segunda-feira, 22 de junho de 2020

Yes, nós temos subnotificações

O governo de Jair Bolsonaro tem pelo menos uma vantagem em relação ao ídolo do presidente brasileiro, o incrível Donald Trump. O presidente americano anda preocupado com as testagens do novo coronavírus, Segundo Trump, “eles testam e testam” e, bem, acabam encontrando gente contaminada. Ora, este “problema” de ter muitos testes não enfrentamos por aqui.

Trump quer acabar com esta mania americana. Em comício neste sábado, ele disse que pediu para reduzir as testagens para monitorar a contaminação pelo novo coronavírus. Ele falou como se tivesse encontrado a fórmula para diminuir o alastramento do vírus. Basta não saber do aumento de casos.

Suas palavras: “Quando você faz testes nessa medida, encontra mais pessoas, encontra mais casos. Então eu disse ao meu pessoal que atrasasse os testes, por favor”.

Ora, o Brasil vem fazendo isso, ou melhor, deixando de fazer, há muito tempo. E além da falta de testagem, que com certeza diminui bastante o registro de contaminados, temos também por aqui até a dificuldade de chegar ao número de mortos mais próximo da realidade. Desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo território nacional, profissionais brasileiros da área já citam este problema da subnotificação.

Neste sábado tivemos novas notícias. O Globo publica dados sobre esta questão, analisados pela consultoria Lagom Data a pedido do jornal O Globo. A conclusão é de que desde o início do ano, ao menos 21.289 mortes estão sob suspeita, sendo atribuídas, ao menos por enquanto, à síndrome respiratória aguda grave (SRAG) “inespecífica”.

Estes 21 mil óbitos a mais ou um número próximo disso podem ser de mortos pelo coronavírus. Como não se sabe de nada, a quantidade de mortes no Brasil fica mesmo em 51 mil.
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POR José Pires

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