do carisma pessoal e da capacidade política de Obama, aquela primeira vitória dele teve uma grande ajuda dos próprios republicanos, já embalados num impressionante processo de decadência política que vinha principalmente dos anos de George W. Bush e que acabou resultando nessa candidatura de Donald Trump, que parece ser demais até para o partido Republicano.

Há oito anos atrás, convém lembrar, os republicanos apareceram com Sarah Palin de vice de John McCain, que acabou perdendo feio para Obama. Quando ela entrou causou uma breve animação entre os republicanos, mas depois foi aquele desastre já registrado pela História. Se naquela época Sarah Palin já era demais para o partido, o que pensar então de Trump? O clima criado pela governadora do Alasca pesou tanto que uns dias antes da eleição ela dava sérias preocupações aos próprios assessores diretos de McCain, penalizados pelo que fizeram, colocando aquela figura como a primeira na linha de sucessão dos Estados Unidos. Mas como se vê agora, aquilo era só o começo de um processo de desmonte que coloca agora o partido Republicano sob o risco da eleição de um presidente que, no poder, na certa vai se lixar para o partido. E mesmo se perder a eleição é provável que Trump lidere um movimento político de direita que deve criar problemas sérios para os republicanos entre seu eleitorado potencial. Ele já disse que em caso de derrota não respeitará o resultado da eleição, além do que ele já havia dito anteriormente que também não respeitaria o resultado das convenções republicanas, caso não fosse ele o escolhido para ser candidato.

Dava para achar que os republicanos não aceitariam uma embrulhada dessas, mas parecia também que Trump seria o candidato ideal para os planos do partido Democrata, com Hillary Clinton buscando perpetuar o clã comandado por seu marido. E nisso deu para acertar. Os republicanos foram mais bacanas com Hillary do que com Obama. Trump é tão perigoso que é preciso correr desesperadamente em busca de qualidades em Hillary. E ela tem algumas, mas se ganhar a presidência da República não será por isso. Sua vitória se dará em razão do candidato escolhido pelo partido Republicano, um espantalho horroroso que despertou nos americanos esta sensação de que falei, sobre a necessidade de aceitar Hillary de qualquer jeito, mesmo com todas suas histórias muito suspeitas e suas dificuldades políticas evidentes. Com um candidato um pouco mais equilibrado, que podia ter saído mesmo entre aquelas figuraças que disputavam com Trump, o partido Republicano levava esta eleição facilmente. Do jeito que as coisas estão, Hillary poderá ser favorecida pela rejeição a um risco além do suportável não só para os Estados Unidos, mas muito fora dos limites aceitáveis do mundo todo.
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POR José Pires

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Imagem- Entre tantas imagens que saíram dessas eleições americanas, nesta semana a revista alemã Der Spiegel fez a capa que atingiu o ponto mais certo

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