sábado, 15 de setembro de 2018

Gilmar Mendes manda soltar o tucano Beto Richa

Como todo mundo já deve estar sabendo, Gilmar Mendes mandou soltar Beto Richa, ex-governador do Paraná e ainda candidato a senador. O ministro do STF também soltou todos os outros 14 presos pela operação Patrulha do Campo, incluindo a mulher de Richa, Fernanda. O tucano já deixou a prisão na madrugada deste sábado — atenção, paranaenses! — avisando que vai retomar sua campanha ao Senado.

Também não é surpresa que Gilmar estava pronto para dar liberdade ao político paranaense que na semana passada foi alvo de duas operações policiais, da Lava Jato e do Ministério Público estadual, tendo sido preso por esta última. O ministro já dava pistas de soltaria o tucano, falando sobre o caso em entrevistas e dando a opinião de que era contra a prisão, sempre daquele jeitão bem próprio, no tom de ironia e no ar de valentão que vai fazer prevalecer a lei. É ilógico que um juiz do Supremo possa agir como Gilmar, que é hoje em dia um comentarista político que se mete em qualquer assunto. Só falta ele virar youtuber. Mas o que é mesmo mais estranho é que Gilmar Mendes possa ser um juiz do Supremo.

O TJ-PR e o STJ já haviam negado habeas corpus a Richa e sua mulher. Então a defesa do tucano foi ao STF, onde o processo está sob relatoria de Gilmar Mendes. A posição do ministro sobre o caso já era conhecida. Ele mesmo fez questão de dar sua opinião de que Richa não deveria ser preso. Toda vez que aparece uma decisão dessas, costuma-se falar da insegurança jurídica provocada pelo STF. Eu acho que o que vem acontecendo é pior: o STF cria insegurança ética. As pessoas vão deixando de acreditar na Justiça, o que vai criando um clima que fortalece a falsa crença de que o amontoado de problemas que atrapalham o país pode ser resolvido passando por cima da democracia.

Um dos motivos da prisão do tucano é uma gravação cabeluda, mesmo para um país como o nosso, de tantas conversas imorais vazadas ou liberadas pela Justiça para que os brasileiros saibam o que os políticos fazem com seu país. Corre pela internet um diálogo gravado pelo ex-deputado estadual Tony Garcia, em um encontro que teve com Richa quando ele ainda era governador. Na conversa fica muito clara a intimidade entre ambos.

Garcia já foi preso duas vezes, uma delas por decisão de Sergio Moro, em 2004, pelo envolvimento em crime financeiro. Outra prisão de Garcia foi nos Estados Unidos, por dívida de jogo de pôquer. É com esta figura que um governador conversa na maior intimidade sobre negócios entre os dois. É muito clara a estreita relação entre ambos, a intimidade descarada, com o então governador falando que já entrou um “tico-tico”. Destaco aqui este trecho da conversa. Abaixo, publico o link do áudio e do documento da investigação do MP paranaense.
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POR José Pires

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“TONY GARCIA: Você tem falado com o CELSO FRARE?
BETO RICHA: Falei.
TONY: Quando?
BETO: Falei, anteontem.
TONY: Aonde?
BETO: No almoço na casa dos DE LARA. Com o EDUARDO
CAMPOS… Mas assim, de receber, falar sozinho, não.
TONY: Ele não acertou o negócio aí.
BETO: Ahn?
TONY: Ele não acertou o negócio aí.
BETO: Ah! Ele me agradeceu,‘já entrou um tico-tico lá que tava
atrasado, obrigado’.”

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