quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O fim do mito da força popular do PT

A senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, prometeu que haveria mortes se Lula fosse condenado em segunda instância pelo TRF-4 e de fato houve uma morte nesta quarta-feira, 24 de janeiro. Acabou de vez o mito da força popular do PT.

Numa situação muito especial como a de ontem, o partido do Lula não conseguiu juntar nem 9 mil pessoas em Porto Alegre, mesmo apelando para o envio de militantes profissionais de várias cidades do pais, que chegaram de ônibus a capital do Rio Grande do Sul.

Foi um fiasco a mobilização petista, como eu venho prevendo há semanas porque sei muito bem da fraude desse mito do PT como um partido de forte militância. Tem sido constante o uso desse mito pelos petistas para intimidar a sociedade civil, o que até há pouco tempo funcionava. Mas agora isso acabou. E foi da melhor forma, com o próprio partido demonstrando involuntariamente a fraude.

O fato do fiasco político ter ocorrido em Porto Alegre traz ainda mais fundamentos para compreender essa derrocada da tão alegada organização partidária dos petistas. Porto Alegre é de importância vital na história do PT. Foi uma das primeiras capitais onde o partido ganhou uma prefeitura, em 1988, com o líder sindicalista bancário Olívio Dutra, fundador do PT junto com Lula e outras lideranças de trabalhadores. Outra vitória deste ano foi na capital paulista, com Luiza Erundina.

O PT manteve-se por longo período na prefeitura, por 16 anos consecutivos, inclusive com outro líder nacional petista como prefeito, o ex-ministro da Justiça de Lula, Tarso Genro. O PT fez de Porto Alegre uma vitrine de seu projeto político, implantando ali inclusive o tão falado “Orçamento participativo”, abandonado depois pelo partido. A partir de Porto Alegre, os petistas conquistaram o governo estadual, primeiro com Olívio Dutra, em 1988, e mais recentemente, em 2010, com Tarso Genro.

O partido foi ganhando grande força popular em todo o Rio Grande do Sul, contando com bases políticas altamente qualificadas em todas as áreas profissionais, tendo um reforço importante dos movimentos ecológicos, historicamente muito atuantes entre os gaúchos. No entanto, foi exatamente esta qualidade política e técnica que levou ao abandono gradativo do partido por sua militância, decepcionada primeiro pela opção de fazer política da mesma forma que os outros partidos, tomada por Lula e a cúpula partidária, e depois pela roubalheira.

Antes de ocorrências graves, como a do mensalão, o partido já vinha se desmontando, perdendo totalmente suas características populares antes bem definidas no Rio Grande do Sul. A própria eleição de Tarso Genro para governador, em 2010, ocorreu mais pelo desgaste das outras forças políticas no estado, especialmente o PSDB, do que por méritos petistas. Na tentativa de reeleição, Ivo Sartori venceu Tarso em 461 dos 497 municípios, inclusive em Porto Alegre. O descontentamento com o PT foi tão forte entre os gaúchos que eu soube, in loco, de histórias de gente que ainda na década de 90 foi até a sede do partido para devolver com indignação a bandeira vermelha do partido.

O fiasco desse 24 de janeiro vem apenas comprovar o que já transparecia em outras tentativas do PT de mostrar poder, naquelas ações sempre precedidas de um alarde midiático de tom intimidatório, tanto da parte de seus líderes quanto de Lula, que foi tomado por sua verdadeira personalidade, até então habilmente encapada com coloridos enfeites por marqueteiros muito bem pagos. Porto Alegre como lugar onde se deu o derradeiro espetáculo da derrocada foi o melhor palco para o fim do mito da força popular do PT.
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POR José Pires

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