domingo, 10 de novembro de 2013

Em liquidação

Se alguém tinha dúvida do fim da linha para o chavismo na Venezuela, talvez a última notícia que vem daquele país possa dar uma luz sobre os derradeiros passos do obscurantismo populista que encantou até mesmo o governo do PT. O bolivarianismo está agora numa luta ideológica contra batedeiras de bolo, microondas, televisores, liquidificadores e qualquer outro eletrodoméstico de direita. Nicolás Maduro, ordenou uma "ocupação" militar na cadeia de lojas de produtos eletrônicos Daka. É mais ou menos como se no Brasil o governo mandasse o Exército Brasileiro ocupar as Casas Bahia. Centenas de pessoas foram às lojas da rede Daka para aproveitar os preços de até 50% mais baixos decretados pelo governo.

Hugo Chávez governou por 14 anos (sempre se esquece deste longo período de governo quando falam dele) e quando morreu deixou um país falido e sem projeto político algum. O chavismo sofre de um mal comum a qualquer regime caudilhesco, que é o do mandatário supremo se cercar de nulidades para evitar que o povo se encante com outro que não seja o chefão. Existe também o risco contínuo de um golpe, o que obriga o caudilho a evitar na sua equipe a presença de pessoas com personalidade própria. Daí a corte de incompetentes que toma conta de todo governo populista. Como os ditadores também morrem, o resultado sempre é o de uma sucessão acabar nas mãos de algum dos medíocres que rondam o poder, que terá de governar sem os instrumentos políticos do falecido, que incluem como qualidades essenciais o carisma e o poder pessoal sobre a máquina. Mas essas coisas ele leva para o túmulo.

O bolivarismo nasceu com a pretensão de se contrapor aos Estados Unidos ou qualquer outro dos países mais ricos do mundo. A bravata contaminou até o governo de Lula e depois o de Dilma Rousseff. Mas agora a revolução bolivariana foi literalmente pro varejo. A ideologia saiu do ataque ao Grande Satã e foi ocupar lojas comerciais. O bolivarianismo de Hugo Chávez entra finalmente na fase da queima de estoque.
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Por José Pires

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