domingo, 2 de setembro de 2018

Alvaro Dias e Edson Fachin: relações abaladas

Alvaro Dias se manifestou sobre o estranho voto de Edson Fachin a favor de Lula. Em vídeo postado nas redes sociais, o candidato do Podemos reafirmou sua posição pela inegibilidade de Lula, dizendo que o TSE “julgou o que não deveria nem estar sendo julgado porque é surreal a candidatura de um político preso por corrupção e lavagem de dinheiro”.

Sobre Fachin, ele afirmou que o ministro “pisou na bola” e ao adotar uma posição injustificável “sujou sua biografia”. Alvaro disse que ficou triste com a atitude do ministro e lançou uma pergunta: “Qual é a justificativa?”.

Esta é a indagação geral, com o temor de próximas investidas do ministro a favor do chefão petista. Até então ele era tido como um dos ministros a favor da legalidade, confiança que ficou abalada com esse voto. O Brasil corre ainda mais perigo se a chamada recaída de Fachin no PT não ter sido apenas ocasional. Haveria um fortalecimento das articulações para livrar corruptos pegos pela Lava Jato, esquema que conta com a animada participação do partido do Lula. Cabe o questionamento sobre a justificativa da mudança de posição, insondável mistério que faz até Alvaro Dias ficar em dúvida.

A indicação de Fachin para o STF foi de Dilma Rousseff e teve no Senado a relatoria de Alvaro, com sabatina feita em maio de 2015. Foi uma surpresa e tanto. O senador sempre foi firme opositor do governo do PT. E o comum neste caso é que o relator seja da base de apoio do governo. Além disso, Fachin vinha de uma relação estreita com o PT paranaense e era próximo também do MST, tudo gente que faz ataques pesados a Alvaro em seu estado desde quando ele foi governador, de 1987 a 1991. Mesmo assim, Alvaro deu um aval à indicação de Dilma, o que evidentemente exigiria plena dele confiança em Fachin.

Até aqui a coisa foi bem. A qualidade da atuação do ministro pode ser avaliada pelo ódio que o PT tem dele. Mas foi mesmo muito feita essa “pisada na bola”, como disse o próprio Álvaro, com o agravante de Fachin ter acatado a intromissão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, em uma interferência fajuta com o propósito do favorecimento às chicanas de Lula, o que ficou ainda mais evidente com o uso da recomendação do Comitê pela defesa no julgamento do pedido de registro do ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Qual é a justificativa? Ora, pela intimidade com Fachin quem deveria ter a resposta é o próprio Alvaro Dias.
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POR José Pires

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