sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O impeachment na ordem institucional

Haja paciência para as tolices governistas, mas vamos lá. Com o devido respeito por quem pode estar caindo de boa fé na lorota, é muito idiota a tentativa de desqualificar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela via do ataque ao presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, destacando sua indiscutível má qualidade. Cabe aqui lembrar que ele já era capaz de tremendas sujeiras quando estava na base de apoio do governo. Aliás, foi cacifado pelo poder do partido do Lula que ele aprontou as maracutaias que só agora a militância petista começa a apontar.
Mas sigamos na demonstração da idiotice de mais esta hipocrisia governista. Os brasileiros não poderiam fazer absolutamente nada em defesa da ética e da democracia se fossem depender de um presidente digno na Câmara Federal. O processo eleitoral brasileiro é precário no aspecto representativo e o que é feito depois nos bastidores do Congresso Nacional é ainda pior. Por isso, os presidentes da Câmara sempre foram muito ruins, péssimos mesmo, agindo na condução do Legislativo como mero instrumento do Executivo. A lista de cafajestes é triste. Fiquemos apenas neste periodo petista, desde a subida de Lula ao poder em 2002: Pela ordem, Efraim Morais (PFL), Severino Cavalcanti (PP), João Paulo Cunha (PT), Aldo Rabelo PCdoB), Arlindo Chinaglia (PT), Michel Temer (PMDB), Marco Maia (PT), Henrique Alves (PMDB) e finalmente Eduardo Cunha (PMDB).
Note que na lista de presidentes todos são ligados ao esquema de poder do PT, condição abjeta em que estava o próprio deputado Eduardo Cunha até há bem pouco tempo. E são referências exemplares da qualidade desta lista dois nomes muito próximos até afetivamente do poder petista. São os ex-deputados Severino Cavalcanti e João Paulo Cunha, o primeiro foi retirado à força da presidência da Câmara por corrupção — mas defendido em palanque até agora pelo ex-presidente Lula e jamais atacado pelo PT — e o segundo foi um dos chefes do esquema político do mensalão, tendo sido da cúpula do PT e íntimo de Lula, José Dirceu e outros maiorais petistas. Como todos sabem, ele foi condenado pelo STF e preso por corrupção. Como se vê, para poder atuar pela ética no Brasil só resta a opção de se fixar no papel institucional do presidente da Câmara Federal, que é o que está sendo feito agora com este impeachment.
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POR José Pires

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