segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tudo normal

Conceito de normalidade depende naturalmente das circunstâncias. Numa situação de penúria ou opressão o nível de valores pode descer bastante. Em uma prisão brasileira superlotada, num gulag comunista ou num campo de concentração nazista um pedaço de pão velho pode virar um tesouro que cria disputas que valem até o sacrifício de uma vida humana.

E quem pensa que esta queda moral só existe em situações extremas desse tipo, basta dar uma observada em volta para ver o monte de barbaridades com as quais passamos a conviver como se fossem inevitáveis e parte normal do nosso cotidiano.

Na política, a capacidade do brasileiro ir absorvendo de forma natural a queda de valores que envolve todo o país começa também a tornar práticas aceitáveis os absurdos que vão da incapacidade administrativa em municípios, estados e no governo federal, até a roubalheira geral que vai se institucionalizando.

Seguindo assim ainda vamos chegar a uma eleição em que o candidato mais aceitável não será o político que não é ladrão, mas o que rouba e mas pelo menos faz alguma coisa.

Existe até um esforço político de autoridades para impedir que o brasileiro se conscientize da necessidade de mudanças e todos os cidadãos passem a encaixar esta enormidade de descalabros como aceitáveis em sua rotina normal de vida.

Temos muitas demonstrações disso e não é de agora, mas um bom exemplo do contrasenso se instalando são as declarações feitas hoje pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), durante uma avaliação do primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff. Mostra bem o desnorteio que tentam criar na cabeça dos brasileiros.

Ele disse que o governo Dilma não enfrentou “problemas políticos” neste primeiro ano. Para Vaccarezza, mesmo as demissões de ministros não significam uma “crise de governo”. Foram sete ministros demitidos no primeiro ano, seis deles em razão de denúncias de corrupção das mais pesadas, sem que haja nenhuma sinalização de que algum dos casos chegue a ter alguma punição.

É evidente que o Brasil está penetrando em um período de normalidade cada vez mais preocupante.
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POR José Pires

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