sábado, 22 de setembro de 2018

Bolsonaro, um candidato vazio

Caso Jair Bolsonaro ganhe essa eleição, os bolsonaristas vão precisar de uma doutrina, já que está muito bem demonstrado que falta ensinamento ao comandante, mesmo no campo militar. O capitão vai perder a guerra se no governo seguir o ritmo da campanha, com as tropas atirando para todos os lados, mesmo que até agora sejam apenas memes e fakes de todo tipo. É óbvio que o candidato não domina matéria alguma, sendo que em economia ele próprio confessou que é um zero à esquerda. Francamente, como vamos acreditar que escola militar dá jeito na garotada se nem Agulhas Negras deu uma boa educação ao autor da proposta? Bolsonaro é também “um mau militar”, como disse alguém que sabia muito do assunto, o general Ernesto Geisel.

Não vai dar tempo antes do segundo turno, mas seria interessante assistir a uma sabatina com o encapetado capitão apenas sobre o tema. Duvido que ele se saia bem. Um sujeito que afirma que “a especialidade de um capitão do exército é matar” dá a impressão da base de seu conhecimento militar estar mais para um Sylvester Stallone ou Charles Bronson do que para um Clausewitz. Sem falar de um gênio do enfrentamento militar, como Winston Churchill. Evitemos agora falar dessa figura grandiosa, pois só recentemente a família Bolsonaro tomou conhecimento de que o herói da Segunda Guerra Mundial jamais foi presidente da Inglaterra.

Falemos do problema que pode ser a falta de uma doutrina de governo se Bolsonaro for eleito. Muita gente acredita que com Bolsonaro no poder o Brasil pode ter um governo com um ideário de direita, com a capacidade de desmontar o domínio cultural da esquerda impregnado em todo o tecido social brasileiro. Na algaravia endoidecida da direita nas redes sociais, isso é chamado de “despetização”. Pois vai quebrar a cara quem espera que Bolsonaro tenha uma doutrina política, com a consequente e necessária “despetização”.

A compreensão do processo cultural que vem impondo um domínio das ideias esquerdistas sobre os brasileiros é algo que vai além, mas muito longe mesmo, da capacidade de compreensão de Bolsonaro e dos que o cercam. O candidato soube usar uma ou outra ação e propostas da esquerda como contraposição para subir na vida e turbinar sua carreira pessoal, fazendo seus filhos subirem junto . Mas ele não vai além disso. Caso seja presidente vai bater em certos assuntos, mas falta-lhe capacidade para organizar uma depuração democrática eficiente para conter e eliminar o estrago que o aparelhamento vem fazendo ao país, com graves prejuízos inclusive técnicos. Do jeito que a coisa anda, logo mais um médico vai ser capaz de recitar em uma consulta exaltados conceitos políticos de esquerda, mas será incapaz de identificar o problema de saúde do paciente.

Bolsonaro vai no máximo manter a cantilena do “kit gay” e outras baboseiras, do jeito que vem fazendo até agora, repetidas vezes, toda vez que é preciso responder objetivamente qualquer pergunta. Também vai atacar com grosseria um problema cultural que precisa de um tratamento de longo prazo. Com isso, levantará os ânimos da esquerda e vai forçar até liberais de verdade a tomarem posição contrária. Vai fortalecer o PT, na já conhecida enrolação que envolve esquerda e direita na maçaroca política brasileira.

Por falta de doutrina, sem conhecimentos, o candidato do PSL deve acabar como um sub-Sarney, com uma virulência verbal que o coronel maranhense nunca teve, mas com todos seus defeitos em clientelismo e absoluta incompetência nos chamados negócios de Estado. Ele vai passar os dias no Palácio do Planalto com aquele ar desesperado frente às perguntas sobre saneamento básico, saúde, emprego, segurança e outros assuntos sobre os quais entrevistadores teimavam em pedir sua opinião. Como é impossível ter um “posto Ipiranga” para resolver cada questão de governo, ainda mais porque é muito provável que nem o posto Paulo Guedes fique muito tempo à sua disposição, se o capitão chegar lá, tudo indica que o país vai penar tanto que isso pode até fazer os brasileiros lembrarem como foi resolvido um problema parecido que o Brasil teve com a petista Dilma Rousseff.
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POR José Pires

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