Em foto publicada no Twitter, o deputado federal Fernando Francischini mostra a animação de Jair Bolsonaro chegando à convenção deste domingo para a oficialização de sua candidatura a presidente pelo PSL. Querendo agora ser senador, há pouco tempo o deputado assumiu o nome de guerra de Delegado Francischini. Parece coisa de vereador do interior, mas se preparem que este é o nível das figuras de destaque ao lado de Bolsonaro. Agora atendendo por apelido, o deputado Francischini é providencial para mostrar a diferença prática entre o discurso determinista do candidato a presidente e a realização prática. Bolsonaro já afirmou que presidente não precisa conhecer economia, bastando ter ao lado entendidos da matéria. Pois Francischini é um especialista de Bolsonaro em segurança. Ele foi secretário de Segurança do Paraná, no governo de Beto Richa. Teve que sair correndo do cargo em razão de uma das mais desastrosas operações de segurança em torno de uma manifestação de professores estaduais. A operação policial em abril de 2015 acabou em uma repressão descontrolada, com mais de 200 feridos.
Mas, voltando à convenção de oficialização do nome de Bolsonaro, falta ainda saber quem será vice-presidente, que depois de muita especulação, além das negociações de praxe com outros partidos do chamado “Centrão” que não deram em nada, fixou-se no nome de Janaina Paschoal. Ela pediu um tempo para decidir, pois, conforme suas próprias palavras, isso não se resolve “em dois dias”. Falando na convenção, o próprio filho de Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro, trouxe elementos para uma profunda meditação até a decisão no início de agosto, para que a valente professora se conscientize sobre o que terá pela frente se resolver encarar a parceria.
O filho de Bolsonaro a comparou ao torturador Brilhante Ustra. Janaina já disse em entrevista a Jovem Pan que ao ouvir as boas-vindas com a referência a Ustra seu sentimento foi de “um soco na cara”, mas que “tenta analisar o intuito de quem fala”. Bem, então que prepare a cara. Entre a tigrada, no geral o estilo é o desse cavalheiro. É difícil saber de onde o deputado tirou a comparação e se pediu a opinião de alguém sobre o que ia dizer. Certamente não foi feita uma avaliação com um marqueteiro competente, que não deixaria de notar no âmbito da campanha a menção despropositada a corda em casa de enforcado. A referência ao torturador também desqualifica a história de uma professora de direito da USP e vai absolutamente contra a necessidade de, digamos, arejamento político da chapa presidencial, exatamente a serventia da presença dela como vice.
Não foi fácil a vida de Janaina Paschoal durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, mas o que vem por aí pode ser tão pesado quanto aquela parada dura enfrentada corajosamente por ela sob os ataques da tropa de choque petista, com o partido do Lula ainda com o poder da máquina pública. Essa direita em torno de Bolsonaro tem todos os defeitos dos petistas, inclusive sobre a pretensão de decidir o que os brasileiros devem fazer na cama. São agressivos, querem todo mundo pensando igual a eles, torram a paciência do mesmo jeito dos petistas. Só diferem no argumento, contrário ao palavrório esquerdista.
Em seu discurso, Janaina fez uma menção a esta semelhança de comportamento autoritário, embora ela acredite ser possível uma correção, dando equilíbrio às fortes emoções que envolvem a candidatura de Bolsonaro, para evitar que eles não “virem um PT ao contrário”. A professora da USP tem um cacoete de fechar raciocínios com a expressão “Tão entendendo o que eu tô falando?”. De certa forma, o filho do Bolsonaro exibiu a capacidade de compreensão com a qual ela terá de lidar. E como ele falou antes dela na convenção, sua resposta é ainda mais interessante porque anula a necessidade da pergunta.
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POR José Pires
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