quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Bolsonaro, o presidenciável que nada sabe nem do próprio partido

O deputado Jair Bolsonaro já está praticamente fechado com o PEN para sair candidato à presidência da República, mas ele soube agora que o partido é contra a prisão em segunda instância, tendo entrado inclusive com ação no Supremo Tribunal Federal para derrubar a decisão da Corte. Depois que o jornal O Globo trouxe o fato, Bolsonaro disse que vai pedir à legenda a retirada da ação. O presidente do partido, Adilson Barroso, disse que só vai mudar de posição se for “convencido”.

Devem se acertar, é claro. A candidatura de Bolsonaro é uma mina de ouro para um partido nanico. Independente do deputado ser eleito presidente, ele vai puxar muitos votos na eleição para o Congresso, Assembleias e até para governos estaduais. E cabe lembrar que além de poder político, uma bancada maior traz mais dinheiro do fundo partidário. 95% dessa verba vem da proporção dos votos obtidos na eleição para a Câmara dos Deputados.

Com filiação marcada para a semana que vem, este enrosco de Bolsonaro com o partido é bastante demonstrativo da falta de conteúdo de sua candidatura e evidentemente do que vai por sua cachola. Ele não teve sequer a preocupação de conhecer por dentro a sigla que vai abrigar a importante revolução conservadora que pretende fazer no país, estabelecendo inclusive o prestígio do golpe militar de 64. E olha que o PEN tem apenas quatro anos. Nem para o Bolsonaro seria difícil ler o histórico da vida partidária.

No entanto, o pretenso líder nacional teve que ser avisado pela mídia de que o partido onde já está com os dois pés tem uma ação no STF contra o essencial de seu discurso, que é o rigor na punição ao crime. E até mesmo o mais fanático bolsonarista entende que o conceito é muito mais do que só meter a mão na cara de bandido pé de chinelo. Mas o líder deles mostrou uma evidente dificuldade até para conferir se está tudo limpo no futuro palanque. Mas, ora, ninguém precisa disso quando vem sendo simplesmente brindado pelo destino com um sucesso sem tamanho, agora até com a candidatura mais importante do país.

É certo que depois de ser praticamente premiado pelo clima beligerante entre esquerda e direita, o deputado foi agindo com esperteza e ampliou bastante sua popularidade. Mirou em mais votos para deputado e vejam só no que acertou. Para quem subiu na vida explorando conflitos com esquerdistas tão histéricos quanto ele, como a petista Maria do Rosário e o psolista Jean Wyllys, uma candidatura a presidente não é nada mal.

Ele chegou lá, ao menos até aqui. E logo resolve esta questãozinha com seu novo partido, cuja sigla, aliás, significa Partido Ecológico Nacional, o que também não faz sentido com Bolsonaro no comando. A menos que ele vá botar as tropas na rua para sentar a lenha nesse tal de aquecimento global. Mas isso é tão fácil quanto tirar a ação do STF. Já vão mudar o nome. O problema mesmo é se o Brasil der azar e o cara ganhar a eleição. Imaginem o capitão na presidência da República tendo pela frente questões bem mais importantes do que esta sobre qual ele foi o último a saber.
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POR José Pires

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Imagem- O presidenciável em campanha, com um cabo-eleitoral às avessas: ambos ganham no bateu-levou

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