O Judiciário no Brasil se desmoralizou tanto que deve-se desconfiar mesmo quando acontece uma decisão justa, como desta quinta-feira, com o STF considerando Fernando Collor culpado pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Já está formada maioria para mandar Collor para a cadeia. Foi de Cármen Lúcia o sexto voto, entre os dez possíveis. O julgamento será finalizado na próxima quarta-feira, com os votos de Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Rosa Weber.
Quem abriu divergência foi Nunes Marques, que optou por inocentar não só Collor, como também os outros três envolvidos na trama corrupta: Leoni Ramos, operador do esquema; Pedro Paulo Bergamaschi; e Luís Pereira Duarte de Amorim, diretor financeiro das empresas de Collor.
Collor entra para a História mais uma vez, novamente por falcatruas pesadas. Ele é acusado de ter recebido cerca de R$ 29 milhões em propina, lavadas por meio de pagamentos para suas empresas de mídia em Alagoas. O esquema foi descoberto em investigações da Lava Jato.
Ora, então neste caso a Lava Jato merece o respeito do STF? Aqui é que entra a desconfiança que pesa sobre o nosso Judiciário, carente de revisão e de uma rigorosa limpeza. Já existe uma sugestão de pena de 33 anos e 10 de prisão para o ex-presidente, junto com uma multa de R$ 20 milhões. Foi feita pelo relator, Edson Fachin. É uma surpresa em uma Suprema Corte que vem facilitando para criminosos, condenados com muitas provas — mesmo bandidos do outro crime organizado, não o político mas o comum — que vão sendo soltos, um atrás do outro.
Uma decisão como esta condenação de Collor seria para o país fazer festa, pois, ainda que tarde, haveria um livramento — como se diz tanto hoje em dia — de um político que fez o diabo com o Brasil. Mas isto valeria num país “normal”, digamos, que é algo que o Brasil nunca foi plenamente, ainda que nunca tenha descido tão baixo, a um ambiente de plena imoralidade e desprezo pela honestidade.
O STF pode até mandar Collor agora para a cadeia, mas eu não teria surpresa alguma se um pouco mais adiante, numa necessidade de reordenar o cenário político brasileiro no interesse de maiorais da política e do Judiciário, surja a ordem para que ele seja solto para dar uma mãozinha no serviço.
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Por José Pires
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