quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Esquerda racialista

Existe um erro da imprensa em identificar essa militância racialista como "movimento negro". Primeiro não é um movimento unitário e de amplidão nacional. São vários movimentos e na minha visão nem são representativos da (eles que classificam assim) raça negra. Então não existe propriamente um "movimento negro". Essa unidade não foi possível nem nos Estados Unidos, onde existiu discriminação de fato e apoiada em lei. Negros não podiam frequentar determinados locais e tinham que sentar em um lugar obrigatório nos ônibus. Até bebedouros de água eram separados. Estas regras racistas absurdas existiram até a segunda metade dos anos 50. Além disso, negros eram espancados e mortos por racistas. A Klu Klux Klan tinha um poder político imenso em estados do Sul e era determinante na vida da população negra.

Porém, mesmo nesta situação de terrível opressão racial, nos Estados Unidos não havia um movimento negro unitário. A reação ao racismo vinha de diferentes linhas políticas, com o pragmatismo de um Martin Luther King (que felizmente prevaleceu) ou com o radicalismo de um Malcom X, que liderava um grupo político violento e que era também fascista. Os grupos dos movimentos negros de esquerda no Brasil agem como se preferissem Malcom X.

Após a Abolição não ocorreram coisas assim no Brasil, onde leis de segregação racial nunca existiram. Mas os movimentos negros de esquerda agem em nosso país como se as relações raciais por aqui fossem até hoje muito violentas. É um problema inclusive de bravata, já que é muito fácil ser radical numa situação em que o risco de revide é praticamente zero. E esses militantes são grosseiros exatamente com brancos que aceitam debater com franqueza. Estão sempre agredindo quem não é racista, já que não teriam de forma alguma a oportunidade de uma conversa em pé de igualdade com um branco racista.

Todos os movimentos que vi até agora na mídia são na verdade "movimentos negros de esquerda". Alguns militantes são de extrema esquerda, como é o caso do líder da Educafro, Frei David. Neste até o espírito é autoritário. Ele não admite de jeito nenhum que alguém pense diferente e vê racismo deliberado até na Igreja Católica, onde, segundo ele, "quase todas as paróquias têm cozinheiras negras, mas as freiras, que são superioras, dificilmente são negras". Haja paciência para ouvir essas coisas, não é mesmo?

Mas o besteirol dos racialistas se acumula. O senador petista Paulo Paim é um político que fez carreira acenando para os trabalhadores com ganhos econômicos impossíveis de serem cumpridas pelo simples fato de não ter dinheiro no orçamento. Mas ele fazia mesmo assim suas leis. Como eram perdulárias e impossíveis de executar, não passavam no Congresso. Então ele punha a culpa no governo e veio se reelegendo dessa forma desonesta. Ele também descobriu na questão racial uma boa fonte de votos. É um dos político mais animados com as cotas raciais, que ele vê dessa forma: “É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite enquanto o branco descansa o dia todo”.

São argumentos que podem até provocar o riso, mas nenhum desses extremistas têm graça nenhuma. Existe o risco desse tipo de argumentação absurda e criadora de conflitos ir se estabelecendo como conceito, criando entre a juventude uma forma de relação que dessa forma inevitavelmente levará o Brasil a viver conflitos raciais que podem ser muito sérios. A nós cabe evitar esta condição de violência que certos militantes racialistas vêm estimulando de forma irresponsável.
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Por José Pires


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Imagem - Joaquim Nabuco (1849-1910) era branco e fazendeiro muito rico, porém foi muito mais importante para a luta contra a escravidão do que Zumbi, personagem que é apenas um mito adotado pela militância. A vida de Nabuco é uma comprovação histórica de que a consciência humana da igualdade independe da cor da pele e da classe social.

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