Não tenho como deixar de apontar as incríveis semelhanças entre o ex-deputado Jean Wyllys, do Psol, e Abraham Weintraub, o ex-ministro da Educação, do governo de Jair Bolsonaro. Claro que eles se odeiam, até porque estão colocados em lados distintos da política, distanciados cada um em um extremo ideológico. São antípodas, embora provavelmente nem um nem outro saiba exatamente o que é isso.
Existem semelhanças interessantes entre o ex-ministro e o ex-deputado, a começar pelo fato de serem dois fujões, tendo ambos dado o fora do país sem justificativa que seja ao menos passável, fazendo-se de heróis, depois de terem armado sérias encrencas a partir de tolas bravatas.
Jean Wyllys comprou brigas políticas e até mesmo pessoais que não soube administrar. Parece ter-lhe faltado força psicológica para confrontar situações advindas do clima de agressividade criado por ele mesmo, que abriram campo para figuras de seu nível de grosseria tocarem adiante, reagindo às suas provocações e batendo forte nas pautas que levantou para tirar proveito político. O psolista não aguentou o tranco.
Depois de ter conquistado a fama em um programa reality show da Rede Globo, como deputado ele tentou dar continuidade ao show na vida real, obviamente sem o controle cênico — e diria, também, cínico — que teve no programa de televisão. Quebrou a cara na política. Foi até usado vergonhosamente em uma categoria parecida com a de inocente útil: a de idiota útil, quando serviu de escada para a direita brasileira seduzir uma parcela considerável do eleitorado brasileiro com um discurso contrário ao seu.
Da fuga do ex-deputado esquerdista todo mundo sabe. Foi-se embora do Brasil, alegando perseguição política e reclamando de ameaças de morte. Falou até da falta de liberdade de expressão. É a mesma conversa desse outro fujão de direita, o incorrigível Abraham Weintraub, que deu no pé também sem nenhuma explicação aceitável da existência do perigo alegado para fugir às pressas para o exterior.
Do mesmo jeito que Jean Wyllys na Câmara, Weintraub foi um provocador irresponsável durante o tempo em que foi ministro da Educação, comprando brigas sem sentido, algumas até mesmo muito tolas, para as quais evidentemente lhe faltaria suporte para o enfrentamento, sem conseguir resultado prático favorável em nenhuma delas.
Nisso, Weintraub é o Jean Wyllys escarrado. A mesma impetuosidade desarranjada, abrindo rivalidades sem antes organizar um plano de combate, deixando inclusive de tomar o cuidado do resguardo contra um risco sério de todo embate de ideias, que é do fortalecimento do rival político.
O direitista e o esquerdista são iguaizinhos, cada um de seu lado ideológico fortalecendo os rivais e desmoralizando suas próprias ideias e propostas. São semelhantes também na falta de percepção sobre a diferença entre a coragem e a estúpida dificuldade de estabelecer estratégias e avaliar riscos.
Jean Wyllys causou desastres terríveis, tomando como bandeira questões essenciais do direito do indivíduo e de forma incompetente oferecendo de bandeja uma porção de temas para figuras nefastas se darem bem politicamente no confronto. Por seu lado, Weintraub também bateu de frente em temas importantes da educação brasileira, fazendo uso de preocupações que, de origem, eram até justas, mas meteu os pés pelas mãos, na sua atabalhoada inépcia. Na sua balbúrdia mental, nem com a carteira de estudante da UNE ele conseguiu acabar.
Abraham Weintraub e Jean Wyllys — um na direita, outro na esquerda — completaram o círculo que historicamente costuma juntar os extremistas, aqui como fugitivos de situações criadas por eles mesmos, nas suas precipitadas irresponsabilidades.
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POR José Pires
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