O resultado do laudo pericial do acidente que matou o cantor Cristiano Araújo e sua namorada, Allana Moraes, tem tudo ver com uma porção de barbaridades que afetam a vida e podem até acabar com ela, como aconteceu neste caso. São as "pedaladas" que o brasileiro vai dando, muitas delas sem intenção criminosa, até em razão de atitudes totalmente fora de regras serem tomadas em situações que colocam em risco o próprio autor da façanha. O problema no carro de Cristiano Araújo, como todos devem estar sabendo, foi a ruptura de soldas da roda traseira. Isso mesmo: trocaram as quatro rodas originais de um Land Rover por outras de segunda-mão e ainda por cima com soldagem feita com material de má qualidade. E além da impressionante velocidade de 179 km/h tem também o fato dos dois mortos não estarem usando o cinto de segurança. As duas pessoas que se salvaram no acidente estavam com cinto.
Não foi à toa que usei o termo "pedalada", o mesmo das manipulações econômicas feitas pela presidente Dilma Rousseff para encobrir os rombos das contas do governo federal. São atitudes muito parecidas, inclusive na visão irresponsável de que não há problema em dar um jeitinho seja na economia ou nas rodas de um carro, nas duas situações passando por cima de regras básicas. A diferença que existe entre os dois casos é que, ao contrário do que foi feito com o carro do cantor, na manipulação nas contas públicas promovida por Dilma e sua equipe teve a intenção criminosa de forjar uma falsa situação econômica para ganhar a eleição. No entanto, a origem dos dois fatos tem em comum essa cultura de irresponsabilidade que domina praticamente tudo o que é feito neste país.
É dureza viver no meio desse comportamento desrespeitoso até ao bom senso. Quando a insensatez torna-se norma fica até feio apontar riscos ou mesmo pedir que as coisas sejam mais bem feitas. Vive-se hoje em dia esse problema o tempo todo, inclusive em locais de maior risco, como no uso do transporte público ou nas ruas, tendo que enfrentar o trânsito brasileiro. Está uma barra viver no Brasil em qualquer lugar. Mas no geral, quem aponta problemas e exige maior cuidado pode até ser visto com antipatia. Não complica, ô meu. Qual é o problema de tirar rodas asseguradas por testes de fábrica e trocar por outras muito mais maneiras? E o que tem dar uma mexida nuns numerozinhos das contas públicas que podem ser acertados depois? Pô, que complexo de vira-lata e cisma de fracassomaníaco.
São atitudes que costumam ir de encontro à realidade, quando então pode ser muito difícil consertar. Muitas vezes é mesmo impossível. O que sobra sempre é muita dor e a lamentação sobre como tudo estaria muito melhor se fossem respeitadas regras muito simples. E cá estou de novo falando das duas coisas, o trágico acidente com o carro do jovem cantor e a feia trombada política e econômica que desgraçou o nosso país.
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POR José Pires
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