sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Caixa Econômica Federal no jogo do toma-lá-dá-cá

Nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff demitiu Fábio Ferreira Cleto do cargo de vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Aliado do deputado Eduardo Cunha, ele era responsável pelas loterias federais e os fundos instituídos pelo governo federal. Essa saída é bem típica do nível de transparência vigente e da forma de agir dos políticos. Só temos notícia sobre as presenças obscuras na máquina pública quando acontece um conflito político ou denúncia que força sua saída. Quantos mais estão ainda bem quietinhos na Caixa e em outros lugares? São esses hábitos antigos que impossibilitam desenvolver uma administração séria ou pelo menos com um funcionamento regular. E a coisa vem de longos tempos. Não é preciso ouvir gritaria de militante manejado por cordéis poderosos para que a gente saiba que o clientelismo não surgiu com o PT. Mas acontece que o partido do Lula fez isso tomar uma dimensão além do suportável, engripando todas as engrenagens e dificultando demais a administração até em seus aspectos mais básicos. É uma das explicações para essa falência administrativa geral que aí está.
A revelação do poder de Cunha neste banco estatal mostra também quanta investigação ainda não precisa ser feita no emaranhado de favorecimentos que o governo do PT usou até embolar o funcionamento da administração federal. Na chantagem feita com Cunha para forçá-lo a brecar o impeachment deve ter entrado essa boca-rica. A caixa tem sido usada de um modo abusivo, bem além das pedaladas da Dilma. Um dos políticos mais poderosos nesta instituição pública era o ex-deputado federal petista André Vargas, que por ali reinava antes de ser pego pelo Ministério Público. Hoje ele cumpre pena, condenado a 14 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A sentença foi determinada por crimes que envolvem o pagamento de propinas em contratos de publicidade da Caixa. Vejam a foto que estou publicando, com ele discursando no lançamento de um plano de transporte no Paraná, onde era obrigatória sua presença em eventos da Caixa nas mais variadas áreas, como o projeto "Minha Casa, Minha Vida", assinatura de patrocinios oficiais e outras atividades direcionadas à população. Vargas era o protagonista até de inauguração de agências bancárias no interior paranaense.
Este tratamento preferencial era sua cota de privilégio político no governo do PT, com a qual reforçava os planos da sua eleição ao Senado em 2014, candidatura que seria dele no PT do Paraná, sob o domínio de um grupo que tem até hoje na chefia o ex-ministro Paulo Bernardo. Vargas estava à toda nesse planejamento. Meses antes de sua prisão, o ex-deputado estava à frente de um grande projeto de transporte urbano em Londrina, orçado em R$ 143 milhões, todo financiado com dinheiro da Caixa. Na parceria com ele estava a senadora e candidata ao governo, Gleisi Hoffmann, ambos na preparação de uma boa alavanca eleitoral no interior paranaense para suas candidaturas. Mas foi só o deputado ser preso e o projeto acabou. Pelo visto, o caixa-alta era ele. Mas foi melhor para Londrina e para o Brasil. E até para a Caixa. Dá para imaginar o desastre que o sucesso político desse sujeito seria para todos os brasileiros.
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POR José Pires

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