quinta-feira, 11 de abril de 2019

Olavo de Carvalho e o fiasco de seus olavetes

Olavo de Carvalho deu uma entrevista a Pedro Bial, em seu programa “Conversa com Bial”, na TV Globo. É uma repetição das suas explicações sobre os rolos em que se meteu depois de fazer indicações de nomes para o governo de Jair Bolsonaro, exatamente para ministérios que até agora criaram as maiores complicações. O pior caso é o do Ministério da Educação, onde o indicado de Olavo, Ricardo Vélez Rodríguez, foi incapaz de desenvolver a gestão básica do ministério, comprometido em sua eficiência por inéditas confusões que envolveram disputa política, com o professor de filosofia por detrás, atuando agressivamente nos bastidores, da sua casa na Virgínia, nos Estados Unidos.

Desde que começou o conflito, no qual teve vários discípulos demitidos do ministério em meio a bate-bocas violentos, Olavo vem procurando se desvencilhar de obrigações políticas com o desastre provocado em uma das pastas mais importantes do país e de especial relação com antigas preocupações suas. Já faz tempo que o professor acusa a esquerda pelo desmantelamento do ensino no Brasil. O problema é que agora, com a chance de influenciar positivamente nesta área, Olavo demonstrou que na prática nada tem a contribuir. Duvido que se saiba de qualquer proposta para a Educação ou de qualidade na gestão, mesmo que da maior simplicidade, que Olavo tenha trazido durante a confusão desde que esse governo começou.

O velho professor, que durante anos batalhou para ser reconhecido como “filósofo”, mostrou que mal consegue ter propostas práticas para que a Educação se encaminhe por um rumo melhor no país, o que desmoraliza também seu papel como educador ou ao menos na credibilidade como crítico do que vinha sendo feito até agora. Sem dúvida, é baixa a qualidade do que a esquerda fez no poder, mas o que Olavo vem mostrando é muito pior. Ele também se desmoralizou como estrategista político, envolvendo-se em conflitos menores, com uma constrangedora dificuldade em colaborar para que as coisas andem no governo que tem seu apoio. Ao contrário, com Olavo ao lado um governo nem precisa ter oposição. Imaginem um professor que em vez de estar à frente do processo, colocando equilíbrio na cabeça da moçada e dando instrução à classe, se junta à bagunça dos piores alunos no fundo da sala: este é o Olavo que foi exposto publicamente depois que ele alcançou fama nacional.

Para justificar o desastre no qual está envolvido, na entrevista com Bial ele traz uma conceituação nova, para se juntar à maçaroca política em que ele é o maior embolador em dezenas de posts diários de sua página de Facebook, que parece escrita não por um professor, mas por um moleque mal educado, um “idiota político”, como Olavo gosta de classificar qualquer um que toma como inimigo. Segundo o que ele diz, na substituição de Vélez Rodríguez por Abraham Weintraub, “conseguiram trocar um pseudo olavete por um verdadeiro olavete”. Olavete é um termo pejorativo criado para identificar discípulos fanatizados do professor, depois adotado por seus próprios alunos e agora também por ele, com indisfarçado orgulho pelo apelido idiota.

Como se vê, existem categorias entre os olavetes, mas é claro que o “verdadeiro olavete” só terá prestígio enquanto seguir estritamente as ordens vindas da Virgínia e respeitar o ritual de adoração semanal no COF, o cursinho de filosofia à distância que Olavo professa desde a longínqua Virgínia. Por enquanto apenas em início do serviço, o ministro Wientraub recebe selo de qualidade como “verdadeiro olavete” do proprietário do cursinho de filosofia. Mas qualquer contradição que aparecer — sendo mais grave quando em contraposição ao professor — fará o novo ministro da Educação ser jogado às feras do fundo da classe, que estimulados na feroz bagunça por Olavo praticam a chamada destruição de reputação com as mãos mais pesadas das redes sociais.
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POR José Pires

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