segunda-feira, 18 de junho de 2012

Negócios, negócios, dignidade à parte

Um dos melhores negócios hoje em dia, danado de bom para ganhar poder e dinheiro, é o comércio de horário eleitoral gratuito, que de gratuito não tem nada. A conta é do contribuinte e quem repassa o dinheiro para as emissoras é o Estado.

Para entrar neste mercado altamente lucrativo é preciso ter um partido. E o deputado Paulo Maluf tem um, o PP. A base da aliança entre o PT e Paulo Maluf em São Paulo é só o toma-lá-dá-cá com o horário do partido como moeda de troca. O pagamento costuma vir depois em forma de secretarias e cargos comissionados, mas em alguns casos entra também os custos de campanha eleitoral e existe até o caso do acerto ser em espécie. Em São Paulo ainda não sei como é que Lula e Maluf fecharam o negócio.

Mas por lá o PT precisa desesperadamente dos 1min35 do partido de Maluf, tanto que Lula se obrigou a ir até a mansão de Maluf, no Jardim Europa. O encontro entre os dois não se deu em sede de partido ou comitê de campanha. Foi na mansão do dono do horário eleitoral. Lula deve estar abilolado para ir beijar a mão do Maluf na casa dele. E acho que não é preciso especular sobre quem foi que escolheu o local.

O horário eleitoral gratuito rende muito e não é só quando tem eleição. A lei diz que o uso deve ser para propaganda institucional do partido. Só que o dono do partido faz do horário o que quer. Se a Justiça brasileira é cega de tudo por que a Justiça Eleitoral veria alguma coisa? O horário virou uma propriedade particular que serve de instrumento para propaganda pessoal, veiculando o tempo todo o nome de caciques políticos.

É isso que cria as condições para que muita gente jamais saia do poder. Com o nome sempre em evidência, fica muito mais fácil ganhar uma eleição proporcional e obter um gabinete de deputado em Brasília para facilitar os negócios.

Maluf, que hoje é deputado federal, é um exemplo disso, mas todos os partidos fazem a mesma coisa. Em cada estado brasileiro estão os chefes partidários tocando suas carreiras políticas na moleza com este grande capital. Os partidos são mantidos sem interação com a sociedade, não se renovam e nem se organizam. E também não se preocupam nem um pouco em criar debates vivos e interferências de qualidade em suas comunidades. O negócio deles é outro: é o horário eleitoral.
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POR José Pires

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