segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Fernando Haddad, o candidato preso ao interesse de Lula

Como todo mundo sabe, ainda está sem candidato aquele partido que pretendia disputar com direitos exclusivos esta eleição para presidente. Só institutos de pesquisa e uma parcela expressiva de jornalistas aceitaram a tentativa de manipulação do PT para passar por cima de uma lei assinada pelo próprio ficha suja quando infelizmente ele ocupou a presidência da República. Claro que esses parceiros da ilusão influenciaram bastante para que a ideia ganhasse força no partido do Lula, impedindo que fosse lançada uma chapa completa dentro das regras normais e que o foco do PT fosse direcionado para as eleições.

O resultado é que politicamente o PT ficou preso ao Lula na cadeia. Eu acho muito bom. Não tenho motivos para lamentar que a direção do partido tenha perdido tanto tempo fazendo selfies na frente da Polícia Federal, em Curitiba. Dá uma satisfação parecida a que era criada pelos rompantes da bancada do PT no Senado durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, quando o apoio a favor da cassação crescia cada vez que um dos bestalhões estava com a palavra. A situação atual mostra que o PT estaria numa posição relativamente boa se eles tivessem optado por cuidar mais do partido em vez de pajear infinitamente o Lula. Por conseqüência, a situação de Lula também estaria melhor, apesar de que ele sempre terá que encarar problemas acumulados por seus incríveis hábitos criminosos. O PT tem cometido erros crassos, mas agora fora do poder e precisando ganhar votos, são erros a favor do país.

O que se conta é que tem um grupo que emperra o lançamento de Fernando Haddad. Dizem que esse grupo conta com a impagável senadora Gleisi Hoffmann na animação e que na visão deles foi errada a escolha de Haddad como candidato. Nessas horas o sentimento da inveja tem bastante peso. O da idiotice também. E de ambos o PT tem muito. Mas de fato seria melhor que fosse outro o candidato. E os incompetentes até já tinham um candidato mais competitivo, o ex-governador baiano Jaques Vagner, que inclusive estava se oferecendo. Mas levou um chega-pra-lá e foi cuidar da vida na Bahia. Volto a dizer que acho muito bom. Em eleição, erros petistas são sempre bem-vindos.

Haddad é mais um desacerto grave dos dedaços de Lula. Mas isso não é novidade no PT desde que o comando do partido ficou todo com ele. Nem é preciso dissertar sobre desatinos petistas desenvolvidos por ordens do chefão do PT. Lula sabe que ele não é grande coisa, por isso aponta sempre para alguém muito fraco, temendo concorrência política. Se ele fosse um Don Corleone, com certeza como sucessor jamais aceitaria Michael Corleone. Nomearia o valentão Sonny ou Fredo, o covardão, com mais chances de optar por este último.

Com um egoísmo tolo, ele forçou até a estratégia de sua própria defesa, que foi montada toda torta desde o começo, com o equívoco grave na ligação direta entre o político e o jurídico, envolvendo depois também diretamente a própria candidatura do partido. O resultado é que ele está preso e o partido ficou travado. E não é só para a eleição majoritária. O estrago vai ser grande na eleição para o legislativo federal e nos estados as complicações não serão menores. Nesta segunda-feira pode ser dado um ponto final na enrolação sobre quem afinal está na disputa. Porém, ainda assim estarão numa situação inacreditável para um partido com tamanha experiência: vão lançar um azarão, já muito tempo depois da largada.
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POR José Pires

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