O envolvimento do nome da senadora petista Gleisi Hoffmann nas revelações das planilhas do setor de propinas da Construtora Odebrecht vai excitando cada vez mais a curiosidade da plateia. Não houve nenhum frisson no meio político e nas redes sociais quando a tratavam como Coxa, pois ela é de Curitiba. Mas que insondáveis razões teriam estimulado a imaginação dos responsáveis pela propina na Odebrecht, que é gente que parece saber tudo da vida dos políticos, para chegarem a batizar a senadora com o apelido inusitado, pelo menos até agora, de "Amante"?
Esse pessoal da Odebrecht além de mexer com os bolsos do povo também mexem com suas mais baixas emoções. A palavra “Amante”, de significado tão forte em nosso imaginário, traz ao escândalo do petrolão um ar de luxúria e até mesmo, digo com todo respeito, uma certa lubricidade que lembra aquele autor que petista andava citando bastante ultimamente, apesar de nunca tê-lo lido e muito menos compreendido, o grande Nelson Rodrigues. Pode ser que o criador do inegavelmente bem bolado apelido não tenha tido intenções literárias, até pelo fato de que ninguém metido nessas coisas espera ser lido um dia, mas o apelido trouxe inclusive uma lição de texto, demonstrando como uma simples palavra pode dar um tom de folhetim ao que até agora transcorria como uma crônica política.
Este vem sendo um dos mistérios surgidos na Lava Jato, nas entrelinhas deste descalabro imoral que é o petrolão, agora com este detalhe que apesar de parecer não ter uma grande importância na corrupção em si, não deixa de assanhar entre tantas safadezas entrevistas no que vinha sendo feito por debaixo dos panos no governo do PT. Pois a excitada curiosidade pública deve aumentar ainda mais com novas palavras surgidas nesta semana, referentes aos repasses para a que chamam "Amante". As senhas da planilha são "Aliança" e "Anel". Vou falar uma coisa: ainda não dá pra saber onde isso vai chegar, mas já deu uma animada boa em um enredo que estava marcado demais apenas pela sede de poder e a alucinada ambição pelo dinheiro.
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POR José Pires
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