quarta-feira, 22 de julho de 2009

A casa do Sarney

Depois dos áudios de grampos feitos pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica o senador José Sarney deveria voltar ao Senado apenas para renunciar. Os áudios estão na internet e logo mais saem no Jornal Nacional. Após a divulgação das conversas ele já mandou pela imprensa recados dizendo que não tem a intenção de se licenciar. É mesmo? Então vai ser engraçado depois disso vê-lo naquela cadeira presidindo as sessões.

Sabemos que o senador maranhense eleito pelo Amapá transformou o Senado há muito tempo em propriedade sua, onde ele faz o que bem quer. É a casa do Sarney, um pejorativo bem pior que a "casa da sogra". Mas é espantoso ouvir os diálogos, onde a família Sarney trata o Senado como sua casa, com inicial minúscula, claro, pois é uma casa deles e não uma instituição republicana.

As conversas são do início do ano passado. Numa delas, a neta de Sarney liga para o pai, Fernando Sarney, pedindo uma vaga para o namorado e ele simplesmente diz que dá e que só tem que falar com Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado.

E é claro que a vaga saiu. São diálogos exemplares do estado a que chegamos. Em dado momento a neta de Sarney conta para o pai que o presidente do Senado até ralhou com ela por não ter sido avisado antes de seu pedido, para que o vovô pudesse “agilizar” a nomeação do namorado.

“Aí ele falou assim” — diz a neta de Sarney, Maria Beatriz Sarney, em diálogo com o pai — "Ah, você tinha que ter falado antes para eu já agilizar, não sei o quê..."

É ainda mas impressionante a desfaçatez, considerando que o acerto para colocar o rapaz na folha de pagamento do Senado é feito por uma das famílias mais ricas do Brasil, proprietária de várias empresas e fazendas.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo hoje à tarde depois de ouvir os áudios, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o Senado está se ‘desfazendo”. Quase acertou. O Senado já está desfeito, esboroando-se pela sarjeta.

E é triste constatar que tudo isso aconteceu debaixo do nariz de todos os 81 senadores, que aceitaram tudo. A maioria por cumplicidade, uns por conivência e outros por fazerem parte de uma ala que pratica uma honestidade omissa diante da avidez dos corruptos.

A transcrição dos diálogos pode ser lida aqui e os áudios estão aqui.
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POR José Pires

Um comentário:

Fusca disse...

José Pires,
seu blog foi contemplado com o selo internacional COMPROMETIDOS, recebido através do Laguardia. Busque o selo no blog www.fuscabrasil.blogspot.com
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Abraço!