quinta-feira, 17 de março de 2016

O PT fazendo gênero

A política de gênero foi uma das jogadas eleitorais mais usadas pelo PT em suas campanhas. O instrumento político foi mantido no poder, com seu uso posterior pelos petistas no ataque a adversários e como escudo de defesa política. O discurso de gênero serviu também para formar em torno do partido e do governo grupos de fanáticos focados nesta questão como bandeira absoluta, com o governo do PT evidentemente representando como sempre o bem. E os adversários do lado do mal, é claro.
A enganação funcionou nas duas campanhas de Dilma Rousseff, mas do marketing sobrou apenas o ridículo termo "presidenta", para o uso no dialeto reservado à militância em torno do poder. O recurso eleitoreiro trouxe benefício só para grupos profissionalizados de militância, sob o mando de dirigentes saciados na sua ambição política pessoal e de benefícios financeiros, cevados com fartas verbas em suas ONGs de aparelhamento esquerdista. Na prática, o discurso de gênero petista produziu apenas privilégios para grupos de esquerda a serviço do interesse governista. O preconceito e a violência estão mantidos em índices assustadores — fato demonstrado, entre outros, pela escandalosa quantidade de mulheres assassinadas. Também não se ampliou com seriedade o debate e a informação a respeito do direito do indivíduo e da igualdade trabalhista. Ao contrário disso, a militância leviana e agressiva trouxe dificuldade para uma melhor compreensão sobre o assunto.
Esta foi mais uma fraude política de um governo de fachada, que para manter seu projeto de perenização no poder usa de forma inescrupulosa mesmo as questões mais delicadas da vida das pessoas. A farsa ficou mais clara agora, com a divulgação dos diálogos de maiorais petistas gravados pela Polícia Federal. Nos bastidores do poder, eles tratam com espantosa grosseria qualquer assunto, inclusive as grandes questões do Brasil. A vivência petista carece de qualidade política e intelectual. É de uma falta de inteligência e sensibilidade que esclarece muito bem a causa da derrocada desse projeto de poder. O machismo e o desrespeito humano e profissional estão presentes em todas as falas do líder máximo petista. O ex-presidente Lula fala e se comporta como um delinquente. Nada aprendeu de bom e manteve tudo o que tinha de ruim, apesar dos mais de quarenta anos de carreira política, dois mandatos presidenciais e um período de poder pessoal absoluto inédito no governo central, que já vai para 14 anos.
Nessas gravações é possível avaliar a sinceridade de Lula em política de gênero e no respeito às instituições. Uma conversa mais recente dá o tom exato de seu pensamento. O diálogo forma um símbolo dele próprio e de seu partido. A conversa é sobre o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Vejam o que Lula diz: "Eu às vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela porra, porque o Aragão parece nosso amigo". Aquela porra é o ministério da Justiça do governo de seu partido. E ele fala com Paulo Vannuchi, seu ex-ministro de Direitos Humanos. Eu disse que a coisa era altamente simbólica. Não acredito que o fato de ser homem ou mulher faça diferença no comportamento dos seres humanos na política ou no exercício do poder, no entanto fiquei curioso em saber o que seria "cumprir papel de homem" no ministério da Justiça. Uma feminista de esquerda ou um militante homossexual petista talvez possam explicar melhor este pensamento do mestre supremo deles.
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POR José Pires

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