Nesta semana, em um dos dos eventos criados especialmente para lhe dar palanque, o presidente Lula fez questão de dar seu apoio a Nicolás Maduro e ainda fez uma infeliz referência ao massacre de 59 pessoas em Las Vegas. Em vez de lamentar a matança, o chefão petista colocou diretamente a culpa no presidente Donald Trump. A relação da violência em Las Vegas com seu apoio ao regime chavista-bolivariano é ainda mais absurda, pois na Venezuela é o próprio Estado que toca o terror. Maduro é um terrorista no poder. Durante os protestos de julho deste ano foram assassinadas mais de 100 pessoas, parte delas por franco-atiradores governistas que mandavam bala indiscriminadamente sobre manifestantes.
Atualmente, Maduro é um dos governantes mais isolados do mundo. No entanto, Lula e seu partido continuamente expressam apoio ao regime chavista, no que parece ser uma obrigação política irrecusável. Em julho, logo depois das mortes na Venezuela, foi a vez da senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, elogiar Maduro. Que obscuras razões exigem do PT incondicional apoio ao governo da Venezuela? É muito interessante este extremo apego, de uma lealdade que não faz jus ao próprio histórico de Lula, que costuma largar para trás até amigos íntimos.
Acontece que certas ligações de Lula e do PT não dependem apenas da sua vontade pessoal ou de determinações internas de seu partido. Daí a necessidade — ou é melhor dizer obrigação — dessas frequentes demonstrações públicas de lealdade. Cabe lembrar dos tempos em que o PT estava no poder, quando Dilma Rousseff e Lula estavam sempre indo a Cuba para o beija-mão de Fidel Castro, mesmo com o ditador visivelmente senil. Aliás, foi com Castro que começou esta incondicional relação do PT, que primeiro deu um considerável impulso a Lula, logo com a fundação do partido e depois, já com os petistas no poder, resultou nos absurdos financiamentos de obras em Cuba com dinheiro público brasileiro.
Esse, digamos, compromisso histórico do PT com o que há de mais autoritário e ineficiente na América Latina começou em Manágua, em 1980, durante a comemoração do primeiro aniversário da revolução sandinista. Lula era ainda sindicalista e foi ao evento com Frei Betto. Como um dos patrocinadores do levante que derrubou o ditador Anastazio Somoza, Fidel Castro também estava lá. Segundo Frei Betto, foi neste local que Lula teve o primeiro encontro com o ditador cubano, onde numa reunião depois das duas da manhã expôs a proposta do PT. Frei Betto fala disso com esta intimidade: “Ali nasceu sua amizade com Fidel, que o levou a Cuba diversas vezes”.
Como se viu depois, o PT cresceu bastante, sempre em relação estreita com a ditadura cubana e o projeto continental de poder do qual nasceram os governos de Chávez, depois Maduro, Rafael Correa, Daniel Ortega, além de Evo Morales e grupos de guerrilha aliados ao narcotráfico, como as FARC colombiana. Os comprometimentos dessa caminhada, que podem incluir inclusive financiamentos que afrontam a lei e a moral de cada um desses países, inclusive o Brasil, desses acordos só se vai saber quando um dia for aberta a caixa preta da ditadura cubana. Quando isso ocorrer, a esquerda brasileira deverá se afundar numa desonra monstruosa. Até lá, eles vão trocando afagos públicos, nessa relação de cumplicidade que ainda vai dar muito o que falar.
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POR José Pires
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