O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pretende criar um novo partido, a partir da fusão do DEM com outra legenda, talvez um desses partidos nanicos, das dezenas de siglas atuais que topam tudo. Faz tempo que os líderes do DEM estão necessitados de dar um rumo a seu partido, que não vingou depois da remodelagem de marketing feita em 2007, com a mudança para o nome atual. O partido veio diminuindo a cada eleição, inclusive com deputados que trocaram de sigla. O logotipo dessa coisa é uma arvorezinha, mas nada brotou de fruto político que mereça alguma menção. Para se ter uma noção da “mudernidade”, Maia é um dos tantos políticos cujo peso curricular sempre dependeu de ele ser filho de cacique, o ex-prefeito carioca Cesar Maia.
O DEM (ou também “Democratas”, confusãozinha de denominação bolada pelos publicitários) nasceu a partir do antigo PFL, gerado por sua vez no ventre político obscuro da ditadura militar, a partir do rico berço da antiga Arena. Foi um enxerto atrás do outro, que veio dar no DEM. Em março deste ano o partido completou dez anos, sem motivo nenhum para festa. A ideia da remodelação publicitária era de se apropriar do clima de modernidade política que muitos acreditam existir na atualidade, num movimento que já teria mais ou menos uma década. Discordo absolutamente que exista mesmo isso. Para mim, o que temos são apenas sintomas de uma crise brutal, que vem principalmente de um abalo muito forte na cultura. Acreditar que o resultado natural disso será algo novo e melhor, é uma questão de crença e não de lógica. No entanto, essa ilusão de que a partir da confusão se abrirá um caminho que nos levará à “modernidade” é muito forte e passou a contar com os adereços tecnológicos fantásticos que garantem um país do futuro, agora até pelo WhatsApp.
Mas, de qualquer forma, o interesse dos líderes do DEM e seus publicitários era apenas surfar de cuecão na onda mundial que fazia (e ainda faz) muitos caírem na velha engambelação de que a História é progressiva e se encaminha para o bem. Com o novo partido em substituição ao DEM, os antigos pefelistas, ex-arenistas e logo mais ex-democratas planejam se salvar do afogamento. Para isso vem a calhar a possibilidade de Maia ser presidente da República no lugar de Temer durante um tempinho. A força de atração disso deve criar uma sigla repleta de senadores e deputados afim de se acertar com o poder. É o velho jeitinho brasileiro de fazer reforma política. No entanto, é possível prever o que deve ocorrer caso haja um mínimo abalo do poder de Maia ou mesmo com ele completando a interinidade e passando o governo para alguém de fora de seu grupo político. Acho bom os publicitários do DEM prepararem mais um logotipo para o próximo partido depois dessa mudança.
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POR José Pires
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